[Boletim-sbq] Boletim Eletronico No. 554
Luiz Carlos Dias luizsbq em iqm.unicamp.br
Segunda Fevereiro 21 14:55:28 BRST 2005
**********************************************************************
SBQ - BIENIO (2004/2006) BOLETIM ELETRONICO No. 554
**********************************************************************
______________________________________________________________________
Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
______________________________________________________________________
Veja nesta edição:
1. J. Braz. Chem. Soc., 2005, número 1, Volume 16, está online
2. Editorial J. Braz. Chem. Soc. 2005, número 1, Volume 16,
3. Seleção para professor substituto para Química Geral e Química
Inorgânica do Departamento de Química da UFJF
4. Contratação de 2.500 professores do ensino superior
5. Fusão cria maior fabricante de medicamentos genéricos do mundo
6. Jorge Almeida Guimarães: "Não há doutor qualificado sem emprego"
7. A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto conseguirá impedir
o aquecimento global? Não, responde Luiz Gylvan Meira Filho
8. A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto conseguirá impedir o
aquecimento global? Sim, responde Paulo Moutinho.
**********************************************************************
1. J. Braz. Chem. Soc., 2005, número 1, Volume 16, está online
**********************************************************************
Temos a satisfação de anunciar que o número 1, do Volume 16, do
J. Braz. Chem. Soc., 2005, já está disponível desde o dia 18 de
fevereiro de 2005 dentro do NOVO sítio da revista:
http://jbcs.sbq.org.br .
Agora é possível submeter seus trabalhos e acompanhar o andamento dos
mesmos usando a submissão On-Line. Inscreva-se como usuário em nossa
página e mande seus trabalhos On-Line. O sistema funciona da mesma forma
que as mais prestigiadas revistas internacionais indexadas, com
simplicidade e objetividade.
Para receber sempre o aviso de um novo número on-line, assine o Alert
disponível também na nossa página. Divulgue entre seus colegas, dentro
e fora do Brasil, este serviço, ajudando o JBCS a ser cada vez mais
conhecido e reconhecido no mundo científico. Faça um link para o JBCS
na sua página pessoal ou institucional. Não há custos envolvidos.
Os assinantes devem receber seus exemplares em breve.
Neste número temos 15 Artigos e 2 Short Reports totalizando 120
páginas, com as Novas Instruções aos Autores, incluindo instruções
para preparação do "Graphical Abstracs" quando da submissão.
Submeta seus trabalhos para publicação no JBCS ! Nosso "Impact Factor"
de 2003 é 0,895 e de 2002 é 1,036 !!!
Aproveite também a oportunidade para tornar-se assinante do JBCS se
você ainda não é, ou de garantir uma assinatura para a biblioteca de
sua Instituição.
Mais informações sobre a revista podem ser encontradas no NOVO website
http://jbcs.sbq.org.br. Visite-o e faça um link para o sítio do JBCS na
sua página pessoal, na página de seu laboratório e na biblioteca de sua
instituição pois não há custos envolvidos.
Prestigie.
Vamos continuar trabalhando juntos para aprimorar nossa revista cada
vez mais ! Faça citações das revistas da SBQ em seus trabalhos e
indique sempre possíveis citações do JBCS e QN para outros autores.
Editores do J. Braz. Chem. Soc.
**********************************************************************
2. Editorial J. Braz. Chem. Soc. 2005, número 1, Volume 16
**********************************************************************
EDITORIAL
Aproveitamos o início de mais um ano para uma breve avaliação do
Journal of the Brazilian Chemical Society no ano que passou e para
expor o que esperamos para a revista neste novo ano. A análise dos
dados relativos ao ano de 2004 mais uma vez mostra forte expansão do
Journal: o número de artigos submetidos para publicação, e o de
artigos efetivamente publicados aumentaram quase 20% em relação ao ano
anterior. Um aumento similar já havia sido relatado no Editorial do
primeiro número publicado em 2004, sinal de que a revista ainda está
em fase de crescimento e de que podemos almejar uma expansão ainda
maior. É importante salientar que este crescimento vem sendo também
acompanhado por um aumento na qualidade e na repercussão dos trabalhos
aqui publicados, como indica o aumento contínuo do índice de impacto
avaliado pelo ISI que, segundo nossas estimativas preliminares, deve-se
consolidar neste ano.
