SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No 195




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Veja nesta edição:
  1. 24aReunião Anual da Sociedade Brasileira de Química - SBQ
  2. Oportunidade para pesquisadores
  3. Vaga de professor visitante - UFJF
  4. Devem sair ainda em agosto as decisões sobre os editais de fomento do CNPq e do CTPETRO
  5. UFSCar promove 2º Seminário brasileiro sobre avanços no processamento de polímeros
  6. XVII encontro anual da Sociedade Internacional de Ecologia Química
  7. CNPq lança nesta segunda-feira edital 01/2000 do programa RHAE
  8. Acervo do INPA é base para biotecnologia
  9. FAPESP na liderança da ciência no Brasil

  1. 24aREUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA - SBQ

Prezado Sócio da SBQ,

Estamos em processo de organização da 24a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química -SBQ.

Solicito mais uma vez, que aqueles que tiverem sugestões de conferências, simpósios, workshops, ou outras sugestões para a próxima Reunião Anual da SBQ, que por favor encaminhem as mesmas o mais rápido possível para os respectivos diretores de divisão, pois teremos reunião para definir a organização no próximo dia 10/08. Estas sugestões podem também ser encaminhadas para o endereço:
luizsbq@iqm.unicamp.br

A primeira mensagem solicitando as sugestões dos sócios foi enviada no Boletim Eletronico No. 181.

Vamos todos colaborar e participar no sentido de organizarmos uma belíssima e proveitosa 24a. Reunião Anual. Contamos com sua participação!!!

Um abraço e tudo de bom a todos!

Prof. Luiz Carlos Dias - Secretário Geral da SBQ


  1. OPORTUNIDADE PARA PESQUISADORES

Estão abertas vagas para recém-doutores ( pós-doutores ), nos laboratórios dos Profs. Drs. Douglas Wagner Franco, Elia Tfouni e Alzir Azevedo Batista, para participação num projeto temático recém aprovado pela FAPESP ( proc. 99/0711909-9), "REATIVIDADE TÉRMICA E FOTOQUÍMICA DE NITROSILIO COMPLEXOS DE RUTENIO CONHECIMENTO E CONTROLE DA REATIVIDADE DO ÓXIDO NÍTRICO COORDENADO''. O caráter altamente interdisciplinar do projeto permite vários perfis de candidatos tais como: químicos experimentais, teóricos, bioquímicos e biólogos. Os candidatos são encorajados a visitarem os laboratórios portando os seus currículos para conhecimento e discutir a respeito do projeto a ser desenvolvido. Os candidatos selecionados deverão elaborar, em comum acordo com o laboratório escolhido, plano de pesquisa para a solicitação de bolsa junto aos orgãos de fomento (FAPESP,CNPq). Maiores informações poderão ser obtidas junto aos próprios professores nos endereços abaixo:

Prof. Dr. Douglas Wagner Franco
DQFM-IQSC USP
Av. Trabalhador Sãocarlense, 400
13566-590 São Carlos - SP
Fone: 16-273.9976
Fax: 16-273.9976
e-mail : douglas@iqsc.sc.usp.br

Prof. Dr. Elia Tfouni
DDL-FFCLRP-USP
Av. dos Bandeirantes, 3900
Fone:16-602-3748
Fax: 16-633-8151
e-mail : eltfouni@usp.br

Prof. Dr. Alzir Azevedo Batista
DQ-UFSCAR-CCT
Rod. Washington Luis, Km 235
Fone: 16-260.8285
Fax: 16-260.8350
e-mail : alzir@dq.ufscar.br


  1. VAGA DE PROFESSOR VISITANTE - UFJF

O Departamento de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora está recebendo inscrições de candidatos para preenchimento de 01 (uma) vaga para Professor Visitante em regime de 40 (quarenta) horas semanais, com o seguinte perfil acadêmico:

