SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 249




Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


Veja nesta edição:
  1. Lançada a página da Divisão de Química Ambiental
  2. Pré-lançamento do livro "Química Medicinal: As Bases Moleculares da Ação dos Fármacos" + cd-rom, 2001
  3. Doutorado no exterior
  4. Ministro assina convênio na Espanha
  5. Curso "Cromatografia Contracorrente: Teoria e Aplicações na Química de Produtos Naturais
  6. VIII Encontro de Usuários de Ressonância Magnética Nuclear/ I Encontro Luso-Brasileiro de Ressonância Magnética Nuclear
  7. Propriedade intelectual em pauta na OMC
  8. O presidente Bush e as mudanças climáticas, artigo de José Goldemberg


1. LANÇADA A PÁGINA DA DIVISÃO DE QUÍMICA AMBIENTAL

A diretoria da Divisão de Química Ambiental (DAB) da SBQ tem a satisfação de comunicar o lançamento da sua página na Internet.

A página traz um editorial, onde consta um breve histórico sobre a criação da divisão, apresenta ainda uma lista com os sócios membros da mesma, dividida em estados, e também traz uma sessão denominada novidades. Esta sessão se destina a apresentar textos de interesse da comunidade. Nela constam atualmente um texto do Prof. Wilson Jardim (Unicamp), que trata da implantação de um programa de tratamento de resíduos e uma nota sobre o I Workshop sobre Ensino de Química Ambiental, a ser realizado durante a 24a. Reunião Anual da SBQ, em maio próximo.

Brevemente, a sessão novidades deverá trazer o perfil dos associados membros da Divisão de Química Ambiental, de maneira semelhante aos levantamentos realizados pelas Divisões de Química Orgânica e Química Analítica.

Qualquer contribuição para esta sessão deve ser enviada ao diretor da DAB, Marco Tadeu Grassi, através dos endereços mtgrassi@quimica.ufpr.br ou sbqamb@quimica.ufpr.br

Para visitar a página da DAB, basta acessar o Portal da SBQ e ir à página das divisões científicas, através do seguinte endereço: www.sbq.org.br/divcientificas/indexdiv.htm

Sejam todos bem-vindos!

Marco Tadeu Grassi
Diretor da Divisão de Química Ambiental




2. PRÉ-LANÇAMENTO DO LIVRO "QUÍMICA MEDICINAL: AS BASES MOLECULARES DA AÇÃO DOS FÁRMACOS" + CD-ROM,2001

" A Livraria Polytécnica comunica que Sócios da SBQ tem um desconto de 20% na compra do livro."
Autores:

  • Eliezer J. Barreiro, Prof. Titular UFRJ (eliezer@pharma.ufrj.br)
  • Carlos Alberto Manssour Fraga, Prof. Adjunto UFRJ (cmfraga@pharma.ufrj.br)

Química Medicinal trata dos conceitos mais relevantes desta disciplina, enfatizando ao longo dos capítulos os aspectos estruturais mais importantes relacionados com a atividade. Com isso, o leitor tem em mãos uma obra em que a teoria está ligada ao dia-a-dia, com exemplos de fármacos de diferentes classes terapêuticas, como quimioterápicos, antiinflamatórios, antitrombóticos, antihipertensivos, entre outras, detalhando o planejamento estrutural de alguns destes fármacos integrantes do arsenal terapêutico moderno. Foi adotada aqui a abordagem molecular, enfatizando seus aspectos químicos, qualitativos.

A abordagem utilizada torna o livro útil a estudantes de graduação e pós-graduação de Fármacia, Química e de cursos afins, bem como a todos os interessados nas razões moleculares da ação dos fármacos e nas estratégias de seu planejamento estrutural.

Também os jovens pesquisadores que pretendem desenvolver projetos na área da Quimica Medicinal se beneficiarão dos conceitos, fundamentos e exemplos incluídos no livro.

