3,4-SECO-DITERPENOS DE CROTON SONDERIANUS


Regina Cláudia de Matos Dourado (PG) e Edilberto Rocha Silveira (PQ)

Departamento de Química Orgânica e Inorgânica

Curso de Pós-Graduação em Química Orgânica

Universidade Federal do Ceará


Palavras-chave: 3,4-seco-diterpenos,Croton sonderianus, Euphorbiaceae.


Croton sonderianus (Euphorbiaceae), conhecido popularmente como "marmeleiro preto", comumente encontrado na região Nordeste, especialmente no Ceará, é usado na medicina popular no tratamento de distúrbios gástricos e tem sido extensivamente estudado em nossos laboratórios1. O Gênero Croton, o segundo maior da família Euphorbiaceae2, inclui aproximadamente 1000 espécies, das quais algumas são conhecidas como fonte de diterpenos, principalmente diterpenos do tipo clerodano furânico3. Também são relatados diterpenos do tipo cleistantano4, beierano5, caurano6 e labdano7. Estudos farmacológicos dos extratos orgânicos e substâncias isoladas, das raízes de Croton sonderianus, coletadas em Sobral-Ceará, revelaram significativa atividade biológica8. O Ácido 3,4-seco-traquilobanóico, um dos constituintes químicos isolados das raízes de C. sonderianus8, apresentou atividade antimicrobiana contra Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus, Saccharomyces cerevisiae e atividade fungicida contra Candida albicans, Trichophyton mentagrophyts e Polyporus sanguineus8.

Dando continuidade ao estudo fitoquímico de C. sonderianus, visando o isolamento de novas substâncias, bem como a avaliação da atividade antiinflamatória dos extratos por solventes orgânicos e possíveis substâncias isoladas, as raízes de especimens de uma outra região geográfica (Acarape-CE) foram coletadas, secas, moídas e extraídas com hexano seguido por etanol. Cromatografias sucessivas do extrato hexânico, sobre gel de sílica, empregando-se solventes em escala crescente de polaridade (hexano, CHCl3, Acetato de etila e MeOH) permitiu o isolamento das substâncias I-IV. A substância I, isolada na forma de éster metílico, foi caracterizada como sendo o Ácido 3,4-seco-Traquilobanóico por comparação dos seus dados espectrométricos, principalmente RMN 1H e 13C, com dados registrados na literatura para a mesma substância e da mesma fonte8.

A substância II, de maior Rf dentre II-IV, foi caracterizada como álcool terciário, assim como as duas outras, através dos espectros no infravermelho e RMN 13C (carbono não hidrogenado em ~72,0 ppm). Comparação com dados espectrométricos de I, assim como de outros diterpenos carbinólicos com esqueleto atisano, da literatura, permitiu a proposição da estrutura II. O mesmo procedimento, desta feita por comparação com dados de diterpenos com esqueleto caurânico hidroxilados na posição 16 permitiram a identificação de III. A estrutura IV foi proposta como um epímero de II no carbono-10 em virtude da semelhança dos dados de RMN, exceto para a multiplicidade e deslocamento químico dos hidrogênios a à carbonila.
















Levantamento bibliográfico no Chemical Abstract, que não pretende ser exaustivo, revela o ineditismo das substâncias, para a espécie, bem como para o gênero Croton.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


1) E.R. Silveira, "Contribuição ao Conhecimento Químico de Plantas Nativas do Nordeste Croton sonderianus Muell. Arg. Tese apresentada ao Departamento de Química Orgânica da UFC, Fortaleza-Ceará, 1979.

2) R. Braga, Plantas do Nordeste, Especialmente de Ceará; Escola Superior de Agricultura de Mossoro Ed., 3ª ed., Fortaleza, 1976.

3) A. A. Craveiro, E.R. Silveira, R.Braz Filho , Phytochemistry, 20, 852, 1981.

4) A. A. Craveiro, E.R. Silveira, Phytochemistry, 21, 2571, 1975.

5) N.R. Dennison, R.N. Mirrington, Aust. J. Chem., 28, 925, 1975.

6) A. G. Gonzalez, B.M. Fraga, M.G. Hernandez, J.R. Hanson, Phytochemistry, 20, 846, 1981.

7) S. Roengsumram, A.D. Sommit, Phytochemistry, 50, 449, 1999.

8) J.D. McChesney, A.M. Clark, E.R. Silveira, J. Nat. Prod. 54, 6, 1625, 1991.



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