SBQ - BIÊNIO (2000/2002) BOLETIM ELETRÔNICO No 180




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Veja nesta edição:
  1. Seleção para o Curso de Mestrado no Departamento de Química Inorgânica - Instituto de Química - UFRJ
  2. Governo Federal vai lançar edital para construir o Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN) em Recife
  3. Laboratório de Dopagem da UFRJ disputa credenciamento do COI
  4. Carta do Secretário Executivo do MCT ao Dep. Santos Filho sobre comitês gestores dos fundos setoriais
  5. 11o. ENQA - Encontro Nacional de Química Analítica
  6. V Escola de Inverno em Físico-Química e em Química Analítica
  7. Por uma nova ordem mundial do saber, artigo de Rogério Cezar de Cerqueira Leite

  1. Seleção para o Curso de Mestrado no Departamento de Química Inorgânica - Instituto de Química - UFRJ

O Departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química da UFRJ está selecionando alunos para o seu Curso de Mestrado.

Inscrições - 20/06 a 21/07/2000
Seleção - 01 e 02/08/2000 (Prova de conhecimentos, inglês e entrevista)
Início do curso - 07/08/2000

Documentação necessária:


Informações adicionais:


  1. Governo Federal vai lançar edital para construir o Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN) em Recife

O edital de licitação para as obras do (CRCN), no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) será lançado na primeira quinzena do julho.

O lançamento vai ocorrer durante a visita do ministro da C&T, Ronaldo Sadenberg. O anuncio foi feito pelo vice-presidente da República, Marco Maciel.

O CRCN contará com área de 80 mil m2. De acordo com o projeto aprovado pela pró-reitoria de planejamento da UFPE, serão construidos oito blocos independentes, que abrigarão laboratórios de radiofarmácia, segurança radiológica, metrologia, caracterização química, gerenciamento de resíduos, apoio logístico e manutenção.

As obras de implantação do CRCN vão ser fiscalizadas pelo Ministério Público Federal como forma preventiva para possíveis ocorrências de dano nuclear.

O CRCN está sendo alvo de polêmica porque vai abrigar um reator nuclear e um acelerador de particulas cíclotron. O funcionamento desses equipamentos, segundo especialistas, pode causar danos ao meio ambiente.

Fonte : Jornal do Commercio, Recife, 15junho2000.


  1. Laboratório de Dopagem da UFRJ disputa credenciamento do COI

O Laboratório de Controle de Dopagem (Lab Dop) do Instituto de Química da UFRJ está disputando, junto aos melhores do mundo, o credenciamento do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Francisco Radler, do Depto. de Química Orgânica, está otimista, pois "o Lab Dop já auxiliou mais de 40 Federações Desportivas, Nacionais e Internacionais. Na América Latina, é o único que trabalha nos moldes do COI."

"Estamos lutando para obter os recursos necessários à finalização de nossa capacitação para o credenciamento, que está previsto para setembro de 2000", afirma Radler.

Iniciativa pioneira na América Latina, o laboratório foi criado em 89 e já participou, a convite do COI, das Olímpiadas de Barcelona, de Atlanta e do Pan-Americano do Canadá.

O Lab Dop trabalha ainda na análise de quimioterápicos e de apoio a clínica médica, conveniado ao Instituto Nacional do Câncer (Inca) do RJ e com o Instituto Nacional de Qualidade em Saúde, da Fiocruz.

Fonte: JCE-mail,16de junho2000

Nota do Editor: O Prof. Franscisco Radler proferiu a palestra de abertura da 23ª Reunião Anual da SBQ, realizada no mês passado em Poços de Caldas. Além disso foi agraciado, no mesmo evento, com a Medalha Simão Mathias 2000.


  1. Carta do Secretário Executivo do MCT ao Dep. Santos Filho sobre comitês gestores dos fundos setoriais

"Conforme é do conhecimento de Vª Exª, encontram-se em tramitação no Congresso diversos projetos de fundos setoriais para apoio às atividades de C&T, os quais tem encontrado repercussão favorável no meio científico e na sociedade em geral.