Outras ferramentas para o apredinzado:

  • O capítulo de exercícios, em que são simuladas situações relacionadas aos temas tratados.
  • Dentre os exercícios selecionadods, discute-se as soluções tutoriais de alguns deles no CD-ROM que acompanha o livro
  • O glossário, que visa a contribuir para o correto emprego de alguns termos de Química Medicinal.
  • O anexo incluindo no D-ROM, com endereço da Internet que apresentam informações relevantes sobre os temas tratados no livro.
  • O CD-ROM, planejado de maneira que todas as estruturas incluídas em visão estética, empregando o programa Weblab Viewer, possam ser visualizadas espacialmente, contribuindo para que as razões moleculares de ação dos fármacos possam ser entendidas tridimensionalmente.

Segue a seguir a sinopse dos capítulos do Livro:

Capítulo 1. ASPECTOS GERAIS DA AÇÃO DOS FÁRMACOS
1.1 - Fase farmacocinética: interações entre micro- e biomacromoléculas
1.2 - Fármacos estruturalmente específicos
1.3 - Interações envolvidas no reconhecimento molecular / sítio receptor
1.4 - Fatores estereoquímicos envolvidos no reconhecimento molecular: Ligante / Sítio receptor
1.5 - Propriedades fisico-químicas e atividade biológica
1.6 - Fundamentos de Metabolismo de Fármacos

Capítulo 2. A ORIGEM DOS FÁRMACOS
2.1 - Diversidade Molecular dos Produtos Naturais
2.2 - O Acaso na Descoberta de Fármacos
2.3 - Fármacos Descobertos a Partir do Estudo do Metabolismo
2.4 - Fármacos Sintéticos

Capítulo 3. PLANEJAMENTO RACIONAL BASEADO NO MECANISMO DE AÇÃO: FÁRMACOS INTELIGENTES
3.1 - A Descoberta do Composto-Protótipo
3.2 - Produtos naturais como protótipos
3.3 - A Otimização do Composto-Protótipo
3.4 - Identificação do Farmacóforo

Capítulo 4. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DO MECANISMO MOLECULAR DE AÇÃO DOS FÁRMACOS
4.1 - Inibição suicida de beta-lactamase pelo ácido clavulânico
4.2 - Inibição suicida de protease serínica (Ser-protease)
4.3 - Análogos de estado de transição
4.4 - Produtos naturais como modelos de mecanismos moleculares de ação

Capítulo 5. A IMPORTÂNCIA DOS FATORES CONFORMACIONAIS NA ATIVIDADE DOS FÁRMACOS
5.1 - Conformação e complementaridade molecular
5.2 - Fatores conformacionais e neurotransmissores
5.3 - Conformação Farmacofórica
5.4 - Conformação em Sistemas Tricíclicos
5.5 - Efeitos conformacionais em análogos de nucleosídeos
5.6 - Efeito orto
5.7 - Isômeros Geométricos
5.8 - Importância da Configuração Absoluta

Capítulo 6. ESTRATÉGIAS DE MODIFIÇÃO MOLECULAR
6.1 - Bioisosterismo
6.2 - Restrição conformacional
6.3 - Hibridação molecular

Capítulo 7. VARIAÇÕES MODERNAS DA ESTRATÉGIA RACIONAL

Capítulo 8. EXERCÍCIOS TUTORIAIS

Capítulo 9. GLOSSÁRIO

Capítulo 10. ANEXOS (CD-ROM)

Capítulo 11. EXERCÍCIOS SOLUCIONADOS (CD-ROM)

Capítulo 12. ÍNDICE REMISSIVO

Para mais informações, entre em contato com os autores ou com a
Livraria Polytécnica:


LIVRARIA POLYTÉCNICA LTDA.
Livros Nacionais e Importados
Rua Loefgreen, 1690-F CEP 04040-002 São Paulo - SP - Brasil
Fone: (11) 5539-0561/5082-4506/5082-4924 Fax: (11) 5082-4782
Cx. Postal 20.220 - Cep 04035-990 e-mail: poly@polytecnica.com.br

Nota do Editor: O lançamento oficial do Livro ocorrerá na 24a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, em Poços de Caldas. A Diretoria e Conselho da SBQ parabenizam os autores pelo belíssimo livro.

