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SBQ - BIÊNIO (98/2000)      BOLETIM ELETRÔNICO      No. 62
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Veja nesta edição:
1. Nova sistemática para publicação de estruturas moleculares/cristalinas no JBCS
2. JBCS: uma importante conquista da SBQ
3. O desmantelamento do CNPq: Um artigo de EUNICE DURHAM
4. Dr. Lauro Barata refere-se a artigo do Dr. Nicolsky e comenta sobre patentes

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1. NOVA SISTEMÁTICA PARA PUBLIÇÃO DE ESTRUTURAS
   MOLECULARES/CRISTALINAS NO JBCS
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   A partir de agora, antes de submeter para publicação no JBCS um trabalho que contenha resultados de determinações estruturais de moléculas orgânicas e metalo - orgânicas (isto é que contenham qualquer ligação Metal - Carbono) será necessário depositar os dados cristalográficos referentes ao(s) compostos(s) no Cambridge Crystalographic Database previamente.
   Como? Através do e-mail deposit@ccdc.cam.ac.uk
   Que tipo de arquivo enviar? Plain text ASCII file. Sempre que possível, o formato CIF devera ser usado, entretanto, outros formatos serão aceitos.
   O autor recebera automaticamente um número de depósito para cada estrutura que consta do manuscrito. Cada número de deposito é um número inteiro de 6 dígitos, por exemplo 100345.
   O autor devera então submeter seu artigo, acompanhado do(s) número(s) de deposito(s)
   O CCDC poderá, por solicitação, enviar aos assessores do jbcs os dados para analise.
   Quando o trabalho for publicado, a seguinte nota de rodapé será acrescentada no final do trabalho: "Crystallographic data have been deposited at the CCDC, 12 Union Road, Cambridge CB2 1EZ, UK and copies can be obtained on request, free of charge, by quoting the publication citation and the deposition numbers, 100345-100346."
   Os dados depositados somente serão arquivados no Cambridge Structural Database quando o trabalho for publicado. Caso o trabalho no tenha sido publicado dentro de 15-18 meses após o deposito, o CCDC entrara em contato com o depositante para decidir o que fazer com os dados.
Maiores informações para depositar os dados podem ser obtidas na página do CCDC na WWW (http://www.ccdc.cam.ac.uk/) ou pelo endereço eletrônico: fileserv@ccdc.cam.ac.uk com a mensagem:  sendme checklist.

Maria Vargas
Relações Internacionais da SBQ

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2. JBCS: UMA IMPORTANTE CONQUISTA DA SBQ
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   A recente indexação do Journal of the Brazilian Chemical Society no Current Contents, a mais prestigiosa das publicações do Instituto de Informação Cientifica (ISI), assegura aos autores que publicam na revista que seus trabalhos serão lidos por colegas acadêmicos de todo o mundo. Se, por um lado, a indexação é o coroamento do esforço de muitos, que começou quando a SBQ decidiu publicar uma revista científica brasileira de Química em inglês, por outro, aumenta enormemente a responsabilidade dos autores, dos editores e dos árbitros. Dos autores, porque seus trabalhos terão maior visibilidade já que ocuparão as estantes das principais bibliotecas do mundo, e porque deles se espera, cada vez mais, contribuições originais para o aprimoramento da revista. Dos editores, porque terão a responsabilidade, independentemente de crises financeiras, de manter a periodicidade da revista, para que o JBCS não seja mais uma daquelas revistas latino-americanas que como entram, saem do Current Contents. Mas, depende principalmente dos árbitros, porque caberá a eles manter a qualidade dos artigos e, em conseqüência, a continuidade do reconhecimento internacional obtido pela revista.
   Muitos leitores estarão, a esta altura, perguntando o que significa uma revista científica brasileira, quando projeções hipotéticas apontam para um universo de 1.000.000 de revistas no ano 2000, e quando as principais agências brasileiras de fomento à pesquisa distinguem entre artigos publicados em periódicos nacionais e aqueles publicados em periódicos estrangeiros? Ora, a quantidade de revistas cientificas indexadas de um pais é um dos indicadores da maturidade de sua comunidade científica e é inadmissível que um pais detentor da nona industria química mundial não tenha uma revista de Química a altura de seu parque industrial.
   Além disto, os comitês das agencias brasileiras de fomento à pesquisa estão totalmente equivocadas e devem mudar seu procedimento quando distinguem revistas científicas com base em sua nacionalidade, quando o certo é considerar se as revistas são indexadas ou não, se utilizam ou não o processo de revisão pelos pares. Mas sendo o JBCS uma das únicas revistas brasileiras da área de Ciências Exatas indexada ao Current Contents, fica a certeza de que os Comitês das agencias procederão corretamente daqui para frente.
   A próxima etapa é conferir ao JBCS um fator de impacto compatível com sua qualidade e importância. Para que isto se concretize os editores conclamam autores e árbitros a continuarem dando o melhor de si  à revista.

