SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 208




Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


Veja nesta edição:
  1. Presidente da FINEP faz análise crítica do edital 3 do CTPetro
  2. Agência do ministério da saúde vai criar cadastro de produtos transgênicos
  3. Software para espectrofotometro UV-Vis Hitachi U-3000
  4. Ainda sobre as universidades estrangeiras e a CAPES
  5. "Águas" é o tema da nova edição de "Com Ciência", revista mensal eletrônica de jornalismo científico
  6. 1st International Symposium on Macro- and Supramolecular Architectures and Materials (mam-01): Biological and Synthetic Systems
  7. Flávio Fava de Moraes reeleito vice-presidente da Associação Internacional de Universidades
  8. Pesquisa e Ousadia. Artigo de José Fernando Perez, diretor científico da FAPESP
  9. Tecnologia que pega no tranco. um artigo de Marcelo Leite


1. PRESIDENTE DA FINEP FAZ ANÁLISE CRÍTICA DO EDITAL 3 DO CTPETRO

"Erramos no tamanho, prazo e abrangência do edital 3 (cooperação Universidade-Empresa)", reconheceu o presidente da Finep Mauro Marcondes em entrevista exclusiva ao "Jornal da Ciencia".

Marcondes pretende propor ao Comitê Gestor do CTPetro, que se reune no próximo dia 20, o financiamento de projetos com contrapartida de 50% das empresas envolvidas.

"Com esta medida, reduzimos o risco de inadimplencia e aumentamos o interesse das empresas que participam dos projetos na área de pesquisa em petróleo", afirmou.

Na entrevista, Marcondes fez um balanço de sua gestão à frente da Finep e expôs a orientação da agência para o setor produtivo e para o que chamou "demanda de tecnologia".

Perguntado sobre a importância da ciência básica, Marcondes afirmou que, apesar de ser vital, esta atividade é uma função do CNPq, responsável pelo fomento à pesquisa.

Ele acredita que o papel da Finep é levar o setor produtivo a fazer inovação tecnológica.

Ele também rejeitou a idéia de se criar um novo órgão para gerir os recursos dos fundos setoriais.

Ressaltou, porém, a necessidade de rejuvenescer e oxigenar a estrutura da Finep, com ampliação de quadros, de modo a prepará-la para o aumento de trabalho a ser gerado pelo grande volume de recursos que virão com os fundos.

Mauro Marcondes falou também sobre como a Finep está enfrentando a difícil questão da inadimplencia, ou seja, da dívida das empresas que receberam empréstimos da instituição.

Essa inadimplencia alcança 30% da carteira de empréstimos, o que significa aproximadamente R$ 400 milhões.

"As empresas olhavam a Finep como fonte de recursos fáceis de se obter."

"Estamos tentando recuperar a identidade do órgão", disse Mauro Marcondes, revelando que, em sua gestão, 75% dos projetos apresentados não foram aceitos, por não se ajustarem aos objetivos da Finep.

Fonte: JCE-mail, 14setembro2000.


2. AGÊNCIA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE VAI CRIAR CADASTRO DE PRODUTOS TRANSGÊNICOS

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ligada ao Ministério da Saúde, criará um cadastro para os produtos geneticamente modificados que venham a ser comercializados no país.

Segundo o diretor-geral de Alimentos da Ag6encia, Cleber Ferreira dos Santos, que participou nesta terça-feira de audiência na Câmara dos Deputados para debater a rotulagem de produtos transgênicos, o mecanismo permitirá rastrear a comercialização desses produtos em todas as regiões brasileiras.

Fonte: O Estado de SP, 14setembro2000.


3. SOFTWARE PARA ESPECTROFOTOMETRO UV-VIS HITACHI U-3000

Temos em nosso laboratório um espectrofotometro UV-Vis Hitachi U-3000, mas o software que controla o aparelho esta danificado e não possuimos cópia. Como este aparelho so funciona com o software, o equipamento se encontra atualmente sem utilização. Solicitamos aos pesquisadores que possuem este equipamento a gentileza de nos fornecer uma copia do referido software.

A Micronal que e a representante da Hitachi no Brasil na pessoa do sr. Carlos gomes (Gerente de Produtos, Espectrofotometria e Cromatografia, Divisão Analitica, Micronal S/A, fone: 11- 5183 5100 R 221) autorizou a tirar uma copia do programa que controla o espectrofotometro UV-Vis Hitachi U-3000, pois este software não esta mais disponível para comercialização.

Obrigado a todos pela atenção.

Prof. Mauro Laranjeira
Departamento de Química - Universidade Federal de Santa Catarina
e-mail: mauro@qmc.ufsc.br


4. AINDA SOBRE AS UNIVERSIDADES ESTRANGEIRAS E A CAPES

A CAPES informa à comunidade que retirou da lista de universidades estrangeiras , para as quais a Agência cancelou temporariamente a concessão de novas bolsas de estudos, conforme esclarecido no Informe Nº 04/2000 - cancelamento de novas concessões de bolsas de doutorado para universidades estrangeiras -, a Universidade Autônoma de Barcelona e a Universidade Politécnica de Madri, tendo em vista as últimas informações enviadas por estas instituições à CAPES.

