Veja nesta edição:
1. Carta do presidente da SBQ ao governador do Rio de
Janeiro sobre a questão da secretaria de C&T
2. Prof. Faruk Nome comenta artigo da FOLHA DE SP
sobre ranking da ciência
3. Ranking FOLHA ignorou Química UFSCar
4. Em busca de novas conquistas : um artigo do ministro
da ciência e tecnologia RONALDO SARDENBERG
5. WARC – worldwide amazon rubber conference
6. Mestrado e doutorado em FQ, no IQ-UFRJ
7. Ana Maria Alfonso-Goldfarb lança livro
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1. CARTA DO PRESIDENTE DA SBQ AO GOVERNADOR DO RIO DE
JANEIRO SOBRE A QUESTÃO DA SECRETARIA DE C&T
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Campinas, 08 de outubro de 1999
Exmo. Sr. Governador do Rio de Janeiro
Anthony Garotinho
Palácio do Governo
Rio de Janeiro, RJ
e-mail: governadorrj@gabgovernador.rj.gov.br
Prezado Senhor Governador:
Em nome da SBQ - Sociedade Brasileira de Química,
representando sua Diretoria e Conselho, vimos manifestar nossa inquietação
e preocupação relativamente ao futuro da Secretaria de Ciência
e Tecnologia Estado do Rio de Janeiro.
As Secretárias de Ciência e Tecnologia
estaduais têm uma vocação única no desenvolvimento
dos estados, sobretudo daqueles como como o Rio de Janeiro, com forte tradição
de qualidade acadêmica, científica e tecnológica.
A fusão, extinção ou
a transformação da Secretaria de Ciência e Tecnologia
do Estado do Rio de Janeiro, em órgão sem acesso direto ao
Governador, afigura-se-nos como estratégia equivocada e que, certamente,
não só contribuirá para o arrefecimento do entusiasmo
da comunidade científica estadual, como também trará,
a curto prazo, grandes prejuízos
ao Estado.
Não temos dúvidas de que os
efeitos de reformas administrativas visando economia de recursos, que passem
por pasta tão estratégica como a da Ciência e Tecnologia,
trazem danos e comprometimento irreparável ao desenvolvimento.
Esperando, Excelentíssimo Senhor Governador,
que Vossa Excelência, objetivando também o desenvolvimento
científico e tecnológico do Estado, preserve a integridade
da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro,
reiteramos nossos mais elevados protestos de estima e distinta consideração.
Atenciosamente,
Oswaldo Luiz Alves
Presidente da Sociedade Brasileira de Química
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2. PROF. FARUK NOME COMENTA ARTIGO DA FOLHA DE SP SOBRE
RANKING DA CIÊNCIA
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Este artigo foi escrito especialmente para
o Boletim Eletrônico da SBQ. Faruk None Pró-Reitor de Graduação
da Universidade Federal de Santa Catarina, ex-Coordenador da Área
de Química da Capes e Prof do Departamento de Química da
UFSC
Inicialmente, acredito que é positivo
para a ciência no Brasil que jornais de grande circulação,
como a Folha de São Paulo, dediquem um espaço importante
para uma atividade que, apesar de estratégica e fundamental para
o desenvolvimento nacional, não recebe o prestígio, o destaque
e os recursos que merece.
Em relação ao artigo da Folha
de SP, publicado em 12/9 e parcialmente corrigido em 26/9, acredito que
o levantamento na área de Química está muito incompleto
e não faz justiça ao estágio atual da Química
no Brasil.
Como representante de área na Capes,
nos últimos quatro anos, tive o prazer de testemunhar o crescimento
vertiginoso da Química. Hoje temos 38 programas de pós-graduação,
dos quais 26 estão credenciados pela Capes para cursos de mestrado
e doutorado. Mais importante ainda, os mesmos estão espalhados em
todas as regiões do Brasil. Há praticamente 1000 docentes
vinculados a esses programas, com uma parte significativa dos mesmos apresentando
uma produção científica significativa e de elevada
qualidade, em periódicos internacionais de índice de impacto
elevado.
