A EBS - Escola Brasileira de Supercondutividade já é uma série tradicional de eventos que há 12 anos vem contribuindo para a formação de recursos humanos de alta qualificação para a pesquisa em supercondutividade.
Em sua primeira edição, no ano de 1988, teve a honra de ter tido o
Prof. K. Alex Müller, descobridor dos supercondutores de altas
temperaturas críticas e ganhador do Prêmio Nobel de 1987, como orador da
sessão de abertura.A EBS IV será realizada de 9 a 15 de junho de 2000, no
Rio de Janeiro, com um mini curso sobre supercondutores para jovens
pesquisadores e estudantes de pós-graduação, além de lhes propiciar
participação na conferência ICMC'2000 - International Cryogenic Materials
Conference: Superconductors for Applications, Material Properties and
Devices, a se realizarno Hotel Sofitel Rio Palace, em 12-15.06.2000.
O formato do evento dá preferência à participação de jovens pesquisadores e de pós-graduandospara uma interação com os pesquisadores de materiais e de aplicações que virão ao Rio.
O programa da EBS IV será assim constituído:
- parte nacional, 9 e 10 de junho de 2000, 2 (dias) preliminares com uma
revisão dos conceitos
e fenomenologias básicas do materiais supercondutores a ser apresentada por
palestrantes
brasileiros de ampla experiência;
- parte internacional, 12 a 15 de junho de 2000, consistirá na participação
na ICMC'2000, que reunirá cerca de 200 pesquisadores de todo o mundo.
Serão discutidas as propriedades tanto dos supercondutores metálicos
(principalmente nióbio e suas ligas), quanto a dos supercondutores de altas
temperaturas críticas, notadamente os blocos maciços de YBCO e as fitas de
compostos de Bi, hoje os materiais de maior interesse.
Devido a uma disponibilidade de verba de última hora, estamos oferecendo
uma inscriçãopost-deadline, desde que efetivada até 31/05/2000.
Forma de inscrição
E-mail enviado para o secretariado da ICMC'2000: icmc2000@dee.ufrj.br
O e-mail deve conter:
1) nome e endereço completo (incluindo e-mail),
2) instituição e grupo de pesquisa com o qual tem vínculo (como pós-graduando, recém doutor ou professor) e razão do seu interesse em participar da EBS IV;
3) tipo e/ou valor do auxílio que necessitaria para participar da EBS IV
(passagem total ouparcial, aérea ou rodoviária, hospedagem, alimentação);
há fundos limitados para custeio de participantes.
Os novos participantes selecionados serão informados em 01/06/2000, devendo
então efetivar a inscrição mediante o depósito em conta que lhe será
indicada da Taxa de Inscrição: R$ 100,00+ centavos identificadores
(que serão informados).
Será realizado nas próximas segunda (05/06) e terça- feira (06/06), em
São Paulo, o segundo workshop preparatório da Terceira Sessão do Foro
Intergovernamental de Segurança Química (Forum III). O objetivo do workshop,
promovido pelo MMA e pela FUNDACENTRO, é analisar os documentos básicos a
serem apreciados no Forum III.
Serão discutidos temas que servirão de subsídio para a formulação da proposta
brasileira a ser apresentada durante o Fórum III. Participam dos debates a
presidente do IBAMA, M. Marreco,e o Coordenador do Comitê Organizador da
participação brasileira no Fórum III, Henrique B. Cavalcanti. O Secretário de
Qualidade Ambiental do MMA, Eduardo Novaes e o Presidente da FUNDACENTRO,
Humberto Parro, participam da abertura do encontro.
O Fórum III será realizado entre os dias 14 e 20 de outubro, em Salvador (BA).
Ele é um instrumento de cooperação e fomento voltado para o desenvolvimento
de
estratégias e parceriasentre países, instituições intergovernamentais e
organismos não governamentais. Também é objetivo do Fórum III avaliar os
riscos
dos produtos químicos, sob o ponto de vista ecológico.O foco principal,
entretanto, é a prevenção dos efeitos adversos, para o ser humano e o meio
ambiente, decorrentes da produção, armazenagem, transporte, manuseio, uso e
descarte deprodutos químicos. O Foro Intergovernamental de Segurança Química
foi criado pela Conferência Internacional de Segurança Química, em Estocolmo,
Suécia, em 1994. A segunda reunião (Forum II) foi realizada em Ottawa,
Canadá,
em 1997.
