Veja nesta edição:
1. Prof. Romeu comenta artigo sobre tabela periódica
publicado na Folha de S. Paulo
2. Sintetizados Novos Elementos Super-Pesados: 114, 116,
118
3. Chamada de trabalhos para o XIX EDEC
4. Comentário da Profa. Maria Eunice sobre o ENEM
5. Curso de atualização em fitofarmácia
6. Carta de Luiz Antônio Barreto de Castro - Secretario
Executivo do PADCT
7. Estudo prospectivo sobre C&T no Brasil, financiado
pelo Banco Mundial, no âmbito do PADCT III
8. Conselho deliberativo do CNPq aprova no estatuto do
órgão
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1. PROF. ROMEU COMENTA ARTIGO SOBRE TABELA PERIÓDICA
PUBLICADO NA FOLHA DE S. PAULO
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Gostaria de parabenizar a Folha pela publicação
do artigo do biólogo Oliver Sacks sobre a história da tabela
periódica dos elementos (caderno Mais, 13/06/99), muito bem escrito.
A tradução feita pela Sra. Clara Allain
está bem feita; todavia, não poderia deixar de destacar alguns
erros cometidos. Como a Sra. Allain não tem formação
na área de Química, acabou erroneamente traduzindo alguns
termos de forma literal, o que, infelizmente, acabou "estragando" a matéria.
Vejamos:
1) em vez de traduzir "rare earth elements" como "elementos terras
raras", traduziu como "elementos terrosos raros";
2) em vez de traduzir "electronic shell" como "camada eletrônica",
traduziu como "casca eletrônica";
3) ora traduziu "transition elements" como "elementos transitórios"
(ERRADO) ora como "elementos de transição" (CORRETO);
Mais grave ainda foi a tabela periódica usada
pela Folha para ilustrar a matéria (p. 5-5). Usou-se uma tabela
obsoletíssima,
provavelmente da 1a. metade da década de 70, com massas atômicas
relativas desatualizadas e até nomes de elementos totalmente errados
(elementos 104 e 105). No próprio texto Sacks se refere ao elemento
104 como sendo o rutherfórdio (na tabela aparece o nome obsoleto
"kurchatóvio") e, de passagem, menciona o elemento 112 (a tabela
pára no elemento 105, erradamente denominado de "hâhnio";
o nome correto atual é dúbnio e existem nomes aprovados para
até o elemento 109, além de nomes sistemáticos para
os 110, 111 e 112).
Em 1995, quando a Sociedade Brasileira de Química
lançou sua tabela periódica dos elementos, na qualidade de
secretário geral da SBQ, procurei a Folha (então na era dos
encartes) para propor que no início das aulas de 1996 a Folha distribuísse
aos seus leitores exemplares da tabela periódica, com a publicação
concomitante de textos sobre a tabela. A idéia não foi
aceita, infelizmente. De qualquer modo, a SBQ poderia ter sido consultada
e poderia ter dado autorização para que a Folha publicasse
os nomes corretos (que vão até o elemento 112) e as massas
atômicas relativas corretas na tabela periódica que ilustrou
a matéria.
Não entendo porque até hoje, mesmo
na era da internet (que possibilita o envio de um texto para ser rapidamente
revisado em qualquer ponto do país), a Folha não tem um quadro
de possíveis assessores por área do conhecimento, a serem
consultados sempre que necessário. A revisão desse artigo
por um químico teria evitado que esses erros "grosseiros" tivessem
saído publicados.
Finalizando, a impressão que me fica é que
a Folha tem boas idéias mas pouco cuidado ao executá-las.
Por que?
Atenciosamente,
Prof. Romeu
C. Rocha Filho
Dep. Química - UFSCar
fone +55 (16) 260-8208
fax +55 (16) 260-8350
e-mail: romeu@dq.ufscar.br
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2. SINTETIZADOS NOVOS ELEMENTOS SUPER-PESADOS
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No final de maio, um grupo de cientistas americanos
submeteu um artigo à revista 'Physical Review Letters' comunicando
a descoberta dos elementos 118 e 116. Três átomos desses elementos
super-pesados foram detectados a partir de experimentos realizados no cíclotron
de 88 polegadas do Laboratório Nacional Lawrence de Berkeley (LNLB),
em
Berkeley, Califórnia.
