Veja nesta edição:
1. Nova sistemática para publicação de estruturas
moleculares/cristalinas no JBCS
2. JBCS: uma importante conquista da SBQ
3. O desmantelamento do CNPq: Um artigo de EUNICE DURHAM
4. Dr. Lauro Barata refere-se a artigo do Dr. Nicolsky e comenta sobre
patentes
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1. NOVA SISTEMÁTICA PARA PUBLIÇÃO DE ESTRUTURAS
MOLECULARES/CRISTALINAS NO JBCS
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A partir de agora, antes de submeter para publicação
no JBCS um trabalho que contenha resultados de determinações
estruturais de moléculas orgânicas e metalo - orgânicas
(isto é que contenham qualquer ligação Metal - Carbono)
será necessário depositar os dados cristalográficos
referentes ao(s) compostos(s) no Cambridge Crystalographic Database previamente.
Como? Através do e-mail deposit@ccdc.cam.ac.uk
Que tipo de arquivo enviar? Plain text ASCII file. Sempre
que possível, o formato CIF devera ser usado, entretanto, outros
formatos serão aceitos.
O autor recebera automaticamente um número de depósito
para cada estrutura que consta do manuscrito. Cada número de deposito
é um número inteiro de 6 dígitos, por exemplo 100345.
O autor devera então submeter seu artigo, acompanhado
do(s) número(s) de deposito(s)
O CCDC poderá, por solicitação, enviar
aos assessores do jbcs os dados para analise.
Quando o trabalho for publicado, a seguinte nota de rodapé
será acrescentada no final do trabalho: "Crystallographic data have
been deposited at the CCDC, 12 Union Road, Cambridge CB2 1EZ, UK and copies
can be obtained on request, free of charge, by quoting the publication
citation and the deposition numbers, 100345-100346."
Os dados depositados somente serão arquivados no
Cambridge Structural Database quando o trabalho for publicado. Caso o trabalho
no tenha sido publicado dentro de 15-18 meses após o deposito, o
CCDC entrara em contato com o depositante para decidir o que fazer com
os dados.
Maiores informações para depositar os dados podem ser
obtidas na página do CCDC na WWW (http://www.ccdc.cam.ac.uk/) ou
pelo endereço eletrônico: fileserv@ccdc.cam.ac.uk com a mensagem:
sendme checklist.
Maria Vargas
Relações Internacionais da SBQ
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2. JBCS: UMA IMPORTANTE CONQUISTA DA SBQ
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A recente indexação do Journal of the Brazilian
Chemical Society no Current Contents, a mais prestigiosa das publicações
do Instituto de Informação Cientifica (ISI), assegura aos
autores que publicam na revista que seus trabalhos serão lidos por
colegas acadêmicos de todo o mundo. Se, por um lado, a indexação
é o coroamento do esforço de muitos, que começou quando
a SBQ decidiu publicar uma revista científica brasileira de Química
em inglês, por outro, aumenta enormemente a responsabilidade dos
autores, dos editores e dos árbitros. Dos autores, porque seus trabalhos
terão maior visibilidade já que ocuparão as estantes
das principais bibliotecas do mundo, e porque deles se espera, cada vez
mais, contribuições originais para o aprimoramento da revista.
Dos editores, porque terão a responsabilidade, independentemente
de crises financeiras, de manter a periodicidade da revista, para que o
JBCS não seja mais uma daquelas revistas latino-americanas que como
entram, saem do Current Contents. Mas, depende principalmente dos árbitros,
porque caberá a eles manter a qualidade dos artigos e, em conseqüência,
a continuidade do reconhecimento internacional obtido pela revista.
Muitos leitores estarão, a esta altura, perguntando
o que significa uma revista científica brasileira, quando projeções
hipotéticas apontam para um universo de 1.000.000 de revistas no
ano 2000, e quando as principais agências brasileiras de fomento
à pesquisa distinguem entre artigos publicados em periódicos
nacionais e aqueles publicados em periódicos estrangeiros? Ora,
a quantidade de revistas cientificas indexadas de um pais é um dos
indicadores da maturidade de sua comunidade científica e é
inadmissível que um pais detentor da nona industria química
mundial não tenha uma revista de Química a altura de seu
parque industrial.
