[Boletim-sbq] Boletim Eletronico No. 532 (Especial Workshop SBQ/CGEE)

Luiz Carlos Dias luizsbq em iqm.unicamp.br
Sexta Outubro 22 09:53:20 BRST 2004


**********************************************************************
SBQ - BIENIO (2004/2006)      BOLETIM ELETRONICO      No. 532
**********************************************************************
______________________________________________________________________

Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian 
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista 
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América 
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da 
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
______________________________________________________________________

BOLETIM ELETRÔNICO ESPECIAL SOBRE O WORKSHOP 
"QUÍMICA NO BRASIL: PERSPECTIVAS E NECESSIDADES"

Veja nesta edição:

1. Participe das discussões do workshop "Química no Brasil: 
Perspectivas e Necessidades"
2. Química no Brasil: Perspectivas e Necessidades para a próxima 
Década
3. A formação do Químico, desafios e necessidades 
4. Pesquisa, áreas de fronteira e pós-graduação em Química 
5. Inovação e produção no setor Químico 
6. A pesquisa a serviço das políticas públicas 

**********************************************************************
1. Participe das discussões do workshop "Química no Brasil: 
Perspectivas e Necessidades"
**********************************************************************

A Sociedade Brasileira de Química, sempre buscou contribuir nas 
Mudanças efetivas que potencializem o ensino e a geração, divulgação 
e apropriação do conhecimento. Nesse sentido, visando um dos seus 
grandes desafios, viabilizar a aproximação pró-ativa dos 
setores acadêmico e industrial de Química, a SBQ dá continuidade à 
parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 
CGEE, organizando conjuntamente o workshop Química no Brasil: 
Perspectivas e Necessidades Para a Próxima Década, com o objetivo 
de aproximar setores de Governo, Academia e Empresas na elaboração 
de um plano estratégico e mobilizador para a área de Química.

Para mais informações, visite o link para a página da reunião do CGEE:
http://www.sbq.org.br/forum/.

ENVIE SUGESTÕES

1. Química no Brasil: Perspectivas e Necessidades para a próxima 
Década
2. A formação do químico, desafios e necessidades 
3. Pesquisa, áreas de fronteira e pós-graduação em química 
4. Inovação e produção no setor químico 
5. A pesquisa a serviço das políticas públicas 

**********************************************************************
2. Química no Brasil: Perspectivas e Necessidades para a próxima 
Década
**********************************************************************

Jailson Bittencourt de Andrade
IQ - UFBA

A pesquisa científica e tecnológica, no Brasil, teve grande 
impulso na segunda metade do século passado. Os marcos iniciais 
desse impulso foram à criação do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, e da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, no início da 
década de 1950, a criação da Financiadora de Estudos e Projetos, 
FINEP na década de 1960 e a organização e expansão do sistema de 
pós-graduação nas décadas de 1960 e 1970. No caso específico da 
área de Química, além destes marcos vale ressaltar dois programas: 
i) o programa de colaboração celebrado pelo CNPq e a National 
Academy of Sciences, NAS dos Estados Unidos, no final da década 
de 1960, cujo objetivo principal era modernizar a Química no País 
e produzir um salto qualitativo em áreas de pesquisa consideradas 
de vanguarda na época; e ii) O Programa de Apoio ao 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, PADCT, criado pelo Governo 
Brasileiro na primeira metade da década de 1980 e que além dos 
recursos nacionais recebeu significativo apoio financeiro do BIRD. 

No Programa inicial, Química e Engenharia Química era uma 
das nove áreas prioritárias. 

A criação da Sociedade Brasileira de Química, SBQ, em 1977, ocorreu 
no mesmo período de mudanças no funcionamento do CNPq, tais como 
a utilização de "Comitês Assessores", escolhidos pela Diretoria 
do CNPq, na definição da alocação de bolsas e auxílios (1975), do 
encerramento do programa CNPq-NAS (1977) e das discussões visando 
a criação de um Instituto Nacional para a área, que resultaram 
na criação do Programa Nacional de Apoio a Química, PRONAQ, em 
1981. Ou seja, o principal Programa de Apoio a Química brasileira, 
pós-criação da SBQ foi o PADCT. 

O impacto deste Programa na Química e na Engenharia Química 
do País foi significativo e amplo. Entretanto, vale ressaltar 
três aspectos relevantes do Programa de Química e Engenharia 
Química, QEQ: i) a decisão do Grupo Técnico em apoiar os cursos de 
graduação, que não constava inicialmente do Programa; ii) introduzir 
o conceito de Biblioteca Regional, que resultou em apoio a uma 
grande malha de bibliotecas de química espalhadas pelo país; e 
ii) induzir e consolidar o apoio a atividades de manutenção de 
equipamentos. 

