Recentemente o Prof. Ricardo A. Rebelo do DQ da Universidade Regional
de Blumenau enviou mensagem à Secretaria da SBQ, sobre a iniciativa da
CAPES de disponibilizar o sistema de consulta bibliográfica "on-line",
indagando sobre um eventual pronunciamento da SBQ sobre o tema.
Cabe-nos, inicialmente, agradecer ao Prof. Rebelo pela sugestão e pela
iniciativa. Em seguida, para abordar o tema de forma consistente, é
necessário e pertinente, avaliá-lo no contexto de como se desenha o
apoio à C&T no País, por parte de agências federais, entendendo que
reflete a política atualmente em vigor.
Nunca será demais lembrarmo-nos que são vários os Ministérios da
República que atuam no âmbito da C&T. Alguns mais explicitamente, como
o MCT - e não poderia deixar de ser assim - e outros mais indiretamente.
Ocorre, que independente de qual seja o Ministério envolvido, a regra
geral que norteia o apoio federal à C&T, fruto da Política de C&T não
explicitada, mas vigente, têm sido, sistematicamente, neste governo,
reduzi-lo, continuamente. Há nítidos sinais desta estratégia. Muitas
das ações que permeiam os distintos Ministérios da República, no âmbito
da C&T, caracterizam-se, sempre, por reduzir os recursos do Tesouro
destinados a este setor. Não raras vezes falta visibilidade aos
critérios adotados na definição das premissas que definiram estas
ações restritivas e discriminatórias. Outrossim, no mínimo, os
critérios que definiram-nas, se existem, deveriam ser amplamente
debatidos, como seria típico de se esperar em um legítimo e justo
sistema democrático.
Apenas para ilustrar, vejamos algumas medidas recentes que traduzem o "apoio" do governo federal à C&T do País:
Nesta realidade, não deveríamos nos surpreender, em demasia, com a
sistemática discriminatória da CAPES para viabilizar o acesso "on-line"
de periódicos. Óbvio que estes são essenciais não apenas às atividades
de pesquisa, mas também às de ensino de graduação e pós-graduação, bem
como às atividades de extensão, inclusive àquelas de prestação de
serviços, do sistema de ensino superior do País.
Permitamo-nos a um exercício de pensamento. Suponhamos que os
indicadores de avaliação de desempenho das IES, sejam suficientes para
definirem-se o volume de recursos do Tesouro que mereça cada
Instituição. Admitamos, por hipótese, que na definição destes
indicadores, se inclua atividades dependentes da atualização contínua
de conhecimentos, que só o acesso pleno à bibliografia contemporânea
permite. Qual seria, teoricamente, o montante que mereceriam, "por
mérito", reflexo dos indicadores adotados, as Instituições que não
lograssem obter o escore mínimo? Como capacitar acadêmica e
cientificamente, de forma adequada, o estudante de uma Instituição que
"aprendeu" apenas em livros? Qual seria o escore deste estudante no
"provão" correspondente? E o conceito da Instituição que o formou?
Como convencer um recém-doutor a ingressar na carreira do magistério
em uma instituição, onde sabe, de antemão, que não conseguirá
construir um curriculum-vitae na ausência de acesso bibliográfico
adequado, com a produção científica mínima que lhe será cobrada para
competir por uma bolsa do CNPq ou da própria CAPES ou por uma vaga
futura disputada em concurso público? Como fortalecer, manter ou
implantar uma pós-graduação, se necessária regionalmente, sem acesso à
bibliografia e sem capacidade de atrair doutores cientificamente
motivados e ativos?
Outras situações hipotéticas, umas mais, outras menos, poderiam ser
desenhadas aqui, entretanto seriam tantas que estas linhas não mais
seriam lidas.
A título de conclusão, cumpre destacar que o esforço realizado pelo
País ao longo de trinta anos para a consolidar a pós-graduação e a
pesquisa de qualidade, estão cada vez mais ameaçados, justamente em
época em que os ideólogos da globalização, daqui e de fora, proclamam,
unânimes, em alto e bom som, que viveremos no próximo século, a era do
conhecimento tecnológico, onde a conquista de mercados e a manutenção
e criação de empregos estará diretamente dependente da capacidade em
C&T de cada País.
