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SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA  BOLETIM ELETRONICO  No. 639
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Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América
Latina. Visite a nova página eletrônica do JBCS na home-page da
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
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VEJA NESTA EDIÇÃO:

1. Publicação no DOE do edital do processo seletivo para a área de
Produtos Naturais, no IQ-UNICAMP
2. Curso Reciclagem de resíduos urbanos e industriais no solo agrícola
3. Comunidades virtuais de aprendizagem
4. Guia da Indústria Química Brasileira, edição 2006
5. Associação Brasileira de Ex-pesquisadores Visitantes do “National
Institutes of Health” (NIH) lança site
6. CNPq contesta informação de que recursos para bolsas teriam sido
utilizados de forma irregular
7. Educação de qualidade: direito de cidadania e dever do Estado,
artigo de Raimundo Braz Filho
8. Ethics and fraud, editorial da “Nature”
9. Afinal, por que Hwang mentiu?

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1. Publicação no DOE do edital do processo seletivo para a área de
Produtos Naturais, no IQ-UNICAMP
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Em aditamento à mensagem anterior, gostaria de informar que o Edital
para o processo seletivo da área de Produto Naturais foi publicado no
dia de ontem no DOE.

Cópia do mesmo pode ser obtida no endereço: (www.iqm.unicamp.br).

Para informações, favor entrar em contacto: (dqo@iqm.unicamp.br).

Atenciosamente,

Prof. Ronaldo Aloise Pilli/Departamento de Química Orgânica, Unicamp

Nota do Editor: A mensagem anterior a que o Prof. Pilli se refere foi
Publicada no Boletim Eletrônico No. 637, notícia número 2.

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2. Curso Reciclagem de resíduos urbanos e industriais no solo agrícola
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Curso: Reciclagem de resíduos urbanos e industriais no solo agrícola

21 a 23 de março de 2006
Instituto Agronômico de Campinas/IAC/APTA
Auditório “Otávio Tisseli Filho”
Campinas (SP)

Ronaldo S. Berton – Coordenador Geral

A reciclagem de resíduos urbanos e industriais traz vantagens
financeiras relacionadas tanto com a receita obtida com a venda
destes resíduos, quanto com a diminuição dos custos relativos à
disposição controlada destes. Além do aspecto financeiro, a
transformação em insumos aumenta a eco-eficiência dos processos
produtivos e da gestão dos resíduos urbanos. Uma das formas de se
reciclar os resíduos é por meio de sua disposição em solos para
fins agrícolas.

O objetivo deste Curso é de apresentar e discutir a viabilidade da
reciclagem de resíduos urbanos e industriais em solo agrícola.
Serão apresentados casos reais bem sucedidos envolvendo a reciclagem
de resíduos neste sistema. O Curso é destinado a agricultores e
profissionais interessados na utilização de resíduos urbanos e
industriais em solo agrícola.

O programa completo e outras informações estão disponíveis no site
(www.iac.sp.gov.br/reciclagem). As inscrições poderão ser feitas
antecipadamente pela internet ou no dia do evento e deverão ser
confirmadas após o envio do comprovante de pagamento bancário para o
Fax: (19) 3232-8488 ou e-mail: (cursores@iac.sp.gov.br).

Taxa de Inscrição
Até 21/02/06
Profissionais: R$ 400,00; Estudantes (com comprovante): R$250,00,
Pesquisadores APTA e EMBRAPA: R$ 300,00
Após 21/02/06
Profissionais: R$ 450,00; Estudantes (com comprovante): R$300,00,
Pesquisadores APTA e EMBRAPA: R$350,00

Fonte: Dra. Aline Renée Coscione
IAC - CPD de Solos e Recursos Ambientais

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3. Comunidades virtuais de aprendizagem
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Encontram-se abertas as inscrições para o curso de extensão
"Comunidades Virtuais de Aprendizagem", ofertado pela Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, no âmbito do projeto
"Utilizando objetos de aprendizagem com professores e alunos de
ensino médio", do Laboratório de Engenharia de Produção-CCT.

Este curso aborda elementos básicos para que o professor atue a
distância, seja como professor/tutor ou como aluno.

O projeto é coordenado pela Profa. Dra. Clevi Elena Rapkiewicz
(tecnologia) e pela Profa. Dra. Maria Cristina Canela (área de domínio
Química).

