[Boletim-sbq] Boletim Eletronico No. 525

Luiz Carlos Dias luizsbq em iqm.unicamp.br
Quarta Setembro 22 10:09:42 EST 2004


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SBQ - BIENIO (2004/2006)      BOLETIM ELETRONICO      No. 525
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Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian 
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista 
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América 
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da 
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
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Veja nesta edição:

1. Colóquios do Instituto do Milênio de Materiais Complexos
"A Química Medicinal e a Descoberta Racional de Fármacos" - Eliezer 
J. Barreiro
2. 13º Congresso Brasileiro de Catálise e 3º Congresso Mercosul
3. V Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages
4. Universidade para todos, editorial da 'Folha de SP'
5. Universidades de pesquisa no Brasil, artigo de Roberto Leal Lobo e 
Silva Filho
6. A missão de desemperrar o Inpi, editorial de 'O Estado de SP'
7. Determinação da Advocacia-Geral preocupa Universidades federais 

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1. Colóquios do Instituto do Milênio de Materiais Complexos
"A Química Medicinal e a Descoberta Racional de Fármacos" - Eliezer 
J. Barreiro
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IMMC 20/09/2004

Prezados Colegas,

É com satisfação que informamos  a continuidade da série "Colóquios 
do Instituto do Milênio de Materiais Complexos 2004", segundo 
semestre. Tal atividade será realizada no Anfiteatro do Instituto 
de Química da Unicamp, na próxima sexta-feira, 24/09, às 10:00, 
seguido de discussões abertas. O Conferencista será o Prof. Eliezer 
J. Barreiro, Professor da Faculdade de Farmácia da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro. O poster com toda a informação sobre 
o evento segue em anexo.

Aproveitamos para informar que o Colóquio será transmitido 
pela internet em tempo real. Para isto basta você ter instalado o 
Real Player. Caso não tenha este programa instalado, existem 
instruções para fazer o downloading no endereço abaixo.O programa  
leva cerca de 15 minutos para ser instalado. Você pode assistir 
este evento e os outros já realizados, no mesmo endereço, 
identificando o ícone do IMMC, em: http: //www.cameraweb.unicamp.br

Caso seja possível contamos com sua presença. !

Ficaríamos agradecidos em receber informações sobre o número de 
Pessoas que acompanharam a transmissão e sobre a  qualidade. Caso 
julgue pertinente passe esta informação para possíveis interessados.

Atenciosamente,

Prof. Oswaldo Luiz Alves
Coordenador dos Colóquios do IMMC

Instituto do Milênio de Materiais Complexos
Colóquios do IMMC

A Química Medicinal e a Descoberta Racional de Fármacos
Eliezer J. Barreiro
Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas (LASSBio)
Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Química Medicinal, como disciplina das Ciências Farmacêuticas, 
estuda os aspectos relacionados à descoberta, invenção e o 
planejamento de novos fármacos. Estuda os fatores estruturais, a 
nível molecular, essenciais à compreensão do seu mecanismo de 
ação, incluindo a relação entre a estrutura química e a 
atividade terapêutica em termos qualitativos e quantitativos. 
Estuda também os fatores estruturais relativos a absorção,
distribuição, metabolismo, eliminação e toxicidade de novos 
compostos-protótipos, candidatos a fármacos. 

Neste Colóquio destacaremos, inicialmente, a importância dos fármacos
e medicamentos como instrumentos de preservação, correção, manutenção
e promoção da saúde. A dimensão econômica do setor farmacêutico 
no mundo e no país será apresentada. As bases do planejamento 
racional de novos compostos-protótipos candidatos a novos fármacos 
de distintas classes terapêuticas, serão apresentadas, ilustrando 
o emprego de produtos naturais brasileiros abundantes como bióforos 
no seu planejamento e a gênese do LASSBio-715, novo protótipo 
de fármaco anti-inflamatório não-esteróide de segunda geração, 
não gastro-irritante, em fase final de ensaios pré-clínicos, 
resultante de parceria entre a universidade, governo e 
empresa farmacêutica nacional. A descoberta planejada de 
LASSBio-294 e LASSBio-781, novos protótipos de fármacos, 
cardioativo com propriedades inotrópicas e vasodilatadoras,
e neuroativo, útil para o tratamento da esquizofrenia, respectivamente.

