Veja nesta edição:
1. Encontro regional da SBQ (Ara-RP-SC)
2. 6o ELAFOT
3. Buraco negro. Artigo de Renata Lo Prete, ombudsman
da folha de São Paulo, sobre o ranking da ciência
4. Erro em levantamento deixou de incluir 10% de pesquisadores.
"Ranking" da folha omitiu nomes de 50 cientistas
5. Prof. Walkimar escreve à Folha sobre ranking
6. Prof. Zanette comenta ranking da Folha
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1. ENCONTRO REGIONAL DA SBQ (ARA-RP-SC)
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A programação e a lista de trabalhos
a serem apresentados durante o 12o Encontro Regional de Química
da Regional de Araraquara, Ribeirão Preto e São Carlos estão
disponíveis no site www.ffclrp.usp.br
na sessão de eventos.
As inscrições para os mini-cursos
e maiores informações podem ser obtidas por correio eletrônico
(sbq.regional.arpsc@ffclrp.usp.br).
Comissão Organizadora
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2. 6o. ELAFOT
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No período de 12 a 16 de setembro,
pp, realizou-se no Hotel São Moritz, em Teresópolis, RJ,
o 6o ELAFOT (6o Encontro Latino-Americano de Fotoquímca e Fotobiologia).
Foram, nete período, apresentadas 26 conferências científicas,
sendo 10 plenárias e 1 mini-conferências, além de duas
sessões de painéis. Dos 118 painéis apresentados,
77 foram de
autoria de brasileiros.
Embora seja um encontro que congrega os pesquisadores
Latino-americanos em Fotoquímica e Fotobiologia, esteve participando
ativamente do ELAFOT um número bastante expressivo de pesquisadores
europeus e norte-amerecanos.
No seu encerramento, foi organizada um seção
dedicada à memória dos professores Juan José
Cosa (UNRC, Argentina) e João Batista Sargi Bonilha (FFCLRP/USP)
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3. BURACO NEGRO. ARTIGO DE RENATA LO PRETE, OMBUDSMAN DA
FOLHA DE SÃO PAULO, SOBRE O RANKING DA CIÊNCIA
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Decorridas duas semanas desde a publicação
do "Ranking da Ciência", há 50 nomes injustamente omitidos
da lista dos pesquisadores brasileiros com maior influência mundial
nas áreas de física, matemática, química e
bioquímica. Na página 1-12 da edição de hoje,
uma reportagem traz as retificações e tenta explicar por
que a iniciativa da Folha resultou em tantos erros.
Nada garante que essa correção
seja a última. O jornal constatou tal número porque foi procurado
por atingidos. Como está, a conta já impressiona (50 ausências
em uma relação de 494 cientistas). Mas pode crescer. Basta
que outros pesquisadores não mencionados se apresentem e demonstrem
preencher os requisitos para figurar na lista. Para estabelecer
a relevância de uma pesquisa, o levantamento utilizou como critério
o número de citações feitas a ela em outros estudos,
divulgados em publicações científicas consideradas
de alto nível. Em resumo, foram "eleitos" os pesquisadores cujos
trabalhos conquistaram acima de certo número de citações.
O levantamento foi realizado por uma equipe de especialistas em avaliação
científica. A Folha decidiu manter seus nomes em sigilo, sob o argumento
de que se buscou evitar interferências.
O jornal lembrou que o procedimento é
semelhante ao adotado pelas revistas internacionais mais conceituadas.
Não obstante os cuidados e mais de um ano consumido no projeto,
os problemas detectados após a publicação foram muitos
e graves. Os principais: a) omissão de nomes plenamente qualificados
para constar da lista; b) distorções nos rankings de
instituições com mais pesquisadores "eleitos"; c) erro
no número de citações atribuídas a cientistas.
Além dessas três categorias gerais, várias pessoas
me procuraram para apontar conflito específico em bioquímica.
Consideram que, sob esse chapéu, foram
abrigados pesquisadores de áreas muito distintas, e que não
ficou claro por que determinados nomes foram aceitos ali e outros não.
Exemplo. Nessa área, o líder do ranking é um farmacologista.
Mas, a um outro que apresentou à ombudsman as credenciais necessárias
para aparecer na lista, a Redação respondeu que o nome dele
seria apreciado em um futuro levantamento, abrangendo a área de
ciências biomédicas.
Ao mesmo tempo, o ranking traz, entre outros
"E.T.s", um parasitologista (algo bem diverso da bioquímica).