As inscrições estarão abertas de 21 a 24 de agosto de 2000, das 8 às 11 e das 14 às 16 horas, na Secretaria do Instituto de Ciências Exatas da UFJF. No ato da inscrição o candidato deverá apresentar o plano de trabalho proposto para 12 (doze) meses, currículo em 3 (três) vias, com os documentos comprobatórios em via única, e, somente para brasileiros natos e naturalizados, declaração de estar em dia com as obrigações eleitorais e militares. A seleção será feita mediante análise do currículo e do plano de trabalho proposto. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone: 0xx 32 229-3310, ou pelo endereço eletrônico: mcarmohs@quimica.ufjf.br


  1. DEVEM SAIR AINDA EM AGOSTO AS DECISÕES SOBRE OS EDITAIS DE FOMENTO DO CNPQ E DO CTPETRO

Diferentes Comitês Assessores (CAs) do CNPq estarão reunidos na semana que se inicia em 21 de agosto e na semana que se inicia em 28 de agosto, para decidir sobre os 7.5-8 mil projetos apresentados em função do edital lançado pelo CNPq em abril, retomando o sistema de fomento.

Os CAs tem pela frente a difícil tarefa de indicar os projetos que poderão ser financiados pelos R$ 15 milhões previstos no edital. A demanda total perfaz a soma de R$ 265 milhões.

A direção do CNPq decidiu solicitar aos CAs que, depois de indicar a lista de projetos que cubram o total de recursos disponíveis (R$ 15 milhões), organizem uma sequência hierárquica com os demais projetos aprovados, a fim de que possam ser beneficiados com outras verbas a serem obtidas ainda este ano, se tudo correr como se espera.

Para atender a demanda devidamente qualificada pelos CAs, mas ainda sem possibilidade de atendimento, o CNPq trabalha com a hipótese de contar com novos recursos, entre eles os R$ 100 milhões que foram contingenciados e que poderão ser descontingenciados pelo Ministério de Planejamento a partir de outubro próximo.

Outra alternativa que se tem em mente, no caso, é a possibilidade de enquadrar os projetos aprovados nos fundos setoriais já sancionados, no instante em que começarem a funcionar.

Quanto ao edital do CTPetro, seu resultado deve ser anunciado até o final de outubro pela Finep, que secretaria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), onde se concentram os recursos do CTPetro.

Os 510 projetos apresentados, envolvendo ao todo R$ 25 milhões, estão sendo julgados esta semana por instâncias técnicas e, na semana que vem, serão analisados por uma comissão formal, que dará a palavra final sobre as escolhas feitas.

Fonte: JCE-mail, 02agosto2000.


  1. UFSCAR PROMOVE 2º SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE AVANÇOS NO PROCESSAMENTO DE POLÍMEROS

De 6 a 9/8, no Teatro Universitário Florestan Fernandes, UFScar, São Carlos, SP. O evento reune grandes autoridades nacionais e internacionais em polímeros, que vão apresentar suas experiências industriais e acadêmicas.

Temas programados: Extrusão de Polímeros; Moldagem por Injeção; Compositos e Blendas Poliméricas; Qualidade, Produtividade e Competitividade.

No dia 8, no saguão da Biblioteca Comunitária, mostra de painéis com as atividades de grupos de pesquisa da Universidade e de centros de P&D das empresas.

No dia 9, realizam-se dois workshops com a participação da comunidade acadêmica e industrial, constituindo um forum de discussão de temas relevantes para o setor de processamento e transformação de polímeros.

Participam do encontro professores de várias instituições de pesquisa como Guo-Hua Hu, do Institut National Polytechnique de Lorraine (França) e Marino Xanthos, do Polymer Processing Institute de New Jersey (EUA).

Também proferem palestras o gerente de desenvolvimento da LNP Engineering Plastics, George Forczek, e o gerente de vendas da Krupp Werner & Pfleiderer GmbH, Jurgen Klaus.

