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SBQ - BIENIO (98/2000)      BOLETIM ELETRÔNICO      No. 114
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Veja nesta edição:
1. Capes lança mestrado interinstitucional
2. Angelo Pinto trata de dioxina, lixões e responsabilidade governamental em Editorial do último número do JBCS (maio/junho)
3. Prof. Marcos Cesar Danhoni Neves da UEM, responde ao prof. Gomide sobre críticas ao PET

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1. CAPES LANÇA MESTRADO INTERINSTITUCIONAL
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     A Capes, do Ministério da Educação, informa o lançamento do Edital – Chamada 04/99 do Programa Mestrado Interinstitucional   (Minter).
     Este Programa tem por objetivo a qualificação de docentes de Instituições de Ensino Superior em nível de mestrado.
     As instituições interessadas devem encaminhar suas propostas até 30 de setembro.
     Edital e manual do Minter no site:  www.capes.gov.br (Documentos).

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2. ANGELO PINTO TRATA DE DIOXINA, LIXÕES E RESPONSABILIDADE
GOVERNAMENTAL EM EDITORIAL DO ÚLTIMO NÚMERO DO JBCS (MAIO/JUNHO)
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     No mês de junho uma das maiores companhias de refrigerantes do mundo reafirmou em comunicado na primeira página da Folha de São Paulo seu compromisso com a qualidade dos produtos que fabrica, tentando, com isto, dar satisfação a seus consumidores brasileiros sobre a contaminação do refrigerante mais famoso e vendido do planeta. A contaminação do refrigerante, segundo a própria empresa, foi provocada pelo uso de CO2 inapropriado, e levou o governo belga a recolher mais de 15 milhões de garrafas e latas de refrigerantes de bares, restaurantes e supermercados. A crise do refrigerante na Bélgica ocorreu logo depois da crise da dioxina, que obrigou o governo belga a proibir a comercialização de 1100 produtos de origem animal, devido ao risco de contaminação com produtos tóxicos dessa classe de substâncias, altamente cancerígenas. Dos 22 arranjos estruturais possíveis da tetraclorodioxina, um deles é milhares de vezes mais tóxico que a
segunda forma mais tóxica. Para aqueles que não se lembram, a dioxina foi a vilã do acidente ocorrido em julho de 1976, em Seveso, na Itália.
     Esta classe de compostos pode se formar durante a produção do herbicida ácido 2,3,5-triclorofenoxiacético (2,3,5-T). Foi isto que ocorreu durante a produção do 2,3,5-T na empresa química suiço-italiana, Industrie Chemica Meda, Societa Anonima (ICME-SA). Como conseqüência do acidente de Seveso, centenas de habitantes e de trabalhadores do ICME-AS
tiveram de ser evacuados da cidade. Outro problema decorrente do acidente foi o descarte dos 41 tonéis de lixo tóxico que resultaram das operações de limpeza. Para isso, foi contratada uma firma francesa especializada nesse tipo de operação, que levou todo o material para a Alemanha Ocidental, com a permissão do governo desse país. Começou aí uma verdadeira odisséia, porque as populações não queriam permitir que os 41 tonéis com lixo tóxico atravessassem suas cidades, isto para não falar do armazenamento nas suas proximidades.
     Agora é a vez da grande São Paulo, que corre sérios riscos com 1 milhão de toneladas de cal contaminada com dioxinas, armazenada, por sinal em péssimas condições, numa área equivalente ao tamanho de 20 campos de futebol, próxima da represa Billings, o principal manancial de água que abastece a cidade de São Paulo. Só se chegou ao problema indiretamente, porque pesquisas na Alemanha, começadas no ano passado, para descobrirem qual era a fonte de contaminação do leite e da manteiga por dioxina naquele país, chegaram a polpa cítrica utilizada na ração animal diária, importada do Brasil, que continha de 10 a 12 vezes teores superiores ao máximo tolerado pelas autoridades européias. Rastreando a contaminação, se chegou a conclusão que esta era devida a cal utilizada para neutralizar a acidez da polpa, de propriedade da companhia belga Solvay.
     Essa mesma dioxina que provoca riscos a saúde, mesmo em quantidades-traço, pode estar sendo gerada durante a queima de lixo industrial e doméstico, para a redução de volume, depositados em aterros - os famosos lixões – em terrenos permeáveis e sem qualquer tipo de cobertura.
    A Sociedade Brasileira a esta altura estará querendo respostas para algumas perguntas.
     1) A mesma polpa cítrica que é exportada para a Europa é vendida no Brasil para ser utilizada em ração animal? Se o é, porque não se detetou os teores altos de dioxina, acima do permitido pela vigilância sanitária, no leite e nos derivados vendidos no mercado brasileiro?
     2) Se a Solvay fosse uma empresa brasileira localizada em território belga, qual seria a atitude de governo daquele país? Por muito menos, na década de 80, éramos taxados de piratas porque as leis brasileiras não concediam patentes a produtos ou processos farmacêuticos. Sempre que se trata da defesa de seus interesses, e com toda a razão, as nações desenvolvidas não vacilam nas represálias, indo às últimas conseqüências.
     3) Já que o G-7, as sete nações mais ricas do mundo, se preocupam tanto com as queimadas na Amazônia e com o desaparecimento de espécies da fauna e da flora mundial, aliás, também com toda a razão, porque não se preocupam com as grandes empresas transnacionais que têm o mal hábito de colocar a saúde das populações dos países do terceiro mundo em risco.
     4) Quais as providências tomadas pelo governo de São Paulo e pelas autoridades federais para responsabilizar a Solvay por este desastre e obrigá-la a dar um fim, obedecendo a legislação vigente nos países ricos europeus, a 1 milhão de toneladas de cal que estão na cidade de Santo André, e que podem contaminar a represa Billings.
     5) A Cetesb e a Feema, os dois órgãos responsáveis pelo meio ambiente dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, estão controlando adequadamente os lixões desses estados?
     Pode ser que estas perguntas fiquem sem respostas da Solvay e do governo belga. Afinal, a Bélgica está do outro lado do Atlântico. Mas, que o governo de São Paulo e que nossas autoridades federais não se pronunciem oficialmente é inadmissível. Por muito menos a maior companhia de refrigerantes do mundo, mesmo sem convencer, se pronunciou.
     Cabe a sociedade exigir das autoridades as providências necessárias para que estes e outros problemas de saúde pública não voltem a ocorrer. A universidade brasileira, apesar das cobranças que sofre da sociedade, vem cumprindo seu papel, através da pós-graduação em Química, dentre outras, formando mestres e doutores, muitos destes com especialização em
Química Analítica que, inclusive, precisam de colocação no mercado. Se os concursos para as fundações estaduais de meio ambiente fossem abertos para estes profissionais, certamente a sociedade brasileira poderia ficar mais  tranquila, porque os lixões e o ar das grandes cidades estariam sendo controlados.

