ESTUDO FÍSICO-QUÍMICO DO ÓLEO DE VARIEDADES DE Ricinus communis existentes no VALE DO RIO PARDO - Rio Grande do Sul.


Eduardo Lahud Pons (IC)1, Melissa Rodrigues Machado(IC)1, Diogo Eduardo Maioli Kortz(IC)1,Rosana de Cassia de Souza Schneider (PG)1,2, Lourdes Teresinha Kist (PQ)1, Márcia Martinelli(PQ)2 e Elina Bastos Caramão (PQ)2

  1. Universidade de Santa Cruz do Sul – Depto. de Química e Física - UNISC

  2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Depto. de Química - UFRGS


Palavras-chave: Ricinus communis, óleo vegetal, ácido ricinoleico


Dentre as espécies oleaginosas a mamona (Ricinus communis), destaca-se pela ampla utilização industrial principalmente na forma de óleo.

Existem mais variedades de mamona diferindo entre si pelo tamanho da semente, composição química e riqueza do óleo, o que influencia diretamente na qualidade e quantidade do óleo obtido.

O incentivo do plantio de mamona no estado do Rio Grande do Sul passa pela adaptação de variedades com alto rendimento em óleo e pela avaliação de variedades nativas, encontradas com facilidade em diversos locais da periferia dos municípios, pois este estado não tem tradição no cultivo de mamona. Apesar de estudos realizados na década de 70 indicarem maior produtividade por hectare no sul do país do que nos estados que tradicionalmente cultivavam, dando ao Brasil o título de grande produtor mundial em conjunto com a Índia. Após estes estudos, nada foi feito pois a economia nacional não beneficiou esta iniciativa da agricultura.

Acredita-se que a retomada dos incentivos parte inicialmente do conhecimento do rendimento em óleo e da qualidade do óleo obtido destas variedades passo inicial para avaliar esta cultura como uma oportunidade de diversificação agrícola na região de plantio de fumo do Vale do Rio Pardo – RS.

Com este objetivo, centrou-se os estudos na extração e avaliação do óleo de mamona, obtido das variedades: Nativa, D26, Tarabaí e B-9, sendo que as variedades cultivadas em lavouras foram fornecidas a partir de um estudo piloto que já está sendo realizado desde o ano de 1998.

Para tanto foram coletas em lavouras experimentais e na periferia do município, 7 amostras de mamona, que foram secadas e selecionadas. Estas amostras foram conduzidas a extração por solvente em extrator soxhlet e por prensagem em uma prensa hidráulica com pressão de até 6 toneladas.

O óleo obtido, foi analisado quanto ao índice de refração à 200C em refratômetro de Abbe; densidade relativa com picnômetro, índice de acidez, índice de iodo, índice de peróxido, índice de hidróxido, sendo estes últimos por volumetria; por espectroscopia de infravermelho (IV) e espectroscopia de ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN 1H).


Quanto ao rendimento em óleo obtido tem-se a variedade Nativa com teor 47,75% e a B-9 cultivada no município de Rio Pardo com 48,87%, com maior teor. As outras variedades apresentaram valores menores e dependentes do local de plantio.

A avaliação das alíquotas de óleo extraídas indicou em média uma densidade de 0,9592 ± 0,15.10-2 que estava contida na faixa de 0,940 e 0,960 expressa para ácido ricinoleico, principal constituinte deste óleo e para o índice de refração a 200C o valor de 1,479 para todas as amostras, conforme o valor esperado.

Quanto aos índices químicos que traduzem as diferenças entre as amostras de óleo dando-lhes maior poder de transformação e utilização na indústria, tem-se valores conforme são indicados para óleo de mamona, sendo que houveram diferenças nos valores referentes a análise de óleo obtido por técnica de extração diferente de uma mesma amostra, atribuída principalmente ao índice de iodo e índice de peróxido, parâmetros relacionados a oxidação do óleo, que na extração por solvente é mais favorecido.


Na avaliação qualitativa de todas as amostras, realizada por IV, observaram-se bandas características da triricinoleína em: 2920 cm-1 e 2855 cm-1 referente a deformação axial C-H; superposta à banda de deformação axial de O-H; 1730 cm-1 referente a deformação axial de C=O; 1460 cm-1 referente a deformação axial de C=C; 1380 cm-1 referente a deformação angular no plano de C-O-H; 1220 cm-1 referente a deformação axial de C-C(=O)-O; 1193 cm-1 referente a deformação axial assimétrica de C ··· C; 1050 cm-1 referente a deformação axial de C-O; 990 cm-1 e 890 cm-1 referente a deformação angular simétrica fora do plano de O-H e em 720 cm-1 referente a deformação angular assimétrica no plano do metileno.

A triricinoleína também foi identificada por RMN 1H, que possui seis hidrogênios vinílicos e que apresentam como sinal um multipleto na região entre 5,25 e 5,63 ppm; três hidrogênios metínicos, que se apresentam como multipleto na região de 3,55 e 3,69. Quanto aos deslocamentos químicos dos hidrogênios metilênicos, pode-se observar um duplo dublete em 4,11 e em 4,17 ppm e um duplo dublete em 4,27 e 4,33 ppm. Os hidrogênios metilênicos apresentam como deslocamento um multiplete entre 1,95 e 2,40 ppm. Na região entre 1,22 e 1,68 ppm observa-se um multipleto atribuídos aos hidrogênios metilênicos, os hidrogênios metílicos apresentam um triplete na região de 0,89 ppm.

Desta forma, os estudos realizados, abrem expectativas para a região, pois com as variedades analisadas obtém-se um óleo adequado a utilização industrial. Entretanto, depende das condições edafoclimáticas, que não são iguais nos municípios da região. Além disso, a variedade Nativa avaliada apresentou-se adequada a extração de óleo sendo relevante surgirem estudos agronômicos com suas sementes, para que seja classificada e cultivada em forma de lavoura.


CNPq