PROGRAMAÇÃO:
- elementos de tecnologia para suporte a EaD;
- segurança na Internet;
- acessibilidade e usabilidade;
- alfabetização visual.

PÚBLICO-ALVO:
- Professores de Química do Ensino Médio de todo o Brasil.

CARGA HORÁRIA:
- 32 horas, durante 2 meses (previsao de dedicação de 4
horas/semana para o curso.

PERÍODO DO CURSO:
- início: 6 de fevereiro de 2006
- fim: 6 de abril de 2006

INSCRIÇÃO
- Enviar currículo resumido para os e-mails (sleducacao@uenf.br) ou
(sleducacao@gmail.com) até dia 31 de janeiro de 2006.

NÚMERO DE VAGAS:
- 20

INVESTIMENTO:
R$ 50,00, pagável através de depósito bancário após a fase de seleção
de currículos.

REQUISITOS:
- É necessário que o aluno disponha de acesso a Internet, seja no
local de trabalho seja em domicílio ou outro local, com
disponibilidade de utilização de ferramentas de comunicação síncrona
(chat, MSN), visualização de vídeo (por exemplo, Real Player One) som.

CONTATO:
- Universidade Estadual do Norte Fluminense - LEPROD/CCT
Tel.: (22) 27261632/ramal 216, com Denise ou Valéria
E-mail: (costavm@uenf.br)/(denise.sdb@gmail.com)

EQUIPE:
Dra. Clevi Elena Rapkiewicz
Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação pela UFRJ. Mais de
quinze anos de experiência como professora universitária. Integra
corpo de avaliadores de cursos de computação (plenos e tecnologia)
do Ministério da Educação, Coordenadora adjunta do GT-3, Grupo de
Licenciatura em Computação da Sociedade Brasileira de Computação.

Dra. Maria Cristina Canela
Doutora em Ciências pela UNICAMP na área de Química Ambiental.
Professora e pesquisadora na UENF desde 2000 tendo como área de
Atuação a Química Ambiental. Atualmente desenvolve as seguintes
linhas de pesquisa: Química e tratamento de poluentes altamentes
tóxicos no meio ambiente e Ensino de Química através da Química
Ambiental utilizando principalmente as tecnologias de educação e
comunicação.

Valéria Machado Costa, Msc
Graduada em Comunicação. Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF.
Professora universitária na área de comunicação e e-business.
Pesquisadora (Universidade Aberta - PROEX), UENF. Responsável pelos
padrões de acessibilidade e usabilidade em objetos de aprendizagem
desenvolvidos pela equipe UENF no âmbito do projeto RIVED
(Mec/UNESCO).

Denise Simões Dupont Bernini Especialista em Informática na Educação
e Psicopedagogia Clínica. Tutora em Extensão CEDERJ-Curso de
Extensão em Informática Educativa. Pesquisadora Universidade Aberta –
PROEX), UENF. Responsável pelos aspectos de interação e
interatividade, além da formação de professores, em objetos de
aprendizagem desenvolvidos pela equipe UENF no âmbito do projeto
RIVED (Mec/UNESCO).

Angélica Freitas dos Santos
Professora, Mestranda em Ciências Naturais pela UENF. Desenvolve
material educativo para Internet desde a graduação. Co-responsável
pela formação em aspectos de segurança básica na Internet da equipe
que desenvolve objetos de aprendizagem desenvolvidos pela equipe UENF
no âmbito do projeto RIVED Mec/UNESCO).

José Carlos Rocha Pereira Júnior
Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Candido Mendes.
Mestrando em Engenharia de Produção pela UENF. Desenvolveu
Manutenção de sistemas/sites baseados na web na Petrobras.
Co-responsável pela formação em aspectos de segurança básica na
Internet.

Fonte: Valéria Machado da Costa

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4. Guia da Indústria Química Brasileira, edição 2006
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Acaba de ser lançado pela Associação Brasileira da Indústria Química
(Abiquim), com mais de 500 páginas e informações sobre 762 empresas
fabricantes de 1.573 produtos químicos de uso industrial.

O volume informa a linha de produção, capacidade instalada, faturamento,
patrimônio líquido, localização das unidades industriais, número de
empregados, composição acionária e nomes dos principais executivos,
além de dados para contato.

Exemplares podem ser solicitados pelo e-mail (cedoc@abiquim.org.br).