Além disto, os comitês das agencias brasileiras
de fomento à pesquisa estão totalmente equivocadas e devem
mudar seu procedimento quando distinguem revistas científicas com
base em sua nacionalidade, quando o certo é considerar se as revistas
são indexadas ou não, se utilizam ou não o processo
de revisão pelos pares. Mas sendo o JBCS uma das únicas revistas
brasileiras da área de Ciências Exatas indexada ao Current
Contents, fica a certeza de que os Comitês das agencias procederão
corretamente daqui para frente.
A próxima etapa é conferir ao JBCS um fator
de impacto compatível com sua qualidade e importância. Para
que isto se concretize os editores conclamam autores e árbitros
a continuarem dando o melhor de si à revista.
Angelo C. Pinto
Nota da Coordenador dos Periódicos: O texto acima
foi publicado, também na versão em inglês, na forma
de Editorial do JBCS , número 5, 1998.
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3. O DESMANTELAMENTO DO CNPq: UM ARTIGO DE EUNICE DURHAM
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O CNPq certamente precisa de uma reforma profunda. Mas
uma coisa é reforma-lo, outra é desmantela-lo.
Ante a gravidade da crise econômica, qualquer outra
preocupação que não seja com a necessidade inadiável
de uma união nacional para assegurar a viabilidade do futuro
do pais pode parecer inteiramente descabida. Entretanto, não é
bem assim.
Com ou sem crise, a viabilidade do pais depende também
da preservação de políticas e de ações
governamentais que dão sustentação ao conjunto dos
setores essenciais ao desenvolvimento e ao bem-estar da nação.
Um desses é o de ciência e tecnologia.
Na composição do novo ministério,
escolheu-se para esse setor uma pessoa de muitas virtudes. O ministro Bresser
Pereira é um economista e um intelectual preocupado com as questões
da inovação tecnológica, da formação
de recursos humanos altamente qualificados, da modernização
administrativa e da racionalização do uso dos recursos públicos.
Na previsão de uma época de vacas magras, em termos de recursos
orçamentários, a escolha de um ministro com esse perfil
pode se revelar altamente estratégica para preservar a ciência
nacional e promover contribuições tanto para a competitividade
econômica como para soluções de problemas sociais.
Entretanto, apesar de um perfil tão favorável,
as recentes iniciativas tomadas pelo ministro são extremamente preocupantes,
pois podem colocar em risco o próprio arcabouço institucional
que permitiu ao pais uma situação de liderança científica
na América do Sul e nos países em desenvolvimento.
Isso decorreu de uma política extremamente inovadora,
formulada na década de 60, que colocou tanto a formação
de recursos humanos de alto nível como a pesquisa fora da pesada
e sufocante burocracia estatal.
Foram criadas duas agencias de fomento, dotadas de ampla
autonomia e com forte interface com a comunidade científica e acadêmica.
Agencias de fomento não fazem elas próprias as pesquisas
nem formam os recursos humanos. Elas apoiam, estimulam e auxiliam o desenvolvimento
desses setores em universidades e institutos de pesquisa. Foi por
isso que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cientifico e Tecnológico)
constituíram uma revolução bem - sucedida em
termos de políticas publicas.
A receita não é de invenção
brasileira. Em todos os países nos quais ocorreu um grande desenvolvimento
científico e tecnológico, o processo foi semelhante. Colocou-se
a pesquisa ao abrigo de interesses políticos imediatistas e de pressões
fisiológicas com a criação de órgãos
relativamente autônomos, que estimularam a atividade científica
pelo financiamento de projetos apresentados pelos pesquisadores e avaliados
por comissões de pares. A associação entre autonomia,
avaliação e
financiamento foi o segredo do sucesso.
É verdade que as agencias também envelhecem.
