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SBQ - BIÊNIO (98/2000)      BOLETIM ELETRÔNICO      No. 167
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Veja nesta edição:
1. Sobre a 23a. Reunião Anual da SBQ
2. Documento de professores da USP e da UFSCar traz nova visão para velhas críticas ao ensino superior brasileiro
3. "UNB: descontinuidades e desperdícios no brasil", artigo de Sergio Granemann
4. Mestrado em físico-química do Instituto de Química da UFRJ
5. Workshop em espectrometria atômica

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1. SOBRE A 23a. REUNIÃO ANUAL DA SBQ
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     Encontram-se disponíveis na home page da SBQ, 23a. RA, os resumos dos trabalhos que serão apresentados na próxima semana, em Poços de Caldas. Muitos trabalhos não constam da relação, lá existente, devido ao não envio do disquete, por parte dos autores, ou por problemas de leitura dos mesmos.

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2. DOCUMENTO DE PROFESSORES TRAZ NOVA VISÃO PARA VELHAS
CRÍTICAS AO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
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     Que a Universidade pública brasileira é cara, elitista e perversa. Que os pobres não têm acesso ao ensino superior gratuito e terminam pagando por faculdades fajutas. Que o Brasil deveria imitar os EUA, onde os jovens arcam com seus estudos profissionais. Que a pesquisa cientifica tupiniquim é tão real quanto Papai Noel.
     Essas e outras expressões pertencem ao elenco de lugares comuns enfadonhamente repetidos pelos críticos às Universidades publicas do país. Cansados de ouvir a lengalenga, conceituados professores "A Presença da Universidade Publica".
     São 22 paginas de dados, gráficos e argumentos que revelam um inédito retrato do ensino superior publico. O documento começa por mostrar o Índice de Citação Cientifica, SCI, maior banco de dados do mundo sobre produção acadêmica. Segundo o SCI, dos 494 melhores cientistas brasileiros com trabalhos citados nas principais publicações especializadas, metade está nas três Universidades publicas de SP: USP, Unicamp e Unesp.
     "Quase todas as citações restantes foram atribuídas a pesquisadores das Universidades federais dos outros estados", escreveu o sociólogo Alfredo Bosi, coordenador do grupo de 16 professores paulistas que elaboraram o documento, divulgado no site http://www.usp.br/iea/unipub.html
     Para quem argumenta que citação em revista cientifica não é medida suficiente para a qualidade do pesquisador, os professores paulistas atacam com outro dado: 89,2% dos cursos de doutorado oferecidos no pais estão nas públicas.
     No mundo acadêmico, ser doutor é um bom parâmetro. Significa que aquela pessoa não parou de estudar e que está formada como pesquisadora.
     Outra constatação interessante é a comparação do Brasil com EUA, sempre citado coma a Meca do ensino pago. Lá, 72,4% dos estudantes estão na rede pública. Os defensores da privatização argumentam que os alunos americanos pagam mensalidades mesmo nas instituições oficiais.
    Os professores paulistas mostram que não é bem assim. Calculam que a maioria dos estudantes americanos recebe bolsas de estudos financiadas pelo próprio governo ou por instituições de caráter benemérito.
     "Ou seja, o aluno paga, mas paga com o dinheiro da sociedade. A imagem idílica do rapaz que financia seus estudos em Harvard lavando pratos nas horas vagas fica muito bem no cinema mas cabe mal na realidade", escreveu o sociólogo Alfredo Bosi, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP.
     Os professores paulistas atacam outro velho mito da educação brasileira: o de que o governo brasileiro gasta muito com a educação superior, algo como US$ 10 mil por ano. Bosi e seus colegas garantem, no entanto, que esta cifra é mentirosa porque inclui o pagamento dos aposentados até os gastos com hospitais universitários.
     Descontadas as espertezas matemáticas, o universitário brasileiro vale US$ 6.500. É mais do que a Espanha, parecido com a França e muito abaixo dos americanos, japoneses, canadenses e ingleses.
     O documento dos paulistas também trata da eletização das Universidades. Fala que os ricos estão nas colunas sociais e os pobres nas favelas.
     "A maioria dos universitários brasileiros pertence à classe média, escreve Bosi. É uma boa frase de efeito, mas não resolve a perversidade dos números. Apenas 35% dos 1.868.529 alunos matriculados no ensino superior brasileiro desfrutam do bom ensino das públicas.
     A chance de um aluno de escola pblica passar no vestibular da USP, por exemplo, é duas vezes menor do que a de um garoto de colégio privado.
     O documento dos paulistas tem resposta para isso: se o aluno vem das escolas técnicas federais, as chances dele são duas vezes maiores que as dos meninos dos cursinhos. Tudo bem. Só que há pouquíssimas destas' escolas no pais: apenas 1,95% dos vestibulandos saem delas.