A Livraria Polytécnica comunica que Sócios da SBQ tem um desconto de 20% na compra do livro.




3. DOUTORADO NO EXTERIOR

No próximo dia 2 de abril serão divulgados no site da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) - www.capes.gov.br - os nomes dos candidatos a bolsas de doutorado no exterior que foram aprovados na etapa da entrevista. Uma das listas trará os nomes dos que terão a bolsa assegurada caso complementem a documentação; a outra, daqueles para quem a implementação da bolsa vai depender da desistência de candidaturas da lista anterior, na mesma área de estudos pretendida e também do envio da complementação dos documentos.

A coordenadora de Candidaturas de Bolsas no Exterior, Maria Luiza Lombas, alerta que, além dos candidatos que participaram da entrevista este ano, também participam outros 21 recomendados pelo Comitê Técnico-Científico, que haviam sido entrevistados no ano 2000 e que pediram recondução do seu processo para este ano. Ela lembra que o prazo para encaminhar a documentação complementar será encerrado em 31 de maio, impreterivelmente.

Este ano, 254 candidatos participaram da entrevista realizada em Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, no início de março. O Instituto de Educação Internacional (IIE), uma das mais tradicionais organizações norte-americanas na área de intercâmbio internacional de estudantes de nível superior, responsável pela colocação dos estudantes em programas de doutorado nas instituições nos EUA, enviou sua representante, Linda Tobashi, para participar da abertura dos trabalhos em São Paulo e prestar esclarecimentos aos candidatos que estão pleiteando bolsa para aquele país.

Quanto aos interessados em bolsas no exterior para o próximo ano letivo, a coordenadora salienta que as inscrições foram antecipadas para o período de 1º de junho a 31 de agosto. Mais informações podem ser obtidas no site www.capes.gov.br, indicando a opção Bolsas e Fomento, em seguida Bolsas no Exterior e depois Doutorado, ou pelos telefones (061) 410.8860/ 410-8862- fax (061) 322-1580 e e-mail cce@capes.gov.br.




4. MINISTRO ASSINA CONVÊNIO NA ESPANHA

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e a ministra da Educação, Cultura e Desporto da Espanha, Pilar del Castillo, assinaram ontem, em Madri, um convênio de cooperação entre os dois ministérios visando ao desenvolvimento de programas de formação, aperfeiçoamento e atualização de conhecimentos para pós-graduados e professores universitários.

São objetivos do convênio a consolidação e o fortalecimento dos sistemas de formação da pós-graduação e pesquisa universitária dos dois países e o intercâmbio de conhecimentos científicos, documentação especializada e publicações. Objetiva, também, o desenvolvimento de condições favoráveis para a cooperação permanente de estudantes, docentes e pós-graduados, mediante a implementação de programas conjuntos de colaboração nas áreas científicas de interesse comum.

Em Salamanca, o ministro participou da instalação e primeira reunião do Conselho Assessor do Centro de Estudos Brasileiros, integrado por cinco reitores de universidades espanholas, cinco representantes da comunidade acadêmica brasileira e o presidente da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Abílio Baeta Neves.

Fim das restrições - A Capes retirou as restrições à concessão de bolsas de estudo no exterior para as universidades espanholas, que havia determinado, no ano passado, em virtude de algumas irregularidades que estavam se verificando na oferta de programas de pós-graduação em nosso País.

A Capes não vê mais razões para manter a restrição da análise de pedidos de bolsas para a Espanha, uma vez que as instituições já regularizaram sua situação.

Fale conosco:
Assessoria de Comunicação e Documentação
E-mail: informe@capes.gov.br
Fone: 0XX61- 410.8254




5. CURSO "CROMATOGRAFIA CONTRACORRENTE: TEORIA E APLICAÇÕES NA QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS

O curso "Cromatografia Contracorrente: Teoria e Aplicações na Química de Produtos Naturais", será realizado no Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da UFRJ, no período de 30 de julho a 03 de agosto de 2001 (40h).