Os pesquisadores, liderados pelo químico
nuclear Kenneth E. Gregorich, bombardearam um alvo de chumbo-208 com um
feixe intenso de íons criptônio-86 de alta energia (em média,
cerca de 2 trilhões de íons por segundo). De acordo com os
pesquisadores, os dois núcleos fundiram-se e emitiram um nêutron,
produzindo um núcleo com 118 prótons e 175 nêutrons.
Após 120 microsegundos, este nuclídeo, 118/293 (número
atômico/número de massa), emitiu uma partícula alfa,
decaindo para um novo elemento, 116/289 . Este nuclídeo, por sua
vez, após 600 microsegundos, sofreu decaimento por partícula
alfa para um isótopo do elemento 114. A cadeia de decaimento foi
detectada até o elemento 106, seabórgio, como mostrado a
seguir: 118/293 - 116/289 - 114/285 - 112/281 - 110/277 - Hs/273 - Sg/269
Os elementos 114 (vide abaixo), 112, 110, 108 (Hs)
e 106 (Sg) já tinham sido descobertos por outros grupos. Entretanto,
seus isótopos obtidos em Berkeley não haviam sido observados
anteriormente.
O bombardeio de alvos de átomos pesados por
íons acelerados foi utilizado pelos cientistas do Grupo de Pesquisas
de Íons Pesados (GSI), em Darmstadt (Alemanha) para criar os elementos
107 a 112, mas antes do atual experimento se pensava que esta técnica,
conhecida como "fusão fria", não pudesse ser usada para produzir
elementos mais pesados que o 112. Entretanto, cálculos recentes
do teórico Robert Smolanczuk, do Instituto Soltan para Estudos Nucleares,
na Polônia, e cientista visitante no LNLB, indicaram que haveria
a possibilidade de taxas de produção mais altas para a reação
Kr/86 + Pb/208, o que levou à realização do experimento
bem-sucedido.
Recentemente, o elemento 114 foi possivelmente observado
em Dubna, Rússia. Segundo divulgado pela revista Science no final
de janeiro de 1999, cientistas russos e americanos, utilizando uma técnica
mais energética ("fusão quente"), podem ter produzido o elemento
114 pela primeira vez. Neste caso, um alvo de plutônio-244, fornecido
pelo Laboratório Nacional Lawrence de Livermore, em Livermore, Califórnia,
foi bombardeado com o isótopo extremamente raro cálcio-48.
A partir de dados do experimento, cientistas russos
encontraram um padrão de decaimento radioativo que parece ser de
um isótopo 114/289, com um tempo aparente de vida de 30 s (bastante
alto, para o caso de átomos super-pesados). Esse resultado, no entanto,
ainda está por ser confirmado, sendo que Gregorich afirma que o
pessoal do LNLB está 90%
convencido que os russos estão certos.
Os experimentos do LNLB entusiasmaram os químicos
e físicos nucleares, pois eles pensam que estão mais próximos
de atingir a tão propalada ilha de estabilidade prevista há
décadas, isto é, a região da tabela periódica
em que existiriam elementos super-pesados atipicamente estáveis.
Os cientistas do GSI em Darmstadt já estão tentando reproduzir
os recentes resultados do LNLB e poderão, em breve, anunciar a confirmação
da descoberta do elemento 118.
Mais informações:
- Elemento 114: Chemical & Engineering News, v. 77, n. 5, p. 8,
1999.
http://www.sciencenews.org/sn_arc99/2_6_99/fob4.htm
- Elementos 118 e 116: Chemical & Engineering News, v. 77, n. 24,
p. 6, 1999.
http://enews.lbl.gov/Science-Articles/Archive/elements-116-118.html
(Romeu C. Rocha-Filho – romeu@dq.ufscar.br)
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3. CHAMADA DE TRABALHOS PARA O XIX EDEC
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Prezado Colega. Estamos comunicando que o prazo
para submissão de trabalhos ao XIX EDEQ se encerra em 31/08/99.
Mais informações (inclusive ficha de inscrição)
podem ser obtidas na home-page do EDEQ:
http://www.ufpel.tche.br/edeq.
Atenciosamente, Prof. Eder J. Lenardao - Secretaria Geral do XIX EDEQ.
