SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No. 200




Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).

..., e o Boletim Eletronico da SBQ chega ao número 200. Nesta gestão foram publicados 32 boletins eletrônicos, com média de 2,5 boletins por semana e com divulgação de cerca de 300 notícias. Esperamos que este meio de divulgação de importantes notícias esteja sendo muito útil para todos os colegas sócios e não sócios da SBQ. Contamos com sua colaboração no sentido de tornar a SBQ cada vez mais forte.

Um forte abraço e tudo de bom a todos!!!




Veja nesta edição:
  1. Vice-Presidente do CNPq, Alice Abreu, fala sobre os novos caminhos no fomento, em debate com sociedades científicas na SBPC
  2. Brasil pode fabricar produto antimalária
  3. XXIV Congreso Latinoamericano de Química Lima - Perú
  4. IV Encontro Brasileiro de Substâncias Húmicas
  5. Lixo atômico ainda não tem definição
  6. O maior obstáculo para a mudança do ensino superior, artigo de Ana Lúcia Valente
  7. Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância - PAPED
  8. Discurso do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na cerimônia de entrega da Ordem Nacional do Mérito Científico - Palácio do Planalto


1. VICE-PRESIDENTE DO CNPQ, ALICE ABREU, FALA SOBRE OS NOVOS CAMINHOS NO FOMENTO, EM DEBATE COM SOCIEDADES CIENTÍFICAS NA SBPC

O CNPq está oferecendo 200 novas bolsas entre mestrado e doutorado como resultado da recuperação de R$ 100 milhões que haviam sido cortados do orçamento de C&T.

O anúncio das novas bolsas e a necessidade de se refazer a política de fomento à investigação científico-tecnológica no Brasil foram dois dos assuntos tratados pela vice-presidente do CNPq, Alice Abreu, em encontro com representantes das sociedades científicas na sede da SBPC entre a tarde e o início da noite de segunda-feira.

De acordo com Alice Abreu, há possibilidade de que recursos adicionais, entre R$ 30 e R$ 45 milhões venham a integrar esse orçamento, dependendo de negociações que vem sendo realizadas com a área econômica do governo.

A vice-presidente do CNPq prevê que a entrada de recursos captados pelos fundos setoriais, que serão adicionais ao financiamento já disponível, deverá trazer uma profunda reformulação na política de fomento na investigação científica.

Ela convidou as sociedades científicas a participarem dessa reformulação com idéias e sugestões.

Boa parte desses recursos, na interpretação de Alice Abreu, deverá ser aplicada no desenvolvimento de recursos humanos, suporte indispensável para a pesquisa de boa qualidade.

Ela relatou aos representantes das sociedades científicas e a membros da diretoria da SBPC que 60% dos aproximadamente 7.300 projetos apresentados ao CNPq se encaixam no perfil exigido pelos financiamentos dos fundos setoriais.

Esses projetos demandariam recursos em torno de R$ 260 milhões. Depois de selecionados, os escolhidos exigiriam pelo menos metade desse financiamento.

Alice Abreu também falou do Programa Nacional de Núcleos de Excelência (Pronex), cujos recursos estão regulamentos por decreto de 96. O decreto prevê como órgãos gestores desses recursos a Finep, CNPq e MCT.

Uma interpretação possível do decreto, disse, está permitindo a transferência desses recursos para o CNPq, agilizando as tomadas de decisões nessa área, disse ela.

Apoiando-se em dados, Alice Abreu mostrou que a base de pesquisas no Brasil está mudando rapidamente. De 18.700 pesquisadores doutores em 97 passou-se atualmente para quase 27 mil. Com a entrada dos recursos dos fundos, prevê, "o Pronex terá uma outra realidade".

Os institutos virtuais, como o que permitiu a decodificação da bactéria Xyllela fastidiosa, financiado pela Fapesp também estão entre os planos da política científica do CNPq.

