DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA A QUANTIFICAÇÃO DE Mo(VI) EM FLUXO COM DETECÇÃO AMPEROMÉTRICA
Tiago Luiz Ferreira (IC), Vânia Mori (PG) e Mauro Bertotti (PQ)
palavras-chave: molibdênio, catálise, análise em fluxo.
O molibdênio é um elemento essencial para organismos vivos, visto que muitos processos biológicos são catalisados por enzimas contendo este íon metálico. Desta forma, o desenvolvimento de métodos analíticos para a quantificação desta espécie constitui-se em área de interesse. É sabido que o íon molibdato (MoO4-2) catalisa a reação envolvendo perborato e iodeto em meio convenientemente ácido, levando à formação de triiodeto em condições de excesso de iodeto [1].
No presente trabalho pretende-se encontrar condições experimentais favoráveis para o desenvolvimento de método analítico para a determinação de Mo(VI) em sistema FIA. O analito será quantificado de maneira indireta monitorando-se o triiodeto gerado na reação catalisada com um microeletrodo polarizado em +200 mV [2].
Reagentes. Todos os reagentes utilizados são de procedência analítica e as soluções foram preparadas diluindo-se solução concentrada (ácido sulfúrico) ou dissolvendo-se o sólido em água destilada (perborato de sódio, iodeto de potássio, molibdato de sódio).
Estudos espectrofotométricos. Para os estudos preliminares sobre a catálise do Mo(VI) no sistema iodeto/perborato em meio ácido, o monitoramento da formação do triiodeto gerado na reação foi feito com a utilização de um espectrofotômetro Beckman tipo DU 70.
Estudos cronoamperométricos. Nos estudos eletroquímicos, utilizou-se um potenciostato EG&G PAR 273A, eletrodo auxiliar de fio de platina, eletrodo de referência (Ag/AgCl em KCl saturado) e microeletrodo de disco de platina (r=50mm).
Sistema em fluxo. Para esse estudo, foi utilizado uma célula eletroquímica de acrílico (tipo wall-jet) com sistema de três eletrodos. O fluxo transportador foi impulsionado pela ação da gravidade e as concentrações dos componentes do eletrólito transportador foram otimizadas a fim de se aumentar o sinal analítico. Para obtenção dos fiagramas, utilizou-se um polarógrafo Tacussel tipo Polaropulse PRG-5. As medidas amperométricas foram realizadas com eletrodo de carbono vítreo de tamanho convencional (r = 1 mm) polarizado em +200 mV.
A figura 1 demonstra o papel do Mo(VI) na catálise da formação do triiodeto via reação entre perborato e iodeto. Estudos espectrofotométricos preliminares foram realizados com a finalidade de buscar condições nas quais a formação de triiodeto fosse otimizada na presença de Mo(VI) e o sinal para o branco (oxidação espontânea do iodeto pelo perborato) fosse minimizado. Os resultados demonstram que o método pode ser convenientemente adaptado ao sistema em fluxo com detecção amperométrica do triiodeto gerado quimicamente. Resultados com eletrodo de dimensões convencionais foram obtidos como mostra a figura 2. Em estudos futuros espera-se determinar o íon metálico na faixa de sub ppb e para tanto tem-se estudado a influência das concentrações das soluções que compõem o eletrólito transportador (iodeto, perborato e ácido sulfúrico) no sinal amperométrico após a injeção de Mo(VI). Prevê-se também empregar microeletrodo de platina ao invés de eletrodo de carbono vítreo visando diminuir os limites de detecção para a determinação de Mo(VI).
Figura
1 Estudo da variação da corrente em função
do tempo utilizando microeletrodo de disco de platina (r = 50 mm):
A-)Branco (iodeto 8,4mM; perborato 0,6mM; ácido sulfúrico
63,0 mM) e B-) Branco + Mo(VI) 0,37 mM.
E = +200 mV.
Figura
2 Injeções de soluções de Mo(VI):
A: 1mM, B: 2mM
e C: 3mM; num fluxo carregador
contendo iodeto 0,02 M, perborato 0,003 M e ácido sulfúrico
0,1M. Eletrodo de carbono vítreo (r = 1mm), E = + 200 mV.
J. C. Andrade, S. P. Eiras and R. E. Bruns, Anal. Chim. Acta, 255 (1991) 149.
V. Mori and M. Bertotti, Talanta, 47 (1998) 651.