[Boletim-sbq] Boletim Eletronico No. 513

Luiz Carlos Dias luizsbq em iqm.unicamp.br
Terça Junho 22 17:15:57 EST 2004


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SBQ - BIENIO (2004/2006)      BOLETIM ELETRONICO      No. 513
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Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian 
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista 
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América 
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da 
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
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Veja nesta edição:

1. Colóquios do Instituto do Milênio de Materiais Complexos 2004: 
"Esta Maravilhosa Química Orgânica: Os Últimos 40 Anos e os Próximos 
Passos" - Prof. Luiz Carlos Dias, Instituto de Química - UNICAMP
2. XII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry
3. Aloísio Teixeira: 'Não há nenhum controle social dos mecanismos 
de distribuição de recursos para a pesquisa científica e tecnológica 
no Brasil'
4. Pesquisa transparente, editorial da 'Folha de SP'

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1 Colóquios do Instituto do Milênio de Materiais Complexos 2004: 
"Esta Maravilhosa Química Orgânica: Os Últimos 40 Anos e os Próximos 
Passos" - Prof. Luiz Carlos Dias, Instituto de Química - UNICAMP
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Prezados Colegas,

É com satisfação que informamos  a quinta apresentação da série
"Colóquios do Instituto do Milênio de Materiais Complexos 2004". Tal
atividade será realizada no Anfiteatro do Instituto de Química da
Unicamp, na próxima sexta-feira, 25/06, às 10:00, seguido de 
Discussões abertas. 

O Conferencista será o Prof. Luiz Carlos Dias do Instituto de
Química da Unicamp. 

Aproveiramos para informar que o Colóquio será transmitido 
pela internet em tempo real. Para isto basta você ter instalado o 
Real Player. Caso não tenha este programa instalado, existem 
instruções para fazer o downloading  no endereço abaixo. O program 
leva cerca de 15 minutos para ser instalado. Você pode assistir 
o evento no mesmo endereço, identificando o ícone do IMMC.

http: //www.cameraweb.unicamp.br

Ficaríamos agradecidos em receber informações sobre o número de 
Pessoas que acompanharam a transmissão e sobre a  qualidade. 
Caso julgue pertinente passe esta informação para 
possíveis interessados.

Atenciosamente,

Prof. Oswaldo Luiz Alves
Coordenador dos Colóquios do IMMC

Instituto do Milênio de Materiais Complexos Colóquios do IMMC

"Esta Maravilhosa Química Orgânica: Os Últimos 40 Anos e os Próximos 
Passos"
Luiz Carlos Dias
Instituto de Química - UNICAMP

Neste seminário serão abordados os principais avanços que 
contribuíram para o desenvolvimento da Química Orgânica e áreas 
afins nos últimos 40 anos, assim como perspectivas para a área. 
Entre os fatores principais para o avanço da área de QO 
destacam-se: Teoria de ligação química, teoria de orbitais 
moleculares, teoria de ácidos e bases duros e moles, equação de 
Karplus para constantes de acoplamento, análise 
retrossintética, química de reagentes de boro, reações de 
Wittig, análise conformacional, síntese orgânica, cristalografia 
de raios-X, espectroscopia de RMN, espectrometria de massas, 
química combinatória, química de carbocátions, radicais livres e 
outras espécies reativas, estereoquímica, femtoquímica, 
catálise assimétrica e biocatálise, produtos naturais, novos 
materiais, polímeros condutores, metalocenos, estrutura e função 
de biomoléculas, desenvolvimento de métodos computacionais em 
QO, química supramolecular, formas alotrópicas de carbono, 
receptores sintéticos, eletrônica molecular, nanotubos de 
peptídeos, miniaturização em química orgânica, tecnologia de 
solventes.
Dia 25 de junho de 2004, sexta-feira, 10:00 horas.
Anfiteatro do Instituto de Química, UNICAMP.
 Coordenação: Oswaldo Luiz Alves
(oalves em iqm.Unicamp.br)                

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2. XII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry
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XII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry
8 a 11 de setembro de 2004
www.iqsc.usp.br/bmic

e-mails para contato: xiibmicsecretar em iqsc.usp.br 
bmic em iqsc.usp.br
 
On behalf of the Inorganic Chemistry Division of the Brazilian 
Chemical Society the organizing committee extends a cordial 
invitation to those who wish to participate in the XII Brazilian 
Meeting on Inorganic Chemistry ( XII BMIC ) from Wednesday, 
September 8th to Saturday, September 11th  at the Campus of São 
Carlos of the University of São Paulo.