Fonte : Correio Braziliense, 15maio2000

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3. "UNB: DESCONTINUIDADES E DESPERDÍCIOS NO BRASIL",
ARTIGO DE SERGIO GRANEMANN
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     A geração, a apropriação de conhecimentos e os investimentos necessários em C&T exigem do Estado a tomada de medidas complexas e coerentes de longa duração. Estudos têm concluído que a continuidade das políticas e dos financiamentos são até mais importantes que o volume de recursos empregados.
     Grandes esforços, tempo e recursos foram investidos sob a coordenação do MCT (gestão anterior) para negociação da Fase III do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (PADCT). Entre os argumentos apresentados no processo de negociação, foi destacada a necessidade de dar continuidade aos investimentos realizados nos programas anteriores (Fases I e II), para não desperdiçá-los, interrompendo a evolução de centenas de projetos, seriamente avaliados
como muito promissores, mas ainda não concluídos.
     Foram realizados estudos independentes, conduzidos até mesmo por consultorias internacionais, para avaliar os impactos produzidos pelo programa. Os resultados obtidos recomendaram fortemente sua continuidade. Em geral, programas de C&T são caracterizados por processos de maturação lenta, dado o tempo necessário à qualificação de pessoal, montagem de infra-estrutura e consolidação de competências.
     Além disso, foi demonstrada a urgência de viabilizar investimentos em ações inovadoras, ainda sem fontes internas de apoio, mas consideradas vitais à inserção de C&T no processo de desenvolvimento sustentável do pais. Entre essas, a necessidade de introduzir instrumentos de financiamento capazes de atrair investimentos privados para atividades de P&D. Este último objetivo foi tentado, sem sucesso, desde a negociação da primeira fase do programa.
     Com apoio da Confederação Nacional das Industrias (CNI), o MCT conseguiu demonstrar a existência de demanda de C&T por parte das empresas privadas. O compromisso, firmado com o Sebrae, de ampliação do Programa de Assistência Técnica a Micros e Pequenas Empresas (PATME), com recursos do PADCT III, simplesmente não foi cumprido até o momento. Parece não haver compromissos institucionais, mas apenas pessoais, das autoridades do momento.
     Os potenciais parceiros desconfiam da provável descontinuidade dos programas e, com toda razão, relutam em assumir compromissos de médio e longo prazos com as instituições governamentais, tão sujeitas aos humores e entendimentos das autoridades que as assumem.
     Durante, a fase de negociação, foram realizados pesados investimentos na montagem de uma rede informatizada de monitoramento e avaliação, somente justificável para implementação de um programa com a complexidade e porte do PADCT III. Além disso, o programa apoiaria a realização de estudos prospectivos, tão importantes para o país e que têm merecido continuados investimentos, tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, para orientar a formulação de suas políticas de C&T.
     Esses estudos não somente permitem a implementação de políticas inteligentes, mas evitam a descontinuidade e as intervenções intempestivas.
     Foram mobilizadas dezenas de técnicos, centenas de pesquisadores, em mais de meia dúzia de missões à sede do Banco Mundial, em Washington, além das centenas de encontros e negociações realizadas no pais, envolvendo grande numero de instituições.
     Desde sua primeira fase, quando foi criado o MCT, o programa tem sofrido momentos de crises e descontinuidades, sempre nas transições de autoridades do Ministério. Todas as vezes, a comunidade científica e os técnicos do próprio Ministério têm de gastar energia para reeducar as novas autoridades para a importância dos programas em andamento. Quando o conseguem, irreparável tempo já foi perdido.
     Para o PADCT, tendo em vista a sua complexidade e o volume de recursos envolvidos (US$ 300 milhões), incluindo empréstimo do Bird, a dificuldade tem sido mais intensa.
     O país desperdiça preciosos tempo e recursos, pagando taxas de permanência e, em breve, também terá de pagar as contas do empréstimo e os juros, aumentando mais ainda os recursos tomados, desperdiçando as vantagens dessa fonte de financiamento. O orçamento do PADCT III para 2000 está reduzido a apenas R$ 10 milhões, ridiculamente insuficientes
para saldar os compromissos já assumidos com os projetos contratados e para lançar novos editais.
     Trata-se de um programa completo que exigiu enormes esforços de planejamento, contemplando apoio a projetos em áreas científicas altamente relevantes para o país, melhoria da infra-estrutura e da capacidade de prestação de serviços de C&T, realização de projetos cooperativos, tanto de interesse público quanto privado.
     A componente de desenvolvimento científico é extremamente importante para suprir as grandes limitações da rubrica de fomento do CNPq, cujo orçamento está comprometido com a concessão de bolsas, e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (FNDCT), que vem sendo continuamente reduzido e engessado pelos  compromissos assumidos.
     A componente de desenvolvimento tecnológico do PADCT III - que havia introduzido uma série de inovações, sobretudo em relação à realização de plataformas para pautar problemas de C&T das empresas e cadeias produtivas de relevância para o pais, e estimular a demanda de projetos cooperativos ' lançou somente dois editais.
     Parece haver uma grande hesitação em relação aos programas que contemplam o desenvolvimento regional, introduzido com mais destaque no PADCT III, e a interação Universidade-empresa-governo (triplehelix model), tão presente nos discursos, mas tão ausente nas práticas do sistema.
     As descontinuidades de política e instrumentos de apoio não se limitam ao PADCT III, mas a vários outros programas. Destacam-se também as constantes intervenções da área econômica, impondo crescentes restrições aos incentivos fiscais PDTI/PDTA, importantes para promover a interação Universidade-empresa.
     Curiosamente, o MCT investe, a nosso ver corretamente, em esforços para inserção das atividades de C&T para o desenvolvimento regional, em parceria com o Ministério da Integração, mas desperdiça importante instrumento de apoio para esse fim (o PADCT III).