Da reportagem-erramos publicada hoje pode-se
dizer uma coisa boa e outra ruim. A boa é que o jornal agiu com
transparência. Não procurou esconder os erros nem subestimar
seu alcance. Levou o caso à Primeira Página, onde havia anunciado
o ranking. A ruim é que persiste a fragilidade da classificação
estabelecida pela Folha, seja porque podem existir mais omissões,
seja porque é impreciso comparar as citações dos cientistas
listados há 15 dias com as dos que foram resgatados hoje (os números
correspondem a períodos diferentes).
Para sanar o problema, só fazendo tudo
de novo, aperfeiçoando os mecanismos de captação e
checagem das informações. A discussão pode parecer
distante para muitos leitores. É bom pensar, no entanto, no que
ela pode representar para os envolvidos. Para ficar em um único
exemplo, o físico Mario Baibich, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, ficou
fora do ranking apesar de reunir mais do que dez vezes o número
exigido de citações.
Refeitas as contas, descobriu-se que é
dele nada menos do que o quarto lugar entre os pesquisadores da área.
Detalhe: Baibich já havia sido esquecido na edição
anterior, em 1995. Segundo me relatou, na ocasião o jornal lhe garantiu
que isso não voltaria a ocorrer.
Ao apresentar o atual "Ranking da Ciência",
a Folha disse que pretendia "fornecer subsídios para análises
e estudos sobre o desempenho e a produtividade de pesquisadores e instituições".
Por mais elogiável que tenha sido a iniciativa, o saldo de erros
é grande demais para quem pretende ser árbitro da excelência.
Fonte: Folha de São Paulo, 26setembro99
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4. ERRO EM LEVANTAMENTO DEIXOU DE INCLUIR 10% DE PESQUISADORES.
"RANKING DA FOLHA OMITIU NOMES DE 50 CIENTISTAS
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O "Ranking da Ciência", publicado pela
Folha no último dia 12 omitiu os nomes de 50 cientistas que deveriam
ter sido listados. A publicação trouxe um levantamento dos
494 pesquisadores atuantes no Brasil com trabalhos de maior repercussão
na comunidade científica internacional.
Os nomes omitidos são de pesquisadores
que atingiram os requisitos previamente estabelecidos pelo jornal para
inclusão nas listas das áreas de bioquímica, física,
matemática e química. Houve, portanto, erro. Os casos de
omissões constatados estão registrados. Entre esses casos,
houve alguns gritantes, como o do físico Mário N. Baibich,
da UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que possui 2.278 citações
com a aplicação dos critérios do "Ranking", passando
a figurar em 4º lugar na lista dos físicos.
A constatação dessas omissões
e seu registro implica que houve erro também no total de citações
atribuídos às instituições dos pesquisadores.
Os dados corrigidos para as instituições desses cientistas
também estão sendo apresentados (veja quadro abaixo). Os
nomes omitidos constatados estão sendo apresentados com a classificação
que teriam se tivessem constado das listas. Essa classificação,
no entanto, possui imprecisão, na medida em que os nomes agora apresentados
tiveram os respectivos números de citações totalizados
neste mês. Em outras palavras, a comparação com os
totais mostrados nas listas relaciona números totais de citações
referentes a datas diferentes. A lista de bioquímica, por exemplo,
foi totalizada em janeiro deste ano.
Os nomes omitidos constatados estão
sendo apresentados com os números totais de citações
referentes a este mês. O mesmo ocorre com as listas das áreas
de física (totalizada em agosto), matemática (em junho) e
química (em abril).
Origem dos erros
A principal fonte de erros do "Ranking" foi
o fato de ele ter sido baseado em fontes incompletas ou imprecisas de dados,
como listas de nomes de sites de universidades e de centros de pesquisa.
Essa deficiência gerou dois tipos de problemas. Um deles foi a desconsideração
de nomes de pesquisadores -o que levou diretamente à omissão
de muitos nomes. Outro, a
consulta à base de dados a partir de nomes desatualizados ou
grafados incorretamente, acarretou a obtenção de resultados
imparciais, que muitas vezes relacionaram indevidamente os nomes de pesquisadores
a números de citações insuficientes para inclusão
no "Ranking".
Também houve falhas no contato via
Internet com o site do ISI (sigla em inglês para Instituto para a
Informação Científica), órgão privado
dos EUA responsável pelo "SCI" (Índice de Citações
Científicas), que desde 1961 registra citações a trabalhos
científicos. Essas falhas geraram erros na pesquisa dos números
de citações.