Venue:
Arrivindg in São Carlos: http://www.iqsc.usp.br/outros/bmic/mapas.php

Organizing Committee
Chairman: Douglas W Franco - IQSC/USP
Vice-chairman: Elia Tfouni - FFCLRP/USP
Alzir A Batista - DQ/UFSCAR
Benedito S. Lima Neto - IQSC/USP
Maria Teresa P. Gambardella - IQSC/USP
Osvaldo A Serra - FFCLRP/USP
Roberto Santana da Silva - FCFRP/USP
Ubirajara P Rodrigues Filho - IQSC/USP
Vânia M Nogueira - IQ/UNESP
Younes Messadeq - IQ/UNESP
Wagner F. De Giovani - FFCLRP/USP
Wânia C. Moreira - DQ/UFSCAR

Scientific Scope
Organometallic Chemistry . Includes the synthesis, 
characterization, and reactivity of main group, transition metal, and 
rare earth organometallic compounds, and the applications of such 
compounds in organic synthesis, inorganic synthesis, and catalysis.

Bioinorganic Chemistry . Includes all aspects of the chemistry of 
the metallic elements and small inorganic molecules in biological 
systems.

Solid State and Surface Inorganic Chemistry . Includes the 
synthesis, characterization, and physical and chemical properties of 
solids that contain metallic and/or main group elements.

Coordination Chemistry . Includes the synthesis, characterization, 
and physical and chemical properties of classical coordination 
compounds

Language

All written documents must be done in English. Oral presentations can 
be done in Portuguese or English.

Deadlines
June 30th - submission of abstracts on-line at 
http://www.iqsc.usp.br/outros/bmic/envio_trab/regras.php

July 15th - abstract acceptance and acceptance of oral presentations 
requests.

June 30th - early registration payments under reduced fees 

For fees check the website http://www.iqsc.usp.br/outros/bmic/Fees.php

September 1st - last day for registration payments.

Each inscription allow the submission of 2 abstracts or 1 abstract 
and 1 oral presentation.

Website of the Meeting: http://www.iqsc.usp.br/outros/bmic/default.htm
Accommodations
All directions are given at the website:
http://www.iqsc.usp.br/outros/bmic/hoteis.php

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3. Aloísio Teixeira: 'Não há nenhum controle social dos mecanismos de
distribuição de recursos para a pesquisa científica e tecnológica no 
Brasil' 
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Reitor da UFRJ defende a reserva de vagas nas Universidades públicas 
para os estudantes da rede pública e o vestibular
 
Há tempos que Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, defende a reserva de 
vagas nas Universidades federais e estaduais para os estudantes da 
rede pública.

Ele é contra a cota racial, mas vê com simpatia a reserva de caráter 
democrático, tanto que solicitou uma pesquisa no Fundão que acabou 
por provar que, caso passe pelo Congresso, a reserva não favorecerá 
em demasia os estudantes originários da rede pública.

A qualidade do aluno de classe alta ou média não seria assim tão 
melhor do que a do estudante de baixa renda, com a diferença de notas 
entre eles sendo mínima. Só que Aloísio quer mais, muito mais. Sonha 
com o fim do vestibular. 

O aluno deveria ser aceito na Universidade a partir de seu desempenho 
na vida escolar, o que o obrigaria a estudar sempre.

Eis a entrevista:

- Você tinha uma proposta de trocar as cotas para pardos e negros por 
uma reserva para a escola pública. O projeto do ministro Tarso Genro 
se assemelha ao que você, Aloísio, vem defendendo há meses, mas mesmo 
assim você diz que ainda não está totalmente dentro de suas 
expectativas. Por quê? 

Aloísio Teixeira - Eu diria que não é exatamente a proposta que eu 
fiz naquela ocasião, mas devo reconhecer que há um avanço importante 
na formulação, porque o MEC, ao fazer a proposta de uma reserva de 
50% de vagas para estudantes provenientes da escola pública, ou seja, 
que fizeram ensino médio na escola pública, desloca o foco da questão 
para o problema verdadeiro. Pois nosso problema central - e, veja bem, 
digo isso não para dizer que não há racismo no país, mas as 
manifestações de racismo no Brasil são sem dúvida alguma diferentes 
da de outros países, como nos EUA -- é o enfrentamento da miséria, da 
absurda pobreza, da questão social. 

- Um sério problema social que neste país desigual, sobretudo após a 
Abolição, inclui os pardos e os negros...

