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SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA  BOLETIM ELETRONICO  No. 668
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Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian
Chemical Society ( www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América
Latina. Visite a nova página eletrônica do JBCS na home-page da
SBQ ( http://jbcs.sbq.org.br).
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VEJA NESTA EDIÇÃO:

1. Concurso para Docente na área de Química Orgânica do Departamento
de Química da Universidade Federal de Santa Maria
2. Mestrado e Doutorado no Instituto de Quimica da UNICAMP
3. Comentários do Marco-Aurélio De Paoli sobre notícias divulgadas no
Boletim SBQ No. 667
4. CAPES: Nota - orientação sobre periódicos nacionais
5. CAPES: Portal de Periódicos é tema de reuniões nos EUA
6. CAPES: Coleta de dados da pós-graduação vai até junho
7. 150 doutores foram para o espaço, artigo de Fernando Reinach
8. O valor de um astronauta

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1. Concurso para Docente na área de Química Orgânica do Departamento
de Química da Universidade Federal de Santa Maria
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Concurso Prof ADJUNTO QUÍMICA ORGÂNICA sub área Produtos Naturais 
 
Concurso para Docente na área de Química Orgânica do Departamento
de Química da Universidade Federal de Santa Maria

Requisitos: 01vaga  Prof Adj. Dedicação Exclusiva
Área de Química Orgânica - Química
Graduação em Química (Licenciatura, Industrial ou Bacharelado) ou
Farmácia e Doutorado em Química Orgânica, sub-área Produtos Naturais.

Período de inscrição: de 27/03/2006 a 25/04/2006,

O processo de seleção constituir-se-á de
a) Prova de Títulos; b) Prova Escrita; c) Prova Didática
 
O edital desse concurso pode ser acessado na página eletrônica da
UFSM, (www.ufsm.br) no link "edital 13/2006" de 24 de março/06.

Ou no endereço eletrônico:
( http://coralx.ufsm.br/editais/pdf/edital798.pdf).

Maiores informações: Prof. Roni Mori  (dpquimica@mail.ufsm.br)

Informações adicionais:

I -Taxa de inscrição: R$ 125,00 para o cargo de professor Adjunto.
A guia de pagamento deverá ser obtida na Internet em
( www.tesouro.fazenda.gov.br), SIAFI, Guia de recolhimento da União,
Impressão - GRU Simples, Unidade  Favorecida: Código 153164, Gestão
15238, Recolhimento Código 28830-6, Número de Referência:
15316415238414, que deverá ser paga nas agências do Banco do Brasil.
A taxa de recolhimento não será devolvida em nenhuma hipótese.

II - As inscrições serão realizadas no campus da UFSM, no prédio da
Administração Central (Reitoria), 2º andar, Sala Imembuí, N. 206, nos
seguintes horários: de segundas a sextas-feiras, das 8h30min às
11h30min e das 14h às 16h30min.

Informações pelos telefones: (0XX)55 3220 8211.
 
Documentação necessária para inscrição:
Diploma de Graduação; Histórico Escolar da Graduação; Carteira de
Identidade; comprovante de recolhimento da taxa de inscrição e
Documento comprobatório de titulação em nível de Mestrado para o cargo
de professor Assistente, de Doutorado para o cargo de professor Adjunto,
além do atendimento às exigências complementares.

Obs.: A documentação necessária deverá ser apresentada em cópia
autenticada.

III - Os Concursos Públicos de que trata este Edital estão
regulamentados pelas Resoluções n. 014/84, 015/84 e 016/84-CPPD/UFSM

Maiores informações: Prof. Roni Mori (dpquimica@mail.ufsm.br)

Fonte: Prof. Hugo Braibante - UFSM

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2. Mestrado e Doutorado no Instituto de Quimica da UNICAMP
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Encontram-se abertas as inscrições para os processos seletivos dos
cursos de Mestrado e Doutorado no IQ/UNICAMP, para o 2o semestre de
2006, até os dias 24 de abril e 31 de maio, respectivamente.

O Programa de Pós-Graduação deseja atrair bons alunos provenientes de
todas as regiões do país. Ciente das dificuldades e custos de
locomoção até Campinas, o Programa pretende realizar exames de seleção
em diferentes localidades. Dependendo da demanda, poderão ser
realizados exames em cidades de localização conveniente nas regiões
norte/nordeste, centro-oeste e sul do país.

