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Sociedade Brasileira de Química    BOLETIM ELETRONICO     No. 611
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Chemical Society ( www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da
SBQ ( http://jbcs.sbq.org.br).
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Veja nesta edição:

1. Vagas para pesquisadores com nível de doutorado no grupo do
Prof. Fernando Galembeck
2. CNPq cria bolsas de pesquisador sênior e pesquisador tecnológico
3. Informação científica e muita diversão na Semana Nacional de C&T
4. Brasil investe pouco em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), conclui
mesa-redonda na Reunião Regional de Manaus
5. Estratégias federais para a área de C&T
6. Droga Strattera, do Laboratório Lilly, terá alerta para risco de
suicídio
7. Museu de Londres abre mostra 'Visions of Science 2005'
8. Os dias são mais curtos no centro da Terra, artigo de Fernando
Reinach

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1. Vagas para pesquisadores com nível de doutorado no grupo do
Prof. Fernando Galembeck
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"O grupo do prof. Fernando Galembeck tem seis vagas para pesquisadores
com nível de doutorado, para tres diferentes projetos de
nanotecnologia.

Os interessados podem enviar seus currículos e informação sobre suas
aspirações para <fernagal@iqm.unicamp.br>. Informações sobre o grupo
podem ser obtidas em ( www.fgq.iqm.unicamp.br).

Informações sobre resultados de projetos recentes estão em
( www.biphorpigments.com) e

( http://www.cietec.org.br/noticia.php?noticia=230) (Orbys/Imbrik)."

Fernando Galembeck
(fernagal@iqm.unicamp.br)
IQ - UNICAMP

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2. CNPq cria bolsas de pesquisador sênior e pesquisador tecnológico
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O CNPq deve realizar ainda este ano uma chamada para seleção dos
novos bolsistas DT

Os pesquisadores da área tecnológica e industrial acabam de ser
atendidos, depois de décadas de espera, em uma de suas mais
insistentes reivindicações: foi homologada nesta quarta-feira pelo
Conselho Deliberativo (CD) a proposta do presidente do CNPq, Erney
Camargo, de criação da Bolsa de Produtividade em Desenvolvimento
Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), a versão tecnológica da
tradicional Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ).

Na mesma reunião, a 133ª da história do CD, foi aprovada também a
criação da categoria Pesquisador Sênior dentro da bolsa de
Produtividade em Pesquisa, a ser destinada aos pesquisadores com
no mínimo 15 anos de bolsa de PQ, categoria I, nível A, do CNPq.

A bolsa Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora terá
duração de 36 meses e a mensalidade varia de acordo com o
enquadramento do tecnologista.

Os requisitos e critérios para classificação dos bolsistas são
parecidos com os da bolsa de Produtividade em Pesquisa, mas a
novidade é que não há exigência de produção científica em sua área
de atuação.

Outras exigências são título de doutor ou perfil
científico/tecnológico equivalente; experiência em sua área de
atuação; experiência no desenvolvimento de protótipos, processos e
produtos e na obtenção de patentes; experiência em atividade de
geração e transferência de tecnologia e extensão inovadora e
experiência na formação de recursos humanos.

O CNPq deve realizar ainda este ano uma chamada para seleção dos
novos bolsistas DT. Está prevista a oferta inicial de 200 bolsas,
em caráter experimental. As solicitações, depois de submetidas ao
processo de análise administrativa e técnica, serão analisadas pelo
Núcleo de Assessores em Tecnologia e Inovação (NATI) e depois
encaminhadas à Diretoria Executiva do CNPq para aprovação.

Pesquisador Sênior

A bolsa de Produtividade em Pesquisa Sênior é vitalícia e o bolsista
não terá o benefício da mensalidade, mas fará jus ao Adicional de
Bancada, se fizer a opção, que terá duração de 72 meses, renováveis
por iguais períodos.

Erney Camargo informou que já pode solicitar à presidência do CNPq
seu enquadramento nesta categoria o pesquisador categoria I nível A
que, por 15 anos consecutivos, tenha permanecido classificado nesse
nível, com ininterrupta produção científica em sua área de atuação.

O Conselho Deliberativo também reconduziu ao cargo, para um mandato
dois anos, os conselheiros Fernando Adolpho Ribeiro Sandroni,
representante da comunidade empresarial, e Guilherme Ary Plonski,
representante da comunidade tecnológica nacional. Representando os
servidores do CNPq, tomou posse Wayne Brod Beskow.