O curso contará com a presença de renomados professores e pesquisadores no campo da cromatografia contracorrente como: Prof. Dr. Walter D. Conway (NY State Univ. at Buffalo), Prof. Dr. Andrew Marston (Inst. of Pharmacognosy and Phytochemistry, U. Lausanne) e Dr. Leslie Brown (AECS).

Os tópicos a serem abordados incluem teoria e princípio fundamental da CCC, principais tipos de CCC, aparelhagem, escolha de sistemas de solventes (isocrático e gradiente), distribuição de líquidos e mistura de fases, aplicações no campo dos produtos naturais.

O objetivo do curso é proporcionar ao profissional a obtenção de conhecimento teórico e prático em cromatografia contracorrente, além de apresentar as últimas novidades em termos de aplicações da técnica e aparelhos disponíveis no mercado. Temos um numeior limitado de vagas (25) devido ao forte enfoque em aulas práticas. As inscrições podem ser feitas a partir de 02 de abril.

Maiores informações:
contatar Profa. Dra. Gilda Guimaraes Leitao: ggleitao@nppn.ufrj.br
(0xx21)270-2683 ou
www.extensao.ufrj.br/cursos.html




6. VIII ENCONTRO DE USUÁRIOS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR I ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR

Termina dia 05/04/2001 o prazo para inscrições no VIII Encontro de Usuários de RMN/I Encontro Luso-Brasileiro de RMN que se realizará de 07 a 11 de Maio de 2001 no Hotel Portobello, Mangaratiba, RJ.

Informações e inscrições na página: www.auremn.org.br/eventos ou com:

Sonia Maria Cabral de Menezes
Coordenadora do evento
Tel:(021) 3865 6171/3865 6914
Fax:(021) 3865 6296
E-mail: sonia@cenpes.petrobras.com.br




7. PROPRIEDADE INTELECTUAL EM PAUTA NA OMC

Começou ontem uma semana inteira de reuniões na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre propriedade intelectual. O tema assumiu outra dimensão desde que os EUA denunciaram a lei de patentes do Brasil, abrindo forte polêmica sobre o Acordo de Propriedade Intelectual relacionada ao Comércio (Trips).

Brasil e Argentina terão encontros bilaterais com os EUA para tratar de seus conflitos de patentes, à margem das discussões plenárias. Mas a atenção dos dois paises está voltada mesmo é para Buenos Aires, onde planejam rejeitar uma proposta de Washington nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

'O que os americanos propõem na negociação hemisférica é de uma grande gravidade e não pode ser aceita', afirma Carlos Correa, negociador argentino, professor da Universidade de Buenos Aires e reconhecido como um dos principais especialistas internacionais em propriedade intelectual.

Os EUA defendem 'Trips+' para Alca, que no jargão comercial quer dizer padrões de proteção superiores ao atual acordo na OMC. Este já é fortemente contestado por paises em desenvolvimento e organizações não-governamentais (ONGs).

O acordo de Trips estabelece, por exemplo, uma proteção de 20 anos para as patentes. Na Alca, Washington quer estender a duração da proteção no caso de produtos químicos e farmacêuticos para compensar a suposta demora na provação dos produtos na região. Além disso, o nível de exigências de dados para o registro de produtos significaria o monopólio dos detentores de patentes, segundo o negociador argentino.

A proposta também limita drasticamente o uso de exceções que são permitidas na OMC. 'Em toda a linha, o que os EUA sugerem é mais restritivo', resume Correa.

Na avaliação do Mercosul, a consequência é clara: a proposta americana tornaria mais difícil o acesso à tecnologia para paises da America Latina e complicaria mais o acesso a produtos essenciais, como medicamentos.

Além disso, como os acertos na Alca são com base na 'Cláusula da Nação mais Favorecida', princípio para não discriminar nenhum país, qualquer concessão feita na negociação hemisférica será estendida automaticamente a todos os outros membros da OMC de graça, sem nenhum ganho comercial em troca. Isso limita as possibilidades de barganhas do Mercosul nas negociações na OMC para obter melhor acesso para suas exportações agrícolas nos EUA e na Uniao Europeia (UE).

