A constante evolução das Metodologias Sintéticas. O caso da Reação de Heck com arenodiazônios

Carlos Roque Duarte Correia (UNICAMP)


Metodologias sintéticas formam o conjunto básico de ferramentas na construção de moléculas naturais e não naturais. A evolução da Síntese Orgânica é decorrência direta do desenvolvimento das metodologias empregadas em um processo sintético. Exemplos ilustrativos dessas metodologias são, por exemplo, as reações aldólicas, as reações de olefinação (Wittig, dentre outras), as reações de metáteses de olefinas, acoplamentos cruzados, etc. Significativamente, diversas dessas metodologias foram reconhecidas pela sua importância com o Prêmio Nobel.
Dentre as metodologias mais modernas, a reação de Heck tem tido um destaque acentuado, tanto pela sua versatilidade e eficiência na construção de moléculas orgânicas. A reação de Heck é um processo catalisado principalmente por paládio,onde temos a substituição de um hidrogênio em uma olefina por um grupo arila, vinila ou alquinila oriundo de um eletrófilo (basicamente triflatos ou haletos de arila, vinila e alquinila). Ao final da década de 70, Matsuda e colaboradores desenvolveram uma variante da reação de Heck, conhecida hoje como Heck-Matsuda, partindo de sais de arenodiazônio, cuja maior vantagem em reação a Heck tradicional é seu baixo custo e a maior reatividade dos sais de arenodiazônio. Essa reação, a despeito de suas vantagens operacionais, permaneceu pouco explorada em aplicações sintéticas.
Nesta palestra serão apresentadas as principais diferenças entre as reações de Heck tradicionais e aquelas empregando sais de arenodiazônio. A evolução da metodologia sintética, até então aplicada marginalmente em síntese orgânica, será ilustrada principalmente através de exemplos desenvolvidos por meu grupo de pesquisas nos últimos anos, por meio de novas aplicações em sínteses totais de moléculas de interesse medicinal, bioquímico e tecnológico.