Como exemplo do progresso da área,
cito um levantamento realizado rapidamente, unicamente no Departamento
de Química da UFSC, onde encontramos os seguintes professores com
número de citações suficientes para serem incluídos
no referido ranking e que foram omitidos:
Alfredo T.N. Pires
= 125
Bruno Szpoganicz
= 120
César Franco
= 123
César Zucco
= 414
Dino Zanette
= 408
Luis A. S. Madureira
= 126
Maria da Graça Nascimento = 154
Mauro Laranjeira
= 182
Wilson Erbs
= 133
Certamente, levantamento semelhantes nos diversos
Cursos de Pós-Graduação existentes no Brasil irão
mostrar um número significativo de docentes que foram omitidos da
lista. As razões para tal fato decorrem basicamente de procedimentos
inadequados no levantamento, que já foram discutidos por outras
pessoas e que seriam muito facilmente corrigidos, simplesmente pedindo
aos Cursos de Pós-graduação existentes no Brasil que
fornecessem uma lista dos pesquisadores/ orientadores atuantes nos mesmos.
Talvez a maior contribuição
do artigo da Folha tenha sido o de divulgar, ainda que de forma incompleta,
que há ciência de valor sendo realizada no País.
Da mesma forma, seria importante que os jornais de maior circulação
tratassem de outros temas, tais como a questão do financiamento
(falta de) à ciência e tecnologia, do apoio a Programas de
Pós-Graduação, onde a situação de carência
em termos de número de bolsas disponíveis e da diminuição
e/ou eliminação de taxas de bancada é
maléfica para o país e terá efeitos dramáticos
a curto e médio prazo. Enfim, o engajamento da imprensa na questão
do financiamento à pesquisa no Brasil é desejável
e deve ser incentivado, como uma forma política de ação
para que a população seja informada e, principalmente
para que o governo, aparentemente cego e surdo ao problema, possa rever
esta situação de caos que enfrenta o sistema de Ciência
e Tecnologia no Brasil. O futuro do Brasil e das novas gerações
de cientistas, hoje
maioritariamente sem recursos para trabalhar, depende de uma
mudança de rumos na Política Governamental. Neste assunto,
tanto as Sociedades Científicas quanto a grande imprensa nacional
tem um papel fundamental, já que reverter a atual situação
é uma questão fundamental e essencial para garantir o desenvolvimento
do Brasil.
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3. RANKING FOLHA IGNOROU QUÍMICA UFSCAR
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Prezados Senhores/as:
Em 26 de setembro p.p. esta FOLHA publicou
uma matéria de página inteira admitindo erro no levantamento
que levou ao "Ranking da Ciência" publicado no caderno Mais, em 12
de setembro p.p. No caso específico da Química, mais um docente
do Departamento de Química da Universidade Federal de São
Carlos - UFSCar foi incluído no Ranking, totalizando,
assim, 5 docentes do DQ-UFSCar na lista.
No subtítulo da manchete da matéria
de 26 de setembro acima referida afirmava-se que "erro no levantamento
deixou de incluir 10% de pesquisadores". No caso do DQ-UFSCar, entretanto,
pasmem os/as senhores/as, o que se deixou de incluir corresponde a um erro
de 400%, pois na lista original constaram 4 docentes deste departamento
e, na realidade, deveriam ter constado pelo menos 20, conforme listados
a seguir:
Timothy John Brocksom (mais de 800 citações)
Lee Mu-Tao (mais de 400 citações)
Luis Otávio de Sousa Bulhões (377 citações,
publicado pela Folha em 12/09)
Edward Ralph Dockal (mais de 350 citações)
Julio Zukerman-Schpector (347 citações, publicado pela
Folha em 12/09)
Eduardo Fausto de Almeida Neves (321citações, publicado
pela Folha em 12/09)
João Batista Fernandes (221 citações, publicado
pela Folha em 12/09)
Adhemar Colla Ruvolo (mais de 200 citações)
Arlene Gonçalves Corrêa (mais de 200 citações)
Carlos Ventura D'Alkaine (mais de 200 citações)
Elson Longo (mais de 200 citações)
Luiz Carlos Gomide Freitas (mais de 200 citações)
Paulo Cezar Viera (mais de 200 citações)
Joaquim de Arújo Nóbrega (183 citações,
publicado pela Folha em 26/09)
Massami Yonashiro (mais de 150 citações)
Orlando Fatibello Filho (mais de 150 citações)
Alzir Azevedo Batista (mais de 100 citações)
Ione Iga (mais de 100 citações)
Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva (mais de 100
citações)
Romeu Cardozo Rocha Filho (mais de 100 citações)
Apesar do Ranking Folha ser só mais
um indicativo de qualidade do quadro de pesquisadores das diferentes instituições,
sem dúvida alguma, o Departamento de Química da UFSCar e
seus docentes foram muito prejudicados pelo fato da FOLHA ter ignorado
em seu Ranking tantos docentes deste departamento que deveriam ter sido
incluídos na lista. Efetivamente, muitos se perguntavam como um
departamento que abriga curso de pós-graduação em