O processamento de um número cada vez maior de artigos, principalmente
em áreas cada vez mais diversas nas quais a Química tem papel
fundamental, sinalizou à Editoria que era necessário um quadro mais
amplo de editores que pudessem dedicar a atenção necessária a cada
artigo especializado. Por esta razão, a partir deste ano, a equipe do
JBCS contará com seis Editores Associados que participarão da tarefa de
acompanhar o processo de avaliação de cada artigo submetido. Agradecemos
aos colegas Franscico Radler de Aquino Neto, Luiz Carlos Dias, Jaísa
Fernandes Soares, Joaquim A. Nóbrega, Maysa Furlan e Ricardo Longo por
aceitarem participar desta tarefa conosco, e damos-lhes as boas vindas
a bordo!
O ano de 2004 marcou também o início da implantação do sistema
eletrônico de submissão e acompanhamento de manuscritos do JBCS. Este é
um sistema totalmente desenvolvido dentro da SBQ, e avaliamos com
satisfação que sua implementação ocorreu sem maiores problemas. Foi
muito importante, durante este período, a compreensão dos autores e
assessores para eventuais problemas que aconteceram, assim como suas
críticas e sugestões que permitiram o aperfeiçoamento do sistema cuja
implementação será finalizada no início deste ano. Este sistema será
disponibilizado para as outras revistas da SBQ com o apoio do CNPq que
concedeu recursos adicionais oriundos do Fundo Setorial de
Infra-Estrutura, em edital de apoio ao aperfeiçoamento da publicação
eletrônica dos periódicos nacionais.
O novo ano traz também mudanças no visual da revista. Este número marca
o início da utilização de Graphical Abstracts no JBCS, uma iniciativa
que visa facilitar a identificação dos pontos principais de cada artigo.
Neste ano publicaremos dois números especiais. O primeiro deles será
composto por contribuições de autores brasileiros e mexicanos e será
preparado conjuntamente pelos editores do JBCS e da Revista Mexicana de
Química, como uma iniciativa de aproximação entre as duas comunidades.
O segundo será publicado em homenagem aos 70 anos do Prof. Raimundo Braz
Filho, ressaltando suas contribuições para a Química brasileira. Devido
ao aumento do número de submissões e visando evitar que a publicação de
números especiais atrapalhe o fluxo dos manuscritos regulares, resolvemos
publicar os números especiais como números extras, o que levará ao
aumento de artigos publicados este ano. Nossa avaliação do ano que passou
é, portanto, extremamente positiva, e é com otimismo que encaramos o ano
que se inicia. Vale relembrar que o sucesso do Journal reflete a
qualidade da Química que se produz no país, e tem como alicerce o apoio
constante da comunidade química brasileira.
Watson Loh e Maria D. Vargas
**********************************************************************
3. Seleção para professor substituto para Química Geral e Química
Inorgânica do Departamento de Química da UFJF
**********************************************************************
Seleção para professor substituto para Química Geral e Química
Inorgânica do Departamento de Química da UFJF.
O candidato deverá ser graduado em Química ou ciências afins. Será
feita análise de currículo e entrevista. As incrições serão do dia
28/02 ao dia 02/03 na secretaria do Instituto de Ciências Exatas.
A seleção será dia 03/03 às 9:00h(as inscrições podem ser feitas pelo
correio mas a correspondência deve chegar em tempo hábil).
Informações de documentos para a inscrição pelo telefone
(32)3229-3302. Outras informações pelo endereço eletrônico
eugenio.graudo em ufjf.edu.br .
Fonte: Professor José Eugênio Graúdo
**********************************************************************
4. Contratação de 2.500 professores do ensino superior
**********************************************************************
O MEC publica na próxima quarta-feira, 23, portaria para contratação
de 2.500 professores do ensino superior, para as 55 instituições
federais de ensino superior (Ifes) de todo o Brasil
As vagas serão distribuídas a partir de critérios de desempenho,
previamente acordados com a Associação Nacional de Dirigentes de
Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Conforme o diretor do Depto. de Desenvolvimento do Ensino Superior
do MEC, Manuel Palácios da Cunha Melo, haverá 2 mil vagas para a
manutenção do corpo docente das Ifes.