Outras fontes de erros do "Ranking" foram,
em menor escala, informações imprecisas sobre nomes de cientistas
prestadas por instituições de pesquisa. Para tentar reduzir
as possibilidades de omissão de nomes de pesquisadores, a Folha
divulgou por meio de cinco reportagens, de junho a novembro de 1998, o
início da elaboração do "Ranking". Nessas reportagens,
o jornal solicitou aos cientistas o envio de suas listas de publicações.
Também foram enviadas mensagens via
e-mail aos pesquisadores identificados, solicitando suas listas de publicações.
Anonimato e critérios
Para realizar o "Ranking", a Folha designou
uma equipe de especialistas em estudos sobre avaliação da
produção científica. A fim de evitar pressões
e outros tipos de ingerências nesse levantamento e em outros a serem
feitos futuramente para outras áreas, a Folha decidiu manter em
sigilo os nomes dos integrantes da equipe, seguindo um procedimento semelhante
ao que é adotado na avaliação de trabalhos de pesquisa
pelas revistas científicas mais conceituadas do mundo.
De início, estabeleceu-se que a seleção
dos nomes de pesquisadores não deveria ser feita com critérios
simplesmente quantitativos. Em vez de tomar como base o número de
artigos publicados, o levantamento considerou a relevância desses
estudos.
O critério estabelecido para o "Ranking"
de avaliação do impacto ou relevância de uma pesquisa
no âmbito da comunidade científica foi o número de
citações que ela recebe em outros estudos, que precisam ser
divulgados por meio de publicações consideradas de alto nível.
O mínimo de 200 citações
como critério para inclusão dos nomes de cientistas mostrou-se,
no decorrer do levantamento, pouco representativo da produção
brasileira nos campos da química e da matemática. Desse modo,
para essas duas áreas foi fixado o mínimo de cem citações
como critério para inclusão dos nomes, permanecendo o mínimo
de 200 citações para a
bioquímica e a física.
Próximas etapas
A área de biologia, que havia sido inicialmente
prevista, acabou não sendo incluída devido ao limitado número
de respostas à solicitação para o envio de suas listas
de publicações. Os nomes de pesquisadores dessa área
deverão ser contemplados em uma próxima etapa, junto com
os das ciências biomédicas.
Uma vez comprovado que o sistema empregado
não foi eficaz para relacionar os nomes dos pesquisadores das áreas
estabelecidas na primeira etapa do "Ranking da Ciência", a Folha
deverá adotar procedimentos diferentes, como, por exemplo, solicitação
às instituições de pesquisa.
A Folha encaminhará aos cientistas
que remeteram suas listas de publicações o resultado completo
de seu levantamento. Aqueles que não tiverem recebido esses resultados
até o final deste mês podem enviar solicitação
pelo e-mail rankingfolha@uol.com.br
Fonte: Folha de São Paulo, 26setembro99
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5. PROF. WALKIMAR ESCREVE À FOLHA SOBRE RANKING
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Niterói, 26 de setembro de 1999
Prezados Srs.
O jornal Folha de São Paulo publicou
em 12 de setembro uma relação de 494 cientistas brasileiros,
de quatro áreas do conhecimento, que a Folha julgava serem aqueles
com maior influência na pesquisa mundial em suas respectivas áreas.
Os nomes relacionados, indiscutivelmente, são de pesquisadores de
renome, nacional e internacionalmente. Entretanto, para
quem conhece um pouco da ciência nacional era claro que a lista
estava incompleta, deixando de citar um grande número de pesquisadores
com produção científica equivalente, algumas vezes
superior, à produção de muitos dos citados na relação
de 12 de setembro. Tanto isto é verdade que em sua edição
de hoje (26/09) a Folha reconhece o erro e, infelizmente, o
repete, publicando uma relação adicional, e novamente
incompleta, de 50 nomes. Acho que um jornal com o respeito da Folha de
São Paulo não poderia incorrer em um erro tão primário
por duas vezes seguidas.