A idéia dos fundos setoriais tem sido entendida como um mecanismo capaz de criar um novo dinamismo em setores que, até então, se ressentiam de aportes de recursos capazes de oferecer incentivos concretos para o desenvolvimento de projetos de pesquisa em áreas de relevância para o país.

O reconhecimento de que os fundos setoriais são fundamentais para dar um novo impulso à C&T é acompanhado de um grande interesse da sociedade como um todo em sua imediata aprovação, de forma a que possam ser incluídos na lei orçamentaria de 2001.

Para cada um dos novos fundos está sendo proposto pelo MCT há um novo modelo de gestão, que prevê a constituição de um comitê gestor para cada fundo, com a participação de ministérios setoriais, de representantes do setor privado e da comunidade científica.

Estes comitês gestores serão os responsáveis pelas decisões sobre alocações de recursos. Trata-se, assim, de um avanço sensível na gestão de recursos de fomento.

Como reflexo de sua importância, vários segmentos da sociedade tem reinvindicado a sua inserção nos comitês gestores, a exemplo dos Secretários Estaduais de C&T e das instituições federais de ensino superior. Contudo, pelo perfil dos comitês setoriais e por suas atribuições, não seria oportuno incluir representações específicas de segmentos, muitos dos quais diretamente beneficiários desses recursos.

O MCT considera que o desejo, expresso por todos estes segmentos, de participar diretamente da gestão e da formulação das políticas de ciência e tecnologia é muito bem vindo e fundamental pra que esses temas estejam presentes na agenda política e econômica do País.

Nesse sentido, o compromisso do MCT (já acordado com vários interlocutores, dentre os quais o Forum de Secretários de C&T dos Estados) é debater qual a melhor maneira de aprimorar este modelo de gestão.

Ao longo do segundo semestre, o MCT vai analisar, em conjunto com esses interlocutores, uma nova regulamentação para o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), encarregado da administração dos novos recursos, de modo a criar uma instância de coordenação das ações que contemple a participação do MCT, de suas agências - CNPq e Finep -, bem como representantes da comunidade científica, do setor empresarial e do Forum de Secretários Estaduais de C&T.

Esta instância de coordenação atende aos justos reclamos de maior participação e estabelece - numa instância adequada - um mecanismo de debate e discussão permanente das políticas de fomento dos diversos fundos setoriais.

Espero, com estes esclarecimentos, ter contribuído para que Vª Exª tenha conhecimento da abordagem do Ministério da Ciência e Tecnologia com relação à gestão dos novos fundos setoriais.".

Fonte: JCE-mail, 16junho2000

Nota do Editor: Esta mensagem foi enviada pelo Secretário ao Parlamentar no dia 7 de junho de 2000.


  1. 11o. ENQA - Encontro Nacional de Química Analítica

O Departamento de Química Analítica do Instituto de Química da UNICAMP e a Comissão Organizadora têm o prazer de convidá-lo(a) para participar do 11o ENQA, que será realizado em Campinas - SP, de 18-21 de setembro de 2001, dando sequência à série de eventos realizados desde 1982.

"Desafios da Química Analítica no Século XXI"

18-21 de setembro de 2001
Centro de Convenções - Ginásio de Esportes da UNICAMP
Campinas - SP

Inscrição Preliminar até 31/10/2000

Visite a home-page: http://www.enqa.iqm.unicamp.br


  1. V Escola de Inverno em Físico-Química e em Química Analítica

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
(Em homenagem ao Prof. Dr. Ernesto R. Gonzalez)

Dia 03/07 (Segunda-feira) as 17:30 hs

Conferência de Abertura pelo homenageado: "Estudo do Transporte Iônico em Células à Combustível de Eletrolito Polimérico"

CURSOS: 08 cursos na área de Físico Química, Química Analítica,
Engenharia de Materiais e Física
Carga horária de 15 horas
Período de: 03/07 a 07/08

02 sessões: das 09:00 hs às 12:00 hs e das 14:00 hs às 17:00 hs

PALESTRAS: de 03/07 a 08/07/2000

Segunda-feira pelo homenageado, Prof. Dr. Ernesto R. Gonzalez, após Cerimônia de Abertura.