Dia 24 de setembro de 2004, sexta-feira, 10:00 horas.
Anfiteatro do Instituto de Química, UNICAMP.

Coordenação: Oswaldo Luiz Alves
                                (oalves em iqm.unicamp.br)                

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2. 13º Congresso Brasileiro de Catálise e 3º Congresso Mercosul
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13º Congresso Brasileiro de Catálise e 3º Congresso Mercosul
Data: 11 a 15 de setembro de 2005
Local: Mabu Thermas &  Resort
Cataratas do Iguaçu
Paraná

A Comissão Executiva do 13º Congresso Brasileiro de Catálise e do 3º 
Congresso Mercosul, que serão realizados em Foz do Iguaçu no mes de 
setembro de 2005, informa que a página dos congressos já está 
disponível no endereço: www.13cbcat.sbcat.org

Neste endereço podem ser encontradas informações iniciais sobre os 
eventos. Outras opções, tais como inscrição nos congressos e 
submissão de trabalhos on-line serão agregadas oportunamente.
Desde já contamos com sua valiosa presença e colaboração.
Cordialmente,

Prof. Dr. José Maria Corrêa Bueno
Presidente da Comissão Executiva

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3. V Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages
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De 01 a 04 de dezembro de 2004 acontecerá no Instituto de Química de 
São Carlos-USP o V Brazilian Meeting on Chemistry of Food and 
Beverages.

Serão discutidos aspectos tecnológicos de produtos como uísque,
vinho, café, cerveja, carnes e cachaça. Desde sua primeira edição em 
1998 vem sendo reconhecido como um importante evento do setor 
alimentício e já foi sediado pelo Instituto de Química de São Carlos 
da USP de São Carlos, pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas 
da UNESP de Araraquara e pela Faculdade de Engenharia de 
Alimentos da UNICAMP.

Nesta edição, especialistas de diversos países como Bélgica, 
Dinamarca, Escócia, Itália e Brasil apresentarão pesquisas sobre 
composição química e conservação, tecnologia de processos, 
metodologias de controle de qualidade de alimentos e bebidas, 
análise sensorial, contaminação microbiológica entre outros temas.

Dentre os pesquisadores estrangeiros que já confirmaram presença 
estão Denis de Keukeleire (University of Ghent - Bélgica) 
especialista em cerveja; Jens K. S. Moller especialista em carnes e 
Leif Skibsted em processos oxidativos em alimentos (The Royal 
Veterinary and Agricultural University - Dinamarca); John Piggott 
(University of Strathclyde - Escócia) especialista em uísque; 
Giuseppe Versini (Istituto Agrário San Michele all'Adige - 
Trento - Itália) especialista em vinho e por fim Luigi Odello 
(Centro Studi assagiatore Brescia-Itália) especialista em 
análise sensorial de grapa e café.

Pesquisadores brasileiros especialistas em suas áreas de atuação
também têm a presença confirmada, entre os quais estão Carlos Ducati 
(Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - 
Unesp/Botucatu) e Waldemar Gastoni Venturini Filho 
(Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP/Botucatu) 
especialistas em análises isotópicas; Délia B. Rodrigues 
Amaya (Faculdade de Engenharia de Alimentos - Unicamp) 
especialista em carotenóides; Glaucia Pastore (Faculdade de 
Engenharia de Alimentos - Unicamp) e Franco M. Lajolo 
(Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP) especialistas em 
alimentos funcionais; Helena Maria André Bolini Cordello 
(Faculdade de Engenharia de Alimentos - Unicamp) e Maria 
Aparecida Azevedo Pereira da Silva (Faculdade de Engenharia 
de Alimentos - Unicamp) especialistas em análise 
sensorial; Luis Carlos Trugo (Instituto de Química - UFRJ) 
especialista em café; Luiz Henrique Capparelli Mattoso 
(Embrapa Instrumentação Agropecuária) especialista em 
instrumentação; Paulo José do Amaral Sobral (Departamento de 
Engenharia de Alimentos - USP) em tecnologia de alimentos; 
Maurício Boscolo (IBILCE - UNESP/São José do Rio Preto) 
especialista em química de açúcares e Fernando Valadares
Novaes (ESALQ - USP/Piracicaba) em tecnologia de bebidas.