No momento, o MEC está revisando as informações sobre o
desempenho de cada uma das instituições que servirão de base para
a distribuição dos cargos.
Até o início da próxima semana deverão ser concluídos os trabalhos
de revisão, realizados por pró-reitores das instituições e assessores
do MEC e, então, acontecerá uma reunião com a Andifes para,
finalmente, acertar a distribuição de todas as vagas.
As outras 500 vagas de docentes serão destinadas à expansão nos
10 campi, em sete estados, além de três novas Universidades que
estão sendo criadas - a Universidade Federal do ABC, a Universidade
Federal do Recôncavo Baiano e a Universidade Federal de Grande
Dourados.
A expectativa é que até o final de 2006 o MEC contrate o total de
6.500 novos professores.
No último dia 9, o ministro interino da Educação, Fernando Haddad,
assinou duas portarias, publicadas no Diário Oficial da União,
autorizando a contratação de 800 professores de ensino básico,
vinculados a Universidades federais, centros federais de educação
tecnológica (Cefets), escolas agrotécnicas federais, o Colégio Pedro
II, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) e o Instituto
Benjamin Constant.
Fonte: Sandro Santos, da assessoria de comunicação do MEC
**********************************************************************
5. Fusão cria maior fabricante de medicamentos genéricos do mundo
**********************************************************************
O laboratório farmacêutico suíço Novartis anunciou hoje a compra dos
laboratórios de fabricação de medicamentos genéricos Eon nos EUA
e Hexal na Alemanha por US$ 8,3 bilhões (R$ 21,3 bilhões)
em dinheiro.
Com as aquisições, a subsidiária da Novartis para a fabricação de
genéricos, a Sandoz, irá se tornar o maior laboratório do mundo neste
segmento. O negócio deve ser concluído no segundo semestre deste ano.
Analistas do setor farmacêutico dizem que a compra da Eon é
positiva, pois as organizações de saúde americanas preferem comprar
medicamentos de um único fornecedor, mas, na Alemanha, o comércio de
genéricos é muito forte e a concorrência deve ficar mais acirrada.
As vendas dos laboratórios Sandoz, Hexal e Eon combinadas chegaram em
2004 a US$ 5,1 bilhões (R$ 13 bilhões), contra US$ 4,8 bilhões
(R$ 12,3 bilhões) do israelense Teva Pharmaceuticals --hoje, o maior
fabricante de genéricos do mundo.
O laboratório Novartis é o terceiro maior da Europa. O
executivo-chefe da empresa, Daniel Vasella, disse que busca aumentar
as vendas do setor de genéricos, divisão com menor desempenho no
ano passado.
A Novartis anunciou também que uma redução na força de trabalho
pode ser necessária e espera reduzir seus custos em US$ 200 milhões
(R$ 513,4 milhões) nos próximos três anos.
Patentes expiradas
Vasella disse que os produtos farmacêuticos genéricos devem ganhar
espaço na Europa e nos EUA. Até 2007, grandes laboratórios como
GlaxoSmithKline e AstraZeneca devem perder patentes de medicamentos
cujas vendas anuais são avaliadas em US$ 82 bilhões (R$ 210,5 bilhões),
segundo a consultoria britânica Datamonitor.
Vasella disse ainda que o setor de medicamentos genéricos deve
movimentar cerca de US$ 100 bilhões (R$ 256,7 bilhões) até 2010.
Medicamentos genéricos são equivalentes aos remédios originais, mas
custam menos por envolverem menos custos com pesquisas e testes. Em
geral, podem ser vendidos depois de expirarem os prazos das patentes
originais.
Fonte: VINICIUS ALBUQUERQUE - Folha SP Online 21/02/2005
**********************************************************************
6. Jorge Almeida Guimarães: "Não há doutor qualificado sem emprego"
**********************************************************************
O fluminense Jorge Almeida Guimarães, 66, assumiu em fevereiro do
ano passado a presidência da Capes com um desafio que qualifica
de "brutal": capacitar cerca de 125 mil docentes em turmas de
mestrado e, até 2010, dobrar para 16 mil o número de doutores
titulados por ano.
Em resposta aos críticos que dizem não haver mercado para tantos
acadêmicos, Guimarães é categórico: bons doutores, diz, obtêm emprego
"imediatamente".