Mas os recursos que financiarão suas atividades ainda não estão claramente definidos, explicou. Para Alice Abreu, "o ano 2000 será visto, no futuro, como o ano da reformulação da pesquisa em C&T no Brasil".

Entre as mudanças possíveis Abreu prevê programas de pós-graduação integrados reduzindo o tempo de titulação em doutorado em cinco anos após a graduação.

Como estímulo, os alunos beneficiados com bolsas do CNPq deverão dispor de fundos de reservas equivalentes a 30% do valor das mensalidades.

De acordo com Alice Abreu apenas os programas com conceito Capes igual ou superior a 6 poderão ter seus alunos habilitados à pós-graduação integrada.

Fonte: JCE-mail, 17agosto2000.


2. BRASIL PODE FABRICAR PRODUTO ANTIMALÁRIA

O Brasil pode ter dentro de 90 dias o seu primeiro laboratório para fabricação de biolarvicida usado no combate da dengue e da malária.

Pelo menos é o que promete o governador do Amazonas, Amazonino Mendes, após voltar de viagem de intercâmbio a Cuba. Segundo ele, a malária no Amazonas está atingindo "níveis insuportáveis".

A construção do laboratório começou a ser viabilizada em Cuba. Esse país será um dos parceiros da iniciativa, responsável por aproximadamente 40% do projeto, especialmente no que se refere à tecnologia.

A outra parte necessária para a viabilização do plano será dividida entre o governo do Amazonas (50%) e a iniciativa privada, que entrará com os 10% restantes. Pelas previsões do governador do Amazonas, a obra exigirá um investimento em torno de R$ 15 milhões.

Até hoje, para combater a dengue e a malária, o Brasil precisa importar o biolarvicida de Cuba, o único do gênero em todo o mundo. Há dois anos, quando o Amazonas passou por um surto dessas doenças, foram importados produtos cubanos.

Com a criação do laboratório, Amazonas terá em breve condições de abastecer o Brasil e toda a America Latina. "Com isso estaremos também gerando emprego e desenvolvimento econômico para o Norte do país", disse o governador.

Fonte: O Estado de SP, 16agosto2000


3. XXIV CONGRESO LATINOAMERICANO DE QUÍMICA LIMA - PERÚ

Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas - FLAQ
Sociedad Química del Perú - SQP

INVITACIÓN

La Sociedad Química del Perú, con el auspicio de la Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas (FLAQ), se complace en invitarle a participar en el XXIV Congreso Latinoamericano de Química a realizarse en Lima, Perú, del 15 al 19 de Octubre del 2000.

COMISIÓN ORGANIZADORA

Presidente: Olga Lock
Vicepresidente: Leonidas Unzueta
Secretario: Beatriz Flores
Prosecretario FLAQ Nadia Gamboa
Tesorero: Rubén Gil
Director del Comité Científico: Jorge Angulo
Director de Publicaciones: Luis Valles
Director de Relaciones Públicas: Ana Pastor
Coordinador General: Carlos Velazco

PROGRAMA CIENTÍFICO

Los trabajos que se presentan al Congreso pueden orientarse hacia alguna de las siguientes secciones:

  1. La Enseñanza de la Química
  2. La Química como Ciencia Básica
  3. Química Ambiental
  4. Productos Naturales
  5. Bioquímica
  6. La Química en la Alimentación y la Salud
  7. Electroquímica y Corrosión
  8. Catálisis y Adsorbentes
  9. La Química en la Industria

Las Actividades Científicas incluirán

Simposio de Ciencia de los Materiales
Simposio de Cromatografía
Simposio de Química Ambiental
Simposio de Productos Naturales.

Se presentarán Conferencias Plenarias y Semiplenarias por profesionales nacionales y extranjeros de reconocido prestigio. Se llevarán a cabo Mesas Redondas y Cursos en diversos temas de actualidad.

