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SBQ - BIÊNIO (98/2000)      BOLETIM ELETRÔNICO      No. 70
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   No último boletim eletrônico nos esquecemos de informar que o artigo do Prof. Romeu foi reproduzido, como publicado no JORNAL DA CIÊNCIA (ano XIII, n. 406, p. 9, de 12/02/99), com o titulo: "Recursos para C&T: falsos dilemas".

Veja nesta edição:
1. Manifestação do Prof. Wilson Jardim sobre o artigo "Falsos dilemas no financiamento de C&T"
2. Concurso para professor substituto na UFJF
3. Primeiro congresso sul-brasileiro de plantas medicinais
4. Nova revista cientifica (ENTROPY)
5. II Curso-Taller sobre catalisis computacional
6. CNPq, MCT, o medico e o monstro, artigo de Rogério Cezar Cerqueira Leite

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1. MANIFESTAÇÃO DO PROF. WILSON JARDIM SOBRE O ARTIGO
   "FALSOS DILEMAS NO FINANCIAMENTO DA C&T"
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Prezados colegas:
   Considero bastante oportuno e elucidativo o artigo do Prof. Romeu, onde se aborda a questão da existência e da importância da FAPESP no cenário nacional. Gostaria de acrescentar dois pontos que merecem um retoque adicional:
   a-) Nestes dois últimos anos temos vivenciado um aumento expressivo no número de alunos de outros estados que estão se engajando nos programas de pós-graduação das universidades publicas do estado de São Paulo. Quando entrevistados sobre a escolha desta ou daquela instituição paulista, a resposta é quase sempre unanime:(a) pela excelência, e (b) porque em São Paulo temos maiores possibilidades de bolsa. Assim, a FAPESP tem paulatinamente tomado para si  a responsabilidade da manutenção de alunos que outrora estavam sob a tutela da esfera federal através do CNPq e
CAPES. Neste quadro, seria então ridículo ver a comunidade paulistadefendendo a concessão de bolsas apenas para alunos paulistas. Estas bolsas sempre foram (e tenho a certeza que sempre serão) outorgadas pelo mérito cientifico, e não pelo bairrismo geográfico que começa a se mostrar cada vez mais forte na nossa comunidade, muito provavelmente catalisado
pela realidade econômica adversa, a qual tem como característica o agravamento das posições radicais.
   b-) Grande parte da comunidade cientifica dos outros estados da nossa federação desconhece o esforço que a comunidade cientifica paulista despende junto aos diversos setores na esfera política, a cada votação do orçamento na Assembléia Legislativa, para a manutenção não apenas do orçamento mas também dos objetivos da FAPESP. OU seja, a existência da
FAPESP não é um presente caridoso dos nossos governadores, nem um rasgo de genialidade cientifica dos deputados paulistas, mas sim o fruto da luta constante de uma comunidade que ficou madura o bastante para saber esquecer suas diferenças internas para lutar unida contra um inimigo comum. Assim sendo, enquanto a comunidade científica do nosso país permanecer isolada em suas salas, envoltos num mundo que não ultrapassa os limites da universidade, se lamentando a cada dia por não terem uma FAPESP em seus estados, as FAP não existirão, ou serão extintas, ou existirão e não terão seus repasses garantidos. É o preço que se paga pelo não aglutinamento da comunidade cientifica em torno de um ideal comum.

Atenciosamente
Prof. Wilson de Figueiredo Jardim
Instituto de Química - UNICAMP

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2. CONCURSO PARA PROFESSOR SUBSTITUTO
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   Estarão abertas as inscrições para preenchimento de 01 (uma) vaga de professor substituto junto ao Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Juiz de Fora, no período de 15 a 19 de marco de 1999, para o conjunto de disciplinas Química Analítica II (Analise Quantitativa) e Química Analítica III (Analise Instrumental).
   O processo de seleção será efetuado no dia 23 de marco de 1999, as 9 horas, nas dependências do Departamento de Química da UFJF.
   A titulação mínima requerida será de mestre na área de Química  Analítica ou áreas afins. No ato da inscrição o candidato deverá apresentar 3 copias do currículo, preencher formulário próprio na secretaria do ICE, e uma declaração de que nos dois últimos anos não trabalhou em nenhuma Instituição Federal de Ensino. O contrato será de um ano, prorrogável por mais um ano.
   Maiores informações poderão ser obtidas com:
Prof. Luiz Fernando Cappa de Oliveira
Depto. Química - ICE - UFJF
Campus Universitário - Martelos - Juiz de Fora - MG
tel: (032) 229-3310
fax: (032) 229-3314
e-mail: pimenta@quimica.ufjf.br

