[Boletim-sbq] Boletim Eletronico No. 496

Luiz Carlos Dias luizsbq em iqm.unicamp.br
Terça Março 23 14:00:42 EST 2004


**********************************************************************
SBQ - BIENIO (2002/2004)      BOLETIM ELETRONICO      No. 496
**********************************************************************
______________________________________________________________________

Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian 
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista 
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América 
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da 
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
______________________________________________________________________

Veja nesta edição:

1. SBQ - Eleições 2004 - Envio de cédulas
2. Modelo FAPESP Aprovado: Por quem???
3. Entrevista do Professor Henrique Toma, do Instituto de Química 
da USP, ao LQES NEWS
4. Estão Abertas as Inscrições para o XII Encontro Nacional de 
Ensino de Química
5. Concurso para professor adjunto na área de educação no Instituto 
de Química da Universidade Federal de Uberlândia
6. 200ª. Tese de Doutorado em Química na UFMG
7. Academia Brasileira de Ciências terá 1ª disputa em uma década 
8. Vagas estatizadas, editorial da 'Folha de SP' 
9. Limite das cotas, editorial da 'Folha de SP' 

**********************************************************************
1. SBQ - Eleições 2004 - Envio de cédulas
**********************************************************************

Prezado(a) Sócio(a): 

As cédulas para votação da nova Diretoria e Conselho Consultivo da SBQ, 
bem como da(s) diretoria(s) De divisão(ões), que terão um mandato de 
2 (dois) anos a partir de maio de 2004, foram enviadas aos sócios 
efetivos quites com a SBQ. 

No dia 26/04 será realizada, no Instituto de Química da USP, a partir
Das 9:00 h, a apuração dos votos recebidos até esta data. Em seguida
comunicaremos o resultado da apuração e os novos membros tomarão 
posse no dia 02/06 na Reunião Anual da SBQ, em Salvador. 

O Conselho Consultivo juntamente com a Diretoria indicaram, de acordo 
com o Cap.VI Art. 16 do Estatuto, e, levando em conta as sugestões 
enviadas pelos Sócios Efetivos da SBQ, os nomes que constam da cédula 
para os cargos de Diretoria, os quais aparecem em ordem alfabética. 
Os nomes para a(s) diretoria(s) de divisão(ões) foram indicados 
pela(s) diretoria(a) atual(is) por processo análogo. 

Para o Conselho Consultivo as indicações encontram-se, também, em 
ordem alfabética e você deverá indicar um máximo de seis nomes.  

Está disponível na homepage da SBQ (www.sbq.org.br), no link 
"SBQ - Eleições 2004" a lista de todos os candidados aos cargos de
Diretoria e Conselho da SBQ, com fotos, com os respectivos mini 
Currículos e respostas à algumas perguntas formuladas sobre o futuro 
da SBQ. 

Os candidatos estão em ordem alfabética, separados por cargo. 

Votar é um direito do sócio efetivo. 
Exerça o seu direito! 

Luiz Carlos Dias 
Secretário Geral da SBQ

**********************************************************************
2. Modelo FAPESP Aprovado: Por quem???
**********************************************************************

A página da FAPESP divulgou com destaque que o modelo adotado para a 
avaliação das solicitações de Bolsas de Mestrado foi aprovado. O corpo 
da notícia revela uma série de argumentações que levaram a FAPESP a 
alterar as regras de avaliação das solicitações destas bolsas, com o 
agravante, na minha opinião, de tal fato ter ocorrido durante o 
andamento do processo de avaliação. 

Pergunto-me: será que a comunidade científica, mesmo com toda a sua 
passividade, que aparentemente a leva a aceitar mudanças de regras 
durante o jogo, realmente aprovou este novo modelo de avaliação da 
FAPESP, ou mesmo deu-se conta da mudança de conceito que o acompanha? 

Vejamos:
A forma de avaliação a que estamos acostumados privilegia o Parecer 
do Assessor Ad hoc, que forma a base sobre a qual a avaliação de 
mérito do projeto e da proposta é construída pelo comitê assessor da 
área. Este princípio, da avaliação pelos pares, tem sido considerado 
imprescindível para a correta avaliação de mérito dos projetos porque, 
em um sistema de desenvolvimento científico e tecnológico acelerado 
como se encontra inclusive o do Estado de São Paulo, o conhecimento 
multiplica-se a uma enorme velocidade e o acompanhamento do que está 
ocorrendo no mundo científico torna-se tarefa exeqüível apenas por 
especialistas em cada uma das diversas e muitas subáreas. 