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5. Associação Brasileira de Ex-pesquisadores Visitantes do “National
Institutes of Health” (NIH) lança site
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Página já está no ar

O endereço do site é (http://www.nihaabr.org).

A Associação Brasileira de Ex-pesquisadores Visitantes do National
Institutes of Health (NIHAABR) é um órgão independente composto por
pesquisadores, que tiveram parte de sua formação científica realizada
no NIH, ou financiada pelo NIH em outra Instituição Americana, e
possuem nacionalidade brasileira e/ ou fazem parte da comunidade
científica no Brasil.

O principal objetivo desta Associação é contribuir para a inserção de
pesquisadores visitantes, que terminaram seu treinamento, apoiados
pelo NIH, na comunidade científica brasileira; e encorajar o
estabelecimento e manutenção de colaborações institucionais entre
pesquisadores no Brasil e investigadores do NIH.

Para alcançar este objetivo, o NIHAABR tem como estratégia de ação
criar uma linha de financiamento bilateral entre of NIH e agências
governamentais de fomento ‘a pesquisa, para apoio de projetos de
pesquisa, missões de trabalho, e bolsas para treinamento de
pesquisadores brasileiros nos EUA.

O NIHAABR ainda pretende contribuir para o recrutamento de novos
pesquisadores que tenham interesse em realizar parte de sua formação
científica no NIH; e para a realização de congressos científicos e
Seminários para aplicação de projetos internacionais de pesquisa
voltados para a comunidade brasileira de ex-pesquisadores do NIH.

Para se cadastrar no NIHAABR, envie um e-mail para (nihaabr@nihaabr.org)
fornecendo seu nome completo, e-mail e período que trabalhou em um do
campus do NIH ou em Instituição Americana com verba financeira do NIH.

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6. CNPq contesta informação de que recursos para bolsas teriam sido
utilizados de forma irregular
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Notícia divulgada no blog do jornalista Josias de Souza (Folha Online)
afirma que o Tribunal de Contas da União (TCU) detectou o emprego de
verbas destinadas à formação de pesquisadores em despesas
administrativas.

O CNPq, em resposta, sustenta que não houve nenhuma irregularidade e
Que todos os seus gastos são feitos dentro do rigor da lei.

Leia aqui a íntegra da matéria publicada no “Blog do Josias”:

“Verbas públicas que deveriam ser aplicadas na concessão de bolsas
para pesquisadores brasileiros vêm sendo sistematicamente desviadas
para cobrir despesas administrativas do CNPq.

Só no último trimestre de 2004, foram desviados pelo menos
R$ 12,640 milhões.

Recursos destinados à concessão de bolsas de estímulo à pesquisa estão
sendo usados para custear gastos com viagens, diárias e até com o
funcionamento do Call-center do CNPq.

Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2004, os desvios somaram
R$ 3,463 milhões.

Dinheiro reservado para financiar bolsas de formação e qualificação de
pesquisadores foram aplicados no seguinte tipo de gasto: contratação
de mão-de-obra terceirizada, aquisição de material de expediente,
reformas e manutenção predial, aluguel de imóvel em Brasília,
pagamentos de estagiários, etc.

Tudo somado, desviaram-se R$ 9,177 milhões entre outubro e dezembro
de 2004.

As cifras foram apuradas durante inspeção realizada por auditores do
TCU nas contas do CNPq relativas ao último trimestre de 2004. A
auditoria faz parte de um programa de fiscalização aprovado pelo
tribunal no início de 2004.

Ouvido, o CNPq alegou que parte das despesas tem relação com os
programas de concessão de bolsas. Mas reconheceu que enfrenta uma
“histórica insuficiência de recursos orçamentários (...) para suportar
as atividades de administração.”

O que leva “à apropriação de parte das despesas
administrativas/operacionais na ação de formação e qualificação de
pesquisadores.” Disse também que “o Ministério da C&T é conhecedor da
insuficiência de recursos.”

As explicações não convenceram o TCU. Para o tribunal, “recursos das
ações finalísticas (bolsas) estão sendo indevidamente utilizados para
Cobrir despesas administrativas da entidade.”

O problema não é uma exclusividade do atual governo. Vem se repetindo
desde 2001, quando esse tipo de fiscalização começou a ser realizada,
ainda na gestão FHC. Não há uma contabilização precisa do total de
desvios registrados nos últimos anos.