Na segunda metade da década de 1980 e primeira da década de 1990 
foram apoiados 449 projetos no valor total de US$ 83.000.000,00. 
Estes projetos envolveram o apoio a: Formação de Recursos 
Humanos Qualificados (Graduação e Pós-Graduação); Grupos de Pesquisa 
(Consolidados e em Consolidação); Infra-estrutura (Centrais 
Analíticas, Equipamentos Multi-usuário, Bibliotecas e 
Manutenção); Pesquisa Tecnológica (Projetos Universidade - 
Empresa); Divulgação Científica e a Editoração de Livros Didáticos. 
Esta foi uma das razões que levaram a área de Química a apresentar 
maiores taxas de crescimento na formação de mestres e doutores, 
bem como na publicação de artigos em periódicos científicos 
qualificados. Independente do parâmetro considerado pode-se observar 
que as taxas de crescimento da área de Química mudam de linear 
para exponencial a partir dos anos noventa. Em resumo, o PADCT 
reconfigurou a Química no país. 

Em 1995, o Brasil representava a décima economia e a oitava 
indústria química em termos de faturamento líquido em nível mundial 
(cerca de 36 bilhões de dólares). N aquela época a Diretoria 
e Conselho e o Consultivo da SBQ elaboraram o documento " A 
contribuição da Química ao desenvolvimento científico e tecnológico 
do país e a necessidade de investimentos", que foi apresentado 
ao Ministro de Ciência e Tecnologia, ao Presidente do CNPq e à 
Presidência da Comissão de C&T da Câmara dos Deputados. Entre 
outros, o documento revelava a necessidade do valor global de 
investimentos em recursos estimados para a área, em quatro anos, 
US$ 336.000.000,00 (trezentos e trinta e seis milhões de dólares 
americanos). A sugestão da SBQ era que estes recursos seriam 
utilizados pelos Cursos de Graduação e Pós-graduação para 
recuperar e ampliar a infraestrutura laboratorial, instrumental e 
de bibliotecas, melhorar a qualificação profissional dos professores 
universitários e do segundo grau, além de promover um estimulo à 
produção de livros e textos especializados em química; na criação, 
pelo CNPq/CAPES, de um programa tipo "enxoval" para apoiar a 
instalação de novos doutores recém contratados por departamentos 
de química; na vinculação das bolsas de pesquisa do CNPq com 
recursos anuais variáveis em função do nível do bolsista e na 
manutenção e expansão da capacidade instalada de pesquisa em química 
no país. 

No inicio do novo milênio, mais uma vez c om o objetivo de 
contribuir para a formulação de políticas de C&T para a área de 
Química, a Diretoria e o Conselho Consultivo da Sociedade 
Brasileira de Química, SBQ, decidiram promover uma série de 
atividades visando à elaboração de um documento denominado "Eixos 
Mobilizadores em Química". Após ampla discussão na comunidade de 
Química, em 2003, foi finalizado o documento, onde são 
identificados seis eixos mobilizadores, são sugeridas linhas de ação 
e apresentadas necessidades de investimento no setor acadêmico nos 
próximos quatro anos. 

Formação de recursos humanos qualificados 
Uma visão geral da Graduação em Química revela a existência de 
cerca de 100 cursos distribuídos pelo país. Em 2001, estes cursos 
ofereceram cerca de 6.400 vagas, matricularam-se em torno de 
18.000 alunos e titularam-se aproximadamente 2.000 profissionais. 
Com a promulgação da nova LDB em 1996 (Lei 9.394/96) e do Edital 
n o 04/97 da Secretaria de Educação Superior do MEC, foi deflagrado 
o processo de revisão curricular, estabelecendo que os currículos 
dos cursos superiores precisavam ser revistos, considerando o fim 
da exigência de currículo mínimo e a necessidade de uma 
flexibilização curricular que, sem prejuízo de uma formação didática, 
científica e tecnológica sólidas, avance também na direção de 
uma formação humanística que dê condições ao egresso de exercer 
a profissão em defesa da vida, do ambiente e do bem estar dos cidadãos.
 
A Sociedade Brasileira de Química acompanhou o processo de discussão 
das Diretrizes e, nos últimos dois anos, decidiu aprofundar as 
discussões sobre a formação de pessoal de alto nível, iniciando 
pela elaboração de um documento base intitulado A Formação do 
Químico, o qual foi discutido nas várias Regionais da SBQ, nas 
instituições de Ensino Superior e em reunião específica coordenada 
pela SBQ para a conclusão do documento consolidado. 