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3. PRIMEIRO CONGRESSO SUL-BRASILEIRO DE PLANTAS MEDICINAIS
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    Será promovido de 5 a 9 de outubro pelos Departamentos de Química, Farmácia e Agronomia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), junto com a Emater, Prefeitura de Maringá e Associação de Agrônomos.
   O encontro visa integrar os profissionais que estudam e trabalham com plantas medicinais, alem da comunidade em geral.
   Os organizadores também querem resgatar e valorizar o conhecimento popular,  promover reciclagem de conhecimento teóricos e práticos, trocar informações e aproximar Universidade, setor produtivo e a comunidade.
   A UEM tem pesquisas na área de plantas medicinais desde 1976.
   Atualmente tem um horto de plantas medicinais (que leva o nome da professora Irenice Silva) e pesquisas que envolvem vários departamentos.
   Segundo a Organização Mundial da Saúde pelo menos 80% da população dos países em desenvolvimento dependem da "medicina tradicional" para a solução de problemas de saúde.
   E 85% deste total utiliza plantas medicinais no tratamento das mais diversas doenças.
   Isto significa, segundo o órgão da ONU, que cerca de 4 bilhões de pessoas, ao redor do mundo, dependem de remédios à base de plantas medicinais.
   No Brasil, calcula-se que 60% da população  recorra à plantas.
   E, enquanto é considerado o celeiro medicinal do mundo, o país chega a gastar 3 bilhões de reais por ano na importação de matérias primas para medicamentos sintéticos.

Fonte: DQ, UEM

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4. NOVA REVISTA CIENTÍFICA (ENTROPY)
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   Subject: CCL:ENTROPY (http://mdpi.org/entropy/) calling for papers 
 
I kindly invite you to contribute any related papers for consideration and publication in ENTROPY, an International and Interdisciplinary Journal of Entropy and Information Studies (ISSN 1099-4300) at the http://www.mdpi.org/entropy/ website. The first issue will be published in March, 1999. It has a very strong scientific editorial board.

Sincerely,
Shu-Kun Lin, The Editor
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Dr. Shu-Kun Lin
MDPI, Saengergasse 25, CH-4054 Basel, Switzerland
Tel. +41 79 322 3379, Fax +41 61 302 8918
E-mail: lin@mdpi.org URL: http://mdpi.org/lin/

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5. II CURSO-TALLER SOBRE CATALISIS COMPUTACIONAL
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CIRCULAR
II CURSO-TALLER SOBRE CATALISIS COMPUTACIONAL
Mayo 3-6, 1999
Rio de Janeiro, Brasil

   La Red Tematica V.B sobre Catalisis Computacional, del Subprograma V, Catalisis y Adsorbentes, invita a la participacion en el presente curso-taller, el cual se realizara durante el 3 al 5 de Mayo de 1999, en el Anfiteatro da Decania del Centro de Ciências Matematicas e da Natureza CCMN), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitaria (Rio de Janeiro, Brasil).
   El alcance del mismo es fomentar la formacion de recursos humanos e impulsar la motivacion para investigar en esta área emergente de la Catalisis, en la region Iberoamericana. Los objetivos han sido focalizados a la aplicacion de los metodos computacionales al fenomeno catalitico. Este enfoque se orienta a estimular, por un lado, a profesionales en formacion en la quimica teorica hacia sus aplicaciones en Catalisis y por el otro, a los experimentalistas de la Catalisis hacia el descubrimiento de las capacidades de los metodos computacionales mas modernos.
   El curso constara de conferencias plenarias dictadas por Especialistas de la region y sesiones de practicas para demostrar las potencialidades de los metodos y un dia de discusion de trabajos recientes. Si esta interesado en presentar un trabajo, haga llegar un resumen de unas 500 palabras a los organizadores del evento.
   El cupo estara limitado, a unos 50 participantes, por lo que se recomienda contactar a los organizadores, a la brevedad posible (antes del 9 de abril), para solicitar su inscripcion. Habra cierta disponibilidad de financiamiento (total o parcial) para profesionales jovenes y estudiantes, principalmente de postgrado, a quienes se le sugiere anexar carta de
recomendacion del tutor academico o jefe del grupo de investigacion y dirigir la solicitud a M. Ramirez. Se dara prioridad a aquellos solicitantes que dispongan de trabajos a presentar en la sesion del ultimo dia.

El hotel recomendado es :
Leme Othon Palace Hotel
Av Atlantica, 656 22010
Rio de Janeiro, Brasil
Tel.: 55-21-291 6111

Informações:
Cláudio J. A. Mota
Instituto de Química, Dept. Química Orgânica
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cidade Universitaria, CT bloco A, 21949-900
Rio de Janeiro, Brazil
fax: 55 (0)21 5904472
e-mail: cmota@iq.ufrj.

