SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 205




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Veja nesta edição:
  1. Internet amplia horizontes do ensino a distância
  2. UFPE lidera pesquisas na área de petróleo no norte e nordeste
  3. Bancos de dados online cadastram profissionais de educação ambiental
  4. Pós-graduação em química
  5. 20o Encontro nacional de estudantes de química
  6. Curso de especialização em divulgação científica
  7. Edital 3 do CTPetro revela altíssima demanda dos pesquisadores
  8. Globalização e Tecnologia, artigo de Riccardo Petrella sobre a "pirataria" de bens da humanidade


1. INTERNET AMPLIA HORIZONTES DO ENSINO A DISTÂNCIA

Apesar das limitações, a educação a distância começa a prosperar no País. Somente nos últimos três meses, os investimentos no setor ultrapassaram US$ 72 milhões, e Universidades virtuais começam a surgir e ganhar o mercado

A jornalista brasileira Michelle Maruyama vive há três anos no Japão. Isso, porém, não impediu que ela continuasse seus estudos em SP. Como outros 175 estudantes, Michelle é aluna do curso virtual de especialização em moda e comunicação da Universidade Anhembi-Morumbi, uma das dez instituições que integram a Universidade Virtual do Brasil (UVB).

Como Michelle, a educadora Marcia Martins quer melhorar a qualificação profissional e aplicar, na escola que dirige, o que está aprendendo em um curso de psicopedagogia. Há um mês, ela é aluna da Univir, no Rio.

Histórias como a de Michelle e Márcia tendem a tornar-se cada vez mais comuns, se for levado em conta o ritmo de expansão dos cursos a distância via Internet no Brasil. Em três meses, foram anunciados investimentos de pelo menos R$ 72 milhões em sete novos projetos.

São, na maioria, cursos livres, para profissionais que pretendem desenvolver competências específicas. As áreas são as mais diversas: administração, línguas, informática e recursos humanos.

Os responsáveis pelos projetos são educadores de escolas de renome, como a Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP -- que vai lançar em outubro o programa IBM a Distância, resultado de um acordo com a multinacional --, até empresas como a Bolsa de Mercadorias e Futuros que vai colocar em seu site ferramentas para aulas virtuais de economia e finanças.

O governo federal também está atento à revolução em curso e apoia a Universidade Virtual Pública do Brasil (Unirede), um pool de 63 instituições, lançado há duas semanas. Os avanços, porém, esbarram em uma série de limitações estruturais e culturais.

"A perspectiva é de melhora, mas o número de acessos ainda é pequeno e a velocidade de acesso ainda é baixa", analisa Elizabeth Rondelli, membro do Comitê Gestor da Unirede.

Fonte: O Estado de SP, 3setembro2000.


2. UFPE LIDERA PESQUISAS NA AREA DE PETROLEO NO NORTE E NORDESTE

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ficou em primeiro lugar nas regiões Norte e Nordeste em número de projetos de pesquisa aprovados pelo edital 3 do CTPetro, o fundo setorial do petróleo, divulgado esta semana.

Em nível nacional, está em segundo, perdendo apenas para a UFRJ. Ao todo, a UFPE teve 12 projetos aprovados. Metade deles serão desenvolvidos exclusivamente pela instituição.

"Os outros são coordenados por pesquisadores da UFPE, em colaboração com outras instituições", explica o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFPE, Paulo Cunha.

Para ele, a UFPE conseguiu aprovar tantos projetos por causa da qualidade de suas pesquisas em áreas como Física, Química e Meio Ambiente.

"Mesmo sem tradição em estudos no setor de petróleo, a UFPE soube articular os Departamentos e as outras instituições", justifica. O pró-reitor estima que os projetos totalizam R$ 8 milhões.

Os valores de cada um, no entanto, apenas serão revelados no dia 15 pela Finep, que coordena o Ctpetro. O fundo, criado este ano, é mantido com os royalties pagos pelas industrias do setor à Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Um dos projetos aprovados pelo CTPetro preve o desenvolvimento de um sensor para detectar falhas em dutos de petróleo.

A partir das variações no campo magnético, Fernando Machado, do Depto. de Física da UFPE, pretende localizar os vazamentos. O sensor magnético integra o pig, que se desloca dentro dos dutos. Como o aparelho chega sujo ao final da operação, é chamado de pig (porco, em inglês).