O bloco do Cone Sul, em frágil estado de saúde, de toda maneira vai negociar junto, segundo Correa. 'Em nenhum caso devemos aceitar padrões acima dos já concedidos no acordo de Trips', diz. 'Pode-se discutir muita coisa, mas não desenvolver novos padrões'. Há duas semanas, o subsecretário-geral de Assuntos de Integração, Econômico e Comercial do Itamaraty, embaixador José Alfredo Graça Lima, deu o mesmo recado à União Europeia.

Conflitos envolvendo paises industrializados e laboratórios farmacêuticos de um lado, e de outro a Africa do Sul e o Brasil, despertaram a atenção da opinião pública sobre efeitos de Trips nos paises em desenvolvimento. A discussão, antes restrita a círculos fechados de especialistas, agora ocorre num contexto diferente. E dá aos paises em desenvolvimento uma margem maior para aplicação de suas políticas de patentes.

Aproveitando a polêmica em torno da disputa entre os EUA e o Brasil, o grupo africano (36 paises) na OMC pedirá à organização uma sessão extraordinária para tratar de saúde e de acesso aos medicamentos. India e Brasil naturalmente apoiam a idéia.

Recentemente, vários laboratórios começaram a fazer acordos com paises para baixar preços de remédios, essencialmente para combater Aids. Carlos Correa chama a atenção que muitas das ofertas tem condicionalidades. Os paises beneficiários devem assumir o compromisso de não utilizar a margem de manobra deixada por Trips. Por exemplo, algumas ofertas sobre descontos de preços estão vinculadas à exigência para o país impedir importações paralelas de medicamentos. O curioso, diz Correa, é que os laboratórios fazem descontos só para alguns produtos, mas suas demandas são para todos os remédios, ou seja, não se poderia importar nenhum remédio.

A discussão sobre Trips leva a OMC e a Organização Mundial de Saúde a organizarem na semana que vem, na Noruega, um seminário sobre acesso aos medicamentos e seu financiamento. Mais que seus resultados, a iniciativa mostra que não se pode mais ignorar os acordo de Trips na área da saúde. Para Correa, a iniciativa significa uma admissão da OMC de que a importação paralela de medicamentos, para baixar preços, é um mecanismo legítimo no acordo de Trips.

A importação paralela é um dos temas de conflito dos EUA com a Argentina. Os dois paises tiveram ontem consulta bilateral em Genebra. Ocorre que, por Trips, a importação paralela não pode ser alvo de contestação no Órgao de Solução de Controvérsias. Americanos e argentinos vão continuar suas discussões. Também o Brasil terá reunião com representantes de Washington na sexta-feira. Só que desta vez é Brasília que questiona a lei de patentes americana. Para Carlos Correa, se a OMC fizer uma interpretação estrita de Trips, o Brasil ganhará a disputa com os EUA no caso envolvendo a lei de patentes brasileira. 'O teste é importante para Trips e para o próprio sistema multilateral', afirma ele.

Fonte: Gazeta Mercantil, 3/4




8. O PRESIDENTE BUSH E AS MUDANCAS CLIMÁTICAS, ARTIGO DE JOSÉ GOLDEMBERG

Acabou o "suspense" que o governo Bush vinha fazendo com relação à posição que tomaria acerca do Protocolo de Kyoto. Em carta enviada ao presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, o novo primeiro mandatario dos EUA lançou uma pá de cal no protocolo, tão duramente negociado em Kyoto em 1997. Ao fazê-lo, Bush usa dois tipos de argumentos: um deles, tecnicamente incorreto e o outro, politicamente motivado, que mostra bem sua insensibilidade aos problemas dos paises em desenvolvimento.

Basicamente, o que o Protocolo de Kyoto fez foi estabelecer um teto para as emissões de carbono (resultantes da queima de combustíveis fósseis) pelas nações industrializadas. Os EUA em particular, que são responsáveis por cerca de 25% de todas emissões, deveriam reduzí-las 7% abaixo do nível de emissões de 1990.