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4. COMENTÁRIO DA PROFA. MARIA EUNICE SOBRE O ENEM
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Gostaria de fazer um comentário sobre o exame do ENEM.
Dizer que o ENEM é um exame mais democrático
exige, no mínimo, cautela. Habilidades de raciocínio se desenvolvem
em cima de conteúdos. Muito mais que a simples memorização,
exige que os estudantes saibam lidar com as informações,
relacionando-as, façam inferências, saibam tirar conclusões
lógicas, saibam se utilizar de modelos explicativos, etc. Infelizmente,
a escola pública, com várias exceções, tem
se restringido tão somente à transmissão de informações,
pouco investindo numa formação mais ampla do aluno, que possibilitasse
o desenvolvimento das competências e habilidades que o ENEM quer
medir. Os resultados do exame de 98 mostram que alunos da rede particular
de ensino e de famílias com rendas mais altas, obtiveram melhores
resultados, tal qual vem acontecendo nos exames vestibulares das universidades
públicas. O
acesso mais democrático à universidade exigiria, principalmente,
a melhoria da escola pública.
Maria Eunice R. Marcondes
IQ USP
Nota do editor: Este assunto foi discutido em boletins anteriores
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5. CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM FITOFARMÁCIA
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Prezado professor,
Peço que seja divulgado através do
boletim eletrônico da SBQ o Curso de Atualização em
Fitofarmácia que será realizado na Faculdade de Farmácia
- UFRJ , em agosto deste ano (2 a 31). O curso consta de uma parte teórica
(50 horas) e uma parte pratica (10 horas) e será ministrado diariamente
da 17:00 às 19:00 h. O curso é aberto a profissionais farmacêuticos
e de outras áreas afins. Maiores informações
com os professores
Fábio de Sousa Menezes : fsmenezes@pharma.ufrj.br
e
Suzana Guimarães Leitão : sgleitao@pharma.ufrj.br
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6. CARTA DE LUIZ ANTÔNIO BARRETO DE CASTRO
SECRETÁRIO EXECUTIVO DO PADCT
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Aos clientes do PADCT, a comunidade de C&T e as equipes do PADCT
Despeço-me do PADCT depois de cerca de oito
anos de atividades como seu Secretário Executivo que incluíram
a conclusão do PADCT I, implementação completa do
PADCT II, negociação com o Banco Mundial, estruturação
e início de implementação do PADCT III.
Quero agradecer a comunidade de C&T a quem servi
durante este período, e, em particular, aos clientes e usuários
do PADCT pela paciência que tiveram com os meus erros. Espero ter
contribuído de alguma forma para satisfazer as expectativas dos
que comigo tiveram a oportunidade de interagir. Quero também agradecer
aos Executivos do
Banco Mundial que sempre me prestigiaram com sua confiança.
Agradeço aos Secretários e Ministros
da Ciência e Tecnologia a quem servi e em especial a José
Vargas com quem tive o privilégio de trabalhar nestes últimos
seis anos. Agradeço as equipes do PADCT na Administração
Central do MCT e nas Agências CNPq, FINEP e CAPES pela sua dedicação
ao programa e espírito profissional no desempenho.
O PADCT que constitui importante instrumento de
reforma do setor de C&T começou bem. Completamente informatizado
o programa utiliza agora o mais moderno sistema de avaliação
e gerenciamento de projetos de que tenho noticia, concebido pela Secretaria
Executiva do PADCT e "engenheirado" em software - REAACT, pelo CESAR comandado
pelo Silvio
Meira do Departamento de Informática da UFPE. Espero que o REAACT
ou suas versões "customizadas" seja rapidamente adotado por todas
as agências de fomento de C&T em particular as FAPS, a exemplo
do que já esta acontecendo no MCT.
O primeiro ano de implementação do
PADCT III do ponto de vista da sua gestão foi o melhor nos quinze
anos de sua existência. Foram analisados mais de dois mil projetos
e comprometidos cerca de R milhões de acordo com o cronograma acordado
com o Banco Mundial e orçamento aprovado pelo Congresso Nacional.