Fonte : Correio Braziliense, 14maio2000

Nota do Editor : Granemann é diretor de Pesquisa da Universidade Católica de Brasília

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4. MESTRADO EM FISICO-QUIMICA DO INSTITUTO DE QUIMICA DA UFRJ:
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     A Coordenação da Pós-Graduação em Físico-Química do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química da Universidade Federal de Rio de Janeiro, com a aprovação do Conselho da Pós-Graduação, chama a Inscrição para Mestrado para o segundo semestre do ano de 2000. As linhas de Pesquisa do Curso são:
· catálise heterogênea; cinética e dinâmica químicas aplicadas à química atmosférica e poluição; eletroquímica; eletroquímica, saúde e ambiente: uma abordagem interdisciplinar; colisões de elétrons com gases. química e espectroscopia teóricas; termodinâmica química; química teórica e modelagem molecular; cálculos ab-initio de estruturas e propriedades moleculares; excitação eletrônica de gases usando feixes de elétrons e a luz síncrotron; degradação de polímeros irradiados com a luz síncrotron e feixes de elétrons; química de superfícies
     O período de Inscrição será entre os dias 10 de maio e 19 de junho de 2000.
Documentos para Inscrição:
 A inscrição deverá ser feita na Secretaria de Pós-Graduação do Instituto de Química (spg@iq.ufrj.br) mediante apresentação dos seguintes documentos:
· Curriculum vitae e cópia das publicações e apresentações a Congressos.
· Duas cartas de referência, formulário de inscrição e 3 fotografias 3 x 4.
· Histórico escolar.
· Cópia do diploma de graduação ou documentação equivalente.
A Seleção será nos dias 20 e 21 de junho, sendo a prova de conhecimentos de inglês no dia 20 de junho às 10:00 horas e as entrevistas nos dias 20 e 21 de junho, em horários a combinar. A prova de inglês consistirá na tradução e interpretação de textos de Físico-Química a nível de Graduação. A entrevista consistirá na avaliação do curriculum do candidato, a sua disponibilidade para a realização do curso, interesses profissionais e acadêmicos e possibilidades futuras de
aplicação dos conhecimentos. Outras informações, e as Normas completas de Seleção e Funcionamento do Curso,  poderão ser obtidas na Secretaria do Departamento de Físico-Química, sala 408, Bloco A do Centro de Tecnologia da UFRJ (0xx21-590-9890 e FAX 0xx21-290-4746) ou diretamente com a coordenadora.

Profa. Graciela Arbilla, através do e-mail: graciela@iq.ufrj.br.
Coordenadora da PG em Físico Quimica/IQ/UFRJ

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5. WORKSHOP EM ESPECTROMETRIA ATÔMICA
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Local: PUC-Rio
Endereço: Prédio Cardeal Leme, 12o andar. Rua Marques de S. Vicente 225, Gávea
22453-900, Rio de Janeiro, RJ
Data: 7 de junho de 2000
Horário:  08:30-17:00

PROGRAMA

08:00/ 09:00 Recepção e distribuição do material
09:00/10:15; Novas perspectivas em espectrometria atômica por geração de hidretos* (Dr Ralph Sturgeon, NRC, Canada)
10:15/10:30; coffee break
10:30/11:45; Laser ablation ICP-MS: estudo de casos (Dr Norbert Miekeley, PUC-Rio)
11:45/13:30; Almoço
13:30/14:30; Introdução de amostras complexas em ICP-MS por vaporização eletrotérmica (Dr Adilson Curtius, UFSC)
14:30/15:30; Utilização de modificadores permanentes em GFAAS (Dr Reinaldo Calixto de Campos, PUC-Rio)
15:30/15:50; Coffee break
15:50/ 16:50;  Painel: perspectivas em espectrometria atômica** (Dr Ralph Sturgeon)
*em inglês
**o painel será iniciado por uma apresentação do Dr Sturgeon, após o que os apresentadores estarão a disposição dos participantes para responder a perguntas e comentários.
     As pré-inscrições devem ser endereçadas pelo correio, mail ou fax, para: Departamento de Química da PUC-Rio, Rua Marques de S. Vicente 225, Gávea 22453-900, Rio de Janeiro, RJ; tel 5299367; fax 5299569; e-mail: workshop@rdc.puc-rio.br, até 20/05/00.
     Taxa de inscrição: R$ 60,00, a ser paga na conta ITAU agência 1108, conta corrente: 26247-6, após a confirmação da inscrição.

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Secretaria Geral SBQ
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Contribuicoes devem ser enviadas para:        paulosbq@dq.ufscar.br
http://www.sbq.org.br
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