Veja nesta edição:
1. Inscrição para Escola de Verão UFSCar
2. Escola brasileira de microeletrônica
3. SBPC discute reestruturação do MCT-CNPq
4. Inovação tecnológica, o novo paradigma
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1. ESCOLA DE VERÃO/UFSCAR - NOVAS DATAS PARA INSCRIÇÃO
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Favor divulgar:
Devido aos atrasos ocorridos nos calendários acadêmicos,
informamos que o prazo de inscrição para a XIX ESCOLA DE
VERÃO EM QUÍMICA ORGÂNICA e IV ESCOLA DE VERÂO
EM QUÍMICA INORGÂNICA do Departamento de Química; UFSCar,
que será realizada no período de 22/02 a 05/03/98, foi prorrogado
até o dia 12/02/99.
Para maiores informações:
http://www.dq.ufscar.br/eventos/evq99/
evq99@dq.ufscar.br
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2. ESCOLA BRASILEIRA DE MICROELETRÔNICA
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O Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS)
e a Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMICRO) realizarão,
de 3 a 7 de maio, a V ESCOLA BRASILEIRA DE MICROELETRÔNICA, com enfoque
em Microsistemas. O objetivo e difundir a tecnologia de microfabricação
- construção de microestruturas tridimensionais, baseada
em técnicas originarias da microeletrônica - e suas aplicações
na construção de microsistemas constituídos de sensores,
circuitos eletrônicos e atuadores integrados, com ênfase em
aplicações nas áreas de Química, Bioquímica
e Biomédica. O público - alvo da V ESCOLA BRASILEIRA DE MICROELETRONICA
são os profissionais e estudantes de pós-graduação
das áreas de Ciências Exatas e Biomédicas com interesse
em microfabricação e em microsistemas e suas aplicações.
As orientações quanto a procedimentos para
solicitar inscrições e divulgação do programa
da V ESCOLA BRASILEIRA DE MICROELETRONICA estarão disponíveis
na home-page do LNLS em fevereiro.
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3. SBPC DISCUTE REESTRUTURAÇÃO DO MCT-CNPQ
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A SBPC e Sociedades Cientificas Associadas discutiram,
em SP, a reestruturação do MCT-CNPq
O debate foi realizado, na sede da SBPC, em SP, rua Maria
Antonia, 294, quarto andar.
Mais de 50 pessoas representativas da comunidade científica
participaram o encontro, que se prolongou por cerca de três horas.
Entre os presentes estavam membros de Sociedades Científicas
Associadas à SBPC, membros de agências de fomento e secretários
regionais da SBPC.
Diferentes pontos de vista confrontaram-se no exame e
avaliação das idéias em torno da reestruturação
do MCT-CNPq.
Observadores informam que houve consenso com relação
a pelo menos dois pontos cruciais:
1) A reestruturação do MCT-CNPq deve ser
realizada levando em conta, em primeiro plano, a necessidade de definir
com a máximo clareza a posição, o papel, as tarefas
e as prioridades do Ministério da C&T dentro do governo como
um todo, a fim de que não se fique apenas em reformas externas e
periféricas;
2) A reestruturação deve manter o CNPq com
sua experiência histórica, suas peculiaridades e sua autonomia.
Nesta terça-feira, a SBPC deve emitir um documento
sobre a reunião de segunda, sintetizando os pontos principais dos
temas discutidos e as propostas apresentadas.
Este documento será enviado ao ministro da C&T,
Bresser Pereira, e distribuído à comunidade científica
e aos interessados na questão.
FONTE: JC e-mail
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Fonte : FSP, 01/01/99
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4. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, O NOVO PARADIGMA, SEGUNDO
ROBERTO NICOLSKY (UFRJ)
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Uma nova gestão é a oportunidade de um balanço
e da proposição de novos paradigmas e metas. Na ciência
e tecnologia (C&T), em particular, a gestão do seu ministério
(MCT) iniciou-se no governo anterior, o que nos da cinco anos de dados,
1993-1997, para uma avaliação.
Em dados divulgados na imprensa, o MCT afirma que, em
1997, o dispêndio em C&T do pais teria alcançado 1,3%
do PIB (a soma de tudo que o pais produz em um ano). Como o PIB foi de
US$ 804 bilhões em 97, segundo o IBGE, chega-se US$ 10,5 bilhões
de dispêndios em C&T destes, mais de US$ 7 bilhões
em recursos públicos. Há muitos que questionam os critérios,
as
taxas de dispêndio e os valores absolutos destas contas. Mas
não é intenção do artigo discuti-las.
Entendo que a questão maior são os indicadores
de desempenho citados para justificar o dispêndio. Eles revelam que
um gasto desse montante não tem uma inserção significativa
no desenvolvimento econômico e social do pais, pois não atende
a necessidade de competitividade de nossos produtos nem as novas tecnologias
essenciais a elevação do bem estar social.
Esses dados são complementados pela nova edição
do "Indicadores Nacionais de C&T" 1990-96, publicado pelo MCT, mostrando
um crescimento retroativo dos dispêndios do pais com C&T.
A nova edição e os dados acima revelam que
o gasto médio anual em C&T, de 1993 a 1997, teria sido de 1,1%
do PIB. Ou seja, R$ 42 bilhões nesses cinco anos, mais do que os
recursos do FMI.