Mais informações: www.pucp.edu.pe/~quimica/sqp-congreso.htm


4. IV ENCONTRO BRASILEIRO DE SUBSTÂNCIAS HÚMICAS

20 A 22 DE NOVEMBRO DE 2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (www.ufv.br) - MINAS GERAIS

Coordenação: Departamento de Solos (http://www.ufv.br/dps/home.htm)

Promoção : Grupo Brasileiro da Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas

Apoio:


O Encontro será dividido em três partes:
  1. Mecanismos de formação e estrutura das substâncias húmicas;
  2. Metodologia de estudo das substâncias húmicas no solo e na água;
  3. Dinâmica das substâncias húmicas no solo e na água.

Datas importantes:
Nomes internacionais confirmados até 18/08/2000:

Outras Informações - Prof. Eduardo de Sá Mendonça (esm@mail.ufv.br) Depto. Solos / UFV)
Tel. (0xx31)899-1047


5. LIXO ATÔMICO AINDA NÃO TEM DEFINIÇÃO

O coração de Angra II já está quente. No núcleo do reator atômico da usina, o urânio está em reação nuclear em cadeia controlada, gerando calor e aquecendo a água que o abastece a 308 graus Celsius. Não ferve, por estar sob uma pressão de 158 atmosferas. Aquece outra água para gerar vapor e mover uma turbina que produzirá eletricidade para o Estado do Rio. Vai gerar cerca de 1.300 MW, o que reduzirá a possibilidade de racionamento no estado.

A entrada em funcionamento da segunda usina nuclear brasileira, ao mesmo tempo que socorre o abastecimento elétrico causa temor, apesar de ser um dos reatores atômicos mais seguros do mundo. Mas, por mais que a população seja tranqüilizada sobre a segurança da usina, sempre surgem dúvidas sobre o lixo atômico, cujo o destino não está determinado.

O lixo atômico é o calcanhar de Aquiles da energia nuclear. Nenhuma das inúmeras soluções para o seu confinamento definitivo obteve unanimidade pelos países que o produzem. A Suécia está optando pelo armazenamento na profundidade de rochas geologicamente estáveis; a Alemanha pesquisa depósitos em minas de sal exauridas; e os Estados Unidos estudam todas as possibilidades. Mas já se sabe onde e como deve ser aprisionado o subproduto tóxico.

Rocha - Todos estão de acordo que o rejeito nuclear deve ficar confinado em rochas estáveis, sem lençóis d'água, para que não possa emergir para o meio ambiente. O que se discute é a maneira mais econômica de fazer isso. Os especialistas no assunto acham, até mesmo, que o problema não é tão grave e que, de certa maneira, o lixo atômico pode ser considerado um luxo. Pois ao contrário do lixo químico e do biológico, o rejeito nuclear pode ser guardado.

Os rejeitos biológicos precisam ser destruídos, pois se forem liberados para o meio ambiente podem provocar epidemias. Quanto aos rejeitos químicos, são poluentes hoje e o serão igualmente daqui a mil ou um milhão de anos. O arsênico, cianeto ou qualquer dos cerca de 300 poluentes assim classificados são substâncias químicas que não adianta guardar, porque tudo o que o homem produzir industrialmente um dia estará de volta à natureza. O arsênico, por exemplo, daqui a dez mil anos, será o mesmo arsênico de hoje.

O rejeito nuclear tem característica única: sua radioatividade decai com o tempo. O pior rejeito nuclear, o de alta atividade radioativa, tem a sua radioatividade reduzida, em seu primeiro ano de existência, em cem vezes. Nos primeiros dez anos ele decai mil vezes. Em 800 anos chega ao nível do minério encontrado na natureza. Essa característica do lixo atômico é uma vantagem, segundo os especialistas no setor, pois é tecnicamente possível guardá-lo por milhares de anos.