Encontram-se pendentes de julgamento no TCU recursos impetrados pelo
CNPq. O conselho alega que o manual de aplicação dos recursos do
Orçamento da União conteria brechas que permitiriam a aplicação de
parte da verba das bolsas em atividades administrativas.

Antes mesmo de julgar os recursos, porém, o TCU determinou ao CNPq
“se abstenha de apropriar à conta de ações finalísticas despesas
administrativas que não possuam correlação direta com o produto e a
meta estabelecida no orçamento, sob pena de configurar-se a execução
de despesa não autorizada e, portanto, irregularmente constituída.”

E agora leia a resposta do presidente do CNPq, Erney Camargo, ao
Jornalista:

“Com relação à nota “ Verbas de bolsas pagam gastos administrativos”
publicado na Folha Online, temos a informar que o CNPq executou, em
2005, um orçamento superior a 1 bilhão de reais.

Em sua distribuição orçamentária estavam previstas 97.8% para
atividades finalísticas do órgão, como bolsas e auxílios a projetos
de pesquisa, e apenas 2.2% para atividades administrativas.

A distribuição de bolsas e auxílios é feita por Comitês de
assessoramento e Comitês Temáticos constituídos por pesquisadores que
não são funcionários do CNPq, mas membros da comunidade científica e
tecnológica de diversos estados.

São mais de 100 Comitês, congregando cerca de 500 pesquisadores que
devem se deslocar para Brasília para, em várias reuniões ao longo do
ano, analisar cerca de 60 mil processos.

Além disso, para o seu funcionamento o CNPq precisa fazer frente a
despesas com aluguel de prédio que abriga 300 servidores, gastos com
contratos de computação, serviço de 0800 para apoio aos usuários,
serviços de apoio técnico e de infra-estrutura, melhoria do parque
computacional, etc.

Todos essas despesas não caberiam dentro dos recursos previstos para
a administração da unidade (22 milhões).

Sobre essa dificuldade, o Manual Técnico da Secretaria de Orçamento
Federal orienta que sejam usados recursos das atividades fim quando
as despesas forem claramente associadas à determinada ação
finalística. O CNPq tem seguido essa orientação há vários anos.

Desde gestões anteriores (a partir de 2001) o TCU, ao aprovar as
contas do CNPq, vem recomendando a não inclusão de despesas
administrativas nos programas finalísticos e, ao mesmo tempo, sugerido
a ampliação do orçamento para a administração da unidade.

Na análise da execução orçamentária de 2004, o TCU determinou, mais
enfaticamente, que “se realizassem estudos e avaliassem a conveniência
de promover as alterações necessárias na estruturação do orçamento
do CNPq, de sorte a contemplar ações adequadas e dotações suficientes
à consecução dos programas finalísticos e administrativos da fundação”,
ou seja, que as despesas passassem efetivamente a integrar o item
administração e não os de atividades finalísticas.

Ao tomar conhecimento da recomendação do TCU, a atual gestão do CNPq
imediatamente iniciou tratativas com o MCT e este com a Secretaria do
Planejamento, com o objetivo de propor o remanejamento de R$ 11,4
Milhões para a ação “Administração da Unidade”, dentro do orçamento
de 2006, perfazendo um total de 3% com esse tipo de despesas
administrativas.

Não há em todo o processo nenhuma violação da lei nem mal uso de
verbas orçamentárias. Trata-se simplesmente de ajustes operacionais.

Nota: Todos os gastos com o custeio da máquina administrativa são
feitos dentro do rigor da lei, obedecendo ao Manual Técnico do
Orçamento editado pela Secretaria de Orçamento Federal, e são
publicados na página eletrônica do MCT desde 2003.

Além disso, todas as despesas realizadas pela agência são auditadas
pela Controladoria Geral e pelo Tribunal de Contas da União (TCU)
além da Auditoria Interna.”

Fonte: JC E-mail: 12 de janeiro de 2006

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7. Educação de qualidade: direito de cidadania e dever do Estado,
artigo de Raimundo Braz Filho
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É preciso recuperar a escola pública e impedir a Universidade pública
de se desmantelar.

