[Boletim-sbq] Boletim Eletronico No. 557

Luiz Carlos Dias luizsbq em iqm.unicamp.br
Terça Março 8 16:12:20 BRST 2005


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SBQ - BIENIO (2004/2006)      BOLETIM ELETRONICO      No. 557
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Gostaríamos de cumprimentar todas as MULHERES pela passagem do Dia 
Internacional da Mulher, hoje, dia 08 de Março. 

"Feliz Dia Internacional da Mulher"

Fortes, carinhosas, lutadoras, bravas, sensíveis, carinhosas, amigas, 
companheiras, mães, MULHERES...

Como dizia o poeta...

Veja nesta edição:

1. Relatório da Reunião do Comitê Assessor Especial de Química
2. Mulheres já são maioria em mestrado e doutorado
3. Falta dinheiro ou política?, artigo de Isabel Canto e César Zucco
4. Academia Brasileira de Ciências apóia nova Lei de Biossegurança
5. Governo admite mudanças no projeto da reforma universitária

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1. Relatório da Reunião do Comitê Assessor Especial de Química
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Relatório da Reunião do Comitê Assessor Especial de Química
21 a 25 de fevereiro de 2005
Julgamento dos processos apresentados ao Edital Universal 19/2004 - 
CNPq

O Comitê Assessor Especial de Química do CNPq, constituído pelos 
professores Faruk José Nome Aguilera (Coordenador, UFSC), Vitor 
Francisco Ferreira (Vice-Coordenador, UFF), José Maria Barbosa 
Filho (UFPB), Jarí Nóbrega Cardoso (UFRJ), Jairton Dupont (UFRGS),
Marco-Aurélio De Paoli (UNICAMP), Osvaldo Antônio Serra (USP/Rib. 
Preto), Paulo Sérgio Santos (USP) e Sérgio Luís Costa Ferreira 
(UFBA), reuniu-se no período de 21 a 25 de Fevereiro de 2005 no Hotel
San Marco (Setor Hoteleiro Sul - Brasília/DF) para avaliar os 
processos referentes aos projetos submetidos ao Edital Universal 
19/2004.

Foram submetidos ao Edital 624 projetos na área de Química, 
solicitando um valor médio de R$ 37.400. A maioria dos projetos 
tinha um ou dois pareceres ad hoc. Aqueles que não tinham pareceres 
foram avaliados pelo CA, o que causou um aumento no tempo de 
avaliação do conjunto de pareceres. A distribuição dos recursos 
solicitados por área está na Tabela I.

Tabela I: Projetos Apresentados e distribuição  por área

Área	             	Recursos solicitados
                  R$	        	  %
Orgânica	  8.576.879,17	36,6 %
Físico-química  5.854.868,59	25,1 %
Analítica	  5.643.322,06	24,1 %
Inorgânica	  3.322.049,30	14,2 %
Total		 23.397.119,12	100,0 %

O procedimento de trabalho adotado, comum a todas as avaliações 
realizadas pelo CA-QU em suas últimas reuniões, envolveu a análise 
individual de cada solicitação pelos grupos das sub-áreas, que 
relataram as principais observações dos assessores ad hoc. Após 
discussões e conclusões colegiadas entre todas as sub-áreas, o 
parecer final do Comitê foi elaborado. É importante salientar que 
foram respeitados os pareceres do assessores ad hoc e as indicações 
de sub-área e Comitê Assessor indicados pelo pesquisador coordenador 
de cada projeto. Por esta razão, não foi julgado pelo Comitê de 
Química nenhum projeto encaminhado de outros CAs do CNPq.

Para a área de Química foram disponibilizados pelo CNPq 3.276.000,00 
de um total de R$ 52.000.000,00. A distribuição dos projetos 
aprovados entre as diferentes áreas seguiu aproximadamente
o critério de proporcionalidade relativa à demanda (Tabela II). Os 
projetos constituíram o grupo denominado P1 e serão atendidos 
imediatamente com os recursos disponibilizados pelo CNPq.