O PADCT terá problemas em 1999 porque o orçamento de
1998 foi cortado em dezembro após os comprometimentos dos recursos
como já adiantei em mail anterior. Agradeço as centenas de
mensagens que recebi em resposta a este mail, que demonstram a credibilidade
que o PADCT acumulou após mais de uma década de bons serviços
prestados a comunidade. Infelizmente em função da minha saída
iminente não me cabe responder aos mails propondo soluções
para problemas específicos de cada projeto em andamento. Encaminhei
as mensagens ao Aldo Pinheiro para tratar deste assunto com o futuro responsável
pela Secretaria Executiva do PADCT III. Tenho a expectativa de que as mudanças
estabelecidas para o programa, a respeito das quais
não fui chamado a opinar, não alterarão essencialmente
a sua concepção: regras claras, transparência no seu
exercício, respeito as decisões dos Comitês Assessores,
prioridades estabelecidas pela comunidade de C&T e agora no PADCT III
pela industria, execução pelas Agências e supervisão
pela Administração Central do MCT. Esta fórmula que
o PADCT exercita há mais de uma década funcionaria para qualquer
programa de C&T e deveria ser adotado em outros programas.
Estes anos felizmente não me afastaram da
ciência, mas me impediram de realiz-la em meu laboratório
como fazia antes no CENARGEM/EMBRAPA, o que lamento. Restabelecer de novo
este vinculo com a ciência passa a ser agora a minha meta profissional.
Estou certo que depois de tantos anos dedicados
à biologia, que incluem mais de vinte à biotecnologia e alguns
a gestão de C&T, ainda posso ser útil ao desenvolvimento
cientifico e tecnológico do meu País, em particular ao desenvolvimento
da Biotecnologia, o que pretendo fazê-lo.
Luiz Antônio Barreto de Castro
Secretario Executivo do PADCT
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7. ESTUDO PROSPECTIVO SOBRE A C&T NO BRASIL, FINANCIADO PELO
BANCO MUNDIAL, NO AMBITO DO PADCT III
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Um consórcio formado por seis entidades
estrangeiras e nove nacionais ganhou a concorrência aberta pelo Ministério
da C&T para realizar este amplo estudo prospectivo, a ser desenvolvido
ao longo de 18 meses por uma equipe de 27 pesquisadores da USP e das entidades
parceiras.
O consórcio é liderado pela
USP, por meio da Faculdade de Economia e Administração e
da Politécnica (FEA), com a coordenação do Núcleo
de Política e Gestão Tecnológica (PGT) e do Instituto
de Pesquisa Tecnológica (IPT).
O Conselho do Projeto será supervisionado
pelo Conselho Nacional de C&T (CCT), dirigido pelo presidente da Republica.
“O estudo objetiva estabelecer prioridades
para o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil,
de modo a permitir ganhos sociais e econômicos de longo prazo, que
subsidiem a formulação de políticas de C&T”, disse
Guilherme Ary Plonski, professor da FEA e da Politécnica.
Entidades nacionais que integram o consorcio:
Embrapa (agronegocios e meio ambiente), Fundação CPaD,
Hospital Albert Einstein, Escola do Futuro da USP, IPT e Anpei (setor industrial),
Politécnica/USP (transportes), IEE/USP (energia) e Sebrae (micro
e pequenas empresas).
Entidades internacionais que participam do
consorcio: Institute for Prospective Technological Studies (Comunidade
Européia), Observatoire des Sciences et des Tecniques (França),
Council for Scientific and Industrial Research (África do Sul),
Centro de Informacion y Documentacion Cientifica del Consejo Superior de
Investigacion Cientificas (Espanha), Technology Futures, Inc./TFI (EUA),
e Georgia Tech University - Tecnology Policy and Assessment Center (EUA).
Fonte :Boletim da Fundação Vanzolini, abril/maio de 99
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8. CONSELHO DELIBERATIVO DO CNPq APROVA NOVO ESTATUTO DO ORGÃO
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Em reunião realizada em 27 de maio,
o Conselho Deliberativo do CNPq aprovou o novo estatuto do CNPq.
Aprovou também a criação
do Prêmio Pesquisador Emérito do CNPq, com base num projeto
proposto pela Academia Brasileira de Ciências.
O Prêmio Pesquisador Emérito
do CNPq será concedido a cada dois anos.
Informações adicionais
sobre este Prêmio serão publicadas nos próximos Boletins
Fonte : JC-Email, 11junho99
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Secretaria Geral SBQ
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Contribuicoes devem ser enviadas para:
paulosbq@dq.ufscar.br
http://www.sbq.org.br
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