Além das palestras, serão realizadas sessões de apresentação 
de pôsteres de trabalhos científicos e discussão com os 
respectivos autores. Em função da audiência, será avaliada a 
necessidade de providenciar tradução simultânea das palestras em 
outros idiomas que não o português. Deverá ocorrer durante o evento 
um concurso que premiará nas categorias ouro, prata e 
bronze aguardentes "descansadas" e "envelhecidas" considerando suas 
características químicas e sensoriais. 

A programação científica e informações adicionais poderão ser 
obtidas no website www.iqsc.usp.br.

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4. Universidade para todos, editorial da 'Folha de SP'
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Apesar do encaminhamento criticável, a proposta formulada pela
equipe do ministro da Educação, Tarso Genro, traz benefícios parciais

Editorial publicado neste domingo:

O polêmico Programa Universidade para Todos (Prouni) foi instituído
pelo governo federal por medida provisória, em desrespeito ao
compromisso de que seria submetido ao debate parlamentar.

Apesar do encaminhamento criticável, a proposta formulada pela
equipe do ministro da Educação, Tarso Genro, traz benefícios
parciais.

Consiste em condicionar a isenção de tributos concedida a
faculdades particulares à destinação de vagas para estudantes de
baixa renda, deficientes físicos e professores da rede pública que
pretendam fazer um curso superior.

A participação no Prouni é obrigatória para as instituições que
possuem estatuto de filantrópicas, que já são obrigadas a destinar
20% de suas receitas brutas em gratuidade, mas de maneira um
tanto genérica, dando margem a expedientes para tirar partido do
benefício fiscal sem contrapartidas claras e verificáveis.

O percentual de 20% é mantido, mas será obrigatória a concessão de
ao menos uma bolsa integral para cada nove alunos. O restante
poderá ser aplicado em atividades extracurriculares ainda indefinidas
e bolsas de pelo menos 50% da mensalidade.

As faculdades com fins lucrativos e as sem fins lucrativos que não
gozam do status de filantrópicas podem aderir ao programa. Para
isso, terão de oferecer bolsas em troca de isenção de tributos
federais.

Segundo estimativas do MEC, uma hipotética adesão total ao Prouni
resultaria em renúncia fiscal equivalente a 15% dos gastos com o
Fies, programa de bolsas do governo que empenha R$ 829 milhões
neste ano.

Há, no entanto, problemas na proposta, a começar pelo fato de que
o poder público estará, no final das contas, pagando para que
estudantes ingressem em escolas cujo compromisso com a qualidade
acadêmica por vezes é inexistente. É de esperar que se exerçam as
pressões legais para que esse quadro possa evoluir positivamente.

Além disso, fica a sensação de que o governo vai buscando caminhos
alternativos e se conformando com as dificuldades para investir na
melhoria e ampliação do ensino universitário público.

O Prouni não irá alterar o fato de que o sistema educacional no Brasil
continua muito aquém do que um processo sólido de desenvolvimento
econômico e social exigiria.

O problema do acesso à educação deve ser enfrentado desde seu
início, ou seja, do ensino fundamental deficiente oferecido no país.
Essa insuficiência leva famílias de classe média a recorrer a escolas
privadas e condena os filhos das mais pobres a uma formação que
poderá colocá-los em desvantagem pelo resto de suas vidas.

Uma política de democratização do ensino que se preze precisaria
começar por mudar essa realidade básica.

Quanto à carreira acadêmica, é forçoso dizer que ela não é para
todos, ao contrário do que sugere o nome do programa.

É preciso que se criem alternativas profissionalizantes capazes de
assegurar condições competitivas no mercado de trabalho e eliminar
o interesse apenas formal pelo diploma, em muitos casos apenas um
papel que muito pouco atesta sobre a capacidade de quem o possui,
mas ajuda o portador a cumprir requisitos para ascender
salarialmente no trabalho.