O sensor se baseia na magnotoimpedancia gigante, fenômeno descoberto pelo próprio pesquisador, em 92.

Fernando Machado coordena o projeto, que tem a participação de outras quatro instituições: o Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), a PUC/RJ, a UFRJ, a USP e a Fundacao Centro Tecnologico para Informática de Campinas (CTI).

Fonte: Jornal do Commercio, do Recife, 1setembro2000.


3. BANCOS DE DADOS ONLINE CADASTRAM PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Os bancos de dados "Quem é Quem em Educação Ambiental no Brasil" e "Produção Acadêmica em Educação Ambiental no Brasil" são uma iniciativa do Projeto Rede Brasileira de Informações em Biodiversidade (BINbr), coordenado pela Base de Dados Tropical, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, com recursos do Tesouro Nacional e do Banco Mundial (Global Environment Facility - GEF).

Os bancos funcionam no endereço eletrônico , por auto-cadastramento, em um processo auto-explicativo.

No caso do "Quem é Quem", cada pessoa, ao se cadastrar, recebe uma senha para atualizar permanentemente seus dados, evitando que o cadastro fique obsoleto.

Em "Produção Acadêmica", o autor pode tornar disponível, para os usuários do banco, a versão integral do trabalho cadastrado.

O objetivo do projeto é incrementar o intercâmbio entre os educadores ambientais e facilitar o acesso a subsídios que poderão ser úteis na reflexão e elaboração das práticas educativas.

Fonte: JCE-mail, 1setembro2000.


4. PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Entre os meses de outubro e novembro, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) abre inscrição para os cursos de mestrado e doutorado do Programa Pós-Graduação em Engenharia Química.

O programa tem a Química como área de concentração, nas seguintes linhas de pesquisa: desenvolvimento de métodos analíticos; eletroquímica; estrutura, conformação e estereoquímica; físico-química orgânica; polímeros de compósitos; química analítica ambiental e análise de traços; química bioinorgânica; química de alimentos; química de coordenação; química de materiais; química de produtos naturais; química de solos.

Para o mestrado, que oferece 20 vagas, a seleção será feita por meio de análise do histórico escolar e do currículo, além do desempenho no Exame Classificatório de conhecimentos gerais em Química e entrevista.

Matrículas em 1º a 4/2 de 2001 e início das aulas em 5/3. O curso tem quota de bolsas da Capes, do CNPq e é recomendado com nota de avaliação 3.

Fone: (44) 261-4332
Site: www.uem.br/~dqi/pqu.htm


5. 20o ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE QUÍMICA

De 28/1 a 3/2 de 2001, na Universidade Estadual do Ceará - UECE, av. Paranjana, 1.700, Itaperi, Fortaleza, CE.

Tema: "O papel e os desafios do Químico para o novo Século"

Recebimento de trabalhos para a Mostra de Iniciação Científica até 30/10.

Inscrições abertas até 15/01 de 2001.

Fax: (85) 299-2580
E-mail: eneq2001@uece.br
Site: www.enequi.hpg.com.br


6. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

O Curso de Especialização "Teoria e Prática da Divulgação Científica", promovido pelo Núcleo José Reis de Divulgação Científica da ECA/USP, é resultado de intensas pesquisas que o NJR vem desenvolvendo sobre a linguagem e demais posturas envolvidas no ato de comunicar C&T.

O objetivo é proporcionar conhecimentos básicos sobre o exercício da divulgação científica, como instrumento fundamental de ação para a promoção da cidadania.

O curso, com duração de um ano e meio, é coordenado pelos professores Ciro Marcondes Filho, Crodowaldo Pavan e Oswaldo Frota-Pessoa, com início das aulas em 2 de outubro, às segundas e terças-feiras, de 19h às 23h.

Os candidatos devem desembolsar R$ 20,00 no ato da inscrição e portar cópia autenticada de diploma de graduação ou pós-graduação, em qualquer área do conhecimento, além do curriculum vitae. É recomendavel o conhecimento da língua inglesa.

Inscrições até 25/9, de 9h às 11h e de 15h às 17h, na sede do NJR/ECA/USP, à av. Prof. Lucio Martins Rodrigues, 443, bloco 9, sala 10, Cidade Universitária, SP.