Porque será que este governo, de professores pós-graduados e
ex-bolsistas, academicamente, talvez o mais qualificado da história da
República, está, ingenuamente (!?), se equivocando?
Eliezer J. Barreiro
Presidente da SBQ
Nota do Editor:Divulgamos a seguir a mensagem enviada ao Secretário
Geral pelo Prof. Ricardo Rebelo, da FURB, publicada aqui com sua
autorização. Esta mensagem foi por mim enviada aos membros da Diretoria
e Conselho da SBQ, e publicamos neste Boletim a mensagem do Presidente
da SBQ, Prof. Eliezer Barreiro.
Prezado Luiz,
Segue abaixo cópia da mensagem por mim enviada à CAPES referente ao
seleto grupo de instituições beneficiadas pelo referido instrumento de
consulta bibliográfica on line.
Colegas do departamento e da nossa instituição já expressaram sua
indignação por mais este ato discriminatório, pois também não temos
acesso ao web of science.
Como a SBQ está vendo este acontecimento e o que poderemos fazer como
sociedade científica?
Um grande abraço.
Ricardo.
"Prezado(a) Senhor(a),
Parabenizo à CAPES por mais este serviço disponibilizado à comunidade
acadêmica brasileira, entretanto, o impedimento de acesso ao referido
portal à maioria quase absoluta das instituições ditas "particulares"
necessita ser explicado.
Afinal, somos um mal necessário????????
Razões econômicas serão invocadas?
O critério de seleção de algumas particulares foi aplicado às demais
instituições públicas (federais e estaduais)?
Que mecanismos alternativos de acesso teremos?
Atenciosamente,
Prof. Ricardo Andrade Rebelo
Departamento de Química da Universidade Regional de Blumenau-FURB"
2. INSCRIÇÕES PARA SER MEMBRO AFILIADO DA IUPAC - 2001
A IUPAC (do inglês, Internacional Union of Pure and Applied Chemistry -
União Internacional de Química Pura e Aplicada) é uma organização
científica não-governamental internacional, de caráter voluntário e
sem fins lucrativos, que tem como objetivo principal o avanço das
ciências químicas em todas os seus aspectos, colocando a Química a
serviço da Hunanidade.
Os principais objetivos da IUPAC são:
A IUPAC foi fundada em 1919 por químicos da Indústria e da Universidade,
sendo atualmente reconhecida como a autoridade mundial em nomenclatura
química, terminologia, métodos padronizados para efetuar medidas,
massas atômicas e muitos outros dados.
A IUPAC é patrocinadora de um número expressivo de Congressos
Científicos, realizados em todos os países do mundo, inclusive no
Brasil. Alguns destes Congressos tratam de assuntos especializados,
enquanto outros têm impactos mais geralizados.
As Conferências CHEMRAWN estudam problemas globais e multinacionais que
envolvem a química. A IUPAC mantém uma orientação que afirma que
químicos de qualquer país têm o direto de participar destas atividades
no âmbito internacional, sem discriminação.
As palestras proferidas nos Congressos patrocinados pela IUPAC, bem
como as normas formuladas nos seus projetos são publicadas na revista
da IUPAC, Pure and Applied Chemistry, enquanto outras informações sobre
as suas atividades são descritas na revista Chemistry International.
A IUPAC é uma Associação de Entidades Nacionais (National Adhering
Organizations). Atualmente, são 45 países membros (com direto a voto),
16 países afiliados, 30 outras entidades associadas e 150 empresas
associadas. As decisões da IUPAC são tomadas por uma Assembléia
(Council Meeting) composta por delegados dos países-membros que se
reúnem bienialmente. Um Comitê Executor (Bureau) coordena as
atividades dos Comitês Interdisciplinares (que incluem os de Educação
Química e Química e Indústria). .). Mais de 1000 químicos participam
voluntariamente nos projetos da IUPAC que são coordenados por sete
Divisões Científicas (I. Físico-Química; II. Química Inorgânica;
III. Química Orgânica e Biomolecular; IV. Química Macromolecular;
V. Química Analítica; VI. Química e o Ambiente; VII: Química e Saúde
Humana. No biênio 2000-2001, o Brasil tem representação em 38 dessas
projetos.