Leia a seguir trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.
Folha - A avaliação da Capes retrata fielmente a pós-graduação?
Guimarães - Sim, o nosso sistema de avaliação é dos melhores do
mundo, mesmo entre países muito desenvolvidos.
Folha - Por que a avaliação da graduação no Brasil não consegue
atingir êxito semelhante?
Guimarães - Bom, eu diria, em primeiro lugar, porque, apesar de os
cursos de pós crescerem substancialmente, comparativamente com a
graduação [o total] é muito menor. O que ocorreu com a graduação foi
o fato de que o Brasil tem um grande mercado, haja vista que nós
temos 10% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. Nos países
vizinhos, como Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, essa proporção
é na faixa dos 30%, e na Europa, 75%. Nos Estados Unidos [é de] 85%,
e o Canadá já passou dos 100% porque há muitos jovens na
universidade com menos de 18 anos. Então, a nossa situação
é dramática.
A pós-graduação vem crescendo em cursos novos 9% ao ano. É um
crescimento substancial. Mas são 3,3 milhões de alunos de graduação
e 110 mil de pós-graduação. Então, apesar do crescimento fantástico
da pós, ela ainda atrai uma proporção muito pequena [dos graduados].
Folha - Mas a demanda por cursos voltados ao mercado cresceu...
Guimarães - Porque nas áreas de ponta a graduação não dá conta de
preparar o que o mercado de trabalho precisa. Por exemplo, a
computação: uma área de ponta, extremamente importante. O Brasil é
rico em jovens com muita criatividade, que são atraídos pelo
mercado, e muitos não concluem a dissertação de mestrado. Isso
acontece na enfermagem, na odontologia, na administração, na economia,
em várias áreas que têm uma atração grande para pessoas que
não vão ser cientistas.
Folha - A qualidade da pós caiu com o aumento da oferta?
Guimarães - A pós de qualidade superior está centrada nas instituições
públicas e em algumas instituições comunitárias, como as PUCs do
Rio, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Minas, que
têm também cursos de muito bom nível. Há, naturalmente, uma
demanda no setor privado de explorar esse importante nicho, haja
vista a quantidade de cursos lato sensu.
Folha - Por que a Capes não avalia o lato sensu?
Guimarães - Por causa do tamanho. Mas há uma preocupação grande do MEC
de que nós vamos precisar, alguma hora, nos debruçarmos sobre a
questão do lato sensu. Ele está crescendo desesperadamente. Há
invasão de instituições até do exterior com desempenho sofrível. E
nós estamos preocupados com isso. Já temos estudos de como puxar para
o processo avaliativo o lato sensu. Não será, a não ser que haja uma
determinação superior, uma tarefa da Capes, mas, seguramente, o
know-how da Capes será utilizado. Os bons lato sensu estão se
apresentando na Capes como mestrados profissionais. Isso sim, porque
agora, ao fazer esse passo, a instituição aceita ser avaliada.
Folha - Recentemente, a Folha noticiou a dificuldade de doutores
para encontrar colocação. A Capes pode incentivar contratações?
Guimarães - Há várias respostas. A primeira é a seguinte: não
tem doutor qualificado sem emprego. É uma história muito curiosa, mas
a verdade é essa e tanto é que todo santo dia me pedem doutores
para trabalhar com salários muito bons. Pode haver algumas áreas já
com uma certa saturação, mas isso também não é tão verdade assim. Há
um pouco de exagero em dizer que tem doutor desempregado.
Folha - Então um doutor bem formado encontra emprego sem problemas?
Guimarães - Imediatamente, nas áreas tecnológicas, à beça. Outro
fator importante é o seguinte: hoje o Brasil tem 254 mil docentes
universitários. Só 21% têm doutorado e cerca de 30% têm mestrado, ou
seja, quase a metade dos nossos docentes universitários não têm
mestrado. Então, só o esforço de capacitar esses cento e tantos mil
docentes é brutal para a Capes. Formando 8.000 doutores por ano, nós
demoraríamos 15 anos se não houvesse crescimento dessa demanda e se
não houvesse ninguém saindo do sistema - porque também há uma saída
muito grande.
