ESTUDO SISTEMÁTICO DE FLAVONÓIDES EM PRÓPOLIS BÚLGARA POR CROMATOGRAFIA GASOSA DE ALTA RESOLUÇÃO E ALTA TEMPERATURA-eSPECTROMETRIA DE MASSAS.

Eliane Przytyk (PG)1, Alberto dos Santos Pereira (IC)1, Solange Lisboa de Castro (PQ)2, Vassya Bankova (PQ)3, Francisco Radler de Aquino Neto (PQ)1.


1 LADETEC- Instituto de Química-UFRJ, Ilha do Fundão. ladetec@iq.ufrj.br 2 Departamento de Ultra-estrutura e Biologia Celular, Instituto Oswaldo Cruz 3 Instituto de Química Orgânica, Academia Búlgara de Ciências, Sofia, Bulgária


palavras-chave: própolis, cromatografia gasosa de alta resolução e alta temperatura, flavonóides.


Própolis é o termo genérico utilizado para denominar um material resinoso, de composição bastante complexa, coletado pelas abelhas a partir de brotos, exudatos da árvore e de outras partes do tecido vegetal e posteriormente modificado na colméia por adição de secreções salivares e cera. Devido ao amplo espectro de atividades biológicas atribuídas à própolis há um aumento crescente nas pesquisas que buscam a caracterização dos componentes que possam ser os responsáveis por tais atividades. Estudos apontam os flavonóides como sendo os principais compostos bioativos em amostras de própolis européias.

Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise sistemática de flavonóides não derivatizados em extrato hidro-alcoólico bruto de própolis por Cromatografia Gasosa de Alta Resolução e Alta Temperatura (CGAR-AT) acoplada à Espectrometria de Massas (CGAR-AT-EM).


Experimental

Própolis da Bulgária: A própolis foi coletada de apiário localizado próximo à cidade de Burgas, região sudeste da Bulgária. Sua origem botânica é o exudato do broto do álamo negro Populus nigra L.

Extrações: 10 g da própolis foram cortados em pequenos pedaços e extraídos com EtOH 70% sob agitação por 24 horas à temperatura ambiente. O filtrado foi evaporado sob pressão reduzida à 40°C até obtenção de extrato seco.

Análises cromatográficas: Uma alíquota de 10 mg foi retirada do extrato hidro-alcoólico e solubilizada com 200 mL de metanol. As análises foram realizadas utilizando um cromatógrafo HP-5890-ll acoplado a um espectrômetro de massas HP-5972 MSD (temperatura da interface: 370°C, impacto de elétrons e 70eV) e injetor do tipo na coluna a frio (“cold on-column”); foi usada uma coluna de borossilicato de 20 metros de comprimento e 0,2 mm de diâmetro interno, recoberta com fase PS-086 (15% fenil - 85% metilpolissiloxana), com 0,2 mm de espessura de filme. Os volumes injetados foram de 0,2 mL, com injetor à temperatura ambiente. Programação da coluna: 40°C 12°C/min até 390°C (20 min). Foi utilizado Hélio como gás carreador à 38 cm/s.

A CGAR-AT-EM foi a técnica escolhida por ser muito eficiente para realizar a separação e identificação dos componentes de misturas complexas (como por exemplo a própolis), uma vez que muitos destes compostos não eluiriam se analisados em CG convencional ou poderiam degradar no injetor (por serem termolábeis). Este problema é contornado em CGAR-AT-EM, devido à utilização de injetor do tipo na coluna à frio, sendo assim, a transferência de amostra para a coluna é garantidamente quantitativa.

O extrato hidro-alcoólico forneceu um alto teor de flavonóides (maior que 80%). A extração forneceu 6,25 gramas de extrato seco, representando um rendimento de 62,5% Neste extrato, foram caracterizados 9 flavonóides (1 chalcona, 3 flavonas, 4 flavanonas e 1 flavonol). As flavanonas caracterizadas foram a pinocembrina e uma série de pinobanskinas ilustradas abaixo:



Os dados obtidos confirmam o alto teor de flavonóides encontrado em amostras de própolis européias, contrastando com resultados obtidos na análise de amostras brasileiras realizadas em nosso laboratório, uma vez que em sua maioria apresentaram baixos teores de flavonóides.

Os resultados demonstram a potencialidade da técnica para análise de flavonóides, sem a necessidade de derivatização ou “clean-up”, possibilitando assim uma análise rápida e sistemática, credenciando a CGAR-AT-EM como uma potente ferramenta analítica para o controle da qualidade de própolis e outros produtos naturais.

Referências:

1-Pereira, A. S.; Ramos, M. F. S.; Poças, E. S. C.; Dias, P. C. M.; Santos, E. P.; Silva, J. F. M.; Cardoso, J. N.; Aquino Neto, F. R. (1999) Z. Naturforschung (54c) 395-400.

2-Pereira, A. S.; Pinto. A. C.; Ramos, M. F. S.; Dellamora-Ortiz, G. M.; Santos, E. P.; Cardoso, J. N.; Aquino Neto, F. R. (1998) J. High Resol. Chromatogr., 21, 396-400.

3-Marcucci, M. C. (1995) Apidologie, 26, 83-99.



(CNPq, UFRJ/SR-2, FAPERJ, FUJB, FINEP)