Os exames serão realizados em junho, com data a ser fixada e divulgada
oportunamente.

Maiores informações podem ser obtidas em
( http://www.iqm.unicamp.br/cpg) ou via e-mail a (cpgiq@iqm.unicamp.br)
ou ainda pelo telefone 19 3788 3004.

Fonte: Munir S. Skaf
Coordenador de Pós-Graduação - IQ/UNICAMP

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3. Comentários do Marco-Aurélio De Paoli sobre notícias divulgadas no
Boletim SBQ No. 667
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O Boletim da SBQ publicou alguns textos alarmantes, de autoria da
Profa. Sonia Hess, do DHT/CCET/UFMS, sobre a toxicidade componentes
de protetores solares. No entanto, essa visão unilateral do problema
é muito perigosa.

O que é atualmente mais prejudicial a seres humanos, a exposição
prolongada a luz solar ou o uso do protetor solar? Qualquer tema
dentro dessa linha precisa ser discutido de forma mais séria e
aprofundada e dentro do fórum adequado que é a área médica. Químico
entende de Química e Médico entende de Medicina.

Por exemplo, há muitos trabalhos na literatura apontando para a
toxicidade em humanos dos ésteres do ácido ftalico, usado como
plastificante em tubos de PVC. Estes tubos são utilizados em
equipamentos de hemodiálise. Há trabalhos onde se cita que 150 mg
deste plastificante se transferem para a corrente sanguínea do
paciente por sessão. No entanto, os pacientes dependentes da
hemodiálise que pararem de fazê-la sofrerão conseqüências graves e
podem vir a falecer. A conclusão é mais ou menos óbvia, a interrupção
do tratamento causa um efeito muito mais grave do que a possível
toxicidade do plastificante.

Na mesma linha de raciocínio podemos incluir as vacinas. Todas as
vacinas implicam em um determinado risco para o paciente vacinado.
No entanto, toma-se a vacina quando o risco de contágio no meio
ambiente é maior do que o risco de contrair a doença pela vacina. A
administração de vacinas é interrompida no momento em que a situação
se inverte, ou seja o risco de contágio se torna menor do que o risco
de contrair a doença pela vacina.

Nota do Editor: As notícias a que o Prof. Marco-Aurélio De Paoli de
Refere, de autoria da Profa. Sonia Hess, do DHT/CCET/UFMS, foram
publicadas no Boletim da SBQ No. 667, notícias 9 e 10.

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4. CAPES: Nota - orientação sobre periódicos nacionais
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Ao analisar os periódicos nacionais disponíveis em formato eletrônico
avaliados pelo Qualis com A ou B para inclusão no Portal, a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do
Ministério da Educação (Capes/MEC) - responsável pelo Portal de
Periódicos - verificou uma grande diversidade nas formas de
apresentação das informações em suas respectivas páginas.

Reconhecemos que essa diversidade é criativa, mas também tem de ser
levado em consideração que as informações básicas para o acesso devem
estar claras na página principal, dado que os usuários consultam
diretamente os periódicos.

Tendo em vista os requisitos básicos usados internacionalmente no
projeto e desenvolvimento das páginas de periódicos eletrônicos, a
Capes recomenda aos editores de periódicos nacionais que entrem em
contato com sistemas de informatização estabelecidos para qualificar
ainda mais seus periódicos.
As páginas podem ser projetadas e desenvolvidas por qualquer sociedade
ou instituição, mas devem estar de acordo com as práticas e normas
internacionais disponíveis nos sítios dos principais editores
acadêmicos.