Então, de fato, essa notícia da Folha foi importante, mas nós já
estamos tomando providências. A Capes já está avisando a todas as
instituições privadas que aquelas que têm pós-graduação e estiverem
dispensando doutores terão dificuldades de manter seus cursos junto
à Capes. Não tenha dúvida.
Folha - Qual o total de mestres e doutores no país hoje?
Guimarães - Hoje são 54 mil [doutores]. Mestres é um pouco mais, deve
chegar a 80 mil. Agora, isso está muito longe da proporção de mestres,
doutores e cientistas que os países desenvolvidos têm. Então, a
demanda é muito grande.
Folha - Qual é o orçamento da Capes?
Guimarães - Eu peguei a Capes com orçamento de R$ 500 milhões no ano
passado. E a projeção deste ano, com o apoio do ministério, é de
R$ 683 milhões. É o maior aumento de orçamento da Capes desde que
ela foi criada num ano só.
Folha - Como esse dinheiro é aplicado?
Guimarães - 70% é aplicado em bolsas, 10%, na manutenção do
portal da Capes [www.capes.org.br], pelo qual toda a comunidade
científica brasileira passa a cada dois dias buscando conhecimento,
informação nova, patentes e dados internacionais. Os outros 20%
são de outros programas, como a cooperação internacional. A Capes
aplica apenas 2,3% em administração.
Folha - Os doutores são muito teóricos para o mercado privado? Estão
fadados a uma rotina de pesquisa e docência?
Guimarães - Eu fiz essa pergunta para quatro representantes das
engenharias, eles falaram: "Olha, o que nós formamos, imediatamente
o mercado absorve". Em enfermagem também, disseram: "Todos os
formados são imediatamente absorvidos pelos hospitais do interior
do Estado de São Paulo, com salários altíssimos". Como é que a
indústria farmacêutica brasileira vai desenvolver medicamentos sem
o pessoal qualificado da universidade?
Folha - Mas esses são casos de pesquisa. Em cargos executivos,
há vagas?
Guimarães - Não, para fazer genérico é cópia, você precisa de
um químico competente, e isso a graduação não faz, quem faz é a pós.
Essa é uma conversa de pessoal que quer desmerecer a pós-graduação.
Se fosse assim, a gente estava cheio de doutor desempregado por
aí. Não é verdade. Todo doutor em filosofia, por exemplo, é
imediatamente absorvido, porque é a área que mais tem curso
no Brasil.
Folha - A graduação forma mal?
Guimarães - O ensino brasileiro é muito ruim. Desde o primário até o
secundário. Tanto é que o Brasil está no 86º lugar no ranking do
Pnud [Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento], e 42º no
Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), porque
concorreram 42 países. O país está cheio de pessoas com diploma sem
se resolver no mercado de trabalho.
Nota do Editor: Artigo publicado na Folha SP Online, 20/02/2005, no
Caderno Educação. Neste caderno, há um guia completo sobre a
Avaliação da CAPES sobre os melhores Mestrados e Doutorados no
Brasil.
**********************************************************************
7. A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto conseguirá impedir
o aquecimento global? Não, responde Luiz Gylvan Meira Filho
**********************************************************************
'Um passo entre muitos'
A mudança do clima como resultado do aquecimento global obedece a
certas leis físicas. Como conseqüência, medidas de curto prazo,
como as do Protocolo de Kyoto, não são suficientes para impedir o
aquecimento global.
Considero o protocolo um passo inicial importante para evitar que
o clima mude muito e considero a sua entrada em vigor uma reiteração
importante, feita pela maioria dos países que são parte da convenção
das Nações Unidas sobre mudança de clima, do compromisso universal de
evitar que a mudança do clima atinja níveis perigosos.
Dito isso, vejamos por que o Protocolo de Kyoto não é suficiente
para impedir o aquecimento global.
A causa da mudança do clima é a emissão pelo homem de gases de
efeito estufa. Vamos considerar somente o gás carbônico, porque
é o mais importante e porque, a longo prazo, é o maior problema.
É fácil calcular a relação entre a causa (emissão) e o efeito (a
mudança do clima medida, por exemplo, em termos do aumento da
temperatura média da superfície do planeta).
Embora a mudança do clima inclua variações regionais de temperatura
e de precipitação e mudanças na intensidade e na freqüência
de fenômenos meteorológicos severos, o aumento da temperatura média
é uma boa métrica, já que as mudanças detalhadas tendem a ser
proporcionais ao aumento da temperatura média.
