Desenvolvimento de eletrodos de pasta de carbono modificados com filmes eletropolimerizados de azul da prússia
Viviane Midori Ivama (PG) e Silvia Helena Pires Serrano(PQ)
Departamento de Química Fundamental - Instituto de Química USP
Palavras - chave: eletrodos modificados, mediadores, azul da prússia,
Introdução e Objetivos: O monitoramento de H2O2 e peróxidos orgânicos é importante em diversos processos bioquímicos onde estes compostos encontram-se, direta ou indiretamente associado ao "stress" oxidativo(1) ; na industria de alimentos(2) e no meio ambiente(3). A determinação de peróxidos pode ser efetuada via enzimática e neste caso, a enzima mais utilizada é a peroxidase, enzima redox glicolisada que possui uma porfirina ou composto similar, como cofator fortemente ligado à estrutura da enzima. Na reação com peróxidos, a enzima nativa é oxidada, em uma única etapa envolvendo 2 elétrons, a um composto intermediário, denominado de composto (I). Para completar o ciclo catalítico, a enzima deve ser novamente reduzida a sua forma nativa. O processo ocorre em duas etapas envolvendo 1 elétron por etapa e a formação de um composto intermediário, denominado de composto (II). A redução da enzima à sua forma nativa pode ser obtida por reação direta no eletrodo, ou por meio de doadores eletrônicos, denominados de mediadores (ferrocianeto, fenóis, orto- e para- fenilenodiamina, ferroceno e seus derivados, etc)(4-7). O objetivo deste trabalho foi desenvolver eletrodos de pasta de carbono modificados com filmes de azul da prússia, obtidos por voltametria cíclica visando o futuro desenvolvimento de biossensores.
Métodos:
Todos os reagentes químicos utilizados foram de grau
analítico e as soluções HCl 0,1 mol L-1,
tampão fosfato de sódio (0,05 mol L-1
NaH2PO4 + 0,05 mol L-1 Na2HPO4),
foram devidamente preparadas com água deionizada. A composição
da solução para preparação dos filmes de
azul da prússia (FAP) foi: 2mmol L-1
K3[Fe(CN)6] + 3mmol L-1 FeCl3+
0,5 mol L-1 KNO3 em HCl 0,1 mol L-1.
Soluções
5% (v/v) de nafion foram preparadas em
alcool alifatico/água (90:10) e a mistura diluida para 1%
(v/v) com etanol/água (90:10) antes de ser usada. As medidas
de pH foram efetuadas utilizando-se pHmetro Modelo 654 e eletrodo de
vidro combinado modelo 6.0203.100 (OE), ambos da Metrohm. Todas as
medidas eletroquímicas foram realizadas utilizando-se um
computador 4.86 da Hundai acoplado a um potenciostato MQPG-01, com um
sistema potenciostato MQPG- 01. Utilizaram-se eletrodos de pasta de
carbono (eletrodo de trabalho), Ag/AgCl, KCl(s) (eletrodo
de referência), Pt e/ou Grafite (eletrodo auxíliar). Os
eletrodos modificados com FAP foram preparados efetuando-se 50
ciclos de potencial na solução modificadora no
intervalo - 0,4 V £ Eapl £
1,2 V com velocidade de varredura de 60mV s-1. Os testes
para a avaliação da estabilidade dos filmes foram
efetuados em tampão fosfato (pH=6,0) e HCl 0,02 mol L-1.
Resultados e
Conclusões: Avaliou-se o efeito da acidez e concentração
de KNO3 na formação e posterior estabilidade
dos filmes em eletrólito suporte (tampão fosfato pH =
6,0 e HCl 0,1 mol L-1). Estudaram-se as melhores condições
de formação do filme variando-se as concentrações
de HCl e KNO3 nos seguintes intervalos:
0,01 £
[HCl] £ 0,1 mol L-1
e KNO3 0 £ [KNO3]
£ 0,5 mol L-1. De
modo geral os filmes não são estáveis em tampão
fosfato (pH 6,0), ao contrário dos dados apresentados por Chi
et al(9) com exceção daqueles obtidos
a partir de soluções contendo
0,02 mol L-1 de
HCl (Figura 1) e 0,5 mol L-1 de KNO3.
Nestas condições, a estabilidade do filme em soluções
de HCl 0,01 mol L-1 e tampão fosfato, pH 6,0 foram
comparáveis, demonstrando que os filmes assim formados
apresentam potencialidade para o desenvolvimento de biossensores.
Durante a formação dos filmes, verificou-se que ocorria
depósito de azul da prússia sobre o contra eletrodo de
Pt. A observação experimental confirmou a proposta
apresentada por Ellis et al.(8), de que eletrodos
de Pt e Au atuam como catalisadores para a formação
química de filmes de azul da prússia, de acordo com o
mecanismo:
|
Fe 3+ + ½ H2O ® ¼ O2 + H+ + Fe2+
K+ + Fe2+ + [Fe(CN)6]3- Û KFe[Fe(CN)6]
DGtotal = -177 KJ mol-1
|
Figura 1
Bibliografia:
(1) O. Augusto; S. Hix; M.S. Morais e J. Vasquez-Vivar, Ciência e Cultura,47 (5/6), 280 (1995).
(2) R. Toniolo; N. Comisso; G. Bontempelli e G. Schiaron, Electroanalysis,8 (2), 151, (1996).
(3) F.R. Rocha e I.G.R. Gutz, Resumos do IX Encontro Nacional de Química Analítica, São Carlos, SP, p. 349 (1997).
(4) L. Gorton, Electroanalysis, 7 (1), 23 (1995).
(5) E.A. Hall; J.J. Gooding e C.E. Hall, Mikrochim. Acta, 121, 119 (1995).
(6) T.Ruzgas; E. Csoregi; J. Emnéus e L. Gorton, Anal. Chim. Acta, 330, 123 (1996).
(7) A.L. Guindilis; P. Atanasov e E. Wilkins, Eletroanalysis, 9 (9), 661 (1997).
(8) D. Ellis, M. Eckhoff, and V.D. Neff, J. Phys. Chem., 85, 1225-1231(1981).
(9) Qijin Chi, Shaojun Dong, Anal. Chim. Acta, 310 429-436 (1995).
CNPq/FAPESP