Veja nesta edição:
1. Informações sobre a 22a
RA SBQ
2. A ciência diante da economia brasileira, artigo
de Washington Novaes
3. Carta assinada por 6011 pessoas é entregue ao
secretario de C&T e meio ambiente de Pernambuco pela secretaria regional
da SBPC/PE
4. Sabotagem tirou nobel de Chagas
5. Otto Gottlieb, pioneiro dos produtos naturais, pode
ganhar Nobel
6. Nota da divisão de química orgânica
7. Faleceu Prof. Stadler
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1. INFORMAÇÕES SOBRE A 22a RA SBQ
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Gostaríamos de informar que estamos nos preparativos
finais para a 22a RA SBQ. A programação da reunião
será divulgada no número 3 de Química Nova e no sítio
da SBQ na internet.
Aqueles que ainda não fizeram inscrições
nos cursos que serão oferecidos durante a RA, por favor o façam
quanto antes, pois alguns deles já estão com as vagas esgotadas.
As inscrições previas, também facilitam sobremaneira
o trabalho da secretaria.
Temos recebido algumas reclamações sobre
reservas de hotéis em Poços, principalmente, com relação
a pessoas que querem permanecer na cidade por um tempo inferior a quatro
dias. Gostaríamos de lembrar que para conseguir bons preços
temos que negociar tempo de permanência. Alem disso gostaríamos
que todos permanecessem na RA durante todo o evento.
Entretanto, esta não sido condição essencial para
as negociações. Quem tiver problemas a este respeito, favor
relatar a secretaria geral.
Sobre financiamentos, temos a informar que já recebemos
as repostas sobre nossos pedidos de auxílios e que, estes foram
aquém das nossas expectativas. Estamos reconsideração
nas respectivas agencias para tentar melhorar o nosso orçamento.
Ainda nesta semana estaremos divulgando a relação dos nomes
dos alunos de IC que foram contemplados com o auxilio
participação da SBQ.
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2. A CIÊNCIA DIANTE DA ECONOMIA BRASILEIRA, ARTIGO DE WASHINGTON
NOVAES
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Em artigo publicado em 16/4 "O Estado de SP", Novaes,
especialista em questões de meio ambiente e ex-secretário
de Meio Ambiente do Distrito Federal, focaliza os debates havidos no seminário
sobre C&T para a Agenda 21, na semana passada em Brasília.
O encontro discutiu, entre outros problemas, o do baixo
investimento empresarial no Brasil em C&T e a redução
dos recursos orçamentários das empresas estatais.
Novaes observa que "o Programa de Apoio a Núcleos
de Excelência (Pronex) está tendo seus recursos reduzidos
-- assim como o próprio orçamento global para a área
de C&T, este ano 40% menor que o de 98".
Ele salienta as recomendações básicas
do seminário:
- Estimular um processo endógeno de geração
e inovação de tecnologias nas empresas, mediante cooperação
entre elas;
- estimulo estatal à constituição
de grandes grupos empresariais com
massa critica para desenvolver esforço tecnológico capaz
de transforma-los em 'global players', verdadeiros atores no cenário
global;
- concessão de benefícios fiscais para isso,
exigindo como contrapartida aumento de produtividade, avanço na
qualidade e competitividade, padores ambientais e adequação
social;
- construir sistemas ou programas de extensão capazes
de elevar o padrão tecnológico nacional;
- criar nichos de mercado mediante uso de tecnologias
que gerem alto valor agregado;
- universalização do ensino básico
e treinamento no local de trabalho, associado à redução
da rotatividade da mão de obra.
Novaes conclui que :
"É um roteiro básico. Mas é, principalmente,
uma reflexão capaz de definir rumos que nos retirem das discussões
apenas imediatistas em torno do regime e das agruras cambiais.
Que assentem outros marcos para esse debate, principalmente
o de um modelo fundado nas especificidades tropicais brasileiras, como
vários pensadores já defendem."
Fonte : O Estado de São Paulo, 16abril99
Nota: Washington Novaes foi um dos convidados para conferencia plenária
na nossa 21a RA SQBQ.
