SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 221




Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


Veja nesta edição:
  1. Mais Sobre os Resumos para Reunião Anual da SBQ
  2. Concurso para Químico na área de inorgânica, orgânica e educação em química na Unioeste
  3. Inscrição para o mestrado em Oceanografia Física, Química e Geológica
  4. Vagas para pesquisadores com nível de doutorado (ou em vias de completá-lo) para projeto na área de reciclagem de pilhas e baterias.
  5. Mestrado em Educação para Ciência - Processo Seletivo - 2001
  6. Greve na Universidade Estadual do Norte Fluminense
  7. Ciência, tecnologia e alta estima, artigo do ministro da C&T, Ronaldo Sardenberg
  8. Ciência e exclusão, artigo de Ivan Chambouleyron


1. MAIS SOBRE OS RESUMOS PARA A REUNIÃO ANUAL DA SBQ

Estão a disposição, na home-page da SBQ (www.sbq.org.br) os modelos de resumos que serão utilizados para submissão de trabalhos para a próxima Reunião Anual da SBQ.

Entre na home-page da SBQ, clique em "SBQ" e depois em "INFORMAÇÕES".
Lá você encontra:

Ainda e só um teste e peço a colaboração de todos para que possamos implementar um sistema inédito nas reuniões de nossa sociedade.

Nosso objetivo é deixar todos familiarizados com estes templates, para evitar problemas na época de submissão dos trabalhos para a reunião anual.

O template maior (Modelo 1 para Resumo da RA-SBQ) mais completo, de uma página, será utilizado para o processo de referagem e será colocado a disposição de todos na rede, na home-page da SBQ, logo após a referagem dos resumos pela comissão científica.

O resumo menor, mais curtinho (Modelo 2 para Resumo da RA SBQ, ainda definiremos o tamanho exato) será utilizado para a composição do livro de resumos da 24a RA. Todos deverão preencher ambos os resumos.

Este resumo menor, tipo Graphical Abstract, será utilizado em esquema semelhante ao usado em várias revistas internacionais Para ter uma idéia melhor, por favor, dê uma olhada nos graphical abstracts das revistas citadas abaixo, entre outras:

Queremos usar o resumo menor com a mesma intenção que estas revistas usam o graphical abstracts.

Neste resumo menor, podem ser colocadas estruturas pequenas e texto. Não podem ser colocados graficos nem tabelas, mas o objetivo é dar uma idéia do trabalho a ser apresentado, que estará mais detalhado no resumo 1, à disposição na home-page da SBQ após referagem e no próprio painel.

Peço aqueles que preencherem o resumo 2, para não alterar o tamanho do mesmo. Nós teremos que colocar 4 destes em uma única página.

Aguardo seus resumos e comentários.

Um abraço a todos,
Luiz Carlos


2. CONCURSO PARA QUÍMICO NA ÁREA DE INORGÂNICA, ORGÂNICA E EDUCAÇÃO EM QUÍMICA NA UNIOESTE

Gostaria de divulgar junto ao boletim SBQ a abertura de concurso para Químico na área de inorgânica, orgânica e educação em química na Unioeste a inscrição é até 24/11/00, maiores informações veja o site www.unioeste.br.

Prof. Reinaldo A. Bariccatti
Coordenador do curso de Licenciatura Química


3. INSCRIÇÃO PARA O MESTRADO EM OCEANOGRAFIA FÍSICA, QUÍMICA E GEOLÓGICA

As provas serão aplicadas nos seguintes locais:

Rio Grande-RS; Itajaí-SC; Curitiba-PR; São Paulo-SP; Rio de Janeiro-RJ; Salvador-BA; Recife-PE; Fortaleza-CE e Belém-PA.