Tabela II: Distribuição dos projetos aprovados no Edital (Grupo P1)

PROCESSOS

ORGÂNICA		1.132.557,40
FÍSICO-QUÍMICA 	803.413,96
ANALÍTICA		829.000,00
INORGÂNICA		514.900,00
Total			3.279.871,36

Por solicitação do CNPq, de acordo com carta enviada à Comunidade 
pelo Presidente do CNPq, a área técnica solicitou que fossem 
classificados os projetos com qualidade científica em outro grupo 
denominado de P2, para atender todos os projetos qualificados 
apresentados neste Edital. Os projetos nos quais os assessores 
ad hoc, detectaram ausência de mérito científico, foram 
desclassificados. Destacamos que os projetos classificados no 
grupo P2 deverão ser implementados com recursos adicionais. Por 
decisão do CA-Química, os orçamentos de diversos projetos dos 
grupos P1 e P2 foram ajustados de forma a atender um maior 
número de projetos com mérito.

Durante os trabalhos de julgamento o CA-QU, observou-se alguns pontos 
que devem merecer atenção para futuros Editais Universais:

i) O CA continua recebendo pareceres de assessores ad hoc 
(beneficiário de Bolsas de Produtividade), que em nada 
contribuem à análise dos processos;

ii) É necessário que o Currículo Lattes esteja atualizado nos 
períodos de julgamento dos processos. Apesar de recomendações 
anteriores, o problema ainda persiste;

iii) Vários assessores ad hoc, alguns dos quais são 
beneficiários de Bolsas de Produtividade, não emitiram o parecer. 
Estes pesquisadores devem ser alertados sobre possíveis 
conseqüências de sua atitude, caso não justificado.

iv) Alguns pesquisadores, beneficiários de bolsa de Produtividade
Acadêmica e seu respectivo "grant", enviaram pedidos de 
financiamento que poderiam ser cobertos pelo "grant". Estes pedidos 
deveriam ficar fora do edital.

Finalmente, queremos manifestar à Presidência do CNPq que os 
recursos alocados para o grupo P1, ou seja, aqueles atendidos 
pelo Edital, são absolutamente insuficientes para atender a 
demanda qualificada existente. O número de projetos atendidos no 
grupo P1  representa apenas 14 % do total de projetos 
apresentados. Assim, é de fundamental importância que sejam atendidos 
o máximo possível dos projetos do grupo P2. Sem este esforço, por 
parte do CNPq e do MCT, corremos o risco de criar uma nova frustração
para a Comunidade Científica do Brasil. Esta opinião representa a 
unanimidade do Comitê Assessor Especial do CNPq, convocado para 
o julgamento deste Edital.

Brasília, Fevereiro de 2005.	

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2. Mulheres já são maioria em mestrado e doutorado
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Aumenta a participação das mulheres em todos os níveis de escolaridade

A maior parte dos mestres e doutores brasileiros formados em 2003 é do 
sexo feminino. No mesmo ano, do total de pós-graduados nas 
principais áreas de conhecimento, 18.160 eram mulheres e 17.509, 
homens.

Esses números fazem parte de estudo divulgado ontem pelo Ministério
da Educação que registra o crescimento da presença das mulheres em 
todos os níveis de escolaridade, inclusive entre os docentes.

O estudo "Trajetória da Mulher da Educação Brasileira", de 
autoria conjunta do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria 
Especial de Política para as Mulheres (SEPM) mostra também que 
aumentou o número de mulheres que resolveram seguir a carreira 
acadêmica e hoje compõem o corpo docente na educação superior.

Carreiras acadêmicas ainda têm mais homens

Em 1996, eram 57,4 mil as mulheres que escolheram essa profissão. 
Em 2003, o número subiu para 116,2 mil, representando um 
crescimento de 102,2%.

O crescimento masculino no mesmo período foi de 67,9%. Ainda assim, a 
carreira acadêmica ainda é essencialmente formada por homens, que eram 
em 2003 152,5 mil professores de instituições de ensino superior.