Nos próximos dias as normas que criam essas bolsas estarão
disponíveis na página do CNPq na internet: ( www.sbpcnet.org.br)

Fonte: Assessoria de Imprensa do CNPq

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3. Informação científica e muita diversão na Semana Nacional de C&T
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De 3 a 9 de outubro, será comemorada em todo o país a II Semana
Nacional de C&T. Coordenado pelo MCT, o evento pretende popularizar
a ciência e chamar a atenção para a preservação da água

Seguindo o lema "Cuidar da Água é Cuidar de Você!", o Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) vai promover
uma série de atividades para alunos de escolas públicas e privadas e
para a população do DF, mesclando informação científica, diversão e
educação ambiental.

Em parceria com o Espaço Cultural Anatel, será realizado ciclo de
palestras que contará com a participação de especialistas da

Universidade de Brasília (UnB), Eletronorte, Caesb, Agência Nacional
de Águas (ANA) e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Os
debates serão no auditório do Centro Cultural Anatel, de segunda a
sexta-feira (3 a 7/10), a partir das 10h.

Também poderão ser visitadas as exposições Educação para uma Nova
Cultura da Água (ANA); Balneabilidade do Lago Paranoá (Caesb); Casa
da Água (Caesb); História da Comunicação do Brasil e a Sociedade do
Conhecimento (Anatel). As escolas interessadas em participar das
atividades no Centro Cultural Anatel devem contatar a Assessoria de
Comunicação do Ibict (beth@ibict.br / 3217.6484).

Ciência e diversão

Já para o Centro Comunitário Athos Bulcão (UnB) - local que vai
concentrar diversos parceiros do Ministério da Ciência e Tecnologia
-, o Ibict organizou apresentações científico-culturais e atividades
lúdicas para a crianças.

O Esquadrão da Vida vai trabalhar a educação ambiental em uma folia
acrobática-musical. O grupo surgiu em Brasília na década de 70 e,
desde então, tem se apresentado mobilizando crianças e jovens para
as questões ambientais. Na II Semana Nacional de C&T, o Esquadrão da
Vida vai apresentar peça sobre o uso e a preservação da água.

Já os contadores de histórias do grupo Roupa de Ensaio vão utilizar
bonecos e marionetes para contar exemplos de pesquisas produzidas no
país e publicadas no CanalCiência, projeto de divulgação do Ibict.
Eles vão aproveitar os personagens para retratar a história de vida
de alguns cientistas brasileiros. Para arrematar, um mágico vai
propor, às crianças que visitarem o estande do Ibict, desafios que
envolvem a água.

De Planaltina, jovens estudantes de do Centro de Ensino Fundamental 4
e Centro de Ensino Médio Estela dos Querubins vão apresentar as peças
teatrais "O Caminho das Águas", "Memórias do Cerrado e o Parque
Sucupira" e "História do Córrego Mestre D´Armas".

Os estudantes de 8 a 16 anos participaram, junto com sua professoras,
de programa de educação ambiental na Estação Ecológica de Águas
Emendadas. Eles desenvolveram os roteiros, participaram de oficinas
para confecção de figurinos, adereços e cenários e também
contribuíram para a criação das composições, musicadas pelo professor
Tião Cândido.

O resultado é um trabalho sensível sobre a realidade local e a
necessidade de se preservar o meio ambiente.

As atividades no estande do Ibict/MCT no Centro Comunitário da UnB
vão ocorrer de segunda-feira a domingo (3 a 9/10), com apresentações
gratuitas às 10h, 11h, 15h, 15h30 e 16h.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia - Ibict)
 
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4. Brasil investe pouco em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), conclui
mesa-redonda na Reunião Regional de Manaus
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Segundo o pesquisador da UFSC Luiz Otávio Pimentel, das mais de
quatro milhões de empresas brasileiras apenas 20 mil investem em P&D

Luís Henrique Amorim escreve de Manaus para o "JC e-mail":

A mesa-redonda 'Resultados das Pesquisas Científicas e o Papel da
Propriedade Intelectual nos Centros de Ensino e Pesquisa' aconteceu
nesta terça-feira, durante a 2a Reunião Regional de Manaus.