Período de inscrição: 23 de outubro a 08 de dezembro de 2000

Prova: 08 de janeiro de 2001

Linhas de pesquisa


Fundação Universidade Federal do Rio Grande-FURG
Caixa Postal 474 - Rio Grande/RS - Brasil - CEP 96201-900
Telefone/Fax: 0xx 53 233-66-05
Telefone: 0xx 53 233 65 18 e 233 6715
E-mail: ccpofqg@super.furg.br ou tsclauro@super.furg.br
Maiores informções : www.furg.br/furg/posgra/mestr/ocefqg/

Rivelino Martins Cavalcante
Pós Graduação em Ocean. Física, Química e Geológica
Grupo de análise de metais em meio ambiente
Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG
Tel. (53) 233-6605


4. VAGAS PARA PESQUISADORES COM NÍVEL DE DOUTORADO (OU EM VIAS DE COMPLETÁ-LO) PARA PROJETO NA ÁREA DE RECICLAGEM DE PILHAS E BATERIAS.

O CETEM - Centro de Tecnologia Mineral, instituto de pesquisa do MCT localizado na cidade do Rio de Janeiro, está selecionando pesquisadores com nível de doutorado (ou em vias de completá-lo) para projeto na área

Centro de Tecnologia Mineral - CETEM/MCT
Av. Ipê 900, Cidade Universitária, Ilha do Fundão
21941-590 - Rio de Janeiro, RJ
www.cetem.gov.br

Roberto de B.E. Trindade
Pesquisador Associado II, M.Sc., Ph.D.
CETEM - Centro de Tecnologia Mineral
Av. Ipê nº 900 - Cid. Universitária - 21941-590 - Ilha do Fundão
21941-590 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil www.cetem.gov.br rtrindade@cetem.gov.br
tel: 21- 3865-7279 / 3865-7222 / 3865-7201
fax: 21-260-9154


5. MESTRADO EM EDUCAÇÃO PARA CIÊNCIA - PROCESSO SELETIVO - 2001

CÂMPUS DE BAURU
FACULDADE DE CIÊNCIAS

COMUNICADO - SPG/FC

Comunicamos aos interessados que estarão abertas as inscrições para a Seleção para 2001 do Curso de Pós-Graduação em Educação para a Ciência

- Área de Concentração: Ensino de Ciências, Nível de Mestrado, da

Faculdade de Ciências - UNESP - Câmpus de Bauru.

Período: 04 a 08 de dezembro de 2000

Documentos Necessários:


Número de Vagas: 20 (vinte) para Mestrado

A inscrição poderá ser feita por procuração, devendo o interessado solicitar o formulário de inscrição com antecedência para o devido preenchimento.

PROCESSO DE SELEÇÃO

O processo de Seleção constará de:


Início das Atividades Didáticas: 12 de março de 2001

Maiores informações:
Seção de Pós-Graduação - FC - UNESP/Câmpus de Bauru
Tel.: (xx 14) 221-6077 - Fax.: (xx 14) 221-6074
Endereço: Av. Engo Luiz Edmundo Carrijo Coube, s/n - Bauru - SP -
CEP. 17.033-360
Caixa Postal, 473 - e-mail: pgfc@bauru.unesp.br
Internet: www.fc.unesp.br/fc/pos/index.html


6. GREVE NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

Campos dos Goitacazes tem mais uma novidade importante para apresentar ao estado do Rio de Janeiro. Plantada a 280 quilômetros das notícias que distraem os moradores da capital, a cidade que serviu de laboratório para a carreira do político Anthony Garotinho lança agora a primeira greve de seu governo. Parou há pouco mais de uma semana a Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Nascida da imaginação efervescente do professor Darcy Ribeiro, mas posta por decreto num Ciep com equipe contratada sem concurso, a UENF foi uma das bandeiras que Garotinho desfraldou no município durante a campanha de 1998. Prometeu regularizá-la. Mas até agora o que chegou lá de concreto foi a proposta de transferência dos professores e funcionários para uma cooperativa de Trabalho Educacional, dirigida por Carlos Henrique Medeiros de Souza, o Carlinhos do Farol, um ex-pescador que o serviço de cabo eleitoral credenciou para a tarefa.

Com a transferência para a informalidade, os contratados perderiam salários e direitos, mas a cooperativa a fazer um bom negócio. Pelo fornecimento de mão-de-obra, ela cobra 250 reais por mês de cada associado e uma taxa de manutenção da universidade. É uma fórmula que marcou a passagem de Garotinho pela prefeitura de Campos, onde um terço do pessoal foi terceirizado, e embarcou seis mil clandestinos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro através do Nuseg, o Núcleo Superior de Estudos Governamentais onde se penduram, entre outros forasteiros, os emplacadores do Detran.