Química avaliado como de nível 6 pela CAPES (o único
no Estado de S. Paulo a ter as quatro áreas de concentração
da Química e ser avaliado como de nível 6 na avaliação
CAPES 96/97) tinha tão poucos docentes entre os pesquisadores com
mais de 100 citações de seus trabalhos. Na realidade mais
de 50% dos docentes do Programa de Pós-Graduação em
Química da UFSCar deveriam ter constado do Ranking e só não
constaram por lamentável erro da FOLHA (outros orientadores externos,
listados sob outras instituições, já constaram no
levantamento: Francisco José Krug, Boaventura Freire dos Reis e
João Valdir Comasseto; o orientador externo José Arana Varela
- IQ/UNESP, com mais de 200 citações, também não
foi incluído). Assim, solicitamos a esta FOLHA que repare o dano
feito à imagem deste departamento, divulgando a lista completa de
nossos docentes que têm mais de 100
citações de seus trabalhos.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Romeu Cardozo Rocha Filho
Programa de Pós-Graduação em Química UFSCar
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4. EM BUSCA DE NOVAS CONQUISTAS : UM ARTIGO DO MINISTRO
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA RONALDO SARDENBERG
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A sociedade brasileira está cada
vez mais interessada na ciência e tecnologia, e esse interesse deve
beneficiar todos os cidadãos. O debate leva à comparação
saudável de idéias e permite a difusão de formações
qualificadas e confiáveis. É ele a forma mais transparente
e enriquecedora de participação, a maneira mais legítima
de eleger prioridades e definir políticas públicas
num ambiente democrático.
O interesse pelos aspectos da C&T não
corresponde a um modismo ou à busca de âncoras exóticas
para saciar a curiosidade programada.
Ao contrário, as informações
que se avolumam na esteira da globalização reforçam
a inegável relação entre a produção
de ciência e tecnologia e os níveis de desenvolvimento das
sociedades. O conhecimento científico e tecnológico emerge
como a base de produção da riqueza nacional, em todos os
níveis. É justamente nos países com patrimônios
tecnológicos mais avançados que se verificam melhor
qualidade de vida e maior participação no cenário
político e econômico mundiais.
Uma das metas de minha gestão à
frente do Ministério da Ciência e Tecnologia é que
esse debate se amplie e conquiste espaço na agenda nacional ao lado
dos temas da política e da economia, da cultura e do meio ambiente.
É necessário, porém, que as discussões sejam
esclarecedoras e objetivas.
Nesta fase de maior interesse pela ciência
e tecnologia, os conceitos básicos e as informações
irão modelar as tendências para o futuro. Por isso, devem
ser tratados com plena isenção e incorporar as conquistas
em pesquisa e desenvolvimento, e não só as alcançadas
pelo ministério e seus institutos. Numerosas instituições
do governo federal, além de uma série de organismos vinculados
aos Estados, mantêm atividade de grande alcance e êxito numa
diversidade muito bem representada na composição do Conselho
Nacional de Ciência e Tecnologia e nos respectivos conselhos estaduais
e fundações de amparo à pesquisa.
As universidades se singularizam nesse campo
como esteio de uma reconhecida tradição na formação
de cientistas e pesquisadores e na produção de conhecimento,
apoiadas em projetos tanto próprios quanto partilhados com empresas
privadas. A propósito disso, a publicação, pela
Folha, em 12/9, do "Ranking da Ciência" constitui um levantamento
criterioso que demonstra significativa participação
dos cientistas brasileiros no avanço do conhecimento mundial.
As empresas ocupam espaços importantes
em ações próprias ou decorrentes de políticas
governamentais de financiamento e incentivos fiscais. Constitui-se, nesse
caso, uma rede de organismos e instituições em plena
atividade na produção de ciência e tecnologia, o que
é muito bom. Instalada por todo o país, com uma rica capilaridade
temática, ela permite contemplar as características de cada
região. Nesse amplo quadro, ganha importância estratégica
a visão integradora do "Avança Brasil". Contém esse
programa a indicação pertinaz de que o desenvolvimento
requer interferências e correções harmonizadas, em
oposição às escalas pequenas e isoladas, que são
atrofiadoras.
E aqui cabe um alerta. Não se suponha
que os números adotados pelo "Avança Brasil" sejam
meramente casuais. Não o são. Os programas e projetos que
o integram resultam de um cuidadoso trabalho de nove meses de estudos junto
dos mais diversos setores do governo e da sociedade, a partir
de dados e indicadores confiáveis. Trata-se, além disso,
de um documento que expressa um inequívoco compromisso de
gestão por parte do governo Fernando Henrique Cardoso.