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3. CARTA ASSINADA POR 601 PESSOAS É ENTREGUE AO SECRETÁRIO
DE C&T E MEIO
AMBIENTE DE PERNAMBUCO PELA SECRETARIA REGIONAL DA SBPC/PE
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"A SBPC, Secretaria Regional de Pernambuco e a comunidade
científica do Estado, cientes de seu papel na geração
e divulgação de conhecimento, vem mui respeitosamente manifestar
a V. Sa. as suas preocupações no que concerne à defesa
da continuidade dos investimentos em Ciência e Tecnologia no Estado.
Somos testemunha do papel de fundamental importância
desenvolvido pela Facepe (Fundação de Apoio à C&T
de PE), no desenvolvimento sustentável de Pernambuco, papel este
demonstrado pela geração de divisas para diversos projetos
de pesquisa por ela financiados.
Por outro lado, na área de formação
de recursos humanos a Facepe tem papel preponderante na descoberta de novos
talentos científicos, treinamento e fixação de técnicos
em diversas áreas do conhecimento, alem do indispensável
apoio a grupos de pesquisas emergentes.
A Facepe, desde sua fundação, tem sido um
órgão imprescindível e muitas vezes único no
financiamento de pesquisa no âmbito das Universidades e empresas
estatais em Pernambuco.
Somos sabedores da crise econômica que o Brasil
enfrenta atualmente, mas acreditamos na pesquisa e no desenvolvimento em
C&T como maneira mais eficiente de atingirmos um estagio de desenvolvimento
que garanta a
auto-sustentabilidade e promova uma maior igualdade social.
Pelo exposto gostaríamos de externar a nossa preocupação
com a situação do repasse de recursos para a Facepe, previstos
na Constituição Estadual e solicitar vossa atenção
especial para este assunto, com a regularização da
situação financeira da Facepe que incluirá pagamento
de bolsistas, a complementação dos pagamentos dos auxílios
a pesquisa já iniciados e a contratação dos novos
projetos já aprovados pelas camaras assessoras e diretoria científica,
que aguardam o orçamento do Estado.
Acreditamos que os recursos que se aplicam em C&T
não são "gastos" mas sim "investimentos" de alto retorno
econômico e social e que o futuro de Pernambuco estará sendo
alicerçado pela adoção dessas medidas prioritárias
no âmbito da C&T."
Assinaram a carta membros destas instituições:
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), Universidade de Pernambuco UPE),Universidade Católica
de Pernambuco (UNICAP), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),Universidade
Federal de Minas Gerias (UFMG), ANDES, Adufepe, Aduferpe, Adupe, IPA.,
SAG/PE, CENEUP, DNOCS, CREA, COMPESA, FUNDAJ, Embrapa, IPA, CODAI, CPRH,
Ibama, Fiocruz/CNPq, Assembléia Legislativa de PE, Associação
Pernambucana de Engenheiros Florestais, Associação Pernambucana
de Ciências, Academia Pernambucana de Ciências Agronômicas,
Alunos de pós-graduação e bolsistas do CNPq, Capes
e Facepe.
A referida carta foi entregue ao secretario Cláudio
Marinho pelo secretario regional da SBPC/PE, José Antônio
Aleixo da Silva, que a assina junto com 600 pessoas das instituições
citadas acima.
Fonte : JC E-mail 17abril99
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4. SABOTAGEM TIROU NOBEL DE CHAGAS
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Nas comemorações pelo 90 aniversario da
descoberta da doença de Chagas realizadas na Academia brasileira
de Medicina, Marília Coutinho (UnB), professora visitante da Universidade
da Florida, em Gainesville (EUA), apresentou ontem um trabalho de investigação
sobre por que, embora indicado duas vezes ao Prêmio Nobel de medicina,
em 1913 e 1921, o cientista nunca foi contemplado.
Em oito meses, Carlos Chagas descobriu o vetor, o parasita
e os sintomas da doença que leva seu nome, façanha nunca
igualada por outro cientista. Na época, tinha apenas 30 anos e seis
de formado.
No entanto, encaminhado duas vezes ao Instituto Karolinska
da Suécia, responsável pela concessão do Nobel, seu
nome foi sabotado dentro do próprio Brasil por colegas certamente
com ciúmes de seu sucesso.
Em 1921, era o único indicado e ninguém
levou o prêmio.
