POLIANILINA eletrossintetizada em solução tamponada de acetato PARA proteção contra a CORROSÃO
Sandra Regina de Moraes (PG), Everaldo Carlos Venancio (PG), Artur de Jesus Motheo (PQ)
Instituto de Química de São Carlos, USP, Cx.P. 780, São Carlos, SP 13560-970.
Palavras-chaves: polianilina, tampão acetato, corrosão.
Introdução
Dentre os polímeros condutores, a polianilina (PAni) tem se destacado por apresentar inúmeras aplicações tecnológicas decorrentes da associação de suas propriedades químicas e físicas (solubilidade, estabilidade ambiental, baixa resistividade, facilidade de polimerização química ou eletroquímica, dopagem e baixo custo) [1]. A aplicação de PAni como um agente protetor contra a corrosão é uma alternativa de substituição aos compostos convencionalmente utilizados para tal. No entanto, os métodos clássicos de síntese eletroquímica e química de PAni são realizados na presença de ácidos fortes [1,2] o que, de certa forma, dificulta ou até inviabiliza a utilização destes métodos para obtenção de PAni diretamente sobre o substrato que se deseja proteger contra a corrosão. Uma das alternativas utilizadas atualmente, consiste na utilização de uma dispersão de PAni sintetizada quimicamente em um solvente apropriado (geralmente PAni desdopada dispersa em NMP) aplicada diretamente sobre o substrato. Estudos realizados aplicando esta técnica [3] mostraram que a PAni atua como agente protetor contra a corrosão de forma bastante efetiva alterando consideravelmente o valor do potencial de corrosão. Este método pode ser modificado através da obtenção direta de PAni sobre o susbtrato de interesse, eliminado etapas envolvidas no processamento de obtenção da dispersão. Alguns critérios importantes como agressividade do meio para não atacar o substrato, meios com pH menos ácidos (3,5 £ pH £ 5,5) são alternativos [1,3]. Alguns estudos sistemáticos visando a melhora das condições de síntese, tais como intervalo de potencial, pH e composição da solução têm propiciado a obtenção de filmes de PAni sem a agressão ao substrato [3].
Assim, o presente trabalho tem por objetivo determinar as condições de síntese eletroquímica de PAni em meio tamponado de acetato para utilização do filme polimérico como agente protetor contra a corrosão de aços.
Experimental
As eletropolimerizações de PAni foram realizadas em solução tampão de acetato com pH = 3,5 (concentração de 0,1 a 0,4 M), contendo NaNO3 (concentração de 0 a 0,2 M) e anilina 0,1 M. Foram utilizados os seguintes eletrodos: chapa de platina com 1 cm2 como eletrodo de trabalho; dois contra eletrodos de platina com 3 cm2 de área cada um; eletrodo de referência de calomelanos saturado (ECS). Todos os experimentos foram realizados sob atmosfera de nitrogênio a 25° ± 2°C, utilizando um potenciostato mod. 273A (EG&G/PARC). Os ensaios eletroquímicos foram realizados pela técnica de voltametria cíclica com o potencial variando entre 0,2 e 0,9 V a uma velocidade de varredura de 50 mV s-1.
Resultados e Discussão
Na Fig. 1 são apresentados os voltamogramas cíclicos (90 ciclos) de crescimento de PAni em meio de 0,1 M H3C(COOH) + H3C(COONa) + 0,05 M NaNO3 + 0,1 M anilina. Entre 0,6 e 0,8 V pode ser observado a nucleação do eletrodo de Pt com PAni e a eletrooxidação das moléculas de anilina, resultando no crescimento da PAni (processo redox entre 0,1 e 0,5 V).
Na Fig. 2 é mostrada a resposta eletroquímica do mesmo filme de PAni em 0,5 M H2SO4. Pode ser observado um par redox entre 0,15 e 0,35 V, característico de PAni [1,2].
Fig. 1. Voltamograma cíclico de crescimento (90 ciclos) de PAni em tampão acetato 0,1M (pH = 3,5) e 0,05 M NaNO3 a 50 mV s-1.
Fig. 2. Resposta eletroquímica do filme de PAni obtido na Fig.1 em 0,5 M H2SO4 a v= 50 mV s-1, Ei= -0,2 V e Ef= 0,6V.
Estes resultados mostram que é possível se obter filmes de PAni diretamente sobre substratos em meio tamponado utilizando-se condições adequadas. Além disto, o filme é extremamente aderente aos substratos metálicos testados (platina e aço doce).
Referências
Trived, D. C. Polyanilines in Nalwa, H. S. in Handbook of organic conductive molecules and polymers, v.2, Ed. Nalwa H. S., John Wiley & Sons Ltd., p.505,1997.
Mattoso, L.H.C. Química Nova, vol.19 , p.388-399 , 1996.
Santos Jr, J.R.; Motheo, A.J.; Mattoso, L.H.C. Electrochim. Acta, vol. 43 (3-4) p.309-313, 1998.
CAPES