Fones: (11) 3818-4021 e (11) 9185-8655 (com Osmir ou Mauro).

E-mail: nucleojosereis@eca.usp.br


7. EDITAL 3 DO CTPETRO REVELA ALTÍSSIMA DEMANDA DOS PESQUISADORES

O Edital 3 do fundo setorial da área de petróleo, o CTPetro, aprovou 144 projetos dos 585 projetos apresentados, sendo que deste total nada menos de 430 foram considerados de qualidade.

Esse edital - o mais amplo até agora lançado pelo fundo, destina R$ 55 milhões para projetos de cooperação Universidade-empresa, com treze áreas temáticas.

Para disputar os R$ 55 milhões, os projetos apresentados envolviam recursos da ordem de 374 milhões.

Essas informações foram prestadas ao "JC E-Mail" por André Amaral Araújo, diretor da Finep, que é a secretaria executiva do CTPetro, o primeiro dos fundos setoriais a entrar em funcionamento.

Os projetos encaminhados em função do edital 3 do CTPetro passaram pelo crivo de um comitê que incluia oito consultores externos.

Tambem integrou o comitê um representante do próprio CTPetro.

Os projetos aprovados começam a receber os recursos do fundo a partir de dezembro.

Segundo André Amaral Araújo, em outubro, o CTPetro lança mais um edital, o de número seis.

Fonte: JCE-mail, 30agosto2000.


8. GLOBALIZAÇÃO E TECNOLOGIA, ARTIGO DE RICCARDO PETRELLA SOBRE A "PIRATARIA" DE BENS DA HUMANIDADE

La mundializacion (globalização) actual es, sobre todo, la mundializacion de los mercados en funcion de la libertad del capital para invertir donde, cuando, porque, como, por quien y con quien quiera, con el fin de maximizar su rendimiento.

Por eso, la mundializacion de hoy avanza bajo el signo de la liberalizacion, de la falta de reglamentacion, de la privatizacion y de la competitividad.

Esta libertad del capital se admite hoy mas que nunca, porque el capital se identifica con las nuevas tecnologias y, por tanto -- en una sociedad como la occidental, dominada a partir del siglo XIX por el positivismo tecnocientifico --, con el progreso, del que se considera principal promotor y productor.

Todo este clamor que se produce en torno a la "nueva economia", que se supone que esta' basada en la e-economia (donde la "e" equivale a electronic based), se resuelve de hecho en una exaltacion del capital y en la ecuacion capital= "e-economia"= "nueva economia"= "progreso".

El matrimonio entre mundializacion y tecnologia se consuma asi gracias al capital.

El triunfalismo que a proposito de la "nueva economia" caracteriza a los lideres del mundo occidental ha encontrado una fuente de afirmacion acentuada en las nuevas tecnologias de la ingenieria genetica. Con ellas, la "nueva economia" no se limita a inundar el planeta con una infinidad de superautopistas de informacion y comunicacion.

Las nuevas biotecnologias prometen transformar la Tierra en una gran biofabrica al servicio --segun aseguran nuestros dirigentes -- de la mejora de la salud y de las condiciones de vida de todos los habitantes. ¡Seria bonito poder creerlo!

Por desgracia, si se usan otros parametros, como el fomento del bien comun, la salvaguardia del derecho a la vida de todos los seres humanos y de su igualdad en el ambito de la ciudadania, la practica de la solidaridad y de la cooperacion, nos damos cuenta de que el matrimonio entre la mundializacion y la tecnologia se ha traducido, sobre todo, en: primero, una pirateria legalizada de los bienes comunes de la humanidad; segundo, en la expropiacion autorizada de los derechos de ciudadania; tercero, en un apartheid tecnosocial mundial legitimado.

La pirateria legalizada de los bienes de la humanidad no se manifiesta solo en las formas tradicionales, como por ejemplo la explotacion a un precio infimo de la mano de obra de los paises pobres que lleva a cabo el capital mundial.

Es bien sabido que la opinion publica mundial critico duramente a la empresa norteamericana Nike, en 97, por los miseros salarios que concedia a sus trabajadores.

Ese ano, Nike ofrecio a Michael Jordan, a titulo de honorarios publicitarios, una suma superior al salario total de 22.000 trabajadores asiaticos.

