Desenvolvimento de amostrador passivo para monitoração ambiental de NO2


Jussival de Abreu Pinheiro Novaes (IC), Vânia Palmeira Campos (PQ), Adriana Moreno Costa (PQ) & Tania Mascarenhas Tavares (PQ)


LAQUAM (Laboratório de Química Analítica Ambiental) - Departamento de Química Analítica – Instituto de Química / Universidade Federal da Bahia.


palavras-chave: amostrador passivo, NO2 , monitoramento ambiental


Amostradores passivos, quando comparados a amostradores ativos, inclusive monitores contínuos, apresentam as vantagens de dispensar a utilização de energia elétrica, serem de fácil manipulação e terem baixo custo. A aplicação simultânea de um grande número destes dispositivos permite uma grande resolução espacial, adequada a mapeamentos e calibrações de modelos atmosféricos.

O objetivo deste trabalho foi desenvolver um monitor passivo para NO2, utilizável em ambientes tropicais de modo a melhor possibilitar uma maior abrangência espacial para redes de monitoramento atmosférico, ao tempo em que possibilita diminuir o custo-benefício no desenvolvimento de suas atividades de gerenciamento ambiental.

O monitor passivo desenvolvido (configuração sugerida por Ferm & Svanberg[1]) constitui-se de um corpo cilíndrico de polietileno de 12 mm de altura e 20 mm de diâmetro, tela de aço inox (0,08 x 0,125 mm) na entrada de ar, seguida por um filtro de teflon. Após o caminho de difusão (12 mm) encontra-se um filtro (celulose) impregnado com um reagente adequado destinado a fixar o NO2 que difunde através do espaço do corpo do amostrador (Figura 1).


Figura 1. Modelo do Amostrador Passivo


Diferentes reagentes foram estudados para a impregnação do filtro usado como meio de coleta de NO2: a) Trietanolamina a 20%, b) mistura de KI + NaAsO2 + etilenoglicol e c) mistura de KI e KOH . Testes para verificar a absorção de NO2 nas soluções destes reagentes foram feitos através de borbulhamento de atmosfera padrão de NO2 gerada por tubo de permeação, cuja taxa foi determinada gravimetrica e analiticamente como 165 ± 3 ng NO2/min. Tomou-se como solução de referência para estes testes o reagente Griess-Saltzman[2] (sulfanilamida/dicloreto de N-(1-naftil)-etilenodiamina/ H3PO4), tempo de borbulhamento de 10 minutos e fluxo de NO2 carreado por N2 puro de 3.5 L/h . Após fixação do NO2 em 10 mL de solução, análises espectrofotométricas foram feitas a 530 nm, sendo o NO2 determinado como nitrito . A tabela 1 apresenta as eficiências de absorção do NO2 naquelas soluções e as reações que ocorrem para a fixação do mesmo.

Tabela 1: Eficiência de Absorção de NO2 em diferentes soluções




Apesar da alta absorção de NO2 nas soluções testadas, o uso destes reagentes como solução de impregnação do meio de coleta no monitor passivo mostrou que trietanolamina apresenta problemas de instabilidade , problemas de branco e interferências químicas. O produto da reação do NO2 na mistura de KI e AsO2- (em solução) é estável por cerca de um mês com perdas menores do que 5% quando ocorrem e não são reconhecidas interferências de NO, O3 e SO2 em concentrações <200 ppb . No entanto, no monitor passivo o reagente mostrou-se inadequado como meio de coleta durante exposição dos monitores por períodos mais longos do que duas semanas. Até este limite de exposição o monitor passivo utilizando este reagente mostrou desempenho adequado tanto quando exposto em atmosfera remota (Floresta Amazônica) quanto em atmosfera industrial (área de influência de complexo petroquímico, no Recôncavo Baiano). Estudos adicionais são necessários no sentido de verificar esta aparente instabilidade daquele meio amostral. A mistura de KI e KOH usada como meio de coleta no amostrador passivo para NO2 confere ao mesmo um desempenho bastante adequado : precisão de 3,5% (desvio padrão relativo de medidas simultâneas com conjunto de 5 monitores passivos), exatidão entre 1 e 2% (erro em relação a medidas contínuas simultâneas) e limite de quantificação de 0,45 ppbv NO2.


[1] Ferm, M.; Svanberg, P. A, Atmos. Environ., 32(8):1377-1381, 1998 .

[2] ASTM, Parte 26, 1977, p.492.



CNPq, FINEP, CENPES, BACELL, FAPESP