O CNPq certamente precisa de uma reforma profunda, e a comunidade científica
tem muita consciência disso. Mas uma coisa é reforma-lo, outra
é desmantela-lo. A iniciativa do ministro de assumir, além
do ministério, também a presidência do CNPq destrói
a autonomia que, em maior ou menor grau, a agência sempre preservou.
Mesmo durante o período mais repressivo do governo militar, o CNPq
manteve com independência a interlocução com os cientistas.
Estes preservaram sua influencia na distribuição dos recursos,
insistindo na manutenção do critério da avaliação
autônoma pelo mérito
dos projetos.
Igualmente preocupante é a proposta de divisão
do CNPq em dois ou três órgãos independentes, fragmentando
o campo científico, dificultando a interdisciplinaridade e a interlocução
necessária, mesmo que conflituosa, entre as diferentes áreas
de conhecimento.
O ministro certamente pretende estimular o desenvolvimento
científico, e não o prejudicar. Mas o problema é outro.
É que, criado esse precedente, que pode se perpetuar no futuro,
a agencia passa a depender inteiramente da boa vontade do ministro
de plantão. Podia haver e houve, no passado, inúmeros conflitos
entre a agencia e o ministério. Mas conflitos são também
uma forma de dialogo e só ocorreram porque se havia preservado algo
de essencial: o papel da comunidade científica como parceira na
formulação das políticas, na distribuição
dos recursos e na definição dos rumos da ciência no
pais, o que foi responsável pela
coerência da política científica ao longo de diferentes
governos.
É necessário repensar essas questões
e consultar e ouvir a comunidade científica, como parece ser a intenção
do ministro.
Afinal, o Executivo não tem o monopólio
nem do saber nem da competência e precisa respeitar e valorizar a
autonomia de instituições que logram estabelecer uma parceria
produtiva entre o Estado e a sociedade civil, como é o caso do CNPq.
Eunice Ribeiro Durham é presidente do Conselho
Diretor do Nupes (Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior da USP).
Foi secretaria de Política Educacional do Ministério da Educação
e do Desporto (1995-1997).
Fonte : Folha de Só Paulo, 28.jan.99
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4. DR. LAURO BARATA REFERE-SE A ARTIGO DR. NICOLSKY (PUBLICADO
NO BOLETIM ELETRÔNICO) E COMENTA SOBRE PATENTES
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Muito oportuna e importantíssima, a contribuição
do Dr. R. Nicolsky sobre os rumos da Ciência e Tecnologia publicadas
neste Boletim.
No recente relatório "Medicamentos a partir de
Plantas medicinais no Brasil", e também em vários recentes
Congressos, discutimos como o Brasil "perde seus conhecimentos" sobre Plantas
Medicinais quando todo o trabalho e conhecimento adquirido durante anos,
são publicados INDISCRIMINADAMENTE. Digo indiscriminadamente,
porque há documentos a preservar, proteger, patentear (eventualmente)
e que não o são Obviamente, as empresas mais eficiêntes,
leia-se estrangeiras, é que tem maior
capacidade de aproveitar o que se pesquisa no país. Há
exceções claro, de empresas medias brasileiras e/ou ventures
com estrangeiras, que estão tentando fazer acordos com cientistas
para explorar a riqueza da nossa Biodiversidade.
Muitas vezes Patentear um invento, é a melhor
forma de perde-los. Gente que sabe muito sobre Patentes, diz que o que
é bom, não se publica, se utiliza... Há uma enorme
verdade atrás disso, quase sempre desconhecida pelos cientistas.
É URGENTE que a Universidade, a minha inclusive,
comece a se preocupar JÁ com este assunto.
Nas Universidades no Exterior, a proteção
de cada invento desenvolvido nos seus Laboratórios é compulsória.
Quando vamos elaborar nossas leis internas de proteção
aos inventos?
Atenciosamente,
Prof. Dr. Lauro E. S. Barata
Instituto de Química - UNICAMP
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Secretaria Geral SBQ
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