O estudo analisa a evolução da presença feminina no ensino público
e particular no período de 1996 a 2003. Segundo a pesquisa, a 
participação feminina é predominante a partir do ensino médio.

Em 2003, o índice de matrículas nesse nível foi de 54% para as 
mulheres e de 46% para homens. Na graduação, a diferença se torna 
mais discrepante. Em 1996, as matrículas femininas ultrapassavam as 
masculinas em 8,7%. Em 2003, a diferença subiu para 12,8% a favor das 
mulheres.

- As mulheres estão nos superando nos quesitos qualitativos e 
quantitativos. Estamos muito à frente de outros países em 
desenvolvimento, onde é maior o desafio da inclusão de mulheres na 
educação - disse o ministro interino da Educação, Fernando Haddad.

Apesar do crescimento feminino na educação do país, a secretária de 
Política para as Mulheres, Nilcéa Freire, mostrou-se preocupada 
com as restrições impostas às mulheres que optam pela carreira 
acadêmica. Ela questionou o fato de cursos de mestrado e doutorado 
não terem previsão para licença-maternidade ou extensão do prazo 
para apresentação de tese para mulheres que querem engravidar.

Segundo Nilcéa, em média, as mulheres que seguem a carreira se casam 
e têm filhos depois dos 35 anos. Ela anunciou que vai lutar pela 
melhoria desse sistema.

- A gente não tem direito de ter filho antes de terminar o doutorado, 
protestou.
 
Salários não cresceram na mesma proporção

Apesar do grande incremento na escolaridade das mulheres, os 
salários delas não aumentaram na mesma proporção. Conforme os últimos
dados divulgados pelo IBGE, apenas 23,44% das pessoas que recebiam 
mais de 20 salários mínimos mensais em 2003 eram mulheres.

O crescimento foi pequeno, já que em 1996 esse índice correspondia 
a 18,01%. Para a pesquisadora Tatau Godinho, da SEPM, essa é
uma constatação preocupante.

- Com a pesquisa, fica comprovado que o argumento de que as mulheres 
têm menos condições no mercado de trabalho porque são menos preparadas 
não corresponde à realidade. Em média, as mulheres têm um ano ou mais 
de escolaridade em comparação com os homens. Ainda assim, elas 
ganham cerca de 30% a menos do que eles - disse a pesquisadora.
 
O estudo também abordou a histórica diferença de áreas escolhidas 
pelos sexos. Continua em voga a preferência das mulheres por cursos 
das áreas de humanas e de saúde. 

Fonte: O Globo, 8/3

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3. Falta dinheiro ou política?, artigo de Isabel Canto e César Zucco
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A melhoria da pesquisa na Região Norte passa necessariamente pelo 
engajamento e ampliação da sua força tarefa, que hoje soma apenas 3% 
dos pesquisadores em atividade no país

Muito tem sido dito a respeito da necessidade de se aumentar os 
investimentos para a pesquisa científica e tecnológica na região amazônica.

Os recursos financeiros até hoje alocados foram insuficientes para
a construção de infra-estrutura física adequada e para a formação de 
uma significativa massa crítica de pesquisadores que possa 
responsabilizar-se pelo desenvolvimento regional.

A precariedade das instalações de pesquisas da região não tem 
favorecido a fixação de recursos humanos, desviando, muitas vezes, 
jovens e promissores pesquisadores para outras regiões do país e 
até mesmo para o exterior, provocando, assim, a chamada evasão de
cérebros (brain-drain).

Recentemente, foi incluída na agenda dos gestores e definidores 
das políticas e programas de governo, nos seus mais diferentes 
níveis, a questão da internalização do conhecimento, isto é, aquele 
que fica no país oriundo das pesquisas conjuntas de pesquisadores 
brasileiros e estrangeiros.

Apesar da presença de grupos de pesquisa estrangeiros na Região Norte 
ser significativa, parece existir, a priori, um grande 
descompasso entre pesquisas produzidas em parceria com os grupos 
regionais e a absorção do conhecimento resultante.