Aloísio - Sim, é claro...Mas, do meu ponto de vista, a dificuldade 
que eles têm de acesso à universidade é a mesma que enfrenta qualquer 
parcela da população pobre no Brasil. Há, quando se leva em 
consideração apenas os aspectos raciais, um deslocamento da questão 
central. Por quê? Porque os jovens desfavorecidos, de famílias de 
baixa renda, estudam em escola pública. Se temos a perspectiva de 
fomentar o ingresso nas Universidades de estudantes provenientes da 
rede pública, isso fará com que o país progressivamente avance na 
direção de ter uma população universitária com a verdadeira cara de 
nosso povo... 

- Vai democratizando....

Aloísio - Sim, vai democratizando. E essa mudança de enfoque é muito 
importante. 

- Há pessoas que, quando lêem sobre esses 50% para a rede pública, 
comentam que favorecerão estudantes despreparados e que a qualidade 
das Universidades vai piorar ainda mais. O que acha? 

Aloísio - Só queria ressaltar mais um aspecto positivo, que está na 
entrevista que o ministro Tarso Genro concedeu ao Globo, no dia 7, 
que é a idéia de que esse sistema possa ser progressivamente 
desativado, na medida em que os investimentos públicos na rede básica 
de ensino comecem a surtir efeito. Isso dá a idéia de que o MEC 
investirá na qualidade do ensino público nos níveis pré-universitários. 
Se esse investimento acontecer e o ensino público melhorar, a cota ou 
reserva se tornará desnecessária. 

- Mas isso não aconteceria a curto prazo, não é? E a longo prazo 
todos estaremos mortos... 

Aloísio - O ministro estima que serão necessários uns 5 a 10 anos 
para que os investimentos façam efeito e para que o sistema de 
reserva possa ser desmontado. De qualquer forma, há uma posição mais 
correta do Governo em direção ao reforço do ensino público, 
principalmente nos níveis pré-universitários, e no que diz respeito 
ao foco no problema social e não mais no racial. 

- Então o enfoque do Governo realmente melhorou?

Aloísio - O enfoque melhorou, sim. Em relação à capacidade dos 
estudantes, fizemos na UFRJ um estudo com uma simulação do que teria 
ocorrido no último vestibular se tivéssemos reservado 20% das vagas 
para os provenientes da rede pública. Quando fizemos esse estudo, 
ainda não havia sido definido o percentual de 50%, e trabalhamos com 
apenas 20%. O que observamos foi o seguinte: a diferença de nota 
entre o estudante que entrou efetivamente e o que faria jus à vaga se 
valesse a reserva de 20% é mínima. Ou seja, as diferenças de notas 
entre o estudante da rede privada e o da rede pública foram muito 
pequenas, mínimas até. 

- Mínimas como? 

Aloísio - Como 0,01 ou 0,03. O risco de que sejam aproveitados 
estudantes menos qualificados não é verdadeiro. E isso tem uma 
explicação que faz com que esse projeto não dê conta, realmente, do 
problema que ele pretende resolver. Mas antes de falar disso eu quero 
dizer o seguinte: o próprio projeto tem que ser melhorado. Em duas 
direções. Uma é definir com clareza se esta cota de 50% vale para a 
totalidade das vagas que uma universidade oferece ou se é por curso. 
Há cursos como medicina e odontologia que são muito caros, cujo custo 
para o aluno é muito alto, mesmo na universidade pública. Não tem 
pobre estudando odontologia, medicina ou engenharia de produção. É 
diferente de quando você observa os cursos de formação de professores, 
como letras, história, geografia, matemática. São cursos nos quais a
participação proporcional de estudantes da rede pública já é mais 
alta. Uma universidade qualquer pode, por exemplo, expandir cursos 
noturnos e, com isso, preencher o critério de 50% das vagas, sem 
mexer na estrutura dos cursos dos estudantes com maior poder 
aquisitivo. Será preciso dizer: o curso de medicina terá de ter 50% 
de vagas para estudantes... 

- Você é a favor disso?

Aloísio - Sou a favor. Se é para fazer, é para fazer por curso. Senão 
teremos curso para pobre e curso para rico. Agravaremos o problema 
que já existe de ter curso para pobre e curso para rico. E um outro 
ponto em que o projeto deve ser melhorado é o de que tem que ser 
acompanhado de uma política ativa que garanta a manutenção do 
estudante na universidade. Isso implica bolsas de estudo, alojamento, 
alimentação, investimentos em biblioteca, equipamentos de laboratório 
ou próprios da formação de cada ramo do conhecimento, para que o 
aluno entre para a universidade e fique. 

- Implica dinheiro e a universidade federal não tem dinheiro.

Aloísio - Não tem. Então tem de haver um política ativa de recursos, 
de custeio para as Universidades que estão abrindo vagas de acordo 
com o projeto de lei. Senão você faz com que o estudante entre na 
universidade e, em seis meses, vá embora. Haverá mais vagas ociosas 
do que hoje. O projeto está na direção certa, mas pede melhorias.