A principal constatação é de que no Brasil ainda são poucas as
empresas dispostas a investir em P&D. "Das mais de quatro milhões de
empresas brasileiras apenas 20 mil investem em P&D. E são elas as
líderes de mercado".

Para ele, "o grosso das pesquisas é feito nas Universidades". Um
caminho natural e rentável, segundo ele, seria o aumento do número de
parcerias entre Universidades e empresas.

Um exemplo mostrado pelo pesquisador foi o da bebida Gatorade. "Ela
foi inventada e patenteada por uma Universidade americana. Só no ano
de 1973 isso se reverteu em cerca de 80 milhões para a academia. Com
isso, eles puderam investir em novos equipamentos e laboratórios."

Para o professor do Centro Universitário de Brasília e doutor em
Direito pela Universidade de Paris, Marcelo Varella, "falta
consciência aos brasileiros para que se aumente o número de patentes.
Em algumas áreas do Direito, como o Direito Autoral, as pessoas já
conhecem, sabem como funciona, mas este é um caso diferente, onde não
se precisa ir a um órgão pedir patente, basta publicar".

Com a patente, explica ele, é mais complicado. "É preciso diferenciar
descoberta de inovação. No Brasil, não se pode patentear organismos
vivos, salvo se for um transgênico. Mas em outros países do mundo é
permitido. Então a pessoa pede no Brasil e ao mesmo tempo em outros
países. Mesmo que o Inpi [Instituto Nacional de Propriedade
Intelectual] não conceda, onde for permitido, ganha-se a patente".

Com isso, já que o dono da patente pode evitar a exportação e
comercialização do produto patenteado em outros países, é possível
conseguir acordos mesmo que o Brasil não deixe patentear algumas
inovações, explicou Varella.

Ele também disse que é possível proteger variações de plantas. "Não
no Inpi, mas no Ministério da Agricultura. A planta terá que passar
por vários testes para provar sua unicidade, mas lá há uma lei que
protege cultivares diferentes."

Noélia Lúcia Simões Falcão, que coordena o escritório de patentes do
Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, destacou que a patente
pode trazer vantagens para os centros de pesquisas e Universidade
brasileiras.

O retorno de investimentos, a correta divulgação do produto e o
impedimento de uso indevido foram algumas citadas por Noélia.

Mas ela lembrou que "há pessoas nos centros de pesquisa que defendem
a liberação do conhecimento científico e sua livre circulação".

Fonte: JC e-mail 2864, de 28 de Setembro de 2005

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5. Estratégias federais para a área de C&T
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Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, explica a
importância da regulamentação do FNDCT para a gestão das políticas
do ministério e as negociações, no Poder Executivo, para que a pasta
tenha R$ 300 milhões a mais em 2006

Eduardo Geraque escreve para a "Agência Fapesp":

A regulamentação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT) é um passo importante, segundo o ministro da C&T,
Sergio Rezende, para que a gestão das políticas públicas sob seu
comando possa ser feita de forma mais efetiva.

Na segunda-feira (26/9), Rezende esteve em SPo. À tarde, visitou a
Faes, acompanhado de Erney Camargo, presidente do CNPq, onde foi
recebido por Carlos Vogt, presidente da Fundação. À noite, recebeu
o Prêmio Bunge, em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes.

"Estou confiante que a regulamentação do FNDCT vá ocorrer sem
maiores problemas no Congresso Nacional", disse o ministro.

O projeto, que passou pela Câmara dos Deputados em julho, está no
Senado Federal. "Falta passar por uma comissão para chegar ao
plenário, mas o tema ciência e tecnologia tem sido consenso entre
os parlamentares".

Segundo Rezende, a regulamentação do FNDCT permitirá que o
ministério, já em 2006, desenvolva um número maior de ações
transversais. Atualmente, na maior parte das vezes, os recursos
financeiros acabam amarrados dentro dos fundos específicos.

"Desde que os comitês de gestão dos fundos aprovem, depois da
regulamentação poderão ser feitas ações integradas, sem a necessidade
de vínculo entre a fonte e a receita", afirmou.

O principal impacto das novas regras do FNDCT, segundo o ministro, é
permitir que se tenha uma visão mais sistêmica na implantação das
políticas de ciência e tecnologia no país.

Se a forma de gerir as políticas deve melhorar após a aprovação do
fundo nacional no Congresso, no âmbito do Poder Executivo a intenção
de Rezende é conseguir mais recursos para a sua pasta.