No novo modelo adotado pela FAPESP estes pareceres não foram obtidos, 
mesmo com os projetos tendo sido submetidos dentro das regras, 
estampadas na página da FAPESP, que solicitavam o seu envio em tempo 
hábil para que a FAPESP pudesse encaminhá-los para a sua assessoria, 
visando a obtenção do parecer de mérito. Prescindir do envio das 
propostas de bolsa de mestrado para estes especialistas significa que 
o parecer foi emitido por um grupo de pesquisadores, cujas capacidade 
e competência são inquestionáveis, mas que não pode ser detentor de 
todo o conhecimento de uma área tão abrangente como a Química. Isto 
leva-nos a pensar que o mecanismo de avaliação tornou-se mais 
burocrático, com análises sendo determinadas mais pelos critérios 
quantitativos, tais como número de artigos publicados pelos 
orientadores, número de alunos por ele formados e histórico escolar 
do aluno. Critérios que poderiam dispensar a atuação de comitês pois, 
sendo totalmente objetivos e gerando como resultado final somente uma 
"pontuação fria", poderiam ser inseridos em uma planilha de cálculo e 
produzir números semelhantes aos divulgados como resultados do 
processo de avaliação. Além disso, priorizou-se, novamente com riscos 
ao mérito, as propostas atreladas, em especial, a projetos Temático, 
Jovem Pesquisador  e CEPID.  

Além disso, deve-se colocar questões de ordem prática como: quem fará 
o acompanhamento dos projetos? Suponho que deva ser a comissão que os 
aprovou, uma vez que deverá ser bastante difícil para qualquer um de 
nós se comprometer a acompanhar projetos que, talvez, se houvéssemos 
sido consultados, teríamos argumentos de mérito que recomendariam a 
sua não aprovação.

É certo que fatores objetivos devem ser considerados no processo de 
avaliação, mas é mais do que certo que o critério de mérito no meio 
acadêmico deve manter o respeito ao parecer dos nossos pares. Se não 
tivéssemos outros argumentos, deveríamos pelo menos lembrar que é ele 
que proporciona a possibilidade de que um projeto de um jovem 
pesquisador de talento , mas ainda sem pontuação, computada através 
de critérios puramente objetivos, tenha sua solicitação aprovada. 
Este tem sido um dos alicerces  sobre o qual construiu-se a comunidade 
acadêmica do Estado de São Paulo. 

Teme-se que incluído na notícia "Modelo Aprovado" esteja implícito, 
seja lá por quem foi que o tenha aprovado e sobre qual consulta 
chegou-se a esta conclusão, que a opinião dos assessores não é 
necessária ao julgamento de mérito das propostas encaminhadas à 
FAPESP. Este temor faz-se ainda mais presente nos momentos de crise 
financeira, onde a escassez de recursos leva à necessidade de uma 
seleção mais rigorosa, na qual os critérios de mérito científico 
tornem-se mais relevantes diante daqueles de caráter mais burocrático. 
A julgar pelo modelo adotado para a avaliação das solicitações de 
bolsas de mestrado, a FAPESP, diante da pressão, está fugindo para 
o lado mais fácil e burocratizando o processo em detrimento ao mérito 
científico. Será que a mesma reação poderá ocorrer para outros tipos 
de solicitação??? Para manifestar minha preocupação com as 
conseqüências, caso isso venha acontecer, declaro: Modelo Aprovado, 
mas não por mim, que ainda acredito nas avaliações dos pares!!

Nota do editor: O Prof. Celio Pasquini pede que seja  informado que 
não solicitou bolsas de mestrado à FAPESP nesta ocasião em que o novo 
modelo foi adotado.

**********************************************************************
3. Entrevista do Professor Henrique Toma, do Instituto de Química 
da USP, ao LQES NEWS
**********************************************************************

Entrevista

Na era supramolecular e nanotecnológica o químico precisa reaprender 
A pensar quimicamente.

Entrevista inédita e exclusiva do Professor Henrique Toma, do 
Instituto de Química da USP, ao LQES NEWS, abordando diferentes 
aspectos de sua especialidade, como também a questão da 
interdisciplinaridade, formação e financiamento à pesquisa.

http://lqes.iqm.unicamp.br/canal_cientifico/pontos_vista/pontos_vista_entrev
istas10-1.html

**********************************************************************
4. Estão Abertas as Inscrições para o XII Encontro Nacional de 
Ensino de Química
**********************************************************************

Estão abertas as inscrições e envio de resumos para o XII Encontro 
Nacional de Ensino de Química.

Para inscrições, envio de resumo e participação em mini-cursos, 
Acesse a página do evento: www.quimica.ufg.br/eneq/eneq.htm

O XII Encontro Nacional de Ensino de Química ocorrerá simultaneamente 
com o XIII Encontro Centro-Oeste de Debates Sobre o Ensino de Química, 
com o III Encontro Centro-Oeste de Química e com a V Semana do Químico
(UFG/UEG/UnB/CEFET-GO).

Local: Instituto de Química - Universidade Federal de Goiás
De 27 a 30 de Julho de 2004.
Goiânia - GO.