- O detalhamento já não faria parte da regulamentação?

Aloísio - Ainda que faça, a questão de ser por curso ou por 
universidade tem que constar da lei. E o MEC tem que garantir que 
haverá uma política de bolsa efetiva. Por que o projeto não dá conta 
da nossa realidade? Objetiva democratizar o acesso. Mas qual é a 
realidade hoje? Apenas 9% dos jovens de 18 a 24 anos cursam 
universidade, um percentual humilhante.

- Tem como comparar com outros países?

Aloísio - Nos EUA já está chegando a 60%. países da Europa também já 
estão na faixa de 50%. Esses países vivem um processo de 
universalização do ensino superior. A educação superior, daqui a 
alguns anos, será um direito da cidadania, como a educação 
fundamental. Na América Latina, o Brasil é um dos países com 
percentual mais baixo. 

- Em educação, infelizmente, somos ruins em tudo.

Aloísio - Somos ruins, sim. Enquanto tivermos apenas 9% da população 
de 18 a 24 anos na universidade, não teremos democratizado o acesso. 
Quer dizer, não é com cota que se faz a mudança. Enquanto continuarmos 
com este percentual de apenas 9%, não haverá democratização do acesso.
Desses 9%, uns 2% devem ser da universidade pública e 7% do ensino 
superior privado. Com 2%, pode ter a cota que tiver que a universidade 
continuará sendo uma universidade de elite. O problema é a expansão 
desse sistema. Volto à minha idéia original: combinar um programa de 
expansão do número de vagas no sistema público com a extinção do 
vestibular. As Universidades públicas fariam um programa para em 10 
anos passarem dos 2% da população de 18 a 24 anos para 10%.

- E isso dependeria da diminuição da evasão?

Aloísio - E da busca de um outro modelo de funcionamento para o 
sistema público de ensino superior. O que seria, na prática, a 
extinção do vestibular? Teríamos formas diferenciadas de ingresso, 
através da vinculação orgânica entre a universidade pública e a rede 
pública de ensino pré-universitário. A universidade faria um sistema 
de acompanhamento e avaliação dos estudantes ao longo do seu curso. 
Poderia começar pelo ensino médio e progressivamente ir abarcando 
todo o ensino básico. 

- Se a pessoa tivesse bom desempenho, teria a vaga?

Aloísio - Entraria direto. Começaríamos pelo ensino público. A 
universidade poderia fazer um mapeamento das carências do ensino 
público. O que falta? Qualificação do professor? A universidade 
teria, então, programas de qualificação do professor. A falta é de 
professor? Podemos incentivar, através dos Colégios de Aplicação, a 
formação de professores para o ensino médio. Falta material didático? 
A universidade pode produzir material didático. Desta forma, haveria 
uma parceria, uma vinculação orgânica da universidade com os outros 
níveis de ensino, e a universidade iria introduzindo vetores de 
melhoria no ensino fundamental e médio. Se esse sistema se expandir, 
as próprias escolas privadas de qualidade vão pedir para entrar nele. 
Por que vão querer que seus estudantes sejam submetidos ao processo 
de vestibular, quando há um outro processo muito mais racional em 
vigor? Com isso, daqui a alguns anos teríamos um sistema de acesso 
inteiramente diferente. Mais justo. Um sistema que valorizaria o 
conjunto das atividades do estudante ao longo da sua vida escolar, e 
não mais o vestibular, uma excrescência brasileira. O aumento 
planejado do número de vagas seria destinado, a cada ano, a essas 
novas formas de ingresso sem vestibular. 

- Não teme o lobby agressivo dos cursinhos de vestibular? 

Aloísio - Hoje você já encontra nos jornais pessoas entoando loas ao 
vestibular como um sistema que premia o mérito. Não há mérito no 
vestibular. Não há possibilidade de você fazer uma comparação de 
mérito entre um estudante que percorreu os melhores colégios da Zona 
Sul, foi duas vezes à Europa e três aos EUA, com o estudante que veio 
da rede pública, não teve professor de física, química, matemática e 
acesso ao aparato cultural. A ele, por sua própria origem, foi negada 
a boa educação, e o vestibular é um sistema que reproduz isso. Então 
eu digo que, simultaneamente ao processo de expansão, devemos criar 
uma forma de acesso diferente.

- No orçamento, educação só perde verba. E você quer mais dinheiro 
para a educação.