No Brasil, a entidade nacional associada à IUPAC é o Comitê Brasileiro
para Assuntos de Química junto a IUPAC (CBAQ), estabelecido em 1988.
O CBAQ reúne representantes de cinco entidades brasileiros relacionados
à Química: Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ),
Associação Brasileira de Indústria Química (ABIQUIM), Associação
Brasileira de Polímeros (ABPOL); Associação Brasileira de Química (ABQ)
e a Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
O CBAQ é responsável por todas as interações entre IUPAC e o Brasil.
A IUPAC tem um programa de afiliação individual (Affiliate Membership
Program-AMP), com as finalidades de promover interesse em aspectos
internacionais de química, informar os químicos sobre as atividades da
IUPAC e providenciar uma estrutura para incentivar interações entre
químicos em nível internacional. O AMP permite que químicos de todo
mundo recebam informações sobre as atividades de IUPAC através da
revista bimestral Chemistry International, podendo também participar
dos Congressos apoiados pela IUPAC e adquirir as suas publicações com
descontos. Mais informaçoes sobre este programa, e o formulário para
inscrição para o ano 2001, podem ser obtidas através da Secretaria
Executiva do CBAQ, Professora Carol H. Collins (chc@iqm.unicamp.br).
Profa. Dra. Carol H. Collins
Instituto de Química
Universidade Estadual de Campinas
Cx. Postal 6154
13083-970 Campinas, SP, Brasil
Fone: +55-19-3788-3059
FAX: +55-19-3788-3023
E-mail: chc@iqm.unicamp.br
3. ABERTAS INSCRIÇÕES PARA O EXAME DE SELEÇÃO PARA O CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Abertas Inscrições para o exame de seleção para o Curso de
Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Paraná (mestrado e
doutorado nas seguintes áreas de concentração: Química Analítica,
Química Inorgânica, Química Orgânica e Físico-Química).
O período de inscrição para o processo de seleção para o mestrado será de 05/12/2000 a 19/01/2001. A inscrição poderá ser realizada diretamente na secretaria do curso ou pelo correio. Para realizar a inscricão o aluno deverá apresentar os seguintes documentos:
A seleção se dará no dia 05/02/2001, com uma prova escrita, e no dia
06/02/2001, onde os candidatos serão entrevistados. A divulgação dos
resultados será no dia 09/02/2001, e a matrícula no período de 12 a
16/02/2001.
O ingresso dos alunos no curso de doutorado é realizado em fluxo
contínuo. A documentação necessária encontra-se listada na home page do
programa.
Maiores informações: quimica.ufpr.br/~cpgquim/
Coordenação da Pós-Graduação em Química
Cx Postal 19081 CEP 81531-990
Curitiba - PR
tel: 41-3613006
fax: 41-3613186
e-mail: cpgquim@quimica.ufpr.br
4. VAGA PARA PROFESSORES VISITANTES NO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, CAMPUS DE JEQUIÉ
O Departamento de Química da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus de Jequié, tem interesse na contratação de Professores Visitantes nas seguintes áreas:
Os interessados deverão encaminhar ao Departamento, até 15/01/2001, os seguintes documentos:
A documentação poderá ser enviada para o seguinte endereço:
Departamento de Química - Campus de Jequié
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Av. José Moreira Sobrinho s/n - Jequiezinho
CEP 45200-000 - Jequié - BA
Maiores informações pelo telefone/fax (73) 525-6125 Ramal 252
ou ainda pelo e-mail: dqejq@uesb.br
5. SELEÇÃO DE CANDIDATOS AOS CURSOS DE MESTRADO E DE DOUTORADO DO
PROGRAMA DE PG EM QUÍMICA ORGÂNICA DA UFF
(editais na homepage www.propp.uff.br/editais.htm)
Obs.: O Programa oferece um Curso de Atualização em Química Orgânica e Métodos Físicos de Análise (15/01/2001 a 09/02/2001), em caráter optativo, para os candidatos ao Mestrado. Este Curso é grátis e aberto a outros interessados (graduados ou graduandos em Química, Engenharia Química, Farmácia ou áreas afins).
O presidente da Capes, Abilio Baeta Neves, e diretores da fundação,
tiveram, na última segunda feira, longa reunião com a diretoria da SBPC
e conselheiros da entidade, na sede da mesma, em SP.