A permanecer a política vigente para o ensino público superior
brasileiro, dentro de algum tempo veremos consolidado na esfera
universitária o que lamentavelmente ocorreu no ensino básico:

as instituições públicas, que no passado eram conceituadas e ofereciam
um ensino de qualidade, hoje são em geral consideradas desqualificadas
para abrigar os filhos da classe média.

Além do absurdo de dividir as crianças e jovens do país entre
Qualificados e desqualificados sob o ponto de vista da formação,
esta situação influi diretamente em nosso atraso socioeconômico,
científico e tecnológico.

Não é que não possa haver ensino privado, mas é abominável que o
caráter empresarial se sobreponha ao direito igualitário e
meritocrático à educação.

Segundo o jornalista Sebastião Nery (Tribuna da Imprensa, 29/12/05),
duas grandes Universidades privadas paulistas demitiram sozinhas
1.700 professores neste fim de ano.

Em lugar deles, contratarão outros menos preparados e com salários
menores, num rodízio que levou o colunista a apelidá-las de
“Universidades-motel”.

A noção ingênua de que no mundo desenvolvido tudo é privado só
interessa aos próprios países ricos.

No caso da educação superior, as posições estão bem demarcadas:

por um lado, o receituário do Banco Mundial vai na linha da
privatização e da mercadorização da educação; por outro, a Unesco
defende o compromisso dos estados nacionais do Terceiro Mundo com a
oferta de educação pública de qualidade para a população. Em casos
assim, não há terceira via.

Em toda a minha vida fui aluno ou professor de escolas ou
Universidades públicas. No antigo Liceu do Ceará, adquiri grande base
de conhecimentos.

Mesmo ficando três anos longe dos estudos após terminar o curso
científico, eu e um amigo conseguimos nos classificar entre os cinco
primeiros colocados no vestibular para a carreira de Agronomia da
Universidade Federal do Ceará.

Na preparação para o vestibular, contamos apenas com a base fornecida
pelo Liceu e com nossa determinação em estudar por conta própria.

Arriscaria afirmar que muitos campistas que estudaram no Liceu de
Humanidades, Cefet, Isepam ou outras escolas públicas tradicionais
terão histórias semelhantes para contar.

O Brasil não tem diante de si saídas fáceis no nível da implementação.
mas no âmbito da definição de grandes políticas, como a da educação,
não há dúvida:

é preciso recuperar a escola pública e impedir a Universidade pública
de se desmantelar, mantendo-a numa trajetória de crescimento
qualificado e sem se afastar da fronteira do conhecimento.

Nota do Editor: Raimundo Braz Filho, reitor da Universidade Estadual
do Norte Fluminense (Uenf). Artigo publicado na “Folha da Manhã”, de
Campos dos Goytacazes, RJ, 3/1.

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8. Ethics and fraud, editorial da “Nature”
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The trajectory of the Hwang scandal highlights the shortness of the
path between unethical behaviour and outright misconduct

Este é o editorial da revista inglesa “Nature”, publicado na edição
desta quinta-feira, dia 12 (Vol 439, nº 7073):

The trajectory of the Hwang scandal highlights the shortness of the
path between unethical behaviour and outright misconduct.

The fall of Woo Suk Hwang represents perhaps the highest profile
case in the sorry history of research misconduct.

The sheer Shakespearian drama of the Korean cell biologist’s eclipse,
surrounded by fawning courtiers and plotting groups of acolytes and
enemies and in full view of the television cameras, has left few
researchers of any discipline, anywhere in the world, unaware of its
circumstances.

But what really makes the Hwang case special is the importance of the
impugned results (W. S. Hwang et al. Science 303, 1669–1674; 2004 and
308, 1777–1783; 2005).

The claimed cloning of human embryos placed Hwang at the forefront of
stem-cell research, perhaps the most acclaimed and contentious sphere
of modern science.

It is also the first major misconduct case to occur during the modern
Era of carefully patented biology, in which scientists may aspire not
just to fame, but to fortune as well.

All of this raises some general questions about ethics and fraud that
researchers had perhaps hoped were put to bed a long time ago.

Many of these questions were last publicly addressed in the long and
painful aftermath of the Baltimore case, in which a junior researcher,
Thereza Imanishi-Kari, was accused of fraud in the laboratory of one
of the United States’ leading microbiologists.

David Baltimore was eventually vindicated and is today president of
the California Institute of Technology.