Angelo C. Pinto
   Nota da Coordenador dos Periódicos: O texto acima foi publicado, também na versão em inglês, na forma de Editorial do JBCS , número 5, 1998.

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3. O DESMANTELAMENTO DO CNPq: UM ARTIGO DE EUNICE DURHAM
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   O CNPq certamente precisa de uma reforma profunda. Mas uma coisa é reforma-lo, outra é desmantela-lo.
   Ante a gravidade da crise econômica, qualquer outra preocupação que não seja com a necessidade inadiável de uma  união nacional para assegurar a viabilidade do futuro do pais pode parecer inteiramente descabida. Entretanto, não é bem assim.
   Com ou sem crise, a viabilidade do pais depende também da preservação de políticas e de ações governamentais que dão sustentação ao conjunto dos setores essenciais ao desenvolvimento e ao bem-estar da nação. Um desses é o de ciência e tecnologia.
   Na composição do novo ministério, escolheu-se para esse setor uma pessoa de muitas virtudes. O ministro Bresser Pereira é um economista e um intelectual preocupado com as questões da inovação tecnológica, da formação de recursos humanos altamente qualificados, da modernização administrativa e da racionalização do uso dos recursos públicos. Na previsão de uma época de vacas magras, em termos de recursos  orçamentários, a  escolha de um ministro com esse perfil pode se revelar altamente estratégica para preservar a ciência nacional e promover contribuições tanto para a competitividade econômica como para soluções de problemas sociais.
   Entretanto, apesar de um perfil tão favorável, as recentes iniciativas tomadas pelo ministro são extremamente preocupantes, pois podem colocar em risco o próprio arcabouço institucional que permitiu ao pais uma situação de liderança científica na  América do Sul e nos países em desenvolvimento.
   Isso decorreu de uma política extremamente inovadora, formulada na década de 60, que colocou tanto a formação de recursos humanos de alto nível como a pesquisa fora da pesada e sufocante burocracia estatal.
   Foram criadas duas agencias de fomento, dotadas de ampla autonomia e com forte interface com a comunidade científica e acadêmica. Agencias de fomento não fazem elas próprias as  pesquisas nem formam os recursos humanos. Elas apoiam, estimulam e auxiliam o desenvolvimento desses setores em  universidades e institutos de pesquisa. Foi por isso que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico)
constituíram uma revolução bem - sucedida em  termos de políticas publicas.
   A receita não é de invenção brasileira. Em todos os países nos quais ocorreu um grande desenvolvimento científico e tecnológico, o processo foi semelhante. Colocou-se a pesquisa ao abrigo de interesses políticos imediatistas e de pressões fisiológicas com a criação de órgãos relativamente autônomos, que estimularam a atividade científica pelo financiamento de projetos apresentados pelos pesquisadores e avaliados por comissões de pares. A associação entre autonomia, avaliação e
financiamento foi o segredo do sucesso.
   É verdade que as agencias também envelhecem. O CNPq certamente precisa de uma reforma profunda, e a comunidade científica tem muita consciência disso. Mas uma coisa é reforma-lo, outra é desmantela-lo. A iniciativa do ministro de assumir, além do ministério, também a presidência do CNPq destrói a autonomia que, em maior ou menor grau, a agência sempre preservou. Mesmo durante o período mais repressivo do governo militar, o CNPq manteve com independência a interlocução com os cientistas. Estes preservaram sua influencia na distribuição dos recursos, insistindo na manutenção do critério da avaliação autônoma pelo mérito
dos projetos.
   Igualmente preocupante é a proposta de divisão do CNPq em dois ou três órgãos independentes, fragmentando o campo científico, dificultando a interdisciplinaridade e a interlocução necessária, mesmo que conflituosa, entre as diferentes áreas de conhecimento.
   O ministro certamente pretende estimular o desenvolvimento científico, e não o prejudicar. Mas o problema é outro. É que, criado esse precedente, que pode se perpetuar no futuro, a  agencia passa a depender inteiramente da boa vontade do ministro de plantão. Podia haver e houve, no passado, inúmeros conflitos entre a agencia e o ministério. Mas conflitos são também uma forma de dialogo e só ocorreram porque se havia preservado algo de essencial: o papel da comunidade científica como parceira na formulação das políticas, na distribuição dos recursos e na definição dos rumos da ciência no pais, o que foi responsável pela
coerência da política científica ao longo de diferentes governos.
   É necessário repensar essas questões e consultar e ouvir a comunidade científica, como parece ser a intenção do ministro.
   Afinal, o Executivo não tem o monopólio nem do saber nem da competência e precisa respeitar e valorizar a autonomia de instituições que logram estabelecer uma parceria produtiva entre o Estado e a sociedade civil, como é o caso do CNPq.
   Eunice Ribeiro Durham é presidente do Conselho Diretor do Nupes (Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior da USP). Foi secretaria de Política Educacional do Ministério da Educação e do Desporto (1995-1997).