O seminário é organizado pelo Núcleo de Reologia e Processamento de Polimeros (NRPP) e o Depto. de Engenharia de Materiais (DEMa).

A promoção é da Associação Brasileira de Polímeros (ABPol), com o da Society of Plastics Engineers (SPE - Secao Brasil) e da Fapesp.

Fone/fax da Secretaria da ABPol: (16) 274-3949


  1. XVII ENCONTRO ANUAL DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE ECOLOGIA QUÍMICA

De 15 a 19/8, em Poços de Caldas, MG.

O evento mundial da Ecologia Química será, pela primeira vez, realizado no Brasil.

O objetivo é congregar pesquisadores interessados no entendimento ecológico da origem, função e significado das substâncias químicas naturais, que mediam interações com e entre organismos.

A organização do Encontro lembra que o Brasil, detentor de imensa diversidade biológica, precisa desenvolver-se nesta área, que tem gerado novos pesticidas, fármacos, biopesticidas, além de novos conhecimentos e tecnologias de impacto econômico.

Coordenação: Evaldo F. Vilela - Universidade Federal de Viçosa
Fone: (31) 891-3204 / Fax: (31) 891-3911
Site: www.funarbe.org.br


  1. CNPQ LANÇA NESTA SEGUNDA-FEIRA EDITAL 01/2000 DO PROGRAMA RHAE

Se você está interessado em participar deste edital deve preencher o Currículo Lattes, disponível no site do CNPq.
(www.cnpq.br/lattes/curriculo.htm.)

Os dados constantes do CNCT podem ser importados a partir da operação "Arquivo - Importar Dados", disponível no menu principal do Currículo Lattes.

Tal operação deve ser feita pelo próprio interessado.

Em caso de dúvidas, consulte a Central de Atendimento. DisqueCNPq: 0800 61 96 97.

E-mail mailto:webadmin@cnpq.br

Informação de Atonio Helder Oliveira Lima, coordenador do Programa RHAE.

Fonte : MCT


  1. ACERVO DO INPA É BASE PARA BIOTECNOLOGIA

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) do MCT montou um patrimônio de valor incalculável nestes tempos em que grandes empresas lutam de todas as formas para patentear o máximo possível de produtos originários da fauna e da flora.

Em alguns casos, a luta registra cenas de espionagem e contrabando, possibilitando a criação de uma nova palavra: biopirataria.

Quase cinquentão, o Inpa quer mudar. Seus dirigentes acham que chegou a hora de divulgar o que já foi feito. Afinal, na corrida pelas marcas e patentes, vence quem primeiro tornar pública a sua pesquisa. E pesquisa é o que o Inpa tem de sobra.

Nos seus 48 anos de vida, o instituto juntou mais de 200 mil exemplares de insetos alfinetados e mais de 5 milhões em conservas de álcool, tem 230 mil especies de árvores já dissecadas, mais de 100 mil peixes e uma infinidade de outras coleções.

No acervo de fungos de interesse fitopatológico estão exemplares de fungos apodrecedores de grande relevância para a criação de técnicas de conservação da madeira.

A coleção de palmeiras inclui espécies identificadas como economicamente rentáveis para a agricultura, a indústria e projetos de reflorestamento. Os cientistas estudam especialmente os valores protéicos da pupunha, uma palmeira típica da Amazônia.

O Instituto faz ainda estudos a respeito da leishmaniose e flebotomineos (insetos conhecidos como mosquito-palha ou birigui, são vetores de doenças graves do homem e dos animais, como a leishmaniose visceral e a úlcera de Bauru) ao longo das estradas novas e velhas, associando-os aos aspectos botânicos, sócio-econômicos e de vetores de outras parasitoses.

Também desenvolve estudos de vetores na Usina Hidrelétrica de Balbina e avaliação entomológica e parasitológica da leishmaniose e tripanossomiase no município de Barcelos, com ênfase nas áreas de extração de piaçava.