Aloísio - Como é que foi constituído no Brasil esse sistema público
universitário? De uma forma um pouco estranha. Entrei para a 
universidade em 1963. Era muito ruinzinha. Havia umas poucas 
Universidades federais, não havia pesquisa, professor de tempo 
integral, pós-graduação. Quinze anos depois, tínhamos o melhor 
sistema de pós-graduação da América Latina.

- Durante a ditadura?

Aloísio - Sim, a mudança ocorreu na ditadura. Houve uma aliança 
implícita entre uma parte da burocracia estatal e a comunidade 
científica brasileira. 

- Mas tanta gente foi embora...

Aloísio - Teve uma primeira leva em 64, uma segunda depois do AI-5. 
Mas a comunidade científica entrou nessa proposta. Houve a 
reestruturação do CNPq, da Capes, a criação da Finep, do FNDCT (Fundo 
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) . Quando foi o 
auge disso? No Governo Geisel. Esse modelo teve êxito? Teve. Quer 
dizer, a universidade se transformou, passou a ter pós-graduação, 
pesquisa, tempo integral. Mas o que caracteriza esse sistema? É 
elitista, fechado e autoritário. Não há nenhum controle social dos 
mecanismos de distribuição de recursos para a pesquisa científica e 
tecnológica no Brasil. E como é que se respondeu à demanda social por 
vagas? Criando uma imensa rede privada de ensino superior. Foram 
afrouxadas as exigências feitas pelo Conselho Federal de Educação 
para a criação de novas faculdades privadas. E criou-se um 
monstrengo: 80% dos estudantes do ensino superior estão em escolas 
privadas, que nem sempre podem garantir uma qualidade de ensino 
razoável e, em contrapartida, existe um sistema público atrofiado, 
onde há o melhor ensino, pesquisa, formação permanente. É preciso 
mudar tudo isso. Corrigir os erros, criar um novo sistema. No Rio, 
temos quatro federais, um Centro de Educação Tecnológica e duas 
Universidades estaduais. É preciso pensar esse sistema como uma rede 
de Universidades, explorando sinergias, convergências, 
complementaridades.

Fonte: O Globo, 19/6

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4. Pesquisa transparente, editorial da 'Folha de SP'
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É crescente a impressão de que os laboratórios farmacêuticos só 
tornam públicos os resultados que lhes interessam, escondendo o que 
possa prejudicar suas vendas

Eis o texto do editorial:

É interessante e merece apoio a idéia em consideração por algumas das 
principais publicações médicas de exigir que laboratórios 
farmacêuticos tornem públicos os resultados de todos os seus ensaios 
clínicos com drogas, sejam eles favoráveis ou não ao produto.

Editores de 12 dos mais importantes periódicos, incluindo 'The 
Journal of the American Medical Association', 'The New England 
Journal of Medicine', 'The Lancet' e 'The Annals of Internal 
Medicine', devem decidir em breve se vão passar a demandar da 
indústria que registre num banco de dados público todas as pesquisas 
com medicamentos tão logo elas sejam iniciadas. 

A empresa também teria de apresentar os resultados obtidos ou 
explicar por que o estudo foi interrompido.

A medida seria bem-vinda, pois é crescente a impressão de que os 
laboratórios só tornam públicos os resultados que lhes interessam, 
escondendo o que possa prejudicar suas vendas. 

Essa discussão ganhou força depois da recente controvérsia em torno 
do uso do antidepressivo Paxil, da GlaxoSmithKline, por crianças. 

A empresa é acusada de ter ocultado estudos que mostravam que a droga 
não funcionava melhor do que placebos. A Glaxo nega.

Os periódicos não têm, é evidente, o poder de escrever leis, mas, 
juntos, reúnem força o suficiente para exercer forte pressão sobre os 
laboratórios, os quais precisam das publicações de prestígio para 
divulgar seus produtos e estudos.

Num mundo ideal, os estudos clínicos de novas drogas não seriam 
feitos pelos laboratórios que as criaram, mas por agências 
independentes ou universidades. Na realidade, porém, esses testes se 
tornaram tão caros que a participação das empresas mostra-se 
imprescindível. 

É preciso, portanto, desenvolver novos mecanismos para ampliar a 
transparência e a fidedignidade dos testes. É exatamente nesse ponto 
que a proposta cogitada pelas publicações médicas ganha importância.

Fonte: Folha de SP, 21/6

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Contribuições devem ser enviadas para o Editor do Boletim 
Eletrônico da SBQ:  Luizsbq em iqm.unicamp.br
http://www.sbq.org.br

Até nossa próxima edição!!!
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Prof. Luiz Carlos Dias
Editor do Boletim Eletrônico 
Sociedade Brasileira de Química - SBQ
e-mail: luizsbq em iqm.unicamp.br




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