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Formação do professor: também
um problema da Química
A formação do químico, em nível de graduação e de pós-graduação,
tem sido um dos temas recorrentes das discussões patrocinadas
pela SBQ, a partir de 2000, objetivando produzir uma
agenda para a Química brasileira nas próximas décadas,
que traduza suas perspectivas e necessidades. O envolvimento
da comunidade dos químicos e de outros setores da sociedade
brasileira foi destaque e serviu como validação da iniciativa
e dos encaminhamentos resultantes das discussões. É
sabido que o baixo nível do ensino fundamental e médio
e, nos últimos 10 anos, o aumento dos cursos e das instituições
de ensino superior expansão sem o devido controle
vêm afetando adversamente a qualidade do ensino superior
no país. Por outro lado, as avaliações dos cursos de
graduação, conduzidas a partir de meados da década passada,
permitem, com as devidas restrições e limites interpretativos,
a descrição dos níveis de qualidade dos cursos superiores
brasileiros, dentre os quais os de Química.
Nesta palestra, serão analisados dados e opiniões de
especialistas sobre a formação do professor de Química
nos cursos de Licenciatura. A evasão escolar dos cursos
de formação de professores de Química é uma das mais
altas dentre todos os cursos e é explicada, sobretudo,
pela fraca formação trazida pelos alunos do ensino básico.
Os candidatos às Licenciaturas, incluindo-se os da Química,
estão entre os menos preparados academicamente. A carreira
de professor, desvalorizada por vários fatores, não
atrai os bons alunos do ensino médio.
O professor de Química deve ser formado em Cursos de
Licenciatura ou, sugestivamente, em uma Licenciatura
Especial em Química, que se diferenciará por oferecer
ao aluno, na seqüência, uma especialização nos moldes
do MBA. Sendo esta uma alternativa à Licenciatura
convencional, deverá viabilizar, além da qualificação
profissional dos docentes, o seu papel multiplicador,
dotando-os de competências para desenvolver novas metodologias
de ensino, programar workshops e Feiras de
Ciências, gerenciar políticas de educação científica
e de avaliação.
Como forma de valorizar o profissional em formação,
os licenciandos deverão receber auxílio de bolsa, ao
longo de todo o curso (havendo mérito acadêmico), para
que possam dedicar-se inteiramente aos estudos, iniciando
as atividades docentes e de gestão escolar já nos primeiros
semestres da graduação. O Estado deve entender que a
profissão de professor é uma carreira estratégica
para o país e, para tanto, nela deve investir.
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