IDENTIFICAÇÃO DE DOIS TRITERPENOS DO FUNGO PISOLITHUS TINCTORIUS


Maria Lucília Motinha Zamuner (PG)1, Edson Rodrigues Filho (PQ*)2,, Diógenes Aparício Garcia Cortez (PQ)1, Benedito Prado Dias Filho (PQ)3


1Departamento de Farmácia e Farmacologia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá-Pr, Brasil - lzamuner@wnet.com.br

2Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brasil - edson@dq.ufscar.br

3Departamento de Análises Clínicas, Universidade Estadual de Maringá, Maringá-Pr, Brasil


Palavras-chave: Pisolithus tinctorius, antimicrobianos, triterpenos


O fungo Pisolithus tinctorius da classe dos Basidiomycetes, família Sclerodermataceae, isolado das raízes e solo que circundam muitas espécies de pinheiros e eucaliptos, formando ectomicorrizas, é conhecido por sua habilidade em ajudar a planta hospedeira a obter sais minerais do solo necessários à sua sobrevivência [2].

Tem sido atribuído a este fungo a capacidade de estimular o crescimento da planta, mesmo em solos de baixa fertilidade devido à produção de fitohormônios [1].

Às ectomicorrizas do fungo P. tinctorius é atribuída a função de proteger árvores de pinheiros ou eucaliptos, no processo de reflorestamento, contra doenças causadas por microorganismos. Recentemente, Tsantrizos e Kope [6] demonstraram que culturas de P. tinctorius exibiram forte atividade antifúngica e suas pesquisas permitiram o isolamento e identificação de dois compostos antibióticos denominados de pisolitina A e B.

Os principais metabólitos secundários dos “corpos de frutificação” (basidiocarpos) isolados deste fungo são os derivados naftalenóides do ácido pulvínico [4] e vários triterpenóides [2,3].

Este fungo pode crescer também “in vitro”, e apresenta especificidade em relação ao hospedeiro. Experimentos em estufas [5], demonstraram que isolados coletados em várias regiões do Brasil, colonizavam apenas espécies de eucaliptos e, outros coletados no exterior, colonizavam principalmente espécies de pinheiros.

Tendo em vista a importância deste fungo na preservação de áreas verdes, e no reflorestamento de áreas degradadas, o mesmo foi selecionado para o estudo fitoquímico e biológico.

Desta forma, basidiocarpos (1.436 g) do fungo P. tinctorius coletados no campus da Universidade Federal de São Carlos, foram preparados e macerados em solventes em ordem crescente de polaridade. O extrato bruto obtido foi submetido a partição líquido/líquido. Ensaios biológicos (antibacterianos, antifúngicos e moluscicida) foram realizados com os extratos obtidos. A fração metanólica (5,23 g) que apresentou atividade contra o B. subtilis foi cromatografada em coluna de sílica gel 60 70-230 mesh, cujos eluentes foram: hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol. A fração acetato de etila (1,30g), apresentou forte atividade tanto bactericida quanto bacteriostática contra o B. subtilis, pelo método da microdiluição (MIC).


Baseado nestes resultados a fração foi submetida a diversos fracionamentos em colunas de sephadex LH-20, sílica gel 60, sílica flash e em placa preparativa, que resultaram na obtenção de 5,5 mg e 3,5 mg dos compostos (1) e (2) respectivamente.

A determinação estrutural destes compostos foi feita com base em dados espectrais de IV, EM, RMN de 1H e 13C, COSY e comparação com dados relatados na literatura [3]. A estrutura do composto (1) é compatível à do pisosterol, principal triterpeno de P. tinctorius e a estrutura do composto (2) sugere o pisosterol oxidado na posição 3, composto ainda não isolado desta espécie de fungo.


01. ARSHAD, M. ; FRANKENBERGER JR., W. T. Microbial production of plant hormones. Plant and Soil, v.133, p. 1-8, 1991.

02. BAUMERT, A .; SCHUMANN, B. ; PORZEL, A. ; SCHMIDT, J.; STRACK, D. Triterpenoids from Pisolithus tinctorius isolates and ectomycorrhizas. Phytochemistry. v.45, n.3, p.499-504, 1997.

03. GILL, M. ; KIEFEL, M.J. ; SKELTON, B.W.; WHITE, H . The structure and absolute stereochemistry of pisosterol, the principal triterpenoid from fruitbodies of the fungus Pisolithus tinctorius. Aust. J. Chem. V.42, p.995-1001, 1989.

04. GILL, M.; LALLY, D. A . A naphthalenoid pulvinic acid derivative from the fungus Pisolithus tinctorius. Phytochemistry. v. 24, n. 6, p.1351-1354, 1985.

05. JUNGHANS, D.,T.; GOMES, E. A.; GUIMARAES, W.V.; BARROS, E. G.; ARAUJO, E. F. Genetic diversity of the ectomycorrhizal fungus Pisolithus tinctorius based on RAPD-PCR analysis. Mycorrhiza. v. 7, n. 5, p. 243-248, 1998.

06. TSANTRIZOS, Y.S.; KOPE, H.H.; FORTIN, J. A; OGILVIE, K. K. Antifungal antibiotics from pisolithus tinctorius. Phytochemistry. v.30, n.4, p. 1113-1118, 1991.

CAPES/FAPESP/CNPq