Ele confirmou que o MCT está em conversas com a pasta do Planejamento
para que pelo menos 60% do dinheiro dos fundos setoriais entre de
forma efetiva no orçamento de 2006.

O não-contigenciamento dos fundos é uma discussão que tem se repetido
nos últimos anos. A medida tem sido usada com freqüência para efeito
dos cálculos do superávit primário.

"Se conseguirmos aprovar isso, haverá um aumento significativo de
recursos. Sairemos de R$ 850 milhões para R$ 1,150 bilhão", disse.

Sobre o Prêmio Bunge, que recebeu pela produção na área de ciências
exatas e tecnológicas, Rezende, professor e um dos fundadores do
Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, não
escondeu sua satisfação. "Estou orgulhoso. Sabemos como é difícil
fazer ciência no Brasil, com recursos tão escassos", disse.

Além disso, o ministro comemorou o fato de estar ao lado de ilustre
companhia. Além dele, o Prêmio Bunge, antes conhecido como Prêmio
Moinho Santista, premiou na mesma área os também físicos César Lattes,
em 1975, e Oscar Sala, em 1981.

"Foi por meio de Sala que conheci a Faes", recorda Rezende. Sala foi
diretor científico da Fundação de 1969 a 1975 e seu presidente de
1985 a 1995.

Fonte: Agência Fapesp, 28/9

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6. Droga Strattera, do Laboratório Lilly, terá alerta para risco de
suicídio
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Remédio do laboratório Eli Lilly é usado para tratar transtorno de 
déficit de atenção e hiperatividade em crianças e adolescentes

NOVA YORK - O laboratório Eli Lilly and Co. anunciou nesta
quinta-feira que irá colocar alertas nas embalagens do remédio
Strattera, usado para tratar transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade, incluindo mensagens sobre o risco de pensamentos
suicidas entre crianças e adolescentes.

Strattera terá agora uma tarja preta de alerta, a mais forte
estabelecida pelos órgãos de regulamentação dos Estados Unidos.
Normalmente, esses alertas afetam as vendas dos produtos devido ao
aumento da preocupação dos médicos e pacientes sobre a segurança da
droga.

O laboratório americano disse que uma revisão dos resultados de
análises identificou um pequeno aumento, porém estatisticamente
significativo, do risco de pensamentos suicidas entre crianas e
adolescentes medicados com Strattera.

Cinco casos de pensamentos suicidas foram relatados entre 1.357
jovens pacientes, comparados com nenhum caso entre 851 pacientes
que tomaram placebos durante os testes.

"Como pensamentos suicidas foram raros em pacientes medicados durante
os testes clínicos, é importante que os pais estejam conscientes que
isso pode ocorrer e que discutam qualquer sintoma incomum com o médico",
disse a empresa.

Não houve suicídios entre as crianças, adolescentes ou adultos que
tomaram o medicamento durante as análises. Mas houve uma tentativa de
suicídio entre os 1.357 jovens estudados, disse a empresa.

Fonte: ( http://www.oglobo.com.br)
Caderno Ciência, 30 de setembro de 2005

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7. Museu de Londres abre mostra 'Visions of Science 2005'
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LONDRES - Entrou em exibição nesta quinta-feira no Science Museum de
Londres a mostra dos trabalhos vencedores da edição 2005 do concurso
"Visions of Science". O concurso, organizado pela gigante farmacêutica
Novartis e o jornal londrino "Daily Telegraph", é voltado a encorajar
o debate científico e explorar as possibilidades de ilustração de
temas por vezes complexos.

Na prática, as imagens abrem caminho para mundos microscópicos
insuspeitos, segredos do funcionamento da vida e perspectivas
inusitadas do trabalho diário de quem vive da ciência e seus
desdobramentos. Neste ano, os temas variaram da maneira como a água
se move ao cuidado de bebês prematuros.

O júri que seleciona os vencedores é composto por cientistas,
fotógrafos e editores de fotografia.

Na galeria abaixo, confira as fotos vencedoras com a mente aberta.
Um exercício curioso, recomendado pelos organizadores, é comparar o
que se imagina que seja o objeto da foto com sua legenda. Você pode
se surpreender.