Os programas da Ciência e Tecnologia
nele definidos espelham uma orientação realista e, ao
mesmo tempo, ousada. Três deles destinam-se à expansão
e consolidação da base existente, que consiste no universo
de pesquisadores e de instalações laboratoriais, dos núcleos
de excelência, bem como das estruturas que atuam na busca de
inovação e competitividade. Outros dois vão
para os serviços tecnológicos, com vistas à conquista
da qualidade hoje indispensável, e sistemas locais de inovação,
buscando as potencialidades locais para o desenvolvimento de
empreendimentos produtivos. Os demais são todos temáticos
e elegem os setores estratégicos da produção e da
qualidade de vida (são exemplos a sociedade da informação,
a biotecnologia e a meteorologia).
Os programas indicam claramente que o Estado
manterá seu papel na formulação e execução
de políticas voltadas para a produção de ciência
e tecnologia. Por serem diversificados, demonstram que a ação
do Estado não se resume, como na verdade não tem ocorrido,
desde a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico em 1951 e
a criação do Ministério da Ciência
e Tecnologia em 1985, a aspectos orçamentários e normatizadores.
Há uma trajetória vitoriosa desde então, marcada
por visões inovadoras, cujo reconhecimento e maior divulgação
contribuirão para que o debate sobre C&T se desenvolva, como
o momento requer, de forma franca, aberta e reveladora, entre as
preocupações mais atuais e palpitantes da sociedade
brasileira.
Ronaldo Mota Sardenberg, 59, embaixador, é ministro da Ciência e Tecnologia. Foi secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (governo FHC, primeiro mandato) e representante permanente do Brasil na ONU (1991-95).
Fonte: Folha de São Paulo, 10outubro99
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5. WARC – WORLDWIDE AMAZON RUBBER CONFERENCE
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Realizar-se-à entre os dias 31 de outubro
e 4 de novembro de 1999 a “Worldwide Amazon Rubber Conference” na cidade
de Manaus. O público alvo da conferência são profissionais
que atuam na área de elastômeros, tanto em ciência como
no desenvolvimento de produtos e aplicações. Estão
confirmadas as presenças de pesquisadores de renome internacional
que
atuam em empresas ligadas à produção e ao consumo
de elastômeros, produção de componentes para vulcanização
e a equipamentos de formulação e processamento, além
de pesquisadores ligados a centros de pesquisa e universidades. Informações,
incluindo o programa da conferência, encontram-se na homepage: http://www.DIKautschuk.de/warc.
Contato: Profa. Marly Jacobi – UFRGS – jacobi@if.ufrgs.br.
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6. MESTRADO E DOUTORADO EM FQ, NO IQ-UFRJ
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As inscrições para o Curso de
Mestrado e Doutorado em Fisico-Química do Instituto de Quimica da
UFRJ (Rio de Janeiro) estão abertas ate o dia 10 de dezembro de
1999. A seleção dos alunos será feita nos dias 14
e 15 de dezembro de 1999 e as aulas terão inicio em fevereiro de
2000. As linhas de pesquisa do programa são: Catálise Heterogênea,
Cinética e Dinâmica Químicas, Colisões de Elétrons
com Gases, Eletroquímica, Espectroscopia Molecular, Quimica Atmosférica
e Poluição, Química de Superfícies, Quimica
Teórica e Modelagem Molecular e Termodinâmica. Informações
adicionais podem ser obtidas via e-mail com: Coordenação:
graciela@iq.ufrj.br ou pelo telefone
00xx21-590-9890
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7. ANA MARIA ALFONSO-GOLDFARB LANÇA LIVRO
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Ana Maria Alfonso-Goldfarb lança o
"Livro do Tesouro de Alexandre"
O lançamento acontece no dia 19 de
outubro, a partir das 18h30, na Livraria Belas Artes.
Av. Paulista, 2448 São Paulo -SP
tels: 256 8316 e 2315764
Este livro apresenta uma grande variedade
de estudos em História da Química, Farmácia, Medicina,
etc. produzidos pela autora tendo como foco um original árabe do
século IX traduzido por ela e pela Profa. Safa Jubran (Esta a primeira
tradução completa para um idioma ocidental).
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Secretaria Geral SBQ
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Contribuicoes devem ser enviadas para:
paulosbq@dq.ufscar.br
http://www.sbq.org.br
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