Baeta fez entrega do documento que configura a nova postura de ação da
Capes com relação ao problema das revistas científicas.
Ele informou que sua instituição está investindo neste ano no programa
de periódicos R$ 47 milhões.
Trata-se de um pacote que compreende a compra de um conjunto de
periódicos, por um lado, e o acesso on line às publicações, por outro.
Baeta deixou claro que a Capes não dispõe de meios financeiros para
cobrir a despesa que acarretaria a compra de todas as revistas
científicas em papel, e que, por isso, é preciso contar também com o
acesso a muitas delas através da Internet - uma operação bem mais
econômica.
Discutiu-se, então, um tema de grande interesse da SBPC: os critérios
sobre como distribuir os periódicos em papel e como dar acesso às
publicações online.
Outro tema relevante debatido no encontro foi a necessidade de expansão
do sistema de pós-graduação em todo o país. A idéia dominante é de que
os Estados devem seguir o exemplo de SP e criar também sistemas
estaduais de pós-graduação, com o que se poderá ampliar em muito as
oportunidades de formação nos níveis de mestrado e doutorado.
Uma terceira questão apreciada refere-se à absorção e devido
aproveitamento dos novos doutores. Anunciou-se que este ano o Brasil
está formando nada menos de 5.200 doutores, três mil dos mais sem
vínculo empregatício.
Para enfrentar o dramático problema, a Capes está estudando a
elaboração de um programa de apoio institucional aos novos doutores:
bolsas seriam concedidas às instituições para levá-las a absorverem os
recém-doutores.
Também foi abordado a questão dos cursos de pós-graduação organizados
por acordos entre Universidades privadas brasileiras e estrangeiras,
nos quais, ao final, os alunos brasileiros ganham diplomas de
pós-graduação das Universidades estrangeiras sem nunca terem saído do
Brasil.
A Capes tem se empenhado em atuar com rigor na fiscalização de tais
cursos que, em geral, não cumprem as exigências legais de qualidade e
avaliação, segundo os critérios adotados no Brasil, bem como da
necessidade de presença dos alunos nas aulas.
Fonte: JC E-mail
7. BRASIL E EUA FICAM SEM ACORDO SOBRE PATENTES
A disputa comercial entre o Brasil e os EUA sobre patentes continua
aberta. Na negociação bilateral realizada na sexta-feira, em Genebra,
os dois paises não chegaram a um entendimento sobre a exploração local
de patentes prevista na legislação brasileira de propriedade
intelectual.
Também não houve conclusão sobre o que os EUA vão fazer agora. Se
pedirão ou não o estabelecimento de panel (comitê de investigação) na
Organização Mundial de Comércio (OMC) contra o Brasil.
As indicações, porém, são de que Washington não tomará uma decisão a
curto prazo, provavelmente empurrando o caso para a próxima
administração.
Os representantes americanos sairam 'desapontados', mas sinalizaram que
há espaço para continuar conversando. A questão toda é de interpretação.
Os EUA consideram que a exploração local de patentes, permitida pelo
Brasil, viola o Acordo de Propriedade Intelectual Relacionada ao
Comércio (Trips, em inglês). O Brasil diz o contrário.
Não é só patente para medicamentos que está em jogo. Esta é apenas a
questão mais sensível e politicamente mais carregada, e de fato o que
motivou o questionamento americano.
O lobby da indústria farmacêutica é muito forte e quer que Washington
tome posição firme tanto contra o Brasil como contra a Argentina.
A negociação entre o Brasil e os EUA encerrou uma semana de discussões
em Genebra sobre a revisão do Trips. Paises industrializados advertiram
contra 'precipitação' para mudar o acordo.
Por sua vez, India e outros paises em desenvolvimento apoiaram uma
proposta brasileira para emendar o Trips, a fim de definir melhor
'microorganismos', dar completa flexibilidade aos governos na exclusão
de patentes para plantas e animais e para proteção do conhecimento
tradicional.
Brasil, India e outras nações em desenvolvimento acham que há conflito
entre o Trips e a Convenção da Biodiversidade. Japão, EUA e outros
ricos acham que não. Outra forte divergência é sobre extensão da
proteção de indicações geográficas, que agrega valor aos produtos.
Fonte: Gazeta Mercantil, 4/12
Secretaria Geral SBQ