Para as instituições que desejarem oferecer seus periódicos em
formato eletrônico na internet, existem no Brasil dois sistemas de
editoração eletrônica que atendem aos requisitos técnicos
recomendados:

Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas - SEER
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia do
Ministério da Ciência e Tecnologia (IBICT/MCT)
( http://www.ibict.br/secao.php?cat=SEER)

SciELO - Metodologia SciELO
SicELO, editor vinculado à BIREME
( http://www.scielo.org/index.php?lang=pt)

José Fernandes de Lima, diretor de Programas da Capes
Renato Janine Ribeiro, diretor de Avaliação da Capes

Fonte: ( http://www.capes.gov.br/capes/portal/)

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5. CAPES: Portal de Periódicos é tema de reuniões nos EUA
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O aperfeiçoamento dos serviços de atendimento do Portal de Periódicos
da Capes, visando a introdução de melhorias na coleção e na segurança
do serviço, são algumas das razões que levaram representantes da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do
Ministério da Educação (Capes/MEC), aos Estados Unidos, nesta semana.
 
A partir desta segunda-feira, 3, o diretor de Programas da Capes, José
Fernandes de Lima, a coordenadora de Acesso à Informação (CAC),
Elenara Edler de Almeida, e o membro do Conselho Consultivo do
Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos (PAAP), Álvaro Toubes
Prata, da Universidade Federal de Santa Catarina, dão início a uma
série de contatos com entidades norte-americanas. "O objetivo é
conhecermos o que há de novo e avaliarmos o que poderemos aplicar
para melhoria do Portal de Periódicos da Capes," explica o diretor.
A coordenadora acrescenta "queremos ver se o rumo que estamos tomando
é o mais adequado, e se acompanha as tendências".

A agenda de hoje prevê reunião na Ebsco Information Services, em
Birmingham, empresa que representa, entre outras, editoras como
Nature, Blackwell, e Oxford University Press, importantes publicações
da área científica. Para amanhã, 4, está previsto encontro com
representantes da Online Computer Library Center (OCLC), organização
sem fins lucrativos que é a maior rede do mundo para a implementação
de serviços bibliotecários: congrega 21 mil bibliotecas-membros em
61 países.

A missão aos Estados Unidos inclui ainda contatos com os consórcios
Ohionet e OhioLink, que oferecem serviços similares, de catalogação,
jornais eletrônicos, base de dados, e-books, teses eletrônicas e
outros. Segundo Elenara de Almeida, como o OhioLink é muito parecido
com o Portal da Capes, há um interesse muito grande de ver o que está
sendo feito com relação à seleção de publicações, financiamento, e
também quanto ao acesso de novas instituições. "Não são apenas as
instituições acadêmicas que querem fazer parte do Portal. Um grande
número de instituições está pedindo para integrar o Portal então, uma
das coisas que vamos buscar conhecer e conversar com eles, é sobre
esse assunto. Vai ser uma troca de experiências sobre o que eles
estão fazendo, onde estão querendo chegar", argumenta.

Os representantes da Capes irão se reunir com a empresa israelense
Ex-Libris, pioneira no campo de software de automação para bibliotecas
e centros de informação, criadora do Aleph, que realiza a gerência de
todas as rotinas de uma biblioteca. É utilizado, atualmente, por 26
instituições no Brasil e mais 540 em todo o mundo. A agenda inclui
ainda visita à Universidade de Harvard e contatos com a editora
Elsevier. (Fátima Schenini)

Fonte: ( http://www.capes.gov.br/capes/portal/)

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6. CAPES: Coleta de dados da pós-graduação vai até junho
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A Capes/MEC iniciou, na última sexta-feira (31), a coleta de dados
sobre mais de 3 mil cursos de mestrado e doutorado no país. Entre as
informações que devem ser geradas a partir dessa pesquisa, está o
número de estudantes, de professores doutores e de artigos publicados.

De acordo com informações da própria Capes, as instituições devem
preencher e encaminhar as informações referentes ao ano passado até
o dia 30 de junho de 2006.

Para corrigir as informações prestadas sobre o funcionamento dos
cursos em 2004 o prazo é 30 de setembro. A Capes informou ainda que
as alterações devem ser definitivas, pois no próximo ano o sistema
não aceitará modificações referentes a 2004.

Mais informações e o link para o preenchimento dos dados podem ser
encontrados no site ( http://www.capes.gov.br).