Em termos de desempenho, são apresentados como
conquistas os fatos de que a oferta de bolsas de graduação/pós-graduação
cresceu, ate 97, a uma media de 12% ao ano, e o número de artigos
científicos publicados nas revistas internacionais indexadas, chamados
de "papers", cresceu mais do que media mundial, ou seja, cerca de três
vezes de 1980 a 1997. Ora, "papers" e bolsas são apenas um meio,
não uma meta em si.
O desempenho em C&T que se espera é atender
a demanda da sociedade por tecnologias de bem-estar social e por maior
competitividade da produção num mercado globalizado. Ou seja,
a verdadeira inserção sócio - econômica da C&T.
Nesses cinco anos, o PIB cresceu uma quarta parte e as
exportações cresceram 50%, mas as importações
multiplicaram-se por três. A indústria teve que competir ate
dentro do pais. Para sobreviver, precisou equipar-se com inovações
e tecnologias mais produtivas. Qual foi a atuação da C&T
nesse novo cenário? Muito pouco, apenas algumas exceções
pontuais, que só confirmam a regra. A economia teve, então,
de importar as tecnologias de que necessitava.
De fato, os gastos com o item "licença para a exploração
de patentes" cresceram, no período, cem vezes, os de "transferencia
de tecnologia", 20 vezes, e os de software, oito vezes! Como a nossa exportação
nesses itens foi desprezível, houve um "déficit do balanço
tecnológico" de US$ 1,5 bilhão em 97 e de US$ 3,4 bilhões
no acumulado de 93 a 97.
E além disso, uma imensa massa de inovação
tecnológica esta contida nos produtos que ocuparam o mercado, substituindo
os nacionais que, em muitos casos, simplesmente deixaram de ser fabricados.
Exportaram-se, assim, muitos dos nossos empregos e se gerou um déficit
comercial elevado, por falta de competitividade econômica e, principalmente,
tecnológica da nossa produção.
Com os montantes revelados acima, não se pode negar
a falta de recursos. Em 97, o nosso dispêndio em C&T foi igual
ao da Coréia (1,9% de um PIB de US$ 530 bilhões) e 60% maior
que o da Espanha (1% de um PIB de US$ 650 bilhões).
E não há como comparar os nossos resultados em
C&T com o desses países.
Alguns dados: a Espanha registra nos EUA (o maior mercado de patentes)
dez vezes mais patentes que nos, e a Coréia, pelo menos, 20 vezes
mais. E a nossa produção de "papers"? A produção
da Espanha, que era em 80 apenas um terço maior do que a nossa,
cresceu seis vezes e em 97 tornou-se quase três vezes maior. A da
Coréia, que em 80 era apenas 1/13 da nossa, cresceu 44 vezes e em
97 ultrapassou-nos em 13%. Também a China e Taiwan, bem atras de
nos em 80, já nos ultrapassaram.
Afinal, o que faz a diferença? Por que os recursos
rendem mais lá do que cá? A resposta é simples. São
países que, embora, ainda emergentes, despendem os seus recursos
de C&T como os países desenvolvidos, isto e, priorizando a pesquisa
tecnológica. Nos EUA, 75% das pesquisas são executadas nas
industrias, mas menos de dois terços são por ela financiados,
o que significa que cerca de 30% dos dispêndios públicos são
transferidos para aquelas, afim de incentivar a inovação
tecnológica, o que gera renovação, competitividade
da produção e bem estar social.
Mas, se esses países gastam prioritariamente em
inovação tecnológica, como entender o seu maior crescimento
em "papers"? Ora, a própria pesquisa tecnológica para a geração
de novos produtos solicitados pelo mercado propõe questões
cujas respostas exigem mais ciência básica, pois o avanço
tecnológico se apoia nas tecnologias existentes e no conhecimento
científico publicado. Logo, a pesquisa tecnológica sempre
puxa a ciência, como ocorre nos países citados.
A reciproca, porem, nada tem de verdadeira. Há
dois exemplos emblemáticos: Rússia e Índia. Ambas
tem a melhor ciência, com vários Prêmios Nobel, uma
produção de "papers" algumas vezes superior a nossa, pois
tem muito mais pesquisadores, mas uma geração desprezível
de patentes, como a nossa. Todos os países do Terceiro Mundo estão
nessa categoria.
A ciência que produzem, mesmo quando pouca, enche-os
de orgulho; mas para desenvolver o pais, seu povo precisa adquirir no exterior
a necessária tecnologia para sua produção ou
seu bem estar social.
E como é em nosso pais? Nos ainda nos enquadramos
entre os que tem uma concepção terçeiro - mundista
em C&T.
Apesar de um certo esforço do MCT e de algumas
agencias de fomento para mudar o quadro, pouco se conseguiu. A nossa produção
de patentes é ridícula, cerca de 300 por ano, e por isso
somos tecnologicamente dependentes de outros países.
O paradigma da nossa pesquisa ainda é a publicação
de "papers", que é uma transferencia gratuita de conhecimento para
países aptos a utiliza-los e competir ainda mais com a nossa economia.
Precisamos, pois, ousar a ruptura com a cultura do passado
e assumir a atitude dos que querem se desenvolver, elegendo um novo paradigma
para a competitividade: a inovação tecnológica.
Secretaria Geral SBQ
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Contribuições devem ser enviadas para:
paulosbq@dq.ufscar.br
http://www.sbq.org.br
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