Antes de enterrar o rejeito nuclear, entretanto, é preciso prendê-lo numa matriz sólida. Uma cerâmica especial ou o vidro têm sido os materiais mais recomendados. O invólucro seria constituído de uma matriz composta de rejeito e vidro, por exemplo, recoberto de concreto e colocado num tambor de aço ou titânio. Tais recipientes seriam enterrados, então, na profundeza de rochas estáveis.

Fonte: Jornal do Brasil, 21agosto2000.


6. O MAIOR OBSTÁCULO PARA A MUDANÇA DO ENSINO SUPERIOR, ARTIGO DE ANA LÚCIA VALENTE

No relatório Enfrentar e Vencer Desafios, que traz informações sobre as políticas definidas pelo MEC desde 95 para o ensino superior, são propostos o diálogo e o debate sobre seu conteúdo, convidando docentes e especialistas a oferecerem a sua contribuição.

O documento, divulgado há dois meses, procura responder à crítica dirigida ao governo, que teria negligenciado a atenção sobre esse nível de formação, ao dar prioridade ao ensino fundamental.

No relatório argumenta-se o contrário: tal opção está repercutindo positivamente em todo o sistema, criando expansão na demanda pela educação superior, agora renovada pelos processos de avaliação institucional e de garantia da qualidade dos cursos oferecidos.

Os resultados de 99 da Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE), recentemente divulgados, permitem ao governo festejar a resposta à prioridade oferecida ao ensino fundamental.

Os dados revelam, de 95 a 99, a trajetória ascendente do nível de escolaridade da população; a diminuição do número de crianças de 7-14 anos que não estavam na escola, de 9,8% para 4,3%, e regressão da taxa de analfabetismo de crianças de 10-14, de 9,9% para 5,5%.

Por seu lado, as três dimensões estreitamente relacionadas ao nível de escolaridade, quais sejam distribuição de renda, mercado de trabalho e saúde, também atestam avanços desde 95.

Todavia, se é justo comemorar os resultados quantitativos espelhados na Pnad, é indispensável que o MEC se preocupe em harmonizá-los com ganhos de qualidade no ensino básico, sem o que a expansão da demanda pelo ensino superior acabará por ser neutralizada pela retenção do alunado de baixos níveis educacionais.

Para tanto é necessário, na linha preconizada pelo relatório, enfrentar e vencer desafios, que o MEC não se afaste de meta de resgatar o papel das Universidades com a produção do conhecimento científico e tecnológico e com a promoção da cultura e, portanto, como formadoras de opinião.

O compromisso com a educação superior implica redefinir e repensar as instituições desse nível de ensino, estimulando que vivam sob o signo da mudança, para assegurar a especificidade de espaços democráticos de expressão de idéias, e realçando o vies meritocrático, de valorização da produção e do perfil acadêmico do corpo docente, além da competência técnica dos responsáveis pelas atividades-meio.

Asseguradas essas condições elementares, que, aliás, já vem sendo estimuladas pelo MEC, poder-se-á oferecer um ensino de qualidade, de graduação e pós-graduação, articulado à pesquisa e à extensão, garantindo formação sólida aos alunos que os capacite a impactar o processo educacional em geral e a educação escolar básica, em particular, quando egressos das Universidades.

Por isso, não basta reiterar a importância das medidas implementadas ou explicitar a Concordância ante os imensos desafios a serem superados para se pensar a expansão do ensino superior com qualidade.

No caso das Universidades federais, é preciso enfrentar o maior obstáculo à proposta governamental: as resistências internas, os movimentos corporativos avessos às mudanças e à valorização da qualificação acadêmica, bem como os interesses políticos e clientelistas que não levam em conta o relevante papel da Universidade.

Sem esse enfrentamento, não haverá superação dos problemas detectados nem eficácia na implementação dos seis princípios apresentados no relatório: expansão, diversificação do sistema, avaliação, supervisão, qualificação e modernização.

As novas normas para a escolha dos dirigentes definidas pelo MEC não tinham como prever a força dos que reagem a qualquer mudança e que nem mesmo se acanham em buscar apoios externos de pessoas e grupamentos, quase sempre descomprometidos com os rumos da educação superior, para manter o status quo.

