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SBQ - BIÊNIO (98/2000)      BOLETIM ELETRÔNICO      No. 86
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Veja nesta edição:
1. A tecnologia e a retomada do desenvolvimento, seminário na FAPESP em homenagem aos 100 anos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
2. XIX ENEQUI
3. Concurso público do Departamento de Química -UFJF
4. FALECEU Glenn Seaborg (1912-1999)

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1. "A TECNOLOGIA E A RETOMADA DO DESENVOLVIMENTO", SEMINÁRIO NA FAPESP, EM
    HOMENAGEM AOS 100 ANOS DO INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLOGICAS (IPT)
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   Realizou-se no dia 15 no Auditório da FAPESP o Seminário "A Tecnologia e a Retomada do Desenvolvimento.
Evento promovido pela FAPESP, Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) e Academia de Ciências do Estado de SP, com a participação de técnicos ligados ao IPT.
   A idéia do Seminário foi a discussão de idéias destinadas a modernizar sua atuação, em favor do desenvolvimento tecnológico e industrial de SP. A FAPESP homenageou dois pesquisadores já falecidos do IPT, Adriano Marchini e João Luiz Meiller, responsáveis pela inclusão, na Constituição Estadual de 47, do artigo que previu a montagem da Fundação e tornou possível sua operação a partir de 62.
   O primeiro passo para criação do IPT foi dado em 1906, quando Alfredo Pujol foi à Europa conhecer uma ciência nova, a metalografia, hoje praticada corriqueiramente em linhas de produção.
   Com os primeiros trabalhos desse engenheiro, surgiu, nos anos seguintes, o Gabinete de Resistência dos Materiais, depto. da Escola Politécnica da USP responsável pela coordenação de projetos de pesquisa em engenharia.
   A partir dai, o IPT foi pioneiro e acompanhou o crescimento da área de mecânica dos solos, realizando ensaios para a construção das usinas hidrelétricas de Tucuruí e Itaipú, e hoje patrocina, entre muitos outros, estudos em Geologia para contenção e prevenção de deslizamentos de encostas.
   O IPT atua também na área de Siderurgia, em pesquisa de tecnologia para transformar materiais em plasma - estado da matéria em que a estrutura molecular é desarticulada.
   Os resultados desse estudo, realizado em cooperação com o Instituto de Física da USP, permitirão a queima de substancias sem poluição e até a fundição de aços.
   Em outro projeto, em parceria com a Copersucar, o Instituto trabalha no desenvolvimento de um plástico derivado da cana-de-açúcar que se degrada depois de seis meses de contato com o solo.

Fonte : IPT

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2. XIX ENEQUI
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   A comissão organizadora do XIX Encontro Nacional dos Estudantes de Química - ENEQUI/2000, vem comunicar que começaram os preparativos para a realização do último ENEQUI do milênio.
   O tema Central - A Química e a Biodiversidade no Desenvolvimento Sustentável. 30/01 a 05/02 do ano 2000.
A SBQ jovem esta trabalhando junto na brilhante realização deste evento, além de estarem presentes na 22 RA da SBQ.

A Comissão Org.

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3. CONCURSO PÚBLICO NO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA- UFJF
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 Estarão abertas as inscrições para os concursos públicos de provas e títulos destinados ao provimento do cargo de Professor Adjunto no Departamento de Química da UFJF. Os concursos destinam-se a suprir vagas nas áreas de Química Analítica (uma vaga) e físico-química (uma vaga). O período para inscrição de 26 de abril a 07 de maio de 1999.
 Este edital foi publicado no Diário Oficial da União no dia 29 de maro p.p.
Maiores informações sobre programas das provas estão disponíveis no endereço na Internet: http://www.ufjf.br/geral/concursos (edital 030/99).