Magdalena Ramrez
PDVSA INTEVEP S.A.
Departamento de Procesos
Apdo. 76343
Caracas 1070A
VENEZUELA
Telefono: 58-2-908 6055
Fax: 58-2-908-7230
email: ramirezmt@pdvsa.com

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6. CNPq, MCT, O MÉDICO E O MONSTRO, ARTIGO DE ROGERIO CEZAR
   CERQUEIRA LEITE
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   As manifestações da professora Eunice Durham e do ministro Bresser Pereira sobre as mudanças a serem implementadas no Ministério da C&T tiveram grande repercussão nos meios acadêmicos e afins.
   Aparentemente, haveria um conflito entre duas visões antagônicas. O ministério diz que o Brasil precisa de um CNPq e um MCT fortes.  A professora, representando certamente a postura acadêmica dominante, insiste em um CNPq autônomo e indivisível.
   Em realidade, a sociedade não precisa de um CNPq ou um MCT fortes nem autônomos. O que é necessário é uma ciência forte. E isso não é apenas semântica.
   CNPq e MCT, em suas formas iniciais, ou transformadas, foram ou são instrumentos para obter esse objetivo. Não precisam ser fortes. Precisam, sim, ser eficazes.
   E o que possivelmente preocupa a professora é a consciência de que, até o momento, não se descobriu sistema mais eficaz para a distribuição de recursos para a pesquisa do que aquele baseado no julgamento por pares, apesar dos perigos de contaminação por corporativismo.
   Em resumo, o ministro quer tornar o aparato burocrático mais eficaz, e a comunidade acadêmica insiste em que o julgamento por pares seja preservado.
Então, não haveria conflito! Ou será' que ha'?
   Talvez um pouco de historia ajude. Quando o CNPq foi criado, no pós-guerra, não existia a percepção da importância econômica e social da ciência. Nenhum pais do mundo havia, até então, criado um ministério ou órgão equivalente para as atividades de ciência e tecnologia.
   Na China e nos EUA, foram as academias de ciência que progressivamente assumiram muitas das funções hoje atribuídas a ministérios.
   O CNPq era, então, responsável pela elaboração e execução da política científica e tecnológica e pela distribuição de recursos. Crescentemente, tornou-se o principal responsável também pela execução da pesquisa. Ou seja, executava todas as ações típicas de um ministério. Mas era percebido pela sociedade e pelos governantes como uma entidade com finalidades antes culturais do que praticas.
   Quando foi o MCT criado, no inicio do governo Sarney, foi gerada uma inconsistência irremovível. Havia um ministério dentro de outro ministério. Um dos dois era, certamente, supérfluo.
   O MCT nem sempre se conformou em se omitir da distribuição de recursos, e o CNPq procura manter seu status político com a definição de políticas científico - tecnológicas.
   O conflito se agrava porque cientistas consideram o CNPq como sua obra e seu domínio e o MCT como um rebento da burocracia.
   A inata desconfiança do burocrata em relação ao cientista havia gerado a Finep como agencia distribuidora de recursos, no climax da tecnocracia ou seja, no governo Geisel, que eclipsou o CNPq.
   Pois bem, parece que chegou o momento de uma racionalização do sistema. Aqui valem alguns princípios básicos.
   Nenhum dos organismos deve ser provedor e, simultaneamente, usuário de verbas de pesquisas, principalmente se nessa ultima qualidade estiver em concorrência com organizações externas. Portanto, é essencial que o CNPq transfira seus institutos de pesquisas para outras instituições.
   É preciso definir claramente quem é o responsável pela formulação de políticas, normas etc. E essa função não pode ficar senão no órgão superior.
   A comunidade científica participaria dessa missão, mas não por meio do CNPq.
  A Finep se especializaria no apoio ao setor empresarial, para não colidir com o CNPq.
   O CNPq e o MCT, da maneira como foram concebidos, são hoje incompatíveis.
   É preciso encarar o obvio. E sentar-se o ministro nas duas cadeiras deliberativas não resolverá o dilema, por maiores que sejam a sua habilidade e a sua paciência.
   Se o governo não está disposto a enfrentar o corporativismo academico com uma reforma racional e radical, então é preciso, pelo menos, aceitar a realidade e conviver com um conflito, que talvez não precise ser deletério, entre as duas culturas, deixando o CNPq para os cientistas e se concentrando o ministro no MCT.
   Seria um equivoco, à luz do dia, tentar a imitação de "O Medico e o Monstro".

Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Editorial da "Folha de SP
Fonte : Folha de São Paulo, 16jan99

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