But when the allegations were made, the National Institutes of Health
opened an Office of Scientific Integrity, which was later downgraded
but continues to support fraud investigations at US universities
while seeking to get academics to teach their students about ethics
and misconduct.

This system, imperfect as it may be, is still more advanced than that
of many other nations. Elsewhere in the world, cases of fraud have
highlighted considerable shortcomings in the mechanisms for
responding to misconduct.

Another celebrated fraud case involved Jan Hendrik Schön, a physicist
at Bell Laboratories in MurrayHill, New Jersey, who was found guilty
in 2002 of fabricating results in a massive and influential string of
papers on superconductivity.

However, the general view of the Schön case, outside the discipline
directly involved at least, has been that no innocent civilians were
hurt, and the fraud was unearthed and duly punished. There is almost
a nagging sympathy for how such a smart young man could be so stupid.

The scope of the Hwang scandal tends to leave these and other recent
misconduct cases in the shade, however. Although the full facts of the
case remain unknown, its multidimensional outline is already clear.

Barely a stone was left unturned in his lab’s attempts to secure a
positive result. Egg donors were energetically sought from every
conceivable source — including from junior researchers inside the
laboratory itself, where allegations of coercion have been made.

In the end, a result was claimed and the paper published in the
complete absence of genuine scientific evidence to support it.

This will surely leave some people asking: if this single cell in the
body of science was so malignant, how fares the rest?

This is an awkward question and one that many in the community will
seek to evade by referring to the fact that it happened in South
Korea and couldn’t happen here (wherever ‘here’ happens to be).

And it is true that standards of oversight at many laboratories
would, at least in theory, make this kind of scenario improbable.

However, research — not least in the dynamic and fiercely competitive
field of reproductive biology — is increasingly conducted through
international collaborations.

These often involve working with colleagues in countries, including
China and South Korea, where mechanisms for supervising ethics and
investigating misconduct are at relatively early stages of
development.

It therefore falls to scientists who take research ethics seriously
to confront the question head on, and to determine what steps should
be taken to redouble our efforts to secure standards in both the
ethics and conduct of research.

Hand in hand

A first step is to acknowledge that sound ethics and good research
practice go hand in hand. The international stem-cell community
showed some reluctance to distance itself from Hwang when serious
questions were raised in this journal in May 2004 about the manner in
which eggs had been obtained for his experiments (see Nature 429, 3;
2004).

As soon as his main US collaborator, Gerald Schatten of the University
of Pittsburgh, announced in November that he was bailing out of his
collaboration with Hwang (see Nature 438, 262–263; 2005), people began
to speculate that Schatten must know there was a problem with the
result of the seminal 2004 paper.

After all, they inferred, no one would leave a wildly successful
Research group over ethical transgressions. Or would they?

The leadership of the scientific community has long argued for a solid
line to be drawn between ethical transgressions — not informing
patients of their rights, sexually harassing staff, coercing junior
colleagues, that sort of thing — and actual research misconduct, which
refers to the fabrication, falsification or plagiarism of scientific
evidence.

In the wake of the Baltimore scandal, a congressionally mandated
commission chaired by Kenneth Ryan called for a broader definition of
research misconduct that would embrace some forms of malfeasance
beyond fabrication, falsification and plagiarism.

His definition didn’t cover bioethics, but it did class any breach
of research regulations as misconduct.

Ryan’s proposal was roundly condemned in the community, which fought a
lengthy and successful battle to derail it.

Researchers feared that the extension of misconduct investigations to
embrace all kinds of professional laxity would lead to endless,
fruitless investigation and, in particular, elicit groundless
allegations from junior laboratory malcontents.

It is certainly true that there’s a distinction between personal
misbehaviour in the lab and outright scientific fraud, and it is
perhaps as well that special investigative procedures are retained
exclusively for the investigation of the latter.

Furthermore, the question of what constitutes an ethical transgression
may vary between societies that elect to impose different rules,
whereas scientific fraud knows no borders.

In view of the pattern of behaviour that led up to Hwang’s disgrace,
however, no one should argue ever again that despotism, abuse of
junior colleagues, promiscuous authorship on scientific papers or
undisclosed payment of research subjects can be tolerated on the
grounds of eccentricity or genius.

Research ethics matter immensely to the health of the scientific
enterprise. Anyone who thinks differently should seek employment in
another sphere.