Cabe ao ministério impor os princípios dessas normas. Como se afirma no relatório Enfrentar e Vencer Desafios, o ''receio do novo'' resiste às mudanças.

O medo da competência acadêmica prepondera porque, afinal, para alguns interessa manter o mesmo e velho estado de coisas, sob seu controle, loteando as instituições de ensino superior federais em zonas de perniciosas influências de natureza política e corporativa.

Nos Cadernos 45, do PSDB, dedicado à Educação, afirma-se que o MEC está disposto a enfrentar as resistências. O que se espera é que, como contrapartida, também seja capaz de reconhecer os verdadeiros aliados, que vem enfrentando uma luta desigual.

Fonte: Correio Braziliense, 16agosto2000.

Nota do Editor: A autora é doutora em Antropologia Social pela USP e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.


7. PROGRAMA DE APOIO À PESQUISA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - PAPED

O Ministério da Educação, por meio da CAPES e da SEED, está promovendo, pelo quarto ano consecutivo, o Paped Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância. O programa consiste no apoio financeiro a dissertações de mestrado e teses de doutorado que tratem de temas relacionados à educação a distância (EAD) e às tecnologias da informação e da comunicação (TICs) aplicadas à educação.

As informações contidas no Folheto de divulgação estão reproduzidas em: http://www.cgu.unicamp.br/Paped.html

SEED - Secretaria de Educação a Distância

Telefones 61 - 410 8169 410 8144

Fax 61 - 321 9188

email: see@seed.mec.gov.br

http://www.mec.gov.br/seed


CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Telefones : 61 - 410 8806 410 8855

Fax : 61 - 322 9359

email: cpe@capes.gov.br

http://www.capes.gov.br


8. DISCURSO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, NA CERIMÔNIA DE ENTREGA DA ORDEM NACIONAL DO MÉRITO CIENTÍFICO - PALÁCIO DO PLANALTO

Senhores Ministros de Estado aqui presentes,
Senhores parlamentares,
Agraciados,
Senhoras e senhores,

E uma grande satisfação poder, esta tarde, impor-lhes algumas condecorações da Ordem do Mérito Científico, especialmente neste momento em que estamos nos preparando, aqui no Brasil, para dar um salto qualitativo, um impulso grande em todo o nosso setor de pesquisa, de ciência e de tecnologia.

O ministro Ronaldo Sardenberg tem-se mostrado muito ativo e muito construtivo. Estamos conseguindo reorganizar os mecanismos governamentais de apoio e de incentivo a ciência e a pesquisa, de uma maneira que estará, espero, a altura da comemoração do cinqüentenário do Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq.

E muito importante recordar que o CNPq foi fundado em 1951, época muito próxima aquela em que, também, os grandes órgãos dos Estados Unidos e da Franca, de incentivo a ciência, se formaram. A National Scientific Foundation deve ter sido em 1951, da mesma maneira que o CNRS, na Franca.

Isso mostra que o Brasil estava atento a importância do desenvolvimento cientifico e tecnológico. E, apesar de todas as dificuldades, que são notórias, nesses últimos 50 anos e, também, de momentos de realização, que não foram poucos, do nosso pais, a verdade e que foi possível manter uma comunidade cientifica ativa, no Brasil.

Graças a essa atividade, e graças aos esforços que hoje são, eu diria, generalizados, no pais, das universidades, dos laboratórios e, agora, das empresas, com o apoio de governos estaduais, com o apoio do governo federal, dispomos, efetivamente, de uma rede que se integra crescentemente.

Ha poucos dias, lendo sobre a formação da Fapesp, em São Paulo - tive a satisfação também de, então bastante jovem ainda, poder participar da Fundação da Fapesp em São Paulo - de verificar o quanto essa organização serviu a comunidade cientifica paulista.