Prof. Luiz Fernando Cappa de Oliveira

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4. FALECEU GLENN SEABORG (1912-1999)
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   Glenn T. Seaborg foi um dos cientistas que mais contribuiu para rescrever a tabela periódica dos elementos e o único a ser homenageado em vida com o nome de um elemento químico. Seaborg faleceu em 25 de fevereiro p.p., aos 86 anos de idade, de complicações de um derrame que sofreu durante a reunião semestral da ACS - Sociedade Americana de Química
realizada em agosto p.p., em Boston.
   Apesar de ter nascido no estado de Michigan, aos 10 anos de idade Seaborg mudou-se para Los Angeles. Ai, ao cursar Química no 2 ano do ensino médio, foi imediatamente atraído para uma carreira em ciências exatas: Por que alguém não me falou disso antes? ele escreveu.
   Dai em diante, eu já sabia o que queria. Eu senti que queria tornar-me um cientista e direcionei todos os meus esforços neste sentido. Seaborg fez a graduação na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde, embora ele adorasse Física acima de tudo, ele estudou Química porque os químicos conseguiam arranjar emprego. Ele comparava a sua pós-graduação na Universidade da Califórnia em Berkeley (UCB) a uma peregrinação a Meca, tendo obtido seu título de Ph. D. em 1937.
   Após dar aulas em Berkeley por alguns anos, Seaborg se afastou para chefiar a seção que trabalhava com os elementos transurânicos dentro do Projeto Manhattan (responsável pelo desenvolvimento da bomba atômica durante a 2a. Guerra Mundial). Mais tarde ele retornou a Berkeley para dirigir trabalhos de pesquisa em Química Nuclear no Laboratório de
Radiação da Universidade da Califórnia, agora denominado de Laboratório Nacional Lawrence em Berkeley (LBNL). Descobridor de muitos elementos transurânicos, ele atrasou o anuncio da descoberta do plutonio (1940-41), ao dar-se conta que ele poderia ser adequado para a construção de uma bomba atômica.
   Seu trabalho no projeto Manhattan fazia parte de uma corrida de doido para vencer os alemães na produção de tal arma. Acabou engendrando uma técnica automática para isolar plutonio. O trabalho era exaustivo e num dado momento, Seaborg escreveu, uma prateleira despencou e quebrou um frasco, sendo que um quarto do estoque de plutonio do mundo ensopou um exemplar do jornal Sunday Tribune. Em 1945, Seaborg fez parte do Comitê Franck, que recomendou que a bomba atômica recentemente desenvolvida fosse demonstrada sobre uma ilha ou no deserto para observadores das Nações
Unidas. O comitê esperava que o poder devastador da arma fizesse com que o Japão capitulasse, o que poderia ter poupado muitas vidas.
As pesquisas de Seaborg sobre os elementos transurânicos culminaram com o recebimento do Prêmio Nobel de Química de 1951, juntamente com o físico da UCB Edwin M. McMillan (1907-1991). Este e Philip H. Abelson, em 1940, foram os primeiros a provar a existência de um elemento transurânico, por eles denominado de netunio. Quando McMillan teve que se afastar para contribuir com o esforço de guerra, Seaborg recebeu permissão dele para continuar com a pesquisa. Com o pós-graduado Arthur C. Wahl e outros colaboradores, conseguiu isolar e identificar o plutonio e outros quatro elementos. Após ganhar o Prêmio Nobel, ele ainda esteve envolvido na descoberta de mais cinco elementos.
   Nos anos seguintes, Seaborg se envolveu na direção/assessoramento de diversos órgãos americanos. Após ter sido reitor da UCB de 1958 a 1961, foi presidente por dez anos da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos. Um de seus maiores orgulhos era ter contribuído para que o número de usinas nucleares civis passasse de dois para mais de 70.
   Ele também defendia o banimento de testes de armas nucleares. Seaborg sempre que possível se envolveu nas atividades de sociedades cientificas. Foi presidente da AAAS - Associação Americana para o Progresso da Ciência em 1972 e da ACS em 1976. Recebeu diversas medalhas e honrarias, entre elas, em 1979, a Medalha Priestley, a maior homenagem prestada pela ACS a cientistas. Recentemente, quando a revista Chemical &Engineering News comemorou seus 75 anos, ele foi votado pelos leitores da revista como um dos Top 75 Distinguished Contributors to the Chemical Enterprise. O
recebimento da medalha por esta honra durante a reunião da ACS em Boston em agosto p. p. foi uma das suas últimas aparições em público.
   Ele se deliciava pelo fato de, em 1997, o elemento 106 ter sido denominado seaborgio em sua honra. Ele dizia Daqui a mil anos ele ainda será seaborgio, quando muito provavelmente ter-se-a que procurar em livros obscuros para encontrar qualquer referencia ao que eu fiz.
   Segundo Darleane C. Hoffman, professora de Química da UCB que continua trabalhando em Química Nuclear e ganhadora da Medalha Priestley a ser entregue em 2000, Seaborg considerava isso uma honra maior ainda que o
Prêmio Nobel.
   Um mês antes da morte de Seaborg, a revista Science publicou nota sobre a provável descoberta do elemento 114, por cientistas americanos e russos, nos laboratórios de Dubna, na Rússia.
   Seaborg descreveu suas pesquisas e descobertas em interessantes artigos publicados no Journal of Chemical Education. Entre eles se destacam:
- Nuclear fission and transuranium elements: 50 years ago. J. Chem. Educ. 66 (1989) 379.
- Nuclear synthesis and identification of new elements. J. Chem. Educ. 62 (1985) 392.
- The transuranium elements. J. Chem. Educ. 62 (1985) 463.
- Prospects for further considerable extension of the periodic table. J. Chem. Educ. 46 (1969) 626.
- Some recollections of early nuclear age chemistry. J. Chem. Educ. 45 (1968).

Cabe destacar ainda, um artigo de Seaborg: The research style of Gilbert N. Lewis: Acids and bases. J. Chem. Educ. 61 (1984) 93.
Finalmente, para uma história dos elementos transurânicos, leia:
M. Tolentino & R. C. Rocha-Filho. "A nucleo-sntese dos metais transurnicos". Quim. Nova, 18(4): 384-395 (1995).

[Esta nota está baseada no artigo A legend has left us, de Sophie L. Wilkinson, no Chemical & Engineering News de 08/03/99, vol. 77, n. 10, pp. 29-31]

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Secretaria Geral SBQ
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