Tratar dos assuntos relacionados à
ciência é mais do que louvável, deveria ser uma obrigação
moral dos meios de comunicação. Entretanto, como com qualquer
outro tema, este também deve ser tratado com o maior rigor possível,
para não passar ao leitor apenas meias verdades. A metodologia adotada
pela Folha, conforme exposto na página 2 do caderno especial de
12 de setembro, nem de longe aproxima-se daquilo que se pode chamar de
metodológico. Fazer anúncios em reportagens em um único
jornal certamente não é a forma mais correta de identificar
os pesquisadores mais produtivos do país, a não ser que estes
fossem todos assinantes da Folha. Pior do que isto é citar uma metodologia
não adotada, ou adotada de forma irresponsável. A Folha diz
que consultou a relação dos grupos de pesquisa do CNPq. Não
pode ser verdade. Meu nome consta desta relação desde 1996,
a partir de 1998 como líder de um grupo de pesquisa, mas parece
que a Folha não foi capaz de perceber isto. Mesmo tendo mais de
300 citações, conforme consulta ao Scientific Citation Index
em 20 de setembro, meu nome não aparece em nenhuma das relações
publicadas pela Folha. Adicionalmente, embora os pesquisadores 1A e 1B
do CNPq, em princípio, devam ser os mais produtivos do país,
não são os únicos. Por que não consultar a
relação de todos os pesquisadores, visto que esta não
é tão extensa assim? Se assim o tivessem procedido, eu e
muitos outros não teríamos sido esquecidos.
Mas o meu não foi o único nome
ignorado. Como o de meu colega de Instituição Eduardo Hollauer,
dezenas, talvez centenas, de outros tenham sido esquecidos na pretensa
lista nacional divulgada pela Folha. Mais do que uma injustiça com
o pesquisador, a reportagem da Folha é extremamente nociva aos interesses
das instituições às quais os "esquecidos" estão
vinculados. Ao publicar um ranking de produtividade de instituições
comprovadamente irreal, a Folha induz candidatos a cursos de graduação
ou a programas de pós-graduação a optar por instituições
que, supostamente, seriam as mais produtivas do país ou, o que é
pior, a não optar pelas instituições "esquecidas"
pela Folha. Este certamente é o mau maior.
Por fim, embora reconheça a importância
da iniciativa do jornal Folha de São Paulo em tentar identificar
e divulgar quem e onde se faz ciência no Brasil, lamento profundamente
que isto tenha sido feito de forma inconseqüente, resultando em graves
injustiças com pesquisadores e instituições de ensino
e pesquisa em todo o país.
Cordialmente
José Walkimar de M. Carneiro
Depto de Química Geral e Inorgânica - IQ - UFF
e-mail: walk@cruiser.com.br
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6. PROF. ZANETTE COMENTA RANKING DA FOLHA
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Gostaria de reiterar as palavras e o texto
inteiro escrito pelo Prof. Vitor Francisco Ferreira da Universidade Federal
Fluminense, sobre comentários do Caderno Especial da Folha de S.
Paulo, do dia 12 de setembro, relativo ao "ranking" da produção
científica dos pesquisadores brasileiros. Aproveito, então,
para anexar o meu nome à pequena lista por ele exemplificada. Sou
Professor Titular do Departamento de Química da Universidade Federal
de Santa Catarina e, como pesquisador 1C do CNPq, apresento 408 citações
em revistas indexadas. Curiosamente com este número de citações,
estaria enquadrado numa das trigésima-quadragésima posições
da listagem publicada pela Folha.
À lista das injustas consequências
resultantes da metodologia empregada pela Folha relacionada pelo Professor
Vitor, cito aquela da posição de minha Instituição,
também relacionada neste fascículo, que deixou de somar pontos
no "Ranking das Instituições Brasileiras". Quanto à
ausência de meu nome nessa lista, provavelmente deixarei de ganhar
pontos em todas aquelas vezes que a mostragem do curriculum é predominante
em competições nacionais para angariar, por meio dos projetos
financiados pelas agências de fomento, fundos para continuar a dar
suporte aos laboratórios de ensino e pesquisa e à estrutura
de minha Instituição.
Como outro exemplo, quero deixar
registrado que, injustamente, a Folha ignorou a co-autoria do Professor
Hernan Chaimovich (Instituto de Química da USP, SP) no artigo mais
citado no País.
Embora a Folha relaciona
14 pontos sobre "como" elaborou o Ranking da Ciência, e dentre estes,
a nomeação pelo Jornal de uma equipe especialista que decidiu
que pesquisador do CNPq IA e IB, em relevância e importância,
sobrepuja preponderantemente os do nível IC, ao ponto de excluí-los
da análise, pergunto: Afinal, o que é irrelevante neste processo?
O Ranking publicado pela Folha ou a classificação do CNPq?
Ainda, não seria de competência do CNPq fazer este Ranking,
evitando que o populismo comercial de um jornal antecipe-se na divulgação
deste tema? Por que o CNPq não assume?
Finalmente, se o Ranking
for realmente "fidedigno", como crê o Jornal, logo assumo
que minha classificação no CNPq é injusta.
Professor Dino Zanette
UFSC - Dep. de Química
Florianópolis, SC
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