Fonte: ( http://www.capes.gov.br/capes/portal/)

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7. 150 doutores foram para o espaço, artigo de Fernando Reinach
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Um cálculo rápido mostra que com US$ 10 milhões é possível formar 150 doutores no exterior Fernando Reinach é biólogo. Artigo publicado no "Estado de SP":Um brasileiro passa esta semana em órbita ao redor da Terra. O governo brasileiro pagou US$ 10 milhões pela viagem.Assumindo que é importante para o Brasil desenvolver o setor aeroespacial, a questão é saber se enviar um astronauta para o espaço é o melhor uso que o Brasil pode fazer com US$ 10 milhões de impostos.O desenvolvimento de setores de alta tecnologia depende primordialmente da existência de pessoas qualificadas e de um programa de financiamento consistente.O programa espacial americano teve na sua origem um grupo de cientistas europeus que migraram para os EUA durante a Segunda Guerra Mundial.No Brasil, o surgimento da Embraer, hoje o terceiro maior fabricante de aviões comerciais do mundo, pode ser creditado em grande parte à formação de engenheiros especializados pelo Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos.Será que o Brasil possui um número suficiente de doutores em engenharia aeroespacial?É difícil determinar o número necessário, mas é possível estimar o número de engenheiros aeroespaciais que se dedicam à pesquisa científica no Brasil. O Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) tem um banco de dados (lattes.cnpq.br/) com os currículos dos cientistas que atuam no Brasil.Uma lista de todos com o título de doutor que se classificam como engenheiros aeroespaciais produziu 124 nomes.Mesmo que esse número subestime a realidade, é fácil concluir que são poucos - só de zoólogos, a mesma base de dados lista quase 700.Quantos cientistas é possível formar com US$ 10 milhões? Para formar doutores, o CNPq disponibiliza bolsas de estudo. No Brasil, essas bolsas pagam ao estudante R$ 1.267 por mês.Formar um doutor no País, o que leva cinco anos, custa ao CNPq R$ 76 mil. Com US$ 10 milhões (R$ 22 milhões), é possível formar 290 novos doutores.Mas o Brasil, que ainda não possui um programa espacial de primeira linha e cujo último experimento resultou na explosão do foguete ainda na base de lançamento em Alcântara (20 técnicos morreram em agosto de 2003), talvez devesse enviar seus engenheiros para serem treinados no exterior.Para tanto, o CNPq distribui bolsas de doutoramento que custam ao contribuinte US$ 1.100 por mês. Assumindo que sejam necessários cinco anos para formar um doutor no exterior, ele não sai por menos de US$ 66 mil.Um cálculo rápido mostra que com US$ 10 milhões é possível formar 150 doutores no exterior. Mas será que formar mais 150 doutores no exterior faz alguma diferença? As estatísticas no site do CNPq ajudam a compreender o significado desse número.Em 2000, o CNPq financiava 420 estudantes de doutoramento no exterior. Em dezembro de 2004, esse número havia sido reduzido a 220 doutorandos distribuídos por todas as áreas do conhecimento.Esse número permite formar 45 doutores por ano. Com o dinheiro gasto para enviar um astronauta ao espaço, o CNPq poderia praticamente duplicar o número de bolsistas de doutoramento no exterior ou formar quase 300 doutores no Brasil.Infelizmente, esse é mais um caso em que investimentos em educação foram trocados por publicidade.O que foi para o espaço nesta semana é a possibilidade de formar 150 cientistas. É pena.Fonte: O Estado de SP, 5/4

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8. O valor de um astronauta
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Os críticos são soterrados pelos fatos. Um a um, eles tentam dizer
que o valor de um astronauta brasileiro, nas circunstâncias atuais,
é nada ou quase nada, que tudo não passa de um delírio megalomaníaco
ou de um esforço político-eleitoreiro (não tão) barato. O que eu
sugiro a todos esses críticos é que eles simplesmente dêem um passo
para trás, com o objetivo de enxergar o que está realmente
acontecendo à volta deles, em vez de brigar com a imagem.

O astronauta é uma figura quase arquetípica. É um herói dos nossos
tempos. É o exemplo pelo qual as crianças se inspiram, é a referência
do que há de melhor no ser humano. As pessoas precisam dos
astronautas. É com eles que elas se identificam, nesse esforço caro
mas necessário de desvendar os segredos das estrelas. O astronauta
representa o idealismo e a curiosidade que todos gostamos de cultivar.
Não é à toa que a presença de um viajante espacial causa tamanho
impacto na sociedade.