Em Campos, a cooperativa tem madrinha. Trata-se da professora Ana Lúcia Boynard, que atualmente presidente a Fundação Estadual Norte Fluminense e, na prefeitura, foi secretária de Fazenda de Garotinho. [www.no.com.br Marcos Sa Correia]

Fernando Luna
fernando@uenf.br

Nota do Editor: Comentários devem ser enviados diretamente para Fernando Luna, no e-mail indicado acima.


7. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ALTA ESTIMA, ARTIGO DO MINISTRO DA C&T, RONALDO SARDENBERG

Artigo publicado em "O Globo" da última sexta-feira:

A imprensa -- "O Globo" foi exceção -- praticamente não tomou conhecimento do entendimento que, na primeira semana de novembro, alcançamos com a Alemanha, no campo da cooperação científica e tecnológica durante a visita da ministra Edelgard Bulmahn ao Brasil.

Este é, no entanto, o momento de intensificarmos a atenção pública aos temas direta e insubstituivelmente ligados ao futuro do país e da sociedade.

É hoje imprescindível a cooperação ampliada em ciência e tecnologia com os paises avançados - em termos de respeito mútuo, de afirmação do interesse nacional, conjugado com os interesses de nossos parceiros.

Temos que fazer mais e melhor. É fundamental o acesso do Brasil, isto é, dos pesquisadores brasileiros, ao que de melhor se faz mundialmente em ciência e aos trabalhosos caminhos - até hoje ainda não inteiramente claros no país - da inovação tecnológica.

Se nos permitirmos à desatenção, deixaremos de alcançar os objetivos de bem estar da população, ou seja de todos nós, assim como o da imprescindível modernização e atualização do sistema produtivo.

A sociedade brasileira estará condenada a uma qualidade de vida medíocre e a economia não terá possibilidades de competitividade internacional.

É necessário fazer com que triunfe aqui uma nova maneira de definir, orientar e focalizar o processo de produção do conhecimento e da inovação.

A imprensa tem papel básico nesse aggiornamento. Precisa consolidar-se o novo clima político que permitiu, este ano, a aprovação pelo Congresso Nacional dos Fundos setoriais de pesquisa e desenvolvimento, e maiores recursos públicos e privados devem ser mobilizados.

Reconheçamos a complexidade de nosso problema. Por um lado, registremos os deficits sociais e regionais, o retardo em áreas essenciais: dentre elas, a tecnologia é uma das mais importantes.

É necessário responder de forma objetiva a essa situação, isto é sem demagogias, nem ambiguidades.

Por outro, anotemos que precisamos acompanhar o avanço no resto do mundo.

Nesta era de revolução científica e tecnológica, temos que aperfeiçoar a cooperação com os paises europeus, reorganizar o esforço cooperativo com os EUA, aproximarmo-nos de nossos vizinhos e buscar parceiros não tradicionais como a India, a Coréia e a Espanha.

Voltemos, porém, à Alemanha, país amigo que se qualifica entre os mais avançados do mundo.

A essência dos entendimentos a que chegamos é o desiderato comum de elevar o nível da cooperação bilateral, mudar sua qualidade e torná-la mais focalizada em objetivos social e economicamente relevantes.

Com os alemães, estabelecemos como prioritárias as áreas chaves da biotecnologia, pesquisa genômica, tecnologias da informação e das comunicações, tecnologias limpas de produção em nano e micro tecnologias.

Acrescentamos, pois, novas e atualizadas dimensões aos nossos esforços de pesquisa, o que significa uma transparente disposição alemã de convergir com o Brasil na busca de um tipo de cooperação moderna e avançada.

Realizaremos a curto prazo um esforço renovado para integrar a iniciativa privada em iniciativas bilaterais de pesquisa, com a participação inclusive de firmas alemãs que operam no Brasil.

Atenção especial, mas não exclusiva, será dada às pequenas e médias empresas e estarão sendo também convidados para participação o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e seu congênere alemão.