Fonte: INFORME CAPES Nº 05/2000 (Gustavo Araujo Bittencourt)

Nota do Editor: Para maiores detalhes veja Boletim Eletrônico SBQ, número 206, notícia 5.


5. "ÁGUAS" É O TEMA DA NOVA EDIÇÃO DE "COM CIÊNCIA", REVISTA MENSAL ELETRÔNICA DE JORNALISMO CIENTÍFICO

Anote o site: http://www.comciencia.br

"Com Ciência" é publicado pelo Labjor (http://www.uniemp.br/labjor), da Unicamp, com o apoio da SBPC.

Veja nesta edição:


Links - links de mídia, pseudociência, história da ciência, instituições científicas e outros.


6. 1ST INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON MACRO- AND SUPRAMOLECULAR ARCHITECTURES AND MATERIALS (MAM-01): BIOLOGICAL AND SYNTHETIC SYSTEMS

11-14 April 2001, Kwangju, South Korea

Symposium Secretariat:
Kwangju Institute of Science and Technology (K-JIST),
1 Oryong-dong, Puk-gu,
Kwangju 500-712, Korea

Tel. +82-62-970-2400
Fax 82-62-970-2304, -2338
email: mam@matlb.kjist.ac.kr
http://matlb.kjist.ac.kr/~mam

Chairs:




7. FLÁVIO FAVA DE MORAES REELEITO VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE UNIVERSIDADES

Flávio Fava de Moraes, atual diretor do Seade e ex-reitor da USP (93-97) e ex-secretário da C&T (98), foi reeleito por unanimidade vice-presidente da Associação Internacional de Universidades junto à Unesco-Paris, para o período de 2000-2004.

Flávio Fava deve trazer a próxima Conferência Mundial de Universidades, em 2004, para o Brasil, em especial, em SP, com sede na USP e apoio da Unicamp e da Unesp.

É a primeira vez que esta conferência será realizada na América do Sul.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Seade


8. PESQUISA E OUSADIA. ARTIGO DE JOSÉ FERNANDO PEREZ, DIRETOR CIENTÍFICO DA FAPESP

Os céticos que se preparem: mais surpresas vêm por aí. Depois do Projeto Genoma, no qual o Brasil mostrou para o mundo e para si mesmo que está habilitado a assumir posição de liderança em áreas da maior competitividade, novos desafios estão sendo anunciados. É o lançamento dos primeiros Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão, os Cepid's, com os quais a Fapesp se propõe a explorar um novo paradigma para a organização da pesquisa científica e tecnológica.

A missão desses centros, como sugere seu próprio nome, tem três componentes de igual relevância: a) geração de conhecimento por meio de pesquisa multidisciplinar na fronteira do conhecimento; b) a inovação, associada à transferência de conhecimento seja para o governo, no desenho e implementação de políticas públicas, seja para a iniciativa privada, com desenvolvimento de novas tecnologias de valor comercial e criação de empresas e c) a difusão do conhecimento gerado, requerendo atividades de cunho educacional, envolvendo alunos de segundo grau, de graduação, de pós-graduação, de pós-doutorado e até da educação continuada.

Estimula-se com isso a formação de uma cultura de co-responsabilidade pelos destinos da Educação em todos os níveis. Permito-me citar o professor Leroy Hood -brilhante cientista e inventor do sequenciador automático de DNA-, que, referindo-se aos EUA, disse: "O sistema educacional deste país é reconhecidamente muito ruim. Se a comunidade científica não se envolver seriamente com essa questão, não chegaremos a lugar nenhum". A lugar nenhum chegaremos nós também, e com maiores razões, se não conseguirmos essa mobilização do sistema de pesquisa científica e tecnológica.

Trata-se de iniciativa inovadora em vários aspectos: na complexidade da missão dos centros, em sua organização em função de projetos, no porte orçamentário e na longa duração do apoio que receberão e, o que é muito importante, no acompanhamento permanente. Por um lado, a Fapesp se propõe a apoiá-los por longo prazo: inicialmente por cinco anos, podendo, se bem-sucedidos, receber apoio por um total de até 11 anos.

Além disso, o aporte de recursos será também sem precedentes: já no primeiro ano a Fapesp investirá até R$ 15 milhões, com grande flexibilidade na aplicação dos recursos disponíveis. Para seu acompanhamento, cada centro contará com um Conselho de Supervisão, com composição determinada pela Fapesp, com a responsabilidade de avaliar, discutir e redirecionar, se for o caso, suas atividades.

O modelo Cepid propõe uma alternativa à organização departamental da pesquisa. A estrutura de cada centro responderá exclusivamente às necessidades de seu projeto. A maioria dos centros envolverá pesquisadores de mais de uma instituição, formando autênticas redes cooperativas.

Nesse primeiro edital, o programa se afirmou como o mais competitivo da história da pesquisa no país. A resposta ao complexo desafio foi extraordinária, demonstrando a disposição da comunidade em trabalhar no novo formato. Dos 112 grupos de pesquisa que apresentaram pré-projetos, 30 foram inicialmente selecionados para apresentação de propostas detalhadas. Para analisar esses projetos, foram mobilizados mais de 120 cientistas de todo o mundo, cujos pareceres determinaram os dez finalistas, que foram submetidos a uma avaliação in loco das condições de sucesso de cada projeto.