Eu nunca vi a Rede Globo gastando dez minutos por dia em seu "Jornal
Nacional" para falar de um tema espacial --nacional ou estrangeiro-
antes. Todos os jornais impressos trazem notícias diárias sobre o
andamento da Missão Centenário, nem que seja para contar pequenas
curiosidades de como Marcos Cesar Pontes está vivendo a bordo da
Estação Espacial Internacional.

Nesta mesma Folha Online, uma enquete recente mostra que, para 76%
das pessoas, a presença de um astronauta brasileiro no espaço aumentou
seu interesse pelo tema. Eu acho difícil que toda essa resposta seja
somente porque as pessoas são bobas, como gostariam de fazer crer os
críticos. Prefiro pensar que, quando falamos de homens e mulheres no
espaço, tocamos num nervo social que os críticos preferem ignorar.

Eu, pessoalmente, duvido que houvesse tanto apoio popular aos
programas espaciais dos Estados Unidos, da Rússia, da Europa, do
Japão e do Canadá, não fossem seus segmentos tripulados. O astronauta
é o ponto de contato entre o esforço espacial e a população --é o
elemento humano, insubstituível.

Só por isso, e por mais nada, já seria perfeitamente justificável
defender que o Brasil tenha um segmento tripulado em seu programa, e
que continue a investir nesta linha, treinando novos astronautas, após
a volta de Pontes. Mas limitar a argumentação a isso seria muito pouco.

É inegável que os programas tripulados são os mais vistosos, e que
desenvolver essa linha é uma ação de cunho estratégico e sinalizador
no âmbito da política internacional. Numa iniciativa sábia, em 1997,
o Brasil não se limitou a treinar um astronauta, mas contextualizou
isso na entrada do país no programa de construção da Estação Espacial
Internacional. A visibilidade ganha pelo país com a iniciativa --que
nem foi tão cara quanto gostam de sugerir seus detratores-- é óbvia.
A estação é o maior projeto de cooperação internacional já realizado
na história da humanidade. Dele figuram as maiores potências
tradicionais, mais o Brasil --único país em desenvolvimento na lista.

Falem o que quiser, mas participar da ISS pinta uma boa imagem para que
o Brasil defenda, por exemplo, sua posição para conquistar um assento
no Conselho de Segurança da ONU. É uma demonstração clara de disposição
do país para se envolver em projetos internacionais de vulto. Há um
valor estratégico importante em ter astronautas.

Não é à toa que a China decidiu desenvolver seu próprio programa
espacial tripulado e já realizou, sozinha, dois lançamentos com
astronautas, em 2003 e 2005. Outros emergentes na Ásia, como a Coréia
do Sul, estão também tentando emitir essa sinalização --os coreanos
estão decididos a bancar o envio de astronautas próprios ao espaço
com os russos.

Tripulação da Missão Centenário parte rumo à Estação Espacial
Padeceram, no entanto, de falta de visão: como não são participantes
da ISS, são agora obrigados a entrar no fim da fila, que já conta com
dois turistas espaciais auto-financiados, um japonês e um húngaro. Resultado: a primeira viagem de um sul-coreano não deve acontecer
antes de 2008. O Brasil, como é um país participante, teve prioridade
e saltou logo para o início da fila; daí o vôo de Pontes ter ocorrido
agora.

E tudo isso sem entrarmos no mérito do que de bom produziu a missão do astronauta brasileiro, em termos concretos. Claro que há muito o que
dizer aí também.

Primeiro: a Missão Centenário consistiu na primeira utilização
nacional dos recursos da ISS para experimentos. Como o Brasil segue
sendo um dos países participantes, as pesquisas devem continuar
ocorrendo a bordo, mesmo sem a presença de um astronauta brasileiro.

Há quem diga que os experimentos enviados com Pontes ao espaço não são
lá grande coisa. Para alguns deles, isso é mesmo verdade. No entanto,
é bom que se diga que esta não é uma deficiência do programa espacial.
À AEB (Agência Espacial Brasileira) cabe a responsabilidade de
oferecer aos pesquisadores brasileiros as condições de fazer pesquisa
de microgravidade importante; aos pesquisadores, cabe a
responsabilidade de criar experimentos à altura.