O argumento incorreto tem que ver com ciência. O presidente americano declara, em sua carta, que "o estado incompleto do conhecimento das causas do efeito estufa não justifica tomar medidas que poderiam prejudicar os consumidores americanos". Essa afirmação colide frontalmente com a decisão tomada por um comitê científico internacional (presidido por um cientista americano), que adotou recentemente em Xangai, na China, o Terceiro Relatório sobre Efeito Estufa, que vai mais longe que o primeiro desses relatórios, publicado há dez anos.

O comitê é formado por centenas de cientistas do mundo todo, que se dedicam ao estudo das mudanças climáticas, e afirma que "existem novas e fortes evidências de que a maior parte do aquecimento da Terra nos últimos 50 anos é atribuível às atividades humanas". O presidente argumenta que os custos para a economia americana seriam elevados, e seriam afetados particularmente os produtores de carvão, o que é também incorreto, porque o Protocolo de Kyoto criou "mecanismos de flexibilização", como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permitiria que os paises em desenvolvimento ajudassem na redução das emissões de carbono dos paises industrializados.

O custo das reduções nestes paises é muito menor do que nos EUA e nos parece incompreensível que os EUA nao se queiram beneficiar delas. A interpretação mais realista das causas dessa atitude é a de que Bush, na realidade, não deseja tocar na indústria do carvão. Essa é uma política muito diferente da que foi seguida no passado pelo presidente Reagan, que liderou a eliminação de substâncias que destroem a camada de ozônio (os clorofluorcarbonos). É bem verdade que este era um problema mais simples que o do carbono, e a DuPont, que inventara os clorofluorcarbonos na década de 30 do século 20, inventou também os seus substitutos, o que lhe garantiu lucros adicionais.

Sucede, porém, que há também substitutos para o carvão e o petróleo, mas a administração americana se recusa a embarcar decididamente no seu desenvolvimento e uso.

O segundo argumento de Bush é politicamente motivado e revela uma insensibilidade diante dos problemas dos paises em desenvolvimento que é inquietante e vai ter desdobramentos desagradáveis em outras áreas. Diz ele em sua carta que se opõe ao Protocolo de Kyoto porque ele "isenta 80% do mundo, incluindo grandes centros populacionais, tais como a China e a India, de reduzirem suas emissões, o que vai causar serios danos à economia americana". Sucede que as emissões de carbono per capita dos habitantes da China e da India são dez menos menores do que as dos americanos, e impor limites às suas emissões poderia criar sérios embaraços ao seu desenvolvimento.

Tratar China, India e EUA em pé de igualdade é que seria altamente discriminatorio. Aliás, a Convenção do Clima assinada no RJ em 1992 aceitou o princípio das "responsabilidades comuns, mas diferenciadas" entre os vários paises, de onde se originou a inclusão no Protocolo de Kyoto de tetos para emissões dos paises industrializados e a isenção destes tetos para os paises em desenvolvimento.

O que a convenção e o Protocolo de Kyoto estabeleceram são mecanismos pelos quais os paises em desenvolvimento - ao se desenvolverem - adotariam tecnologias limpas que evitariam que viessem a contribuir no futuro, tanto quanto as nações industrializadas, para o "efeito estufa".

Existem tecnologias para tal e seus custos seguramente serão menores do que os efeitos do aquecimento global, que poderá provocar, por exemplo, enormes inundações em Bangladesh ou em outras partes do mundo, um aumento global da temperatura e uma disrupção completa da agricultura nos paises em desenvolvimento e nos próprios EUA.

Os eventos climáticos extremos que estamos observando ao redor do mundo são os primeiros indícios do aquecimento global, que o presidente americano se recusa a aceitar. O presidente Bush se propõe a "trabalhar com amigos e aliados para desenvolver tecnologias, incentivos de mercado e outras formas criativas de enfrentar o problema das mudanças climáticas". Enfrentar um problema global como o efeito estufa apenas com amigos e aliados é uma ideia curiosa que dificilmente funcionará. A sugestão pode até parecer construtiva, mas exclui o Protocolo de Kyoto e todo o imenso trabalho realizado para torná-lo realidade desde 1992.

Nota do Editor: José Goldemberg é ex-secretário de C&T da Presidencia da República. Artigo publicado no "O Estado de SP", 3/4.



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