Numa concepção muito apropriada do Prof. Shozo Motoyama, diretor do Centro
Interunidade deHistória da Ciência, da USP, "a ciência e em certa medida a
própria tecnologia não são simplesmente produtos, mas processos. E, em sendo
processos, encerram toda uma corrente de pensamentos, toda uma dinâmica
própria,
toda uma conduta de ação".
Incluímos nessa dinâmica o tempo de maturação para que o pesquisador alcance
capacitaçãocientífica; acuidade e percepção para identificar a necessidade ou
vislumbrar a conveniência e as possibilidades de novas frentes de trabalho;
domínio metodológico no planejamento das pesquisas com vista a tais objetivos.
Quando o pesquisador alcança tal estagio de maturação e adquire percepção
mais
ampla do universo de sua atuação, nao apenas em seus aspectos científicos,
mas
também em seus aspectos socioeconômicos, e que se dá seu engajamento --
convicto
e consciente -- no processo de desenvolvimento. Em verdade, é quando o
pesquisador e a missão institucional se encontram.
A ciência e a tecnologia, pois, são partes indissociáveis do complexo
cultural,
e é dessa forma que comparecem como fatores críticos para o desenvolvimento
autêntico, aquele alicercado na capacitação que podemos chamar de
"instalada".
Não para aquele outro, o falso desenvolvimento, baseado em coisas apenas
fabricadas aqui, segundo receituário importado e por uma capacitação
"alugada",
a chamada "caixa-preta".
Ele não serve à construção de nossa soberania porque não está efetivamente
integrado a nosso complexo cultural, nosso patrimônio científico-tecnológico.
Desse modo, uma autêntica política governamental, voltada para a C&T, deveria
se inserir num contexto crítico, lógico e articulado, explicitando e,
principalmente, concretizando os instrumentos de sustentação dos Institutos
de
Pesquisa e das Universidades.
Como é notório, em SP esses dois ambientes de pesquisa complementam-se no
atendimento dos direitos sociais coletivos, como indispensáveis
instrumentos de
ação do Estado.
De maneira peculiar, que não encontra paralelo em outras províncias -- pelo
menos
com idêntica amplitude, profundidade e implicações --, Institutos e
Universidades
compõem o "sistema oficial paulista de C&T".
Parece, entretanto, que, de tão usada -- e no mais das vezes mal usada -- nos
altos escalões governamentais, a expressão "política de C&T" perdeu muito
de seu
conteúdo semântico.
Confinada nos textos dos discursos, nas páinas dos indefectíveis planos de
ação
do governo, encabeçando um rol mal-alinhavado de sugestões esparsas,
política de
C&T assumiu sentido quase cabalístico. É como se fora fórmula mágica, um
"abre-te Sesamo", capaz de fazer acontecerem coisas pelo seu simples
enunciado.
A pesquisa científica em SP, de forma ampla, continua e sistematizada, foi
primeiramente desenvolvida nos institutos vinculados à Secretarias de Estado,
criados que foram sob forte motivação de problemas bem definidos e
sentidos, o
que explica sua característica ação pragmática.
Por injunção histórica, pois, quando se corporificou a USP, em 1934, alguns
desses Institutos, como o Geológico, o Agronômico, o Adolfo Lutz e o
Butantan,
já apresentavam respeitável e profícua tradição de trabalho.
Reconhecendo, naquela época, a importância e as peculiaridades daquele
sistema
de C&T que se delineava, o governo paulista dispensou a seus Institutos o
tratamento de orgãos complementares, no próprio documento de criação da USP.
Experiência acumulada, trabalhos, estudos e pesquisas fizeram dos Institutos
autênticas escolas científico-tecnológicas, que nos asseguraram um exemplar
sistema de vigilância sanitária e de saúde pública e o desenvolvimento de uma
agricultura extremamente diversificada e eficiente, o maior exemplo de
"revolução verde" ocorrida sob os trópicos.Por isso mesmo, visão
retrospectiva
das últimas cinco décadas evidencia um intrigante e desabonador paradoxo.