Com o tempo, é natural que os experimentos brasileiros se tornem mais
sofisticados, de forma a explorar de modo mais completo os recursos da
estação. O próprio Pontes, em entrevista recente dada do espaço, pediu
que os críticos da missão na comunidade científica propusessem
experimentos que dessem bom uso à ISS no futuro --ou seja, o
importante é que a porta está aberta para nós.

Além disso, a Missão Centenário propiciou aos pesquisadores
brasileiros a primeira oportunidade de qualificar experimentos para
uma nave tripulada --tarefa que é mais complicada do que soa. Uma
série de procedimentos de segurança precisa cercar os equipamentos,
de forma a proteger os astronautas que irão manuseá-los no espaço. A
experiência brasileira nisso era quase zero (mesmo nos experimentos
que o Brasil havia enviado ao espaço nos ônibus espaciais americanos,
oito anos atrás, o envolvimento nacional com os procedimentos de
segurança foi mínimo), agora já sabemos como fazer.

Quem saiu ganhando foi o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), que teve o seu LIT (Laboratório de Integração e Testes)
certificado para preparar experimentos de missões tripuladas. É um
selo de qualidade que cai bem a essa instalação, que não deve nada
a outras do tipo localizadas em outros países, supostamente "mais
desenvoltos" que nós em tecnologias espaciais.

Todo mundo fala que ter astronautas é coisa para gente grande, com
vultosos programas espaciais. (Meu chefe na Folha mesmo, Claudio
Angelo, ecoou esse sentimento em um artigo publicado logo depois do
início da missão de Pontes.) Então vale lembrar que o orçamento da
Roskosmos, agência espacial russa, para 2006 é de pífios US$ 900
milhões --e eles fazem dois vôos tripulados e quatro vôos de carga
à ISS todo ano. O orçamento do Brasil, que agora começa a ter
feições mais adequadas às propostas do país no espaço, se aproxima
dos US$ 200 milhões. Aposto que você achava que a diferença seria
maior, não é?

Pois é. Claudio Angelo usa como termo de comparação a missão
Cassini-Huygens, parceria entre Nasa e ESA para a exploração de
Saturno e suas luas. Não poderia haver comparação pior --o custo
dessa missão é amortizado nos orçamentos desde os anos 1980, quando
começou a ser desenvolvida! Ninguém faz um projeto desses de um ano
para o outro, e até mesmo o Brasil pode se dar ao luxo de ter
associações modestas com missões como esta --iniciativas que dariam
tremenda visibilidade, com potencial baixo custo.

É nesses moldes, por exemplo, que se dá a participação brasileira no
satélite franco-europeu Corot, que fará uma busca sistemática por
planetas como a Terra fora do Sistema Solar. Com lançamento marcado
para o ano que vem, o Corot ganhou envolvimento brasileiro com a mera
cessão das antenas de Alcântara para a recepção dos dados do satélite.
A um custo muito baixo, o Brasil se tornou parceiro no projeto, com
direito sobre os dados científicos.

O Brasil é um país que só agora começa a se destacar para valer em
missões espaciais de vulto. Parcerias como essas devem ser
encorajadas, não criticadas e alvejadas. A oportunidade de lançar
um astronauta brasileiro serve como um símbolo para tudo isso, e, se
eu fosse presidente da AEB, o que eu faria, assim que Marcos Pontes
pusesse os pés no país, é convocar uma coletiva e, ao lado do nosso
primeiro astronauta, anunciar que a agência faria nova seleção para
futuros viajantes espaciais.

Sérgio Gaudenzi, atual presidente da AEB, tem batido numa tecla
importante, ao dizer repetidas vezes que o programa espacial precisa
ser um programa de Estado, não de um ou outro governo. Símbolos
maiores que a vida, como os astronautas, podem muito bem alavancar
isso.

Fonte: ( http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult3193u28.shtml)

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Contribuições devem ser enviadas para o Editor do Boletim Eletrônico
da SBQ: Luizsbq@iqm.unicamp.br

Até nossa próxima edição!!!

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Prof. Luiz Carlos Dias
Editor do Boletim Eletrônico
Sociedade Brasileira de Química - SBQ
e-mail: luizsbq@iqm.unicamp.br