SPATHODEA CAMPANULATA, CONSTITUINTES QUÍMICOS DAS RAIZES E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

Dalva Trevisan Ferreira1 (PQ), Elisângela Vinhato1 (IC), Rubens Cecchini 2(PQ), Sandra Cristina Heim2 (IC), Oliver Westby Howarth 3(PQ), Raimundo Braz-Filho 4(PQ)

1 e 2 Departamento de Química Centro de Ciências Exatas e Departamento de Ciências Patologicas, Centro de Ciências Biológicas – Universidade Estadual de Londrina. 3Department of Chemistry – Warwick University-England. 4Setor de Química de Produtos Naturais –LCQUI-CCT, Universidade Estadual Norte Fluminense.

palavras-chave: spathodea campanulata, bignoniaceae, antioxidantes

Introdução

A participação de radicais livres de oxigênio (RLO) nos processos patológicos, nas intoxicações e no envelhecimento tem se tornado uma área de pesquisa de grande interesse. Estes RLO estão envolvidos com diversas patologias, tais como: câncer, enfarte, doenças inflamatórias, doenças degenerativas (Parkinson, aterosclerose, demência senil ) e em certas doenças sanguineas.

Existem no nosso organismo, enzimas e moléculas de baixo pêso molecular que são denominadas genericamente de antioxidantes por inibirem a ação destes RLO. Um campo crescente de investigação tem sido a procura de antioxidantes de origem natural que possam ser utilizados como adjuvantes em muitas doenças. Estes constituintes são representados por e.g , flavonóides, triterpenóides, derivados fenólicos, peptídeos etc.

A busca de novos antioxidantes, mais específicos, mais potentes e a compreensão dos mecanismos de ação do RLO motivou a realização deste trabalho.

Para este estudo, foi selecionada a Spathodea campanulata, uma espécie da família das Bignoniáceas, coletada no Campus da Universidade de Londrina. Esta seleção levou em consideração a quimiotaxonomia da família e os esparsos estudos correlacionando a atividade biológica com os constituintes químicos.

A Spathodea campanulata ( tulipa africana) tem ampla distribuição na África e no Camarões. No Brasil, é muito utilizada como planta ornamental. Esta espécie tem sido relatada na terapêutica popular, como fitofármaco usado no tratamento de diversas patologias, tais como: edema, desinteria, úlceras e como antídoto de venenos 1. Os estudos realizados até o presente, relacionam-se com os extratos de néctar das flores, flores, folhas e casca do caule, sob diferentes aspectos. Todavia, não foram encontrados estudos químicos das raízes e nenhum estudo desta espécie como antioxidante.

Objetivos


Experimental

As raízes foram separadas em duas partes: externa e interna. As partes da planta: flores e raízes foram desidratadas em estufa com ar circulante a uma temperatura de 50 oC, trituradas e submetidas à extração com etanol. O solvente de extração foi concentrado em evaporador rotatório. Os extratos etanólicos obtidos das flores e das raízes (parte externa e interna) foram submetidos a testes de inibição de lipoperoxidação microssomal induzida por pelo sistema gerador de RLO, Fe3+ / ácido ascorbico e detectados pelo método do ácido tiobarbitúrico.

Separadamente, os extratos obtidos das raízes foram fracionados em colunas cromatográficas de sílica gel utilizando-se solventes com polaridades crescentes (hexano, diclorometano, acetado de etila). Os constituintes isolados foram purificados por meio de técnicas usuais em produtos naturais e por HPLC com reciclo. A determinação estrutural foi realizada com base na análise de dados espectrométricos de RMN 1H e 13C, e IV e CG-EM.

Resultados

Os extratos das flores, raízes (parte interna e externa) exercem poderoso efeito inibitório sobre a peroxidação. A inibição é diretamente proporcional à concentração dos três extratos. A maior inibição da reação foi obtida com o extrato da parte externa da raiz. Quando Fe3+ foi adicionado ao extrato, observavou-se uma significativa mudança espectral na região de UV do espectro original do extrato. Esta mudança caracterizou-se pelo aparecimento de uma banda de absorção bem definida cuja a intensidade revelou-se proporcional à quantidade de Fe3+ adicionada. Estes dados sugeriram a formação de um complexo entre os componentes do extrato e o ferro adicionado. Esta complexação representa um potencial mecanismo de inibição de lipoperoxidação uma vez que o ferro complexado não apresenta capacidade geradora de RLO no sistema empregado. A constatação de efeito antioxidante dos extratos etanólicos das partes de Spathodea campanulata estimulou a continuidade deste trabalho para a purificação e identificação dos constituintes das raízes.

No estudo químico dos extratos das raizes, foram identificados até o momento: a e b-D-glicopiranose na parte externa. Na parte interna foram identificados o sitosterol glicosilado e um derivado de bisfenol.

Conclusões

Considerando-se que a parte externa das raizes apresentou o maior efeito inibitório sobre a lipoperoxidação onde não se encontrou o derivado fenólico, parece lícito admitir que o alto poder de inibição revelado nas partes estudadas pode estar associado com a presença do bisfenol e a participação de outros componentes ainda não isolados.

Referências Bibliográficas

  1. Irvine, F. R.(1961) in: Woody Plants of Ghana, p.739-740, Oxorford University Press , London.


CNPq-PIBIC