La actual pirateria se impone bajo la forma de la apropiacion privada mundial de los recursos biologicos perpetrada por las empresas multinacionales bioquimicas, farmaceuticas y agroalimentarias, gracias a las patentes que la legalizan.

Se puede decir que el unico verdadero "derecho mundial" que existe es el "Derecho de propiedad intelectual".

Esto permite al capital privado aduenarse, a menudo en contra de la voluntad de las poblaciones locales, de la propiedad (aunque sea por 17 anos) y del control (excepto de otra empresa mas poderosa) del capital biotico mundial, un 92% del cual esta' localizado en Asia, Africa e Hispanoamerica.

Por eso, Vandana Shiva, una investigadora india, habla con razon de biopirateria. Lo que explica tambien la actual y creciente oposicion en todo el mundo a los OGM (Organismos Geneticamente Modificados).

La primera forma que toma la expropiacion autorizada de la ciudadania es la de la reduccion de la persona humana a "recurso humano", cuyo derecho a la existencia depende unicamente del grado de rendimiento y utilidad para el capital.

Los derechos del "recurso humano" estan emparedados entre la mundializacion y la tecnologia.

La mundializacion (especialmente del mercado del trabajo), porque la existencia en otra parte del mundo de un "recurso humano" menos costoso y mas rentable pulveriza el derecho al trabajo de los demas "recursos humanos"; la tecnologia, porque esta determina el grado de ocupacion del "recurso humano" en la medida en que este sustituya o no al trabajo humano.

Cuanto mas capital se de' a las tecnologias sofisticadas e "inteligentes", menos derecho a opinar tiene la persona humana. El capital, por tanto, puede apropiarse de cuotas mayores de plusvalia en la redistribucion de los beneficios. Al "recurso humano" no le corresponde ningun derecho "natural", sino solo el deber de demostrar su ocupacion.

La segunda forma de expropiacion es la tendencia en los llamados paises desarrollados a la mercantilizacion de cualquier bien y servicio. Todo se reduce a mercancia y se somete a las "reglas" del mercado.

Asi ha ocurrido con los transportes aereos, los telefonos, los seguros, los bancos, los trenes, los servicios de correos. Asi está ocurriendo con la salud, la seguridad, las pensiones, el empleo, la educacion, la electricidad, el gas e incluso el agua.

Cada vez hay menos "bien comun" y mas "bienes privados". Los principios que regulan el "vivir juntos" son, cada vez en mayor medida, la utilidad individual, el rendimiento financiero, la productividad, los resultados.

Los derechos del ciudadano son proporcionales y existen solo atraves de los derechos de los consumidores y los derechos de los accionistas. Si uno no es consumidor solvente ni accionista de cierto peso, no tiene mucho que decir ni mucha influencia.

El apartheid tecnosocial mundial legitimado ya no supone un riesgo. Es ya una realidad -solo en apariencia paradojica- del sistema actual.

En teoria, las nuevas tecnologias de la informacion y de la comunicacion (para simplificar, Internet) pueden ser un instrumento potente y eficaz de democratizacion y de fomento de la creatividad individual y de la diversidad cultural.

En realidad asistimos a la aparicion de un apartheid tecnologico (los norteamericanos hablan de digital divide) a escala mundial entre los que "saben y tienen acceso a los nuevos e-conocimientos" y los que "no saben y no tienen acceso".

El apartheid es el resultado de la acumulacion de viejos y nuevos abismos sociales entre instruidos y analfabetos, hombres y mujeres, ricos y pobres, patrones y trabajadores, jovenes y ancianos, blancos y de color, urbanos y rurales, los angloparlantes y los demas.

Internet esta' hecho, mas que nada, por y para los hombres instruidos, blancos, jefes, english speaking, jovenes, urbanos. La legitimacion del nuevo apartheid se basa en la desigualdad en los niveles de formacion y de conocimientos.

Por tanto, es aconsejable no ser una mujer analfabeta, pobre, de color, trabajadora, anciana, rural, not english speaking.

¿Quien dijo que ya no existian las clases sociales?

Fonte: El Pais, de Madri, 30agosto2000.

Nota do Editor: Riccardo Petrella é professor da Universidade Católica de Lovaina, Espanha.


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