Fonte: Nature, Vol 439, nº 7073, 12/1

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9. Afinal, por que Hwang mentiu?
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Ex-admiradores buscam razões para fraude de sul-coreano

Herton Escobar escreve para “O Estado de SP” com dados da AP e
Reuters:

A comprovação da falsificação dos resultados das pesquisas com
células-tronco do sul-coreano Hwang Woo-Suk deixou muitos de seus
ex-admiradores se perguntando: por que ele fez isso?

Depois de três semanas recluso, Hwang apareceu ontem em público para
pedir desculpas pela fraude, informaram algumas agências de notícias.

Cientistas brasileiros ouvidos pelo Estado consideraram impossível
imaginar que uma falsificação como essa não seria descoberta. Ainda
mais tratando-se de um trabalho de tanta repercussão e com tantos
co-autores.

Por que, então, Hwang colocaria sua carreira em jogo dessa maneira?

“Talvez ele achasse que estava muito perto e que iria chegar lá de
qualquer maneira. Então quis ter a certeza de dar a notícia primeiro”,
diz o médico Eduardo Moacyr Krieger, presidente da Academia Brasileira
de Ciências e pesquisador do Instituto do Coração (Incor).

O problema é que Hwang não chegou lá. Quase dois anos após a
publicação do primeiro estudo, os investigadores da Universidade
Nacional de Seul não encontraram nenhuma evidência de que Hwang tenha
produzido uma única linhagem de células-tronco embrionárias clonadas.

Nem a primeira de 2004 nem as 11 de 2005.

Outra especulação é que ele estaria pressionado a apresentar
resultados para não perder (ou obter) financiamento. A ciência é uma
área dependente de cooperação, mas também altamente competitiva.

E quem fica com as glórias é aquele que publica uma descoberta
primeiro. Hwang seria lembrado como o pioneiro da clonagem terapêutica:
o primeiro a produzir embriões humanos clonados e derivar deles
linhagens de células-tronco embrionárias para uso terapêutico.

Em vez disso, vai ficar para a história como o autor de uma das
maiores farsas científicas de todos os tempos.

Algo que ainda precisará ser investigado é a responsabilidade das
dezenas de co-autores que assinam os trabalhos abaixo de Hwang –
alguns dos quais foram responsáveis por denunciar a farsa.

“Toda fraude em ciência é insuportável para a própria comunidade”,
afirma Erney Camargo, presidente do CNPq. Segundo ele, o escândalo
vai repercutir sobre todas as áreas da ciência.

Vergonha

O presidente Universidade Nacional de Seul, Chung Un-Chan, pediu
desculpas ao mundo, nesta quarta-feira, e se disse envergonhado pela
atitude de Hwang.

“Esse incidente deixou uma marca que não poderá ser apagada na Coréia
e na comunidade científica internacional.” E garantiu que Hwang será
severamente punido.

O governo sul-coreano revogou o título de “cientista supremo” de
Hwang e disse que vai investigar o uso dos US$ 3 milhões dados a ele
em 2005.

Ainda assim, centenas de pessoas fizeram uma vigília em defesa de
Hwang, em Seul, nesta quarta-feira. (HE)

“Não sei como me desculpar”

O cientista coreano Hwang Woo-Suk, que estava recluso havia três
semanas, reapareceu em público, nesta quarta-feira.

Em entrevista coletiva televisionada, pediu perdão pela fraude: “Me
sinto tão miserável que não sei nem como me desculpar”.

Nesta quarta-feira à noite (já manhã de quinta-feira na Coréia do Sul),
promotores fizeram uma batida na casa e no escritório de Hwang em busca
de provas para o processo criminal movido contra ele por mau uso de
verbas do governo.

Um grupo de sete promotores foi formado para investigar o caso. Eles
pretendem interrogar todos os envolvidos no escândalo. A pena para o
crime de malversação de verbas públicas é de dez anos de prisão.

O Ministério Público obteve autorização para vasculhar 26 locais
relacionados à pesquisa comandada por Hwang, inclusive um hospital da
cidade e casas de membros de sua equipe. (AP e Reuters)

Fonte: O Estado de SP, 12/1

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Contribuições devem ser enviadas para o Editor do Boletim Eletrônico
da SBQ: Luizsbq@iqm.unicamp.br

Até nossa próxima edição!!!
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