"Na cultura política brasileira era inconcebível
que alguém chegasse a algum cargo por mérito próprio",
explicou Marília, que fez pós-doutorado em Estudos Sociais
da Ciência e optou pela pesquisa sobre a rejeição a
Carlos Chagas depois que deu com nota de rodapé, em uma publicação
de 1921, mencionando rapidamente a indicação. Nas pesquisas
na Suécia, Marília descobriu as duas nomeações
oficiais do professor: em 1913 seu nome foi encaminhado pelo parasitologista
Pirajá da Silva , descobridor do Schistosoma mansoni; em 1921,
por H. Gouvea.
Pouco depois de ter sido indicado, Carlos Chagas foi alvo
de uma maciça campanha de oposição e em um debate
na Academia de Medicina foi atacado publicamente por Afranio Peixoto, Henrique
Aragão e Figueiredo de Vasconcelos.
O trio chegou a dizer que o Trypanosoma cruzi, o parasita
do mal de Chagas, não era virulento e que a doença (até
hoje endêmica nas América do Sul e Central) não tinha
alcance epidemiológico.
"Chagas foi difamado no país e no exterior, possivelmente
por ciúmes relacionados com a rejeição ao sistema
de mérito", constatou a professora.
"Os países latino-americanos, em geral, tem dificuldade
de assimilar critérios de mérito e avaliação.
Carlos Chagas era um outsider no exterior e em seu próprio pais.
Esta dificuldade em aceitar o sucesso dos outros, em nada contribui para
que a ciência feita nos países em desenvolvimento se firme
no exterior."
Fonte : Jornal do Brasil, 16abril99
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5. OTTO GOTTLIEB, PIONEIRO DOS PRODUTOS NATURAIS PODE GANHAR NOBEL
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O químico Otto Gottlieb, de 78 anos, é
um dos mais importantes cientistas brasileiros e pode se tornar o primeiro
a ganhar um Nobel.
Ele foi indicado para o prêmio de Química
de 99 por seu trabalho pioneiro no estudo da composição das
plantas, realizado ao longo dos últimos 40 anos.
Seu trabalho foi fundamental para revelar a enorme Biodiversidade
da flora brasileira, a mais rica do mundo.
O homem que se apaixonou pela Amazônia muito antes
de meio ambiente virar moda desenvolveu uma obra pioneira, criou uma nova
área da ciência que integra química e biologia e descobriu
produtos naturais vegetais com grande importância para a medicina
e a industria.
Gottlieb nasceu em Brno, na Republica Tcheca, em 1920, mas veio
para o Brasil com a família ainda muito jovem e se naturalizou brasileiro.
Fez toda sua carreira no país e descobriu muito cedo o amor pela
flora nativa, quando trabalhava na fabrica de óleos para perfumaria
do pai.
Ao longo dos últimos 40 anos, ele criou cursos
e grupos de pesquisa em algumas das Universidades e centros científicos
mais importantes do Brasil, apresentando a seus alunos e colaboradores
os métodos que desenvolveu para explicar a vida na Terra através
da química. Nos últimos anos transferiu-se para a Fiocruz.
O currículo, que inclui 630 trabalhos científicos,
cinco livros, 1.100 comunicações cientificas e 580 conferencias
em 26 países, é impressionante e exibe ainda o mais cobiçado
prêmio da especialidade, o Pergamon de Fitoquímica, em 1992.
Mas o professor Gottlieb acredita que tem muito o que
fazer pela frente. Ele não gosta de falar da indicação
para o Nobel. Limita-se a dizer que só o fato de ter sido lembrado
é importante. A indicação, porem, já ganhou
o apoio da Faperj. O diretor-superintendente do órgão, Fernando
Peregrino, diz que apoia a visita de uma comissão do comitê
julgador do Nobel ao Brasil para ver de perto a obra do pesquisador que
pode trazer para o pais o prêmio mais importante da ciência.
A seguir, os principais pontos da entrevista.
CIÊNCIA E ARTE:
"A ciência é como arte. Reflete o bem e o
mal, mas não pode ser tolhida. Sinto falta de liberdade e de maior
apoio à pesquisa básica, que não pode ser dirigida
por interesses econômicos imediatistas. Aqui cientista é confundido
com tecnologista. Procura-se sempre uma aplicação imediata.