Mesmo com essa grande coleção e acervo tão valoroso, os técnicos do Inpa não vinham se preocupando com a questão de marcas e patentes.

O cientista Carlos Roberto Bueno, coordenador de extensão do instituto, lembra que até hoje o Inpa conseguiu apenas uma patente: a de um secador de madeira que utiliza energia solar.

No seu processo de abertura, o instituto iniciou hoje, em parceria com o Sebrae, o Primeiro Seminário Internacional Plantas da Amazônia, que vai até quinta-feira, em Manaus. O evento faz parte do projeto Prospecção dos Produtos da Biodiversidade da Amazônia.

Durante o seminário, será lançado um portfólio com a prospecção de 70 produtos amazônicos, sendo dez por estado, para estímulo de sua entrada nos mercado nacional e internacional.

Nesse seminário as micro e pequenas empresas participantes deverão ser orientadas a interpretar o uso das plantas de interesse econômico, adequando uma metodologia de estudo para sua utilização e comercialização, comprovando cientificamente seu uso na medicina tradicional e na medicina alternativa.

Os empresários que participarem do seminário vão aprender métodos de combate à pirataria dos produtos da biodiversidade.

De acordo com o trabalho feito pelos cientistas do Inpa, a Floresta Amazônica é caracterizada por diversidade biológica tão grande que muitas de suas áreas nunca foram exploradas botanicamente.

Espécies novas ainda estão sendo descobertas e não existe meios práticos para a identificação das espécies. Isso provoca o crescimento dos casos de biopirataria, o que dificulta os trabalhos dos pesquisadores.

Carlos Roberto Bueno diz que a situação é difícil, porque quando é necessário, por exemplo, enviar sangue de uma determinada espécie para o exterior, são feitos comunicados oficiais a pelo menos quatro órgãos, entre eles o Ministério das Relações Exteriores.

Mesmo assim, surgem denúncias de que o próprio Inpa estaria enviando material proibido para fora do país. Por necessidade do intercâmbio científico, muitas vezes é preciso fazer a consulta a algum centro de pesquisa estrangeiro para a confirmação das espécies. A paranóia, nesse caso, atrapalha.

Hoje já existem dados bastante concretos sobre a Amazônia. De acordo com as pesquisas do instituto, a Bacia Amazônica comporta a maior extensão da floresta tropical úmida do mundo. De 70 a 97 a destruição dessa floresta foi de aproximadamente 12%.

Em cada hectare da floresta existem aproximadamente 300 espécies de árvores com mais de 10 centímetros de diâmetro. É um número que ultrapassa a quantidade de espécies da Europa inteira.

Cruzamento de estudos mostram que a diversidade das florestas tropicais úmidas é maior na Amazônia e na Ásia e relativamente menor na África. A estrutura das florestas é parecida, mas floristicamente são totalmente diferentes.

Até hoje, aproximadamente 20 espécies são mundialmente conhecidas e utilizadas por madeireiros, e poucas são conhecidas como frutíferas ou por suas propriedades medicinais. O uso das plantas nativas permanece quase desconhecido.

Como a tendência é a redução nas áreas de florestas, talvez o mundo nunca venha a saber das propriedades que determinada árvore teve. Não só pela derrubada das matas, mas também pela descaracterização das populações tradicionais.

Em termos de Amazônia, os cientistas do Inpa lembram que as florestas da Amazônia Ocidental são consideradas mais ricas em espécies que as da Amazônia Oriental. Isso ocorre por causa do índice de pluviosidade.

A mata de terra-firme não é florística e estruturalmente homogênea, existindo assim grandes diferenças entre a composição de uma e de outra.

O Inpa trabalha em regime de cooperação com os governos de diversos paises, além de receber financiamento para seus estudos do G-7, o grupo de paises mais ricos do mundo.

Com o governo do Japão, desenvolve o Projeto Jaracandá - uma referência à Jacarandá copaia (caroba pará-pará), uma árvore da família da Bignoneaceae.