A emissão de gás carbônico provoca um aumento gradual da temperatura,
porque há que aquecer a água dos oceanos - e esta se mistura muito
lentamente - e porque o excesso de gás carbônico na atmosfera
diminui, a princípio rapidamente, ao ser fixado temporariamente na
biosfera e, depois lentamente, como resultado da retirada
pelos oceanos.
Cerca de 15% de todo o gás carbônico colocado na atmosfera pelo
homem ainda está lá, pois é retirado muito lentamente pelos oceanos,
numa escala de tempo de poucos milhares de anos. Uma vez distribuído
o calor nos oceanos, o planeta se livra do aquecimento pela radiação
do excesso de energia para o espaço.
A combinação desses fatores faz com que o resultado da emissão de
gás carbônico em um ano provoque um aumento gradual da temperatura,
atingindo o máximo em cerca de 40 ou 50 anos, e depois uma volta
muito lenta à temperatura original.
A única forma de atingir o objetivo da convenção é um processo,
necessariamente lento, de inflexão da curva de crescimento das
emissões globais até chegarmos a um nível constante de emissões, de
forma que a retirada do gás carbônico da atmosfera pelos oceanos
seja igual às emissões.
Somente assim a concentração de gás carbônico na atmosfera permanecerá
constante, embora em um nível diferente do nível anterior à revolução
industrial, de 280 partes por milhão em volume.
O novo clima será mais quente, em média. A cada vez que a
concentração for dobrada (estamos com 370 partes por milhão em
volume), a temperatura será cerca de 3,5 graus Celsius mais quente.
Já em seu primeiro relatório (de 1990), o Painel Intergovernamental
sobre Mudança do Clima advertia que, a longo prazo, será necessário
reduzir as emissões globais em cerca de 60%. Essa conclusão
permanece válida.
É evidente que o Protocolo de Kyoto -e vamos supor que venha a ser
implementado integralmente, inclusive pelos países que optaram por
não ratificá-lo - implica uma pequena inflexão nas emissões globais.
Seu efeito na mudança do clima é apenas uma pequena diminuição no
aumento da temperatura, dentro de algumas décadas, de uma pequena
fração de graus Celsius.
Nesse sentido, mais do que a diminuição das emissões até
2008-2012, será importante assegurar que a redução de emissões
nos países industrializados seja permanente.
O mesmo se aplica aos países em desenvolvimento, como o Brasil.
É com satisfação que noto a tendência, inclusive do setor privado,
de encarar os ganhos auferidos por meio do mecanismo de
desenvolvimento como um aporte necessário para a introdução de
novas práticas, que devem, até por inércia, se tornar permanentes.
Dada a natureza física do fenômeno do aquecimento global, é essa
continuidade que permitirá infletir lentamente a curva ascendente
da mudança do clima e preparar o terreno para os próximos passos no
longo caminho para atingir o objetivo da convenção.
Na recente conferência em Exeter, Inglaterra, organizada pelo
governo britânico, com o sugestivo título 'Evitando a mudança
perigosa do clima' (http://www.stabilisation2005.com), em referência
ao objetivo da convenção, concluiu-se que é viável, com um elenco de
tecnologias já disponíveis, a um custo suportável.
Basta, para isso, que as nações priorizem, cada uma em sua agenda,
o bem-estar das gerações futuras.
Nota do Editor: Luiz Gylvan Meira Filho é engenheiro eletrônico
pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (Ita), doutor em
astrogeofísica pela Universidade do Colorado, EUA, é professor
visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP. Foi o primeiro
presidente da Agência Espacial Brasileira (1994-2001).
Artigo escrito para a 'Folha de SP'', 19/2
**********************************************************************
8. A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto conseguirá impedir o
aquecimento global? Sim, responde Paulo Moutinho.
**********************************************************************
'Barreiras rompidas'
A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto abre as portas
para futuras e significativas reduções da emissão de gases de
efeito estufa.
Isso porque o protocolo representa a superação de barreiras até hoje
por muitos consideradas intransponíveis.
Falar em redução de emissões, por exemplo, de gás carbônico, o
principal gás de efeito estufa, é falar em mudanças drásticas e de
alto custo na matri