Pois bem, agora, no exercício das atuais funções, acompanho mais de perto o que ocorre no CNPq, no Ministério de Ciência e Tecnologia, no Ministério da Educação, nas universidades federais. E vê-se que, efetivamente, a despeito de um certo ceticismo que, infelizmente - eu não diria que nos e próprio, porque de mim não e próprio - mas que, de qualquer maneira, muitas vezes toma conta, como uma poeira que impede a nos próprios, brasileiros, de vermos o que se faz, apesar disso, as realizações são muito marcantes.

Recebi o ultimo numero da revista "Nature" e, nesse ultimo numero, a capa estampa, precisamente, uma pesquisa que foi feita por cientistas brasileiros, na área de biologia, e que mostra um avanço significativo em áreas muito especiais do DNA, do genoma, a capacidade que tiveram de, articulados eles próprios, também, em rede, realizar técnicas inovadoras e chegar a fazer aquilo que muito poucos países são capazes de fazer.

Da mesma maneira, temos acompanhado, não apenas nas ciências biológicas, mas em outros ramos do saber, avanços muito grandes. E esses avanços tem-se transformado, também, em avanços no setor produtivo.

Convém fazer algumas reflexões sobre por que existe hoje, no Brasil, tanta concentração industrial. Possivelmente, no Hemisfério Sul, talvez só o Brasil - quem sabe um pouco a Austrália - tenha conseguido um desenvolvimento cientifico e tecnológico, para embasar um desenvolvimento industrial.

Nos países que hoje se chamam de emergentes, economias emergentes, a China, a Índia e o Brasil são, notadamente, os países que tem a maior concentração, a maior densidade científico-tecnológica. E, não por acaso, também, são os países que permitem um desenvolvimento industrial de mais fôlego, de mais forca. Estamos na vanguarda, em tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, por exemplo. Temos, e ainda hoje um dos nossos agraciados participou ativamente disso, nos distinguido na industria aeronáutica. Temos feito satélites em cooperação com a China.

Enfim, mencionam-se, de passagem, apenas alguns exemplos do que tem sido feito. E isso se faz porque ha uma retaguarda. Essa retaguarda, em geral, e anônima: são os pesquisadores, são os professores, são os trabalhadores de laboratório, são os administradores e são aqueles que tratam de criar condições para uma produção continuada, nesses campos.

O numero de bolsas tem sido crescente. Não sei exatamente o numero de bolsas, hoje, que e distribuído. Mas, se somarmos as bolsas que os órgãos estaduais e os órgãos federais oferecem, devemos estar por 60, 70 mil bolsas por ano, o que ja e alguma coisa considerável.

Obviamente, nesses últimos 50 anos não foi possível ter um numero tão elevado. Mas, ainda que fosse na media de 20 mil bolsas, seriam 1 milhão de bolsas, no decorrer de 50 anos. Se for preciso a gente cortar pela metade, são 500 mil bolsas.

Não por acaso, estamos produzindo, hoje, cerca de 4 mil doutores por ano, número que eqüivale ao número de doutores que a Itália forma. Pode-se dizer que a Itália tem um terço da população do Brasil. É verdade. Mas a Itália tem o dobro do PIB brasileiro também.

Conseguimos verificar agora, começamos a verificar que existe investimento também do setor privado no desenvolvimento científico e tecnológico. De modo que, no conjunto, o esforço que os senhores e as senhoras vem fazendo tem sido muito grande.

Por isso mesmo, eu dizia, ao começar - e já vou encerrar, porque não quero cansá-los - que me apraz, hoje, poder estar aqui para impor essas medalhas, essas comendas aqueles que se tem distinguido - e os que ganharam o Prêmio Álvaro Alberto, em especial, em um momento em que, efetivamente, vamos dar mais passos adiante.