Não obstante suas relevantes contribuições à sociedade, os Institutos não
tiveram a sustentá-los nesse período -- ainda que se registrem algumas
intervenções favoráveis -- uma ação continuada de governo a que se pudesse
chamar de política de C&T.
Muito pelo contrário. Como se fossem instituições descartáveis, senão
perniciosas, sofreram restrições de toda ordem, lutando por superar
continuadas crises.
Nesse período têm sido envolvidos num injusto e inaceitável processo
"kafkiano", num verdadeiro festival de contradições.
Atualmente, enquanto ainda ressoam no Palacio dos Bandeirantes os ruídos
da comemoração do sequenciamento do genoma da Xylella fastidiosa, tramita
na Assembléia Legislativa proposta de extinção de 548 cargos de pesquisador
científico nível 1 e de 2.938 cargosde pessoal de apoio à pesquisa.
Todos eles, sabidamente, cargos essenciais para a dinâmica de renovação
das respectivas carreiras. Vagos porque não se autorizaram concursos de
ingresso, mas muito longe de serem ociosos.
Ainda é tempo de ponderar. Ou revitalizamos os sistemas e as instituições
que nos tem permitido encontrar, nos mesmos, soluções para os nossos
problemas, caminhos para o nosso desenvolvimento, afirmação para a nossa
soberania, ou estaremos irremediavelmentecondenados à espoliação pelo
colonialismo científico e tecnológico.
Fonte :Folha de SP, 22maio2000
Nota do Editor : Antonio Carlos Pimentel Wutke é pesquisador científico
aposentado doInstituto Agronômico e foi presidente da Comissão Permanente
do Regime de Tempo Integral e da Associação dos Pesquisadores Científicos
do Estado de Sao Paulo.
O "Diário Oficial da Uniao" publica hoje na primeira página da seção
não-eletrônica o decreto presidencial 3476, assinado por FHC e pelos
ministros
da área econômica, que devolve ao orçamento do Ministério da C&T os
R$ 100 milhões cortados na lei de execuçãoorçamentaria divulgada na
quinta-feira passada.
Segundo o presidente do CNPq, Evando Mirra, estes recursos são essenciais
para
programasestratégicos do setor. A permanecer o corte, praticamente todas as
áreas seriam afetadas, inclusive as bolsas do CNPq.
O MCT e o CNPq passam agora a promover uma reprogramação orçamentaria, de
modo
a asseguraro financiamento dos programas imprescindíveis, e tentar recuperar
até o final do ano o que foi cortado e não recuperado.
Fonte : JCE-mail 23/maio2000 - No. 1546
A aprovação, pelo Congresso Nacional, dos projetos instituindo os fundos
setoriais de apoio ao desenvolvimento tecnológico é a principal prioridade
hoje
do setor de C&T. Essa posição consensual foi tirada na reunião de
sexta-feira,
26/05, em Campo Grande, pelos secretários estaduais de C&T que estiveram
reunidos
com o ministro da C&T, Ronaldo Sardenberg.
O Forum Nacional de Secretários Estaduais de C&T deliberou tambem que vai
desenvolver gestões para alterar a proposta de constituição dos comitês
gestores.
Os secretários querem incluir nos comitês gestores dos fundos
representantes do
Forum, da comunidade científica e do setor produtivo.
O Forum Nacional de Secretarios de C&T vai gestionar tambem para promover
mudanças
na proposta de criação do comitê gestor do fundo dos fundo, o chamado
fundão da C&T.
A nova proposta deverá incluir representantes da comunidade cientifica e do
forum
de secretários de C&T.Os secretarios estaduais de C&T decidiram ainda na
sexta-feira,
por unanimidade, reeleger como presidente do Forum o secretário do Rio
Grande do Sul,
Adão Villaverde.