Fonte: ( http://www.visions-of-science.co.uk)

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8. Os dias são mais curtos no centro da Terra, artigo de Fernando
Reinach
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Sempre tive dificuldade em imaginar que o Sol não se põe, mas à medida
que a Terra gira é o horizonte que sobe e encobre o Sol
 
Nossa Terra é como um abacate. No centro existe uma bola sólida de
ferro e níquel de 2.400 quilômetros de diâmetro, o núcleo do planeta.
Essa bola está envolta por uma camada de metal liquefeito de 3 mil
quilômetros, chamada de parte externa do núcleo.

Essas duas camadas são recobertas por uma camada sólida, chamada de
manto, sobre a qual está a crosta em que vivemos. O que se descobriu
é que a bola sólida no centro do planeta gira mais rápido que a crosta
em que vivemos.

Um sismógrafo é um aparelho capaz de detectar terremotos. Imagine um
terremoto com epicentro no sul da Argentina. Um sismógrafo localizado
perto do centro do terremoto vai detectar a vibração no momento em que
ela ocorre.

Um sismógrafo localizado no Alasca, do outro lado do planeta, também
vai detectar o terremoto, mas, nesse caso, as vibrações do terremoto
vão chegar quase 20 minutos depois de o terremoto ter ocorrido.

Esse é o tempo que as vibrações levam para chegar da Argentina ao
Alasca, passando pelo centro da Terra.

Na verdade, o que o sismógrafo do Alasca detecta é um conjunto de
ondas vindas da região onde ocorreu o terremoto.

Algumas delas entram pelo manto, passam somente pela parte líquida do
centro da Terra (sem passar por dentro da bola, de ferro sólido),
enquanto outras passam pelo manto, pela parte líquida e por dentro da
bola sólida de ferro.

As vibrações que passam pela parte sólida levam menos tempo para chegar
ao Alasca (1.180 segundos), enquanto que as que passam somente pela
parte líquida levam seis segundos a mais (1.186 segundos).

Um grupo de cientistas examinou os registros de terremotos detectados
no Alasca ao longo de várias décadas e selecionou os registros de
terremotos que ocorreram nas Ilhas Sandwich, no sul do Oceano
Atlântico.

Como era de se esperar, esses registros são todos muito parecidos.
Quando os cientistas alinharam os registros de todos os terremotos
que ocorreram ao longo das últimas décadas, observaram que, ao longo
dos anos, as vibrações que passavam somente na parte líquida do
núcleo demoravam sempre o mesmo tempo para atravessar o planeta.

Entretanto, comparando os registros mais recentes com os mais antigos,
observaram que as ondas que trafegaram pelo centro sólido do planeta
chegaram, a cada ano, uma fração de segundo mais rápido.

Ao longo de 35 anos, o tempo diminuiu 0,3 segundo (isso mesmo, quase
um terço de segundo). Isto significa que à medida que o tempo passa,
a orientação do núcleo sólido está mudando.

Os cientistas fizeram as contas e determinaram que a rotação do
núcleo sólido em relação à crosta é de 1 volta a cada 900 anos.
Assim, entre os anos 1105 e 2005, enquanto a Terra deu 327.600 voltas
(364 dias vezes 900 anos), o núcleo do nosso planeta deu 327.601
voltas.

Como o dia é definido como o tempo que a Terra leva para dar uma volta
sobre si mesma, é justo concluir que os dias na centro da Terra são
ligeiramente mais curtos.

Sempre tive dificuldade em imaginar que o Sol não se põe, mas à medida
que a Terra gira é o horizonte que sobe e encobre o Sol. Agora, quando
ando em direção ao poente, fico imaginando uma enorme bola de ferro
girando sob meus pés na direção oposta de minha caminhada.

Mais informações em Inner Core Differential Motion Confirmed by
Earthquake Waveform Doublets, na Science, volume 309, página 1.357,
2005.

Nota do Editor: Fernando Reinach (fernando@reinach.com) é biólogo.
Artigo publicado no "O Estado de SP, 28/9"

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Contribuições devem ser enviadas para o Editor do Boletim Eletrônico
da SBQ: Luizsbq@iqm.unicamp.br

Até nossa próxima edição!!!
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Prof. Luiz Carlos Dias
Editor do Boletim Eletrônico
Sociedade Brasileira de Química - SBQ
e-mail: luizsbq@iqm.unicamp.br