(Lançamento de Livros)



"LINGUAGEM E FORMAÇÃO DE CONCEITOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS"

Resenha sobre o livro

Linguagem e Formação de Conceitos no Ensino de Ciências é um desdobramento da tese de doutorado de Eduardo Fleury Mortimer, um dos melhores trabalhos de pesquisa da área de ensino de Ciências, aprovada na Faculdade de Educação da USP, em 1994.

O livro relata uma intervenção real, numa sala de aula concreta do ensino fundamental, com estudantes reais. O leitor encontrará diversas transcrições de trechos dos debates entre os alunos e de produções deles, buscando construir significados para as noções de um modelo atômico da matéria.

Essa experiência é analisada, de forma crítica e erudita, sob diversos pontos de vista. A teoria piagetiana da equilibração é um dos referenciais privilegiados da análise; a idéia de Bachelard dos perfis epistemológicos dos conceitos é ampliada, adquirindo, além da dimensão epistemológica, uma outra, ontológica, idéia original de Mortimer. Há, também, uma incursão competente pelos domínios da história da Ciência.

Seguros da qualidade do trabalho, o autor e sua orientadora, a profa. Ana Maria Pessoa de Carvalho, perceberam a importância de que ele enriquecesse a sua formação em Leeds, Inglaterra, onde Mortimer participou do grupo de Rosalind Driver e exercitou outros referenciais teóricos: a corrente sócio-histórica da psicologia soviética e as idéias de Bakhtin da heterogenia discursiva.

Num momento em que se anunciava uma crise da concepção construtivista de ensino, particularmente do seu modelo da aprendizagem pela mudança conceitual, o autor teve a coragem de se arriscar a produzir um modelo alternativo, a aprendizagem como reformulação de um perfil conceitual.

Eis a obra que a Editora UFMG hoje disponibiliza aos leitores, um raro testemunho de um pensamento em permanente reformulação e o registro das múltiplas vozes presentes na voz do autor: dos estudantes, sujeitos de sua pesquisa, das eminentes pesquisadoras que o orientaram, dos autores que o inspiraram... Vozes que o autor consegue harmonizar, demonstrando, pelo exemplo, a idéia bakhtiniana da polifonia.

Luiz Otávio Fagundes Amaral

Texto da quarta capa

A pesquisa em Ensino de Ciências documentou, nos últimos 20 anos, uma variedade de idéias de crianças e adolescentes relacionadas a diversos conceitos que são ensinados em ciências, física, química e biologia.

Paralelo à pesquisa empírica, uma visão construtivista de aprendizagem orientou a proposição de estratégias de ensino que priorizam atividades centradas nos estudantes, planejadas para desafiar suas idéias e ensinar-lhes as idéias científicas.

Este livro analisa uma sequência de aulas construtivistas de Ciências da oitava série do Ensino Fundamental, destacando um aspecto que, apesar de fundamental, foi subestimado nesse esforço contrutivista: o papel da linguagem e do professor no processo de elaboração de conceitos na sala de aula. Quais são os modelos que os alunos sugerem para sólidos, líquidos e gases? Que obstáculos esses modelos encerram para a construção de um modelo atomista elementar? Por que as evidências não são suficientes para superar esses obstáculos? Ao discutir essas e outras questões, o autor destaca o papel decisivo das interações verbais entre professor e aluno(a)s e entre os próprios estudantes na intepretação das evidências empíricas e na superação dos obstáculos à aprendizagem de conceitos científicos.

Os professores, alunos de licenciatura e pesquisadores do Ensino de Ciências interessados em refletir sobre o uso da linguagem em sala de aula para promover a evolução dos conceitos e sobre o papel das idéias dos estudantes nesse processo encontrarão neste livro uma ferramenta fundamental.


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