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3. PROF. MARCOS NEVES DA UEM, RESPONDE AO PROF. GOMIDE
SOBRE CRÍTICAS AO PET
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     Professor,
     hoje li a critica que V.Sa. enviou ao Boletim Eletrônico da SBQ. Declaro que estou estupefato com o que li. Primeiro porque V.Sa. manifesta uma atitude comum naqueles que se colocam contra o PET: o preconceito ao Programa e o rasteirismo de retórica ao colorir um discurso sem saber do que se fala. O preconceito pode ser explicado (não justificado!!!) por alguma desventura pessoal de V.Sa. seja com algum bolsista PET ou tutor.
     Ao alegar que o PET deveria ser "destinado a iniciativas do tipo CDCC", V.Sa. demonstra total ignorância do que fala. Sou mestre em física, doutor em educação e pos-doutor em educação para a ciência e sempre trabalhei com a perspectiva publica do ensino e de sua democratização. Conheço há muito o CDCC, especialmente o trabalho desenvolvido pelo Prof. Dietrich Schiel. O PET tem sua filosofia e objetivos destinados a uma coisa que a Universidade mal arranha: a  indissociabilidade da pesquisa-ensino-extensao.
     Os críticos da Universidade Publica, e espero que V.Sa. não se coloque também ao lado destes, desclassificam uma universidade que deveria resgatar o ecletismo e o ensino pluridisciplinar, construindo cidadãos produtores ( e não reprodutores!) de conhecimento!
     V.Sa. , creio, jamais leu o Documento "Orientações Básicas 1995" que orienta as ações do PET, elaborado pela própria CAPES.
     V.Sa., creio, desconhece também a avaliação NUPES (Núcleo de Pesquisas de Estudos Superiores da USP - encomendada pela CAPES) e aquela da própria CAPES, que coloca o PET como um dos grandes PROGRAMAS ( e não PROJETO, como V.Sa. erroneamente o classifica) de educação cientifica em todas as áreas existentes hoje no pais.
     Creio que V.Sa. desconhece também o BOYER REPORT, ai dos EUA, que tenta equacionar a qualidade da graduação nos EUA. Os avaliadores desse pais chegaram à conclusão de que um programa multidsiciplinar e com características idênticas àquelas do PET seria uma solução não somente viável, mas, sobretudo, extremamente necessária para a melhoria da
graduação.
     V.Sa. maldosamente diz em seu ultimo parágrafo "Programas como o PET, para mim, fazem parte da extensa gama de privilégios que a elite deste pais, ao longo da historia, tem garantido para si mesma."; Bom, em primeiro lugar, gostaria de dizer-lhe se V.Sa. entende bolsas de Iniciação Cientifica, Mestrado, Doutorado, Pos-Doutorado,  Recem-Doutor, Especialização, Auxilio-Viagem, etc. e etc., como privilégios?!?
     V.Sa.  mesma não faz parte de uma elite intelectual nesse pobre pais de analfabetos e banguelas, que, infelizmente é o nosso pais?
     O PET, ao contrario de projetos individuais, democratiza aquilo que produz. E a democratização só é possível graças a INVESTIMENTOS, e não PRIVILEGIOS como V.Sa. maldosamente atribui ao Programa. Hoje a CAPES é  governada por uma Diretoria que não conhece a ETICA e age de forma fascista. Lança editais de cortes, sucateamento e extinção do PET sempre nas ferias escolares. Promete a não extinção do Programa em Manifestações Publicas, acompanhadas pôr parlamentares, tutores, bolsistas e imprensa, e depois faz nula suas decisões com golpismos e casuismos.
     Gostaria que V.Sa., antes de criticar algo, pelo menos lesse os documentos que orientam um programa que existe há 20 anos. Desgostos particulares ou vivências pessoais não podem embasar criticas desonestas como as de V.Sa., que, por sinal, usa daquele expediente de fazer da exceção uma regra, jogando tudo numa vala comum.
     É o expediente dos sem-argumentos e dessa ELITE que desgoverna esse pais.

Prof. Dr. MARCOS CESAR DANHONI NEVES
TUTOR PET-FISICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA
e-mail: macedane@yahoo.com
pagina web: www.dfi.uem.br/~macedane

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Secretaria Geral SBQ
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