O objetivo é reabilitar áreas abandonadas por diferentes usos dos solos da Amazônia, usando práticas silviculturais apropriadas para a região. Renovado em outubro de 98, a segunda fase do projeto prevê experimentos em escalas maiores de reflorestamento na Amazônia, devendo estender-se até 2003.

O Projeto Flora da Amazônia, executado inicialmente de 1974 a 1988, realizou várias expedições botânicas por toda a Amazônia brasileira, por intermédio de uma colaboração entre o Inpa, o Jardim Botânico de Nova York e o Museu Goeldi de Belém. Nestas exposições foram coletadas mais de 60 mil amostras de plantas.

Nas suas pesquisas, o Inpa já conseguiu fazer o melhoramento genético do amendoim originário da aldeia dos índios Cinta-Larga. As variedades conseguidas são as melhores da região tanto para a alimentação quanto para a cobertura do solo ou ainda para a fixação biológica do nitrogênio atmosférico.

Conseguiu ainda produzir variedades de soja para solos de várzea e terra firme, com produtividade de 2.400 quilos por hectare (acima da média nacional) e de 2 mil quilos na terra firme (abaixo da média).

As sementes foram depositadas no Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Algumas são mantidas no instituto.

Ainda na área do melhoramento da lavoura de soja, o instituto isolou a bactéria fixadora de nitrogênio a partir de solos de várzea do Rio Solimões. O processo já vem sendo usado para melhorar a qualidade de solos plantados com soja no sul do país.

O Inpa descobriu também que se o desmatamento for de no máximo 1.000 m2, a capacidade regenerativa das árvores não será afetada, pois as clareiras desse tamanho são similares às encontradas em florestas primárias não exploradas.

O valor da biodiversidade brasileira ainda é desconhecido.

Cientistas, entre eles os do Inpa, calculam por alto que pode chegar a uns R$ 4 trilhões. O governo quer terminar até 2002 o levantamento sobre o que vale a biodiversidade brasileira.

Além do Inpa, participam do levantamento o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e outros institutos do país.

A pesquisa ocorre na Amazônia, na Mata Atlântica, no litoral, na caatinga, no cerrado, nos manguezais, nos campos da Região Sul e no Pantanal.

Tantos bens em jogo já provocaram a primeira grande crise no setor ligado ao meio ambiente.

A Associação Brasileira para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (BioAmazonia), criada em 98, e que mantém convênios com vários ministérios do governo federal, está rachada.

Uma parte, comandada pelo cientista Spartaco Astolfi Filho é contrária ao convênio que a BioAmazonia fez com o laboratório Novartis, permitindo que durante três anos a companhia possa fazer pesquisas na Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, considerou nulo o contrato.

No dia 4 haverá eleição na BioAmazonia. A parte favorável ao acordo com a Novartis quer afastar o professor Spartaco do cargo de conselheiro da entidade.

Fonte :Gazeta Mercantil, 1agosto2000.


  1. FAPESP NA LIDERANÇA DA CIÊNCIA NO BRASIL

O Brasil é o país da biogenética. Parece pilheria, mas não é. Combinando vontade política do governo estadual e uma capacidade científica, construída principalmente ao longo das duas últimas décadas, a Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp) está colocando o país na linha de frente do desenvolvimento científico e tecnológico mundial.

Financiando projetos de ponta que investem tanto na pesquisa fundamental quanto na aplicada, a instituição e a rede de cientistas ligados a ela conseguiram a façanha de colocar o Brasil nas manchetes da imprensa internacional.

O sequenciamento do genoma de uma bactéria, a Xylella fastidiosa, realizado no âmbito de um dos principais programas da fundação, o Genoma, virou capa da conceituada "Nature" e ganhou destaque nas páginas de "The New York Times" a "The Economist".