PROGRAMAÇÃO

Das 9:00 hs às 12:00 hs do dia 03 a 07/07/2000


Das 14:00 hs às 17:00 hs do dia 03 a 07/07/2000

Enviar Ficha de Inscrição e comprovante por
FAX (16) 261.5215 ou 260.8214

Dados necessários:
Nome - Instituição - Endereço - Fone
E-mail - e Indicação dos Cursos
Inscrição até 30/06 R$ 40,00
Total de vagas por curso : 40 vagas
Conta Corrente : 1.383-8 - Agência 1.888-0
B.Brasil - S.Carlos/UFScar

Visite a home-page: http://www.liec.ufscar.br/VEscola/


  1. Por uma nova ordem mundial do saber, artigo de Rogério Cezar de Cerqueira Leite

Aos poucos emerge de bastidores sombrios uma imagem ainda não bem definida de um modelo para a distribuição internacional do conhecimento, hierarquizada de maneira preestabelecida.

E uma eficiente retórica começa a penetrar a cultura popular no Brasil para sustentar essa configuração. E, como de costume, essa retórica é bastante atraente. Propomo-nos pois a identificar e contestar alguns dos elementos mais salientes desse discurso.

O argumento mais frequente recorre a um compreensível engano de percepção e, por isso, é tão bem-sucedido. Como pode o Brasil, dizem, concorrer com os EUA, que aplicam em pesquisas recursos cerca de 80 vezes maiores que os nossos? Raciocina-se como se essa fosse uma corrida entre dois atletas, um 80 vezes mais veloz que o outro.

Nesse caso, como se explicariam fenômenos tais como a Nokia, que, embora instalada na Finlândia, país com um PIB que equivale a 1,7% do dos EUA, suplanta os concorrentes em um dos setores mais intensivos em tecnologia?

E a Philips na Holanda? E a Coréia, com um terço do PIB brasileiro, com suas indústrias eletrônica, de informática, de química fina, automotiva etc.?

Aliás, o Brasil, no que diz respeito à produção científica, já apresenta resultados compatíveis com a aplicação de recursos nesse setor.

Se considerarmos um fator determinado pela relação entre recursos aplicados em pesquisas em cada nação, a contribuição brasileira em ciência básica, avaliada pelo índice de impacto de suas publicações (número de citações em revistas selecionadas pelo Instituto de Informação Científica), é ligeiramente inferior àquela dos EUA e de Inglaterra, mas superior `a de França, Alemanha e Japão.

Essas observações nos induzem à conclusão de que a analogia do corredor 80 vezes mais veloz é equivocada. A correta seria de uma equipe com um número de corredores 80 vezes maior que a outra. Em várias corridas, a equipe maior venceria 80 vezes mais que a menor. Se assim não fosse, não haveria Olimpíada.

Assim sendo, por outro lado, enquanto um país como a Finlândia teria uma Nokia, os EUA teriam 60 empresas equivalentes. É isso que a estatística prescreve.

O que se verifica é que o Brasil, com PIB equivalente a 5% do americano, terá participação também 95% menor na geração de conhecimento e em seu aproveitamento sob as muitas formas em que se manifeste, econômica, cultural etc., se a esse setor dedicar percentual do seu produto doméstico equivalente ao dos países industrializados.

O resultado seria satisfatório e asseguraria o seu desenvolvimento.

O segundo argumento da retórica se refere especificamente às Universidades públicas, que são a sede privilegiada da geração de conhecimento no Brasil.

Deveriam ser privatizadas, dizem, e uma das razões é que seriam os estudantes mais favorecidos os que com maior frequência conseguem nelas ingressar e se formar. Enquanto isso, os menos privilegiados frequentam as Universidades privadas.

Então, para que haja justiça, devemos privatizar as públicas.

Mais uma vez o sucesso do silogismo se baseia num erro de percepção. Quem o utiliza de boa-fé não percebe muito bem o que é uma Universidade e qual seu objetivo.