Fonte: Folha de SP, 19/9

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5. Universidades de pesquisa no Brasil, artigo de Roberto Leal Lobo e 
Silva Filho
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É muito importante que uma parcela das instituições de ensino
superior tenha a pesquisa como seu principal foco

Artigo publicado na 'Folha de SP':

Nem todas as instituições de ensino superior (IES) são Universidades.
Nem todas as Universidades são Universidades de pesquisa. Nem toda
a universidade de pesquisa realiza-a de forma intensa.

Essa é a classificação de instituições de ensino superior feita pela
Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, fundação
americana muito conceituada, e que é utilizada pelas estatísticas
oficiais sobre o ensino americano do National Center for Education
Statistics.

As Universidades que fazem pesquisa de forma mais abrangente, na
classificação da fundação americana, são denominadas 'extensive
research universities', entre as quais, em 2000, situavam-se 151
instituições, sendo 102 públicas e 49 privadas sem fins lucrativos.

Para atingir o status máximo de universidade de pesquisa extensiva
 (entendida como uma instituição que, além de realizar a pesquisa
intensa, transborda/ transfere-a, também intensamente, por meio de
sua produção e formação de recursos humanos no doutoramento), a
IES tem que demonstrar, por critérios concretos e quantitativos, que
realiza pesquisa científica como foco fundamental e muito bem
desenvolvido, apresentando pelo menos 15 programas de doutorado e
realizando ao menos 50 defesas de tese anualmente nesses programas.

Utilizando os mesmos critérios da Carnegie Foundation e os dados
gentilmente fornecidos pela Capes, foi possível identificar as
instituições de ensino superior brasileiras que preencheriam os
pré-requisitos da fundação americana.

Fizemos esse levantamento em dois momentos, a partir dos cursos
reconhecidos e avaliados como satisfatórios pela Capes (nota igual
ou superior a 3), compreendendo os resultados separados por cinco
anos, de 1998 e de 2003.

No primeiro levantamento, a USP liderava, com 156 áreas de
doutorado e 1.431 defesas de tese, em 1998, seguida pela UFRJ
 (Universidade Federal do RJ), com 51 áreas de doutorado e 397
teses, depois a Unicamp e a Unesp, seguida de três Universidades
federais -Unifesp, UFRGS e UFMG-, completando a lista a PUC-RJ,
com 16 áreas e 84 teses.

Verificou-se, em 2003, um grande crescimento do número de
instituições que satisfaziam aos critérios de Universidades de
pesquisa extensiva, que passaram de oito para 16, quase todas
Universidades públicas, com exceção das PUCs do Rio e de SP.

A USP continuou mantendo quase o triplo de áreas de doutorado e
produção de teses que a UFRJ em 2003, passando para 188 áreas e
2.104 teses, contra 66 e 643, respectivamente, da UFRJ. Algumas
Universidades que estavam na primeira lista subiram, como a Unesp,
para terceiro, vindo a UFRGS logo em seguida.

A Unicamp obteve o quinto maior número de áreas, apesar de ser a
segunda em número de teses (738), seguida da UFMG, da Unifesp e
da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), que não estava na
primeira lista, mas em 2003 chegou entre as oito Universidades com
maior número de áreas de pesquisa (30).

A partir daí, a lista inclui, além da PUC-RJ, sete outras Universidades
que só atingiram os critérios da Carnegie Foundation em 2003, sendo
seis federais e uma PUC. Pela ordem: UnB, UFPR, UFSC, PUC-RJ, UFF,
UFV, UFBA e PUC-SP -que possuía em 2003 exatamente as 15 áreas
necessárias, com 313 defesas de tese.

Além do número de Universidades de pesquisa extensiva ter crescido,
houve uma nítida descentralização geográfica desse tipo de IES.
Enquanto, em 1998, sete das oito Universidades situavam-se na
região Sudeste e uma na região Sul, em 2003 dez situavam-se no
Sudeste, a região Sul passou a ter três representantes, aparecendo
o Nordeste com duas e o Centro-Oeste com uma IES.