Este semanário inglês de economia anunciou, em sua edição da semana passada, que o Brasil agora "é o país do samba, do futebol e do genoma".

"Criou-se no Brasil uma capacidade de fazer ciência e tecnologia que nem mesmo os brasileiros sabiam. Não temos de ser bons só em samba ou futebol, como disse a "The Economist".

Nós podemos ser bons em atividades intelectuais desafiantes também", diz o Carlos Henrique de Brito Cruz, com a autoridade de quem comanda a Fapesp há cinco anos e é um dos responsáveis pelo sucesso da entidade.

Criada pela Constituição Paulista de 1947, a Fapesp só foi oficializada por lei e iniciou suas atividades 15 anos depois. Concebida com o objetivo de apoiar a geração de conhecimento no estado, a fundação, no início, atuava como um empreendimento quase familiar, sustentada pela verba de 0,5% da arrecadação do estado.

Graças ao empenho da comunidade científica paulista e do patrimônio que foi constituindo ao longo dos anos, a entidade cresceu e se solidificou.

A transformação em um empreendimento profissional e o crescimento quantitativo da Fapesp só aconteceu, no entanto, na última década, graças ao aumento da dotação de 0,5% para 1% da receita do estado, garantida pela Constituição Estadual de 89. Com mais dinheiro, a entidade conseguiu fazer crescer expressivamente seu patrimônio e o investimento em pesquisas.

De 90 a 95, o dispêndio da instituição aumentou mais de quatro vezes. Na segunda metade da década, com a renegociação da dívida do estado e a recuperação da receita, em velocidade superior ao crescimento econômico, a Fapesp tornou-se a instituição de fomento à pesquisa mais importante do país.

Em 99, foram aplicados R$ 542,5 milhões, valor quase dez vezes superior ao do primeiro ano da gestão Mario Covas, 94, que foi de R$ 67,6 milhões. O detalhe é que mais da metade dos investimentos do ano passado foram realizados com recursos próprios.

Mas as mudanças não se limitaram ao aspecto quantitativo. A Fapesp ampliou também seu foco, deixando de enfatizar apenas os projetos individuais para estimular programas de relevância social e econômica e fomentar o desenvolvimento tecnológico.

"Passamos a olhar complementarmente, a estimular a aplicação do conhecimento em conformidade com os tempos atuais", afirma Brito Cruz. Daí surgiram programas como o apoio à pesquisa voltada para a melhoria do ensino público, a parceria Universidade-empresa e o apoio aos jovens pesquisadores.

"Trouxemos cérebros para SP. Mais de 500 jovens já foram beneficiados. O objetivo é descentralizar a pesquisa científica, com novos atores estabelecendo laboratórios", explica Brito Cruz.

Esse movimento foi acentuado em 97, com a criação de um programa de apoio às pequenas empresas inovadoras, que até hoje já beneficiou 120 empresas, e com o Projeto Genoma, que reune 62 laboratórios em todo o estado em torno do sequenciamento genético de bactérias responsáveis por pragas agrícolas.

Os pilares do sucesso da Fapesp, sustenta seu presidente, são três. A fundação criou condições para a realização das pesquisas, seleciona muito bem o que vai apoiar, através de elaborado sistema de avaliação dos projetos, e reuniu uma comunidade científica com capacitação internacional.

"O mérito principal é das três Universidades públicas paulistas, USP, Unicamp e Unesp, e do desenvolvimento de programas de apoio do governo federal. Nos anos 70 não seria possível fazer o Genoma. Hoje, o país forma 5 mil doutores por ano", ressalta Brito Cruz.

Na ponta da maior transformação científica e tecnologica já vivida pelo país, a instituição não se descuida, no entanto, da ciência fundamental.

"Qualquer que seja a área que entrar na moda daqui a dois anos, a gente só vai ter a chance de participar de verdade se tivermos boa ciência fundamental naquela área", conclui.

Fonte : Jornal do Brasil, 30julho2000.


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