Ao elaborar estratégias visando "A Formação do Químico", com o 
olhar no futuro, revelou-se necessário o planejamento em três 
níveis: i) pontual, com foco nas disciplinas e atividades 
curriculares; ii) linear, visando a harmonia, o seqüenciamento e 
as inter-relações das diferentes disciplinas e atividades, sem 
desconsiderar o contexto regional e a infra-estrutura disponível, 
ou seja, a consiliência curricular! e iii) areolar, com o objetivo de 
situar o curso no contexto atual da ciência química, das áreas 
correlatas e do arcabouço legal, garantindo que a química será 
utilizada para melhorar a qualidade de vida do ser humano e do 
ambiente. Ou seja, será sempre utilizada a serviço da vida e da 
humanidade. 

No documento final, A Formação do Químico, é reconhecido que 
mudanças devem ser introduzidas nos projetos didático-pedagógicos 
dos cursos para que estes ofereçam uma formação sólida em Química, 
mas abrangente e generalista o suficiente para que o Químico possa se 
desenvolver em mais de uma direção. Muitos são os desafios que se 
nos impõem nessa tarefa de formação do Químico: i) implantar as 
Diretrizes; ii) melhorar a qualificação para a docência 
dos professores universitários e do ensino médio; 
iii) redefinir a formação profissional buscando a formação de 
um graduado com intimidade com novas tecnologias e com espírito 
empreendedor; iv) formar pós-graduados com possibilidade de 
inserção no setor industrial; v) buscar a transformação da 
indústria química brasileira de indústria de base para indústria de 
especialidades; vi) buscar a alteração das atribuições 
profissionais, de modo a eliminar a verticalização de 
atribuições, e o reconhecimento da pós-graduação como qualificação 
profissional e vii) responder à questão qual o perfil do profissional 
de Química que estaremos formando em 5, 10 e 20 anos? Esse é 
o perfil que a sociedade necessita? 

A pós-graduação em química cresceu significativamente nas duas 
últimas décadas. Atualmente, existem 42 cursos de mestrado e 29 
cursos de doutorado em Química no país. A avaliação dos cursos de 
pós-graduação em Química pela CAPES , referente ao período 
1998-2000, registrou a existência em 2000 de 1.203 alunos matriculados 
no mestrado e 1.471 no doutorado e a titulação de 384 mestres 
e 244 doutores. Naquele mesmo ano foram publicados 2. 208 artigos 
sendo 478 no país e 1.730 no exterior. Uma visão geral da qualidade 
dos cursos e dos artigos pode ser obtida pela média dos conceitos 
dos cursos que é cinco em uma escala de um a sete, e no fator de 
impacto médio das publicações da área no Brasil (1,03) e em todo o 
mundo (1,32). 

O modelo atual de pós-graduação stricto sensu consolidou o mestrado 
e o doutorado acadêmicos, bem como um esquema seqüencial entre 
estes, que onera o processo de formação de pós-graduados no tempo 
e nos recursos. Torna-se necessário o estabelecimento de mecanismos 
que incentivem o acesso direto ao doutorado, quebrando assim o 
sistema seqüencial. Por outro lado, o re-pensar do modelo atual, 
incentivando a cooperação interinstitucional e a criação de 
novos cursos de doutorado com foco interdisciplinar, sem queda de 
qualidade, bem como a criação de mestrados não acadêmicos (mestrado 
profissional ou mestrado temático), permitirá uma nova expansão do 
setor e melhoria no atendimento ao mercado profissional. Nesse 
sentido, embora habilidades profissionais não sejam a essência da 
pós-graduação, estas deverão ser consideradas relevantes para todos 
os estudantes de Química, especialmente as relacionadas ao 
planejamento e condução do trabalho de pesquisa e desenvolvimento
e inovação no setor industrial e público. 

A área de Química é uma das que apresenta maiores taxas de 
crescimento na formação de mestres e doutores, bem como no número 
de publicações de artigos em periódicos científicos de 
reconhecida qualidade. Entretanto, para o país dar um salto 
também em inovação é necessário um investimento significativo 
na formação de recursos humanos qualificados em profusão e em todos 
os níveis. As ações associadas a este eixo são: estímulo ao 
acesso direto ao doutorado aos alunos que participaram do 
programa de iniciação científica; incentivo às atividades conjuntas 
da graduação e da pós-graduação; promoção de intercâmbio da Química 
entre as IES e também com o nível médio; o pós-doutorado deve ser 
considerado um processo de formação continuada, abrangendo estágios 
posteriores ao doutorado; incentivo a programas para formação de 
docentes de 3