Mas é preciso ter liberdade para conceber novas idéias. O
cientista não pensa no presente. Pensa no futuro. O Brasil só
terá futuro se tiver uma ciência que pense nele. Fazer ciência
é essencial ao futuro de qualquer país."
MODELO PARA O MUNDO:
"Trabalho em varias coisas. Mas, no momento, tenho interesse
em entender como o desequilíbrio ambiental pode provocar a ocorrência
de novas doenças e trazer de volta outras consideradas erradicadas,
como a malária. Na verdade, isso faz parte de um projeto maior ligado
á compreensão da Biodiversidade brasileira. Junto com as
pesquisadoras Maria
Renata Borin e Dorothea Zocher, procuro quantificar a Biodiversidade.
Criar modelos numéricos que permitam prever interações
ambientais. O Brasil constitui um modelo ambiental para o mundo. Temos
dez tipos diferentes de cobertura vegetal. Se descobrirmos os mecanismos
usados pela natureza para criar tanta riqueza, poderemos exportar esse
conhecimento. Queremos descobrir, por exemplo, de onde vem a enorme diversidade
da Mata Atlântica."
TESOUROS DO CERRADO:
"A riqueza genética do Cerrado é maior do
que a da Amazônia. Acredito que sofreríamos mais sem o Cerrado
do que sem a Amazônia. O Cerrado é muito vulnerável
e funciona como um elo entre os ecossistemas do Brasil."
O QUE FALTA DESCOBRIR:
"É uma tarefa absolutamente fantástica.
Não sabemos nada sobre a composição química
de 99% da flora brasileira. E o Brasil é o país mais rico
do mundo em plantas superiores, tem 55 mil espécies e pode ter ainda
muitas outras ainda desconhecidas."
GRANDES ALEGRIAS:
"Minha maior satisfação foi ter ajudado
a despertar esse país para as maravilhas que possui. Espero ter
forças para continuar a transmitir o que aprendi. Tive a oportunidade
de mostrar a enorme riqueza química das plantas brasileiras e de
chamar a atenção para o estudo da química integrada
à biologia, que possibilitou a descoberta de produtos naturais
importantes, como as neolignanas, que representam uma nova classe de
antiinflamatórios. Um pesquisador da Fiocruz descobriu que elas
tem ação antidiurética."
DECEPÇÕES:
"Fico triste de ver que até hoje o Brasil, o país
mais rico do mundo em plantas, ainda não dá a devida importância
ao assunto. Ainda não há nenhuma iniciativa significativa
a esse respeito. É preciso mudar a forma de financiamento de pesquisas."
BIOPIRATARIA:
"Fala-se o tempo todo em biopirataria. Mas não
se faz nada. O financiamento para pesquisas nessa área é
ridículo. Sou completamente contra a biopirataria, mas é
difícil imaginar que a comunidade internacional vai ficar sentada
esperando que um dia o Brasil decida finalmente explorar seus próprios
recursos. Durante muito anos, fez-se enorme pouco caso do assunto."
BIODIVERSIDADE E HOLISMO:
"É comum ter uma visão reducionista da Biodiversidade,
tentando entende-la por um só angulo. Mas a natureza é dinâmica
e precisa ser encarada de forma ampla, holistica."
INSPIRAÇÃO:
"Devemos estudar aquilo que temos. No Brasil, é
só olhar em volta para encontrar inspiração para o
trabalho. Desenvolvi toda a minha carreira aqui."
(O Globo, 2/5)
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6. NOTA DA DIVISÃO DE QUÍMICA ORGÂNICA
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A DQO informa que a participação do Professor
Michael Pirrung na 22a. RA SBQ foi cancelada. O Prof. Dr. Edson
Lima, IQ-UFRJ, estará oferecendo o curso "Introdução
a Síntese em Fase Sólida e Química Combinatória".
Contamos com a participação de todos os interessados.
Ronaldo Aloise Pilli
Divisão de Química Orgânica
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7. FALECEU PROF. STADLER
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É com pesar que anunciamos o falecimento do professor
Dr. Eduardo Stadler do Departamento de Química - UFSC (12/04/1954
- 24/04/1999)
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Secretaria Geral SBQ
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Contribuições devem ser enviadas para:
paulosbq@dq.ufscar.br
http://www.sbq.org.br
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