Os selecionados cobrem diferentes áreas do conhecimento: ciências sociais, engenharia, ciências exatas, biológicas e médicas. São grupos de excelência que discutirão evolução da metrópole, violência, genoma, câncer, sono, cerâmica, comunicações óticas e laser. Os centros aprovados avançarão o conhecimento, buscarão mecanismos para sua efetiva aplicação e elevarão a informação científica na sociedade.

Não inventamos a roda; experiências similares estão sendo testadas com sucesso nos países mais desenvolvidos. Vamos mostrar que aqui ela também irá girar sempre que tivermos determinação, superando a síndrome do "aqui não dá" e do pacto com a mediocridade.

Fonte: Folha de SP, 14setembro2000.

Nota do Editor: José Fernando Perez, 55, doutor pela Escola Politécnica de Zurique, é professor do Instituto de Física da USP e diretor científico da Fapesp


9. TECNOLOGIA QUE PEGA NO TRANCO. UM ARTIGO DE MARCELO LEITE

Não poderia ser mais oportuna a escolha do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) como objeto de uma investigação na área de sociologia da ciência, como fez Marcelo Baumann Burgos. Sua dissertação de doutoramento sai agora em formato de livro, "Ciência na Periferia: A Luz Síncrotron Brasileira", e faz contribuição importante para entender como foi possível ao país dotar-se de um laboratório nacional -o primeiro digno desse nome, acessível a pesquisadores de qualquer Estado- desse porte, e com tamanho apuro técnico, precisamente no período de maior crise no financiamento à ciência e à tecnologia brasileiras. (Antes de prosseguir, uma explicação: a luz síncrotron é um tipo de radiação produzida por partículas aceleradas, útil para "iluminar" a estrutura de materiais, da eletrônica à biotecnologia.) Esse é o ponto forte da tese de Burgos. Municiado com inúmeros documentos da época e testemunhos de 15 protagonistas da novela LNLS, ele reconstrói as idas e vindas de um projeto que começou a ser pensado em 1981, ainda sob o regime militar, e entrou em operação 15 anos depois. Com a minudência e a redundância características de uma dissertação acadêmica, que o leitor comum talvez gostasse de ver aparadas do volume publicado (assim como incontáveis erros de revisão), o autor narra como o projeto pôde sobreviver a pelo menos duas mudanças drásticas no cenário do financiamento à pesquisa brasileira. A primeira mudança de curso ocorre com a redemocratização do país, quando o setor de pesquisa passa a ter de prestar contas à esfera pública e negociar o fornecimento de verbas antes garantidas por um governo autoritário, que estipulava montantes e áreas prioritárias, de forma discricionária. Essa fase é correlata do decrescente prestígio da física, em termos de financiamento, com a abertura de brechas na opção preferencial dos militares pela tecnologia nuclear. Paradoxalmente, as críticas corajosas ao acordo nuclear Brasil-Alemanha credenciam as melhores cabeças do setor a assumir a liderança de entidades científicas como a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que por 12 anos foi presidida por físicos). A segunda reviravolta, na forma de um choque de abertura para a dinâmica globalizada da economia, viria com os governos Collor e FHC. Aumenta muito o conteúdo tecnológico dos produtos e dos processos de produção, o que eleva drasticamente a barra da competitividade para países que, como o Brasil, ainda tentavam tirar o pé de apoio da periferia. É inegável o sucesso do LNLS em sobreviver a esses dois trancos, sem concessões na excelência técnica do projeto. Quando examina as razões mais particulares dessa sobrevivência, o livro de Burgos termina, porém, por indicar que ela se deveu mais a vícios e limitações crônicas da esfera tecnocientífica brasileira do que a alguma transformação estrutural na direção de uma relação mais orgânica entre os setores de pesquisa e de produção.

Figurões

No período da redemocratização do país e da discussão sobre o financiamento da pesquisa, por exemplo, o milionário projeto do LNLS só não naufragou, como narra Burgos, porque contou com o apadrinhamento de figurões da Nova República. Seguiu em frente, mesmo tendo contra o projeto a própria direção da Sociedade Brasileira de Física, e sem passar pelo crivo do recém-criado Conselho Deliberativo do CNPq. "Ciência na Periferia" descreve também de forma muito convincente a clarividência dos líderes do LNLS, que já na formulação do projeto se preocuparam com integrar nele o mundo da produção e tentaram atrair empresários como fornecedores de componentes e futuros usuários das linhas de luz. O balanço feito no livro a esse respeito, no entanto, é desanimador: "Não se registra entre esses futuros usuários nenhum participante saído de setor produtivo, ou de instituições de pesquisa privadas".

Fonte: Folha de SP, 17setembro2000.


Secretaria Geral SBQ


Contribuições devem ser enviadas para: Luizsbq@iqm.unicamp.br
http://www.sbq.org.br