No cargo desde março de 99, Villaverde reestruturou o Forum,
reestabelecendo-o como
interlocutor do MCT, junto com a comunidade de C&T do país.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Secretaria de C&T/RS
Dada a biografia do presidente da República, parece difícil acreditar que
esteja em
curso uma política deliberada de destruição da Universidade pública. O fato
é que,
se houvesse, seus resultados dificilmente superariam o triste sucateamento
a que se
assiste hoje. E, por qualquer ângulo que se considere, nao é desejável para
o país
que as Universidades públicas se deteriorem.
Para ficar apenas em números que impressionam, elas respondem por mais de
90% da
produção científica do Brasil, segundo as agências de fomento à pesquisa.
As tres Universidades estaduais paulistas -- USP, Unicamp e Unesp --, que
no dia 25
completam um mês de greve, respondem por 50% da pesquisa nacional.
É claro que alguém poderia argumentar que, diante da produção de nações
como os EUA,
o que se faz de ciência aqui é muito pouco.
Isso certamente é verdade, mas há que considerar que, nuns poucos nichos, o
Brasil é
competitivo e que, em outras áreas, se o país não desenvolver estudos
próprios,
ninguém o fará. É o caso, por exemplo, de todas as ciências humanas
aplicadas ao
Brasil e também do combate a doenças e pragas agrícolas que afetam mais o
país.
Além disso, existe toda uma produção, em filosofia e letras, por exemplo,
que não
encontra tradução em aplicações imediatas.
De resto, é consenso que a inserção futura do Brasil no mundo depende
diretamente
da qualidade de seus quadros de nível superior.
E a Universidade pública está definhando. O sintoma mais evidente é a
evasão de
cérebros. Nas Universidades paulistas, um professor-doutor com dedicação
exclusiva
ingressando na carreira ganha R$ 2.930 brutos.
Trata-se de uma quantia insuficiente e muito abaixo do mercado para pessoas
com
essa qualificação. A resposta mais óbvia para a atual crise seria remunerar o
professor da Universidade pública com valores compatíveis com os praticados
no
mercado. Isso não é tão simples.
As estaduais paulistas gozam da autonomia universitária, como consta da
Constituição de 88. Dividem entre si uma fatia de quase 10% da parcela
estadual da
arrecadação do ICMS em SP. Pelas previsões deste ano, devem ficar com R$
1,97 bilhão.
É uma quantia bastante considerável. O problema é que entre 80% e 90% dessa
verba
é consumida com a folha de pagamentos. Para agravar, o peso dos servidores
inativos vem crescendo significativamente.
Na Unesp, por exemplo, entre 96 e 99, a participação dos aposentados na folha
subiu de 17% para 26%, um aumento de quase 53%. Como nem sempre as vagas
abertas
são prontamente preenchidas, o peso dos ativos caiu 11% no mesmo período.
O resultado é que já há casos, nas estaduais paulistas, de cursos com 130
alunos, o que contraria todos os principios pedagógicos conhecidos.
Quando a autonomia universitária paulista foi regulamentada, em 89, os 8,4%
do ICMS de então foram considerados uma vitória para a Universidade.
Hoje, parece incrível que a "intelligentsia" não tenha dado a devida dimensão
ao enorme problema que viria com a transferência do pagamento de inativos do
Estado para a própria Universidade.
Isso levanta dúvidas quanto à capacidade administrativa dos responsáveis. O
fato,
porém, é que a Universidade pública não pode definhar. A proposta de
aumentar a
fatia das Universidades no ICMS é complicada diante dos demais compromissos
com
que o Estado tem de arcar.
Pior, se não for acompanhada de uma reestruturação da carreira dentro de um
sistema auto-sustentável, significará apenas o adiamento do problema para um
futuro próximo. O momento é delicado. É hora de todas as esferas envolvidas
se sentarem para acertar uma solução. Sem dúvida haverá custos para o poder
público, mas é preciso fazer uma transição para um sistema viável.
Como contrapartida, as Universidades devem fazer esforços para combater a
cultura dodesperdício e da ineficiência, que ainda é forte.
O fato inconteste é que, sem uma Universidade pública digna deste nome,
o Brasil dificilmente chegará ao fim das proximas décadas na posição com
que todos sonhamos.
Fonte: FolhaSP/23 de maio/2000
Secretaria Geral SBQ