A formação desses fundos de apoio a pesquisa cientifica e tecnológica, graças a aprovação pelo Congresso Nacional de iniciativas que foram nossas, o empenho do ministro, com o apoio também de todos os demais ministros, notadamente os da Educação e da Casa Civil, e a participação ativa dos cientistas, inclusive da SBPC, permitiu que houvesse o desenho de um novo quadro, mais favorável as atividades científicas no Brasil.

Só em um dos fundos, que já esta em funcionamento, que e o Fundo de Petróleo, o CTPETRO, somando os dois últimos anos, este e o que já saiu, já são 250 milhões de reais para a pesquisa. Agora, temos mais uns quatro fundos, creio. E estamos preparando outros três mais. No conjunto, espero que, a partir do ano que vem, pelo menos na segunda metade do ano que vem, já tenhamos alguma coisa como uma soma equivalente a 1 bilhão de reais, 500 milhões de dólares adicionais. E friso: adicionais. Não e para substituir verbas do Orçamento. São adicionais, ate porque, na verdade, existem mecanismos específicos de concessão desses recursos. Isso deve produzir, nos próximos 10 anos, 20 anos, um grande desenvolvimento cientifico e tecnológico no Brasil.

E como não e possível demandar da universidade sem dar a universidade condições para que ela opere, 20% desses recursos irão para a infra-estrutura das faculdades, das universidades, porque elas tem a queixa legítima de que as bolsas, os projetos de pesquisa, os incentivos são dados aos pesquisadores, aos departamentos, mas não há recursos para a sua infra-estrutura.

Então, agora, 20% desses recursos serão diretamente encaminhados a infra-estrutura das universidades.

Ha, portanto, um quadro institucional novo. Nesse mesmo espirito desse quadro institucional novo - tenho conversado sempre com o ministro Sardenberg -, vamos, agora, além de criar, colocar em prática esses fundos todos, vamos, agora, também, em homenagem ao cinqüentenário do CNPq, produzir um Plano Nacional de Ciência e Tecnologia para a Inovação.

Acho que o mundo que esta a nos desafiar, o século que vem e um século no qual os que não forem capazes de inovar terão pouca chance de estar incluídos nele. A inovação, hoje, vai ter - já tem e terá ainda mais - um papel decisivo. Já não contam tanto a mão-de-obra abundante, os recursos naturais e nem mesmo o capital, no sentido de puro capital financeiro. O que conta e a capacidade de inovar.

Evidentemente, sem mão-de-obra capacitada, sem recursos financeiros tampouco haverá a possibilidade de avanço. Mas o que e decisivo, o que esta marcando a nossa sociedade e a capacidade de uma inovação continua. Já estamos assistindo aos efeitos iniciais desse processo de inovação continua, que esta modificando a base tecnológica, não só da produção, mas da vida contemporânea.

Uma transformação enorme, talvez que jamais tenha sido presenciada pelo ser humano. E não podemos entrar nesse próximo século, se não tivermos a audácia, também nos, de aceitar o desafio da inovação.

E, como a inovação, obviamente, depende da capacidade criadora, da imaginação - e nada substitui a capacidade criadora, a imaginação, a vocação e a dedicação do cientista - mas e com essa inovação, com essa qualidade básica, que e da pessoa, não se realiza sozinha, precisa de uma interação, precisa de instituições, precisa de apoio. Estamos nos preparando para dar esse apoio com mais vigor e com todo vigor de que seremos capazes.

Termino felicitando-os, muito especialmente aos que vão ganhar o Prêmio Álvaro Alberto e todos os demais que passam a participar dessa Ordem tão elegante, com essa faixa vermelha, que a mim não e dado usar, porque o presidente da Republica não deve usar senão uma "boutoniSre". Mas me sinto irmanado. Estou aqui vermelho por dentro de para fora. E, realmente, uma grande satisfação poder mostrar ao pais, com esse pequeno gesto de reconhecimento, o muito que os senhores e as senhoras tem feito pelo nosso progresso.

Muito obrigado.


Secretaria Geral SBQ


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