O dito silogismo estaria correto se a Universidade fosse simplesmente uma escola e se sua finalidade fosse satisfazer os anseios individuais de seus alunos. Nesse caso, de fato, não haveria razão para que a sociedade arcasse com o ônus financeiro de sua manutenção.

Mas, se a sociedade tradicionalmente mantém essa instituição, o faz porque considera que o que ela fornece é do interesse da própria sociedade, e não de indivíduos ou de grupos.

O beneficiário primário da atuação da Universidade, portanto, deve ser a sociedade, e não os alunos. É claro que, se a Universidade produz bons profissionais porque eles são essenciais para o bom funcionamento da sociedade, ela tambem estará satisfazendo aspirações pessoais.

Um médico bem-formado não somente é essencial para o bem comum como, presumivelmente, também será um indivíduo realizado e mais feliz que um outro sem formação.

Mas a missão da Universidade é muito maior do que simplesmente a produção de bons profissionais. Ela é a principal responsável pela geração e organização do conhecimento e pela preservação da cultura. Mesmo os dissidentes precisam dela como referência.

E essas atuações tem como beneficiária a sociedade. A redução, portanto, da Discussão sobre a sobrevida da Universidade ao pagamento de mensalidades de alunos só pode decorrer de ignorância ou má-fé.

O mais recente argumento, e talvez o mais perverso, é que o esforço de pesquisas no Brasil seria inconsequente, pois nosso parque industrial é dominado pelo capital externo e empresas multinacionais trazem suas tecnologias empacotadas das matrizes.

Novamente, há uma parcela de verdade nessa afirmação. Todavia isso não quer dizer que não haja possibilidade de aproveitamento do conhecimento gerado no país.

Argumentava-se no passado que precisávamos das multinacionais, em parte, para aportar tecnologia. Agora dizem que nossa tecnologia é supérflua porque temos multinacionais. Não é maquiavélico?

Outro raciocínio, tradicional, contra a atividade em pesquisas e também contra as Universidades públicas retoma a postura assistencialista: como pode o Brasil despender recursos nesses setores elitizados enquanto permanecem carentes a saúde e mesmo a educação primária?

É o mesmo dilema que enfrentamos ao escolher entre fornecer comida ou trabalho a quem tem fome. Não há como escapar ao subdesenvolvimento só com ensino primário e um adequado programa de saúde. É praticamente impossível sem atividade de pesquisa e Universidades de qualidade.

Mas por que esse esforço, consciente ou não, para desenvolver uma retórica que justifique a desistência da atuação em pesquisa e a aceitação da degradação das Universidades públicas brasileiras?

Haveria uma conspiração internacional assistida, possivelmente, por interesses internos?

A hipótese parece ter uma origem paranóica, alucinada. Mas não podemos deixar de suspeitar de algo parecido, talvez inconsciente, possivelmente não transacionado formalmente entre seus partícipes.

Senão vejamos: abundam evidências de um esforço para a manutenção de uma ordem internacional estruturada na atual distribuição de riqueza, que depende obviamente de um tripé de apoio sobre repartições compatíveis de poder político, de trabalho e de conhecimento.

Desde os romanos até os ingleses, reconhecidamente, o domínio de um povo sobre outro só foi possível quando uma facção do povo dominado colaborou com o dominante.

Nós vimos em passado recente ministros brasileiros rastejarem-se até os EUA para receber instruções de burocratas americanos na elaboração da legislação nacional de patentes e congressistas brasileiros atuarem como lacaios das multinacionais farmacêuticas para promover a aprovação dessa mesma lei.

E a retórica foi a de necessidade de modernização. E esse discurso foi sustentado por políticos, burocratas e até empresários.

Podemos, portanto, pelo menos suspeitar que a retórica que hoje começa a se delinear sobre a superficialidade da pesquisa científica e tecnológica brasileira e a inadequação da Universidade pública serve, intencionalmente ou não, para dissimular ações que, no longo prazo, consolidam a atual ordem internacional, o status quo, ao erigir uma distribuição internacional da capacidade de gerar e manipular conhecimento que reforce e acentue a presente distribuição de riqueza entre as nações.

Fonte: Folha de SP, 12junho2000


Secretaria Geral SBQ


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