Os números de 2003 reforçam o crescimento verificado de mais de
50% da participação brasileira na produção de artigos científicos em
revistas indexadas, tendo aproximadamente dobrado o número das
publicações científicas e o de doutores formados.

Nos EUA, as Universidades de pesquisa do tipo extensivo
correspondem a 3,5% das IES que oferecem diplomas de graduação
de quatro ou mais anos, enquanto no Brasil essa proporção é de 1%.
No Brasil, tomando a mesma proporção que há nos EUA, poderíamos
ter 56 instituições desse tipo, no universo de 1.584 IES (dados do
Inep referentes a 2002).

O percentual de alunos matriculados nessas instituições é, no
entanto, bem maior lá-são 14% do total de matrículas nos EUA e
10% no Brasil.

Esses dados nos mostram que nem todas as IES num país podem se
dedicar intensamente às atividades de pesquisa.

No entanto é muito importante que uma pequena parcela das
instituições de ensino superior tenha a pesquisa como seu principal
foco, a fim de assegurar a produção sistematizada do conhecimento
e a formação de cientistas, bem como abrigar os grupos de pesquisa
produtivos, que é a missão das Universidades de pesquisa extensiva.

Outra conclusão importante é a de que, apesar das dificuldades por
que passam nossas IES, tanto públicas quanto privadas, a
consolidação da pesquisa e da pós-graduação é uma realidade,
principalmente no setor público -e, nele, no sistema federal de ensino
e no sistema estadual paulista.

Nota do Editor: Roberto Leal Lobo e Silva Filho, doutor em 
física pela Universidade Purdue (EUA), é diretor da Lobo & 
Associados Consultoria. Foi reitor da USP (1990-93) e da 
Universidade de Mogi das Cruzes (1996-99).

Fonte: Folha de SP, 20/9

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6. A missão de desemperrar o Inpi, editorial de 'O Estado de SP'
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De 400 mil a 500 mil pedidos de registros de marcas e de 50 mil a 60
mil solicitações de patentes acumulam-se no Inpi. Ainda que seu
desempenho melhore, ele levará algum tempo para pôr em dia todo
esse trabalho

Eis o texto do editorial:

O governo anuncia mais um esforço para desemperrar o Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), responsável por uma função
de enorme importância em qualquer economia moderna: o exame, a
concessão e o registro de marcas e patentes.

O novo presidente do instituto, Roberto Jaguaribe, assumiu o cargo
na segunda-feira passada e prometeu abreviar os processos, mas,
para isso, avisou, precisará não só de equipamentos mais modernos e
de mais funcionários treinados. 

Jaguaribe, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), assumiu a
presidência do Inpi como interino, pois não pode acumular os dois
cargos de forma definitiva.

A interinidade é uma condição um tanto estranha, quando se
considera a importância da tarefa atribuída ao novo presidente do
instituto. 

Também pode parecer estranho, à primeira vista, que a função seja
atribuída a um funcionário do Mdic, pois o Inpi é subordinado,
formalmente, ao Ministério de C&T.

É animador, no entanto, que um técnico familiarizado com os
objetivos da política industrial e comercial, isto é, com a política de
competitividade, receba a missão de modernizar o Inpi.

O Ministério de C&T deveria ser um dos pilares da renovação
econômica do Brasil, mas sua atuação tem sido especialmente
frustrante desde o início do atual governo.

O Inpi, segundo Jaguaribe, poderá reduzir de quatro anos para cerca
de um a um e meio o tempo necessário para um registro de marca.

O exame de um pedido de patente poderá ser abreviado de sete para
cerca de cinco anos - objetivo que pode ser ainda modesto, mas que
representará, se alcançado, um avanço considerável.

Mais do que nunca o desenvolvimento brasileiro depende de uma boa
estratégia de apoio à pesquisa e de uma política eficaz de
propriedade intelectual. Boa parte do debate internacional sobre
normas comerciais e de investimento tem sido vinculada a questões
de marcas e patentes.

Nenhum país que pretenda ocupar uma posição de relevo na
economia global pode ficar alheio a esse debate - assim como não
pode, obviamente, negligenciar a produção e a absorção de
tecnologia.