Fonte : Folha de Só Paulo, 28.jan.99

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4. DR. LAURO BARATA REFERE-SE A ARTIGO DR. NICOLSKY (PUBLICADO
   NO BOLETIM ELETRÔNICO) E COMENTA SOBRE PATENTES
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   Muito oportuna e importantíssima, a contribuição do Dr. R. Nicolsky sobre os rumos da Ciência e Tecnologia publicadas neste Boletim.
   No recente relatório "Medicamentos a partir de Plantas medicinais no Brasil",  e também em vários recentes Congressos, discutimos como o Brasil "perde seus conhecimentos" sobre Plantas Medicinais quando todo o trabalho e conhecimento adquirido durante anos, são publicados  INDISCRIMINADAMENTE. Digo indiscriminadamente, porque há documentos a preservar, proteger, patentear (eventualmente) e que não o são Obviamente, as empresas mais eficiêntes, leia-se estrangeiras, é que tem maior
capacidade de aproveitar o que se pesquisa no país. Há exceções claro, de empresas medias brasileiras e/ou ventures com estrangeiras, que estão tentando fazer acordos com cientistas para explorar a riqueza da nossa Biodiversidade.
   Muitas  vezes Patentear um invento, é a melhor forma de perde-los. Gente que sabe muito sobre Patentes, diz que o que é bom, não se publica, se utiliza... Há uma enorme verdade atrás disso, quase sempre desconhecida pelos cientistas.
   É URGENTE  que a Universidade, a minha inclusive, comece a se preocupar JÁ com este assunto.
   Nas Universidades no Exterior, a proteção de cada invento desenvolvido nos seus Laboratórios é compulsória.
   Quando vamos elaborar nossas leis internas de proteção aos inventos?

Atenciosamente,
Prof. Dr. Lauro E. S. Barata
Instituto de Química - UNICAMP

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Secretaria Geral SBQ
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