CONSTITUINTES QUÍMICOS FIXOS E VOLÁTEIS DE COMBRETUM LAXUM (COMBRETACEAE).


Sidney Gonçalo de Lima (PG), Edilberto Rocha Silveira (PQ).

Departamento de Química Orgânica e Inorgânica

Centro de Ciências – Universidade Federal do Ceará,

Cx. postal 12200, 60455-760- Fortaleza – Ce.


Palavras-chave: Combretum laxum, Euphorbiaceae, Terpenóides.



A literatura apresenta vários registros da utilização de plantas da família Combretaceae em medicina popular, especialmente na África e Índia.1 O gênero Combretum (Combretaceae), compreendendo 250 espécies, de distribuição cosmopolita, apresenta cerca de 10% de suas espécies citadas na literatura com uso etnofarmacológico principalmente no tratamento de doenças como câncer, lepra, febres tropicais, cólicas etc.2-3 A flora cearense possui algumas espécies representantes deste gênero, denominadas popularmente como mofumbos, destacando-se a larga dispersão de Combretum leprosum (mofumbo branco), cujas cascas são utilizadas etnofarmacologicamente como cicatrizante.4 Também, de dispersão razoável, é encontrado o Combretum lanceolatum (mofumbo vermelho). Estudo fitoquímico das espécies citadas, em nossos laboratórios, permitiram a caracterização de flavonóides (agliconas e heterosídeos), triterpenos (particularmente cicloartenóides).

Recentemente exemplares de uma outra espécie, de baixa dispersão, foram coletados e identificados como Combretum laxum. Como não foi encontrado qualquer relato sobre a análise fitoquímica da espécie no Chemical Abstract, o mesmo foi escolhido como sujeito de dissertação de mestrado.

Uma alíquota das flores de Combretum laxum, coletadas no município de Água Verde - Ceará, foi submetida a hidrodestilação, fornecendo o óleo essencial e o decocto correspondentes. O óleo essencial foi analisado por CGL/EM, permitindo a identificação de 11 constituintes principais, dentre os quais o Linalol e o (E,E)-a-farneseno apresentaram maior teor, com 15 e 32% respectivamente (tabela 1).

O decocto, depois de evaporado, foi ressuspendido em água e extraído com acetato de etila. A fração orgânica foi cromatografada em sephadex, fornecendo o ácido gálico.

A torta resultante da hidrodestilação foi extraída com hexano, seguida por etanol. Cromatografia sobre gel de sílica, do extrato hexânico obtido, forneceu significativa quantidade de triterpenos, os quais foram identificados como lupeol, 1, e principalmente sua cetona correspondente, 2.

Visando o treinamento do estudante em procedimentos de obtenção de derivados reacionais, bem como na obtenção e análise de dados de RMN 13C, foram preparados os produtos de hidrogenação, 3 e 4 e ozonólise, 5.



Tabela 1. Constituintes químicos do óleo essencial do Combretum laxum.





SUBSTÂNCIA

I.K.*

TEOR (%)

óxido de cis-linalol

1045

7,76

óxido de trans-linalol

1062

17,12

a-terpinoleno

1082

5,81

linalol

1085

15,16

a-terpineol

1160

1,09

salicilato de metila

1162

9,57

trans-cariofileno

1408

1,11

a-zingibereno

1489

4,10

(E,E)-a-farneseno

1499

31,79

dendrolasina

1568

1,28

caureno

1981

1,06




Total= 95,85%


I.K.* Índice de Kovats.



1. PETTIT, R.G.; SINGH, S.B. et al. J. Med. Chem. 38, 1666-1672 (1995).

2. CASTLENDEN, I.R.; HALL, S.R. et al. J. Med. Chem. 38, 1177 (1985).

3. OGAN, A.V. Planta Medica, 21(2), 210(1972).

4. MATOS, F.J.A. Plantas da Medicina Popular do Nordeste.

Fortaleza: edições UFC, p26. 1999.



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