Não por acaso as economias mais desenvolvidas e mais inovadoras
são as que registram maior número de patentes, proporcionalmente
ao tamanho de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Numa lista de 18 países divulgada pelo próprio Inpi, Coréia, Japão,
Cingapura, Israel e EUA aparecem nos quatro primeiros lugares. O
Brasil está no antepenúltimo. 

A decepcionante posição brasileira é explicável pelo menos por três
fatores. Primeiro, a maior parte da pesquisa científica e tecnológica
depende, no País, principalmente de instituições públicas.

Ainda é modesta a participação do setor privado nesse esforço, ao
contrário do que ocorre na maior parte das economias com peso no
comércio internacional.

Segundo, só uma pequena parcela da pesquisa resulta em solicitação
de patentes, mesmo que haja um número considerável de trabalhos
inovadores e até de ponta. A maioria dos pesquisadores mostra
pouca preocupação com assuntos como patentes de invenções. 

Terceiro - e também este é um dado muito importante -, o governo,
apesar das declarações oficiais de interesse em promover o
desenvolvimento científico e tecnológico, tem dado muito menos
atenção do que deveria ao funcionamento do sistema de propriedade
intelectual.

Lei moderna, aprovada em 1996 e em vigor desde 1997, estimulou as
Universidades e as fundações de amparo à pesquisa a aumentar as
solicitações, mas isso resultou principalmente em maior
congestionamento dos canais de análise e de aprovação de patentes.

Estão acumulados no Inpi entre 400 mil e 500 mil pedidos de registros
de marcas e entre 50 mil e 60 mil solicitações de patentes. Mesmo
que seu desempenho melhore, o Inpi levará algum tempo para pôr em
dia todo esse trabalho.

Fonte: O Estado de SP, 20/9

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7. Determinação da Advocacia-Geral preocupa Universidades federais 
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Universidades têm de matricular militares e seus dependentes que
venham a ser transferidos

Parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) publicado no 'Diário
Oficial'da União de quarta-feira determina que as universidades
federais aceitem matrículas de militares e seus dependentes que
venham a ser transferidos de outras instituições, públicas ou
privadas. 

A medida está causando preocupação entre as universidades, que
temem não poder oferecer todas as vagas necessárias sem reduzir a
qualidade dos cursos.

Pareceres da AGU têm valor de norma para as entidades federais. A
Universidade de Brasília (UnB) afirma que a medida terá grande
impacto em várias áreas de graduação, como Administração e
Medicina, mas afetará especialmente o curso de Direito.

Segundo a assessoria da instituição, a UnB recebe em média 300
pedidos de transferência por semestre, 70 só para a Faculdade de
Direito, a maioria de alunos de instituições particulares.

Em geral, a maioria das solicitações é rejeitada. Neste semestre, por
exemplo, apenas 17 dos pedidos para Direito foram atendidos. 

 'Oferecemos 50 vagas para Direito no vestibular, mas, se formos
obrigados a atender a essa demanda, teremos de suspendê-las e
mudar o edital do primeiro concurso de 2005', disse o decano de
Ensino de Graduação, Ivan Camargo, segundo a assessoria da UnB. 

Para o coordenador da graduação em Direito, Márcio Nunes Iório
Aranha de Oliveira, o parecer da AGU é inconstitucional porque fere o
princípio da isonomia, pelo qual todos devem ter o mesmo tratamento
no acesso à educação superior. 

Na opinião do vice-reitor da UnB, Timothy Mulholland, o parecer
interfere na autonomia universitária, garantida pela Constituição. O
Ministério da Educação não se manifestou sobre o parecer. (Odail
Figueiredo) 

Fonte: O Estado de SP, 18/9

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Contribuições devem ser enviadas para o Editor do Boletim 
Eletrônico da SBQ:  Luizsbq em iqm.unicamp.br
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Até nossa próxima edição!!!
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Prof. Luiz Carlos Dias
Editor do Boletim Eletrônico 
Sociedade Brasileira de Química - SBQ
e-mail: luizsbq em iqm.unicamp.br


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