A incapacidade de apropriação desse conhecimento pelas instituições 
regionais de nível superior e a evasão do conhecimento científico 
lá produzido são fatores de agravamento e isolamento dessa região.

As colaborações internacionais se, por um lado, têm permitido o 
estabelecimento de parcerias entre os grupos estrangeiros e os 
grupos brasileiros localizados nos centros de referência do eixo 
Manaus-Belém, por outro lado, têm alijado uma parcela importante 
de pesquisadores do norte, que se encontra fora desse eixo; a eles é 
concedido, quando muito, atuar como suportes e facilitadores dos 
objetivos dos grupos de elite regionais, nacionais e estrangeiros.

O caso dos pesquisadores que atuam no Amapá é um exemplo típico. 
Algumas das razões apontadas para essa desconexão histórica são 
as dificuldades de comunicação entre os próprios grupos 
brasileiros, o excesso de burocracia de nossas agências de fomento, 
a falta de apoio institucional - infra-estrutura humana, 
física e financeira.

Para muitos pesquisadores do Amapá, o estabelecimento de parcerias 
com grupos do eixo Belém-Manaus tem sido pouco interessante do ponto 
de vista de apoio às pesquisas e competências locais, havendo 
pouca (ou nenhuma) participação de pesquisador local nas fases de 
discussão e elaboração de propostas.

Sua inserção no projeto de pesquisa se deve, muitas vezes, a 
exigências das agências de fomento e não a uma integração em 
termos de pesquisa.

Esse isolamento é preocupante à medida que permite o estabelecimento 
de um elo direto e informal entre os pesquisadores que atuam fora do 
eixo e a comunidade científica estrangeira, que, registre-se, 
vem paulatinamente migrando para os locais menos desenvolvidos da 
Região Norte, longe portanto do dito "controle" ou fiscalização 
dos institutos de pesquisas que contam com grupos de pesquisadores 
mais consolidados.

O recorrente financiamento dos mesmos grupos de pesquisa da 
região privilegia o desenvolvimento de um modelo considerado 
ultrapassado já na década de 80, o qual associa o desenvolvimento 
regional, nacional, e, conseqüentemente, a melhoria da qualidade de 
vida das populações à idéia de que o país deve investir em apenas 
alguns setores/grupos de pesquisa (bridgehead strategy).
A melhoria da pesquisa na Região Norte passa necessariamente 
pelo engajamento e ampliação da sua força tarefa, que hoje 
soma apenas 3% dos pesquisadores em atividade no país.

A questão financeira analisada isoladamente não resultará em 
melhoria para os grupos regionais. Um diagnóstico mais preciso da 
situação das parcerias científico-tecnológicas nessa região deverá 
considerar as que ocorrem com grupos estrangeiros, as com 
pesquisadores de outras regiões do Brasil e as colaborações entre
pesquisadores da região, incentivando e facilitando a participação, 
particularmente, dos grupos que operam fora do eixo Belém-Manaus nas 
diversas etapas de formulação das colaborações.

A falta de política ou a implementação de políticas inadequadas são, 
portanto, fatores igualmente inibidores do desenvolvimento regional.

Nota do Editor: Isabel Canto é pesquisadora visitante do Centro 
Latino-Americano da Universidade da Califórnia (UCLA), Analista Sênior 
de C&T da Capes e pesquisadora-associada do Instituto de Relações 
Internacionais da Universidade de Brasília no período de 2002/2003. 
Foi Coordenadora-Geral de vários programas da Amazônia no MCT de 
2000/2004. 
César Zucco é professor titular do Depto. de Química da Universidade
Federal de Santa Catarina e ex-membro do Comitê Científico Nacional 
do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia -
LBA e do Projeto de Pesquisas Florestais da Amazônia Brasileira- 
Jacaranda. 

Fonte: JC e-mail 2721, de 08 de Março de 2005.

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4. Academia Brasileira de Ciências apóia nova Lei de Biossegurança
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E pede ao presi