Convocamos um "workshop" sobre Biotecnologia e Bio-indústria a reunir-se em Porto Alegre, no primeiro semestre de 2001, e criamos um grupo de trabalho para definir prioridades específicas quanto à pesquisas sobre genomas, com a devida atenção às áreas de microorganismos e vegetais.

Nossa agenda é, portanto, imensa. Vai, mesmo, desde a troca de informações, inclusive sobre empresas nascentes, até a incubação, crescimento e consolidação destas e a criação de parques industriais biotecnológicos e programas conjuntos de pesquisa.

Nas tecnologias da informação, incrementaremos a cooperação entre Universidades e centros de pesquisa, inclusive com a interligação no inicio de 2001 das respectivas redes de alta velocidade para pesquisas.

A RNP2 contará, assim, com uma conexão européia. O lado alemão ofereceu ainda fortalecer, cooperação no desenvolvimento de softwares inovadores.

Concordamos em explorar as novas e avançadas fronteiras da nano e microtecnologia, que se dirigem às aplicaçòes industriais no campo do extremamente pequeno, e ampliar os esforços em materia de tecnologias dos materiais de modo geral.

A pesquisa ambiental conhecerá avanços mutuamente acordados, com iniciativas nos campos da biodiversidade, das tecnologias ambientais, da água, das pesquisas marinhas e do desenvolvimento e gerenciamento sustentáveis de florestas tropicais e ecossistemas.

O lado alemão ofereceu também possibilidades de pesquisa quanto ao recultivo biológico dos solos, e à transferencia de tecnologia para o tratamento mecânico- biológico de solos contaminados por petróleo.

Demos, portanto, um passo importante para reformar nossa cooperação em ciência e tecnologia com a Alemanha, no mesmo espírito da recente visita do presidente FHC àquele país.

Desejo finalmente ressaltar que estamos empenhados em resolver os nossos problemas, e que alguns deles são multisseculares, como o da má inserção brasileira na economia internacional, hoje refletida no protecionismo comercial e na baixa densidade tecnológica, salvo exceções, dos produtos exportáveis.

O Brasil está entre os dezoito paises que mais produzem conhecimento, tal como refletido no número de citações de pesquisadores brasileiros em periódicos científicos internacionais e, sobretudo, muda aceleradamente o clima de opinião com relação ao papel central da tecnologia em nosso futuro.

Não mais existe espaço para a baixa estima entre nós.

Fonte: O Globo, 10novembro2000.


8. CIÊNCIA E EXCLUSÃO, ARTIGO DE IVAN CHAMBOULEYRON

Nos últimos meses, a imprensa tem noticiado novos grandes feitos da ciência brasileira. O enorme sucesso dos programas multiinstitucionais da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP) no sequenciamento de genes, em particular, tem sido amplamente divulgado.

Esses resultados nos orgulham e foram muito aplaudidos pelos meios de comunicação e pelos ambientes acadêmico e político. Recentemente, o Ministério da C&T anunciou a criação de fundos especiais para fomento de laboratórios e centros de pesquisa que, pelo menos no âmbito federal, estiveram muitos anos sem financiamento apropriado.

Essa nova realidade da ciência brasileira ajudou e ajudará a projetar o país internacionalmente em algumas áreas.

Simultaneamente às boas notícias sobre a ciência nacional, a grande imprensa tem também noticiado os indicadores sociais do Brasil, que revelam a nossa posição em relação a outros paises nos diversos rankings estabelecidos por organizações internacionais independentes.

Diferentemente do desempenho científico, os índices que medem nosso desempenho em saúde, educação, alimentação, habitação, desemprego, prostituição infantil, violência urbana e rural etc. não são aqueles que gostariamos de ter.

Apesar de termos avançado timidamente em algumas áreas nos últimos anos, os índices mostram que o Brasil não está bem no desenvolvimento social. Frequentemente ele fica atrás de paises com desenvolvimento científico, tecnológico e industrial inferior.

Esse "desastre" social está claramente associado a uma das distribuições de renda mais injustas do planeta.

A pergunta que se coloca a cientistas e cidadãos responsáveis é: qual o papel (e o futuro) da ciência num país com a problemática social do Brasil? Esse é um assunto que não tem sido suficientemente debatido nos meios acadêmicos e políticos. Nos grandes meios de comunicação, essa preocupação é praticamente inexistente.

A maior parte dos professores, cientistas e dirigentes parece acreditar que o progresso do conhecimento científico nas nossas instituições de ensino superior e a inovação tecnológica no nosso parque industrial, ambos resultantes do aumento das dotações orçamentárias e da criação de fundos especiais, irão melhorar o desempenho social do Brasil num futuro não muito distante.

Entretanto há razões para suspeitarmos que esse caminho, sozinho, não levará necessariamente ao fim por nós todos almejado, que é fazer do Brasil um país avançado e socialmente justo.

Há muitos paises periféricos, inclusive na América Latina, com uma estrutura social menos perversa do que a nossa e que não possuem um sistema de pós-graduação e pesquisa tão avançado quanto o brasileiro.

A desigualdade social e o abandono das classes menos favorecidas não são a consequência direta do atraso científico e tecnológico. A natureza dos graves problemas estruturais que afligem a sociedade brasileira é tal que esses problemas não requerem uma ciência de ponta para a sua solução.

A ciência e a tecnologia existentes no momento poderiam, com vontade e determinação políticas, dar conta desses problemas de forma satisfatória.

Não se pretende aqui negar o mérito do esforço científico feito no âmbito da ciência avançada nem desmerecer as políticas de financiamento.

Esse esforço é saudável e necessário. Parece um simples exercício intelectual imaginar que o que não foi resolvido com o conhecimento existente já há décadas virá, como por um passe de mágica, a ser resolvido com o conhecimento futuro.

Um outro aspecto que ainda não recebeu muita atenção nesse debate é o relacionado com a educação necessária para o desenvolvimento. Agora o conhecimento é reconhecido como ingrediente fundamental para o desenvolvimento.

O avanço da tecnologia exige de operários e funcionários um grau de escolaridade bem superior àquele que foi necessário para sustentar economicamente o Brasil até aqui. Para competir no mercado mundial, é mister fazer algo para aumentar o nível de escolaridade e de conhecimento do nosso povo.

As nações avançadas estão engajadas com a formação permanente de sua mão-de-obra, pois, se não o fizerem, uma fraçao significativa de suas populações não possuirá a qualificação requerida no futuro. Nesse aspecto a situação no Brasil é bem diferente.

Com um sistema educacional deficiente, que atende com eficácia apenas uma pequena parcela da população, a busca e o aproveitamento da inteligência nacional, estatisticamente distribuída na populaçao, é feita em mares pouco profundos.

Os números, amplamente conhecidos, mostram que o Brasil desperdiça uma fatia considerável da sua potencialidade. Cada criança fora da escola é uma oportunidade perdida. Cada jovem fora da Universidade ameaça o futuro. Investimos pesado numa fatia privilegiada, particularmente no ensino superior.

Só contaremos com essa fatia para o nosso futuro, pois deixamos para trás milhões que mereciam a chance de mostrar a criatividade, o empenho e o espírito empreendedor que tem.

Essas considerações nos levam de volta à questão inicial. Seria possível construir uma Ciência avançada sem incorporar o Brasil todo a ela? É pouco provável.

Não se conhecem paises que tenham alcançado um alto nível científico e tecnológico sem ter incorporado nesse esforço toda a sua população. Investindo maciçamente no topo da pirâmide poderemos, sim, ter alguns sucessos, grandes até. Alguns Premios Nobel, quiçá.

Mas, sem a devida consideração da base da pirâmide, não teremos um país avançado e, muito menos, justo.

O fosso entre aqueles que tudo tem e aqueles que nada possuem continuará se alargando; deveremos aumentar a altura da cerca que nos isola. Certamente ninguém está interessado nessa perspectiva. A tarefa que sobra é imensa, e não é só obra do governo.

Toda a sociedade deverá se mobilizar para reverter o quadro. Quanto antes isso acontecer, maiores as nossas chances no futuro.

Fonte: Folha de SP, 8novembro2000.

Nota do Editor: O autor é professor do Instituto de Física e pró-reitor de pesquisa da Unicamp.


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