Fonte: Márlon H F B Soares
Instituto de Química
Universidade Federal de Goiás

**********************************************************************
5. Concurso para professor adjunto na área de educação no Instituto 
de Química da Universidade Federal de Uberlândia
**********************************************************************

Concurso para professor adjunto na área de educação no Instituto de 
Química da Universidade Federal de Uberlândia
  
O Edital completo encontra-se no seguinte endereço:
  
http://2002.ufu.br/webnoticias_detalhes.asp?noticia=1042

Fonte: Divinomar Severino

**********************************************************************
6. 200ª. Tese de Doutorado em Química na UFMG
**********************************************************************

200ª. TESE DE DOUTORADO EM QUÍMICA NA UFMG

O Curso de Pós-graduação em Química da UFMG está comemorando, com 
muito orgulho, a defesa da Ducentésima Tese de Doutorado - Área de 
Concentração: Química Orgânica no próximo dia 23 de março de 2004. 

O curso teve seu início em 1967, para Mestrado, e em 1969, para 
Doutorado. Desde então, já diplomou 341 Mestres e chegamos agora à 
marca de 200 doutores diplomados. O primeiro mestrado foi defendido 
em 1969 e a primeira tese de doutorado ocorreu em 1973, também na área 
de concentração da Química Orgânica. 

Este curso sempre obteve as melhores classificações nas avaliações 
CAPES, destacando-se entre os mais conceituados do país. Os Mestres e 
Doutores egressos do Curso de Pós-graduação em Química encontram-se 
espalhados pelos diferentes estados do Brasil como docentes de 
universidades, pesquisadores de instituição de pesquisa ou de 
laboratórios de empresas do Setor Industrial. 

O curso tem contribuído positivamente para o crescimento e 
aprofundamento da pesquisa no país através da formação de pessoal 
altamente qualificado e desenvolvimento de projetos de pesquisa na 
área da Química. 

200a. Tese de Doutorado em Química
Área de concentração: Química Orgânica
Aluno: Sérgio Duarte Segall
Orientadora: Profa. Dra. Jacqueline Aparecida Takahashi - Química/UFMG
Título: "Uso de Lipases na Produção de Triglicerídeos Estruturados de
Baixo Valor Calórico"
Data: 23 de março de 2004 (terça-feira)
Hora: 14:00 horas
Local: Auditório/Sala 120 - Dep. Química
Banca: Prof. Dr. Fernando Carazza - Química/UFMG
Prof. Dr. Rodinei Augusti - Química/UFMG
Prof. Dr. Laurent Gil - ICEB/UFOP, 
Profa. Dra. Maria das Graças Cardoso - UFLA/Lavras, 
Profa. Dra. Rosemeire Brondi Alves - Química/UFMG (como Suplente) e 
Profa. Dra. Célia Maria Corrêa - Farmácia/UFOP (como Suplente).

Fonte: Profa. Dorila Piló Veloso 
Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Química 
Fone: (31) 3499-5732 

**********************************************************************
7. Academia Brasileira de Ciências terá 1ª disputa em uma década 
**********************************************************************
 
Eduardo Moacyr Krieger enfrenta Luiz Hildebrando Pereira para
presidência de agremiação de cientistas

A mais antiga agremiação científica multidisciplinar do Brasil tem,
neste mês, a primeira eleição disputada desde 1993. 

Depois de ser reeleito sem opositores por três mandatos, o
fisiologista Eduardo Moacyr Krieger, atual presidente da ABC
(Academia Brasileira de Ciências), enfrenta a o parasitologista Luiz
Hildebrando da Silva Pereira.

Ambos os candidatos são médicos, têm 75 anos e elogiam o papel de
destaque que a ABC granjeou nos últimos anos na cooperação
internacional com outras academias de ciência. Mas as semelhanças
terminam aí.

Krieger defende a continuidade dos projetos em andamento: 'Estou
diretamente envolvido neles, e os membros me motivaram a
continuar. Há tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que seria
uma pena deixar isso parar', diz o pesquisador do Incor (Instituto do
Coração), em SP.

Hildebrando (como é mais conhecido), do Centro de Pesquisa em
Medicina Tropical em Porto Velho (RO), avalia que a participação dos
membros da Academia, escolhidos por seus pares para representar os
cientistas mais reconhecidos do Brasil, está muito aquém do
desejável.

'Quem tem uma participação mais intensiva são os membros da
diretoria e alguns assessores mais próximos. As atividades regionais
são poucas, e há grande quantidade de membros em SP, por
exemplo, que praticamente não participam da Academia', afirma o
parasitologista, nascido em Santos.

Krieger destaca a participação da ABC no debate nacional sobre a
transformação dos resultados produzidos pelos cientistas em
inovação tecnológica: 'Nós temos tido presença permanente no
Conselho Nacional de C&T, que é dirigido pelo próprio presidente da
República e pode ajudar a coordenar todas as ações para criar uma
política industrial, que nós ainda não temos', afirma o médico gaúcho.

Segundo ele, a Academia estreitou relações com suas congêneres
pelo mundo. A ABC integra o IAP (sigla inglesa de Painel
Interacademias, que reúne 90 entidades do gênero) e a Academia de
Ciências do Terceiro Mundo.

A ABC foi signatária, por exemplo, de um manifesto das Academias de
Ciência em favor das pesquisas com clonagem terapêutica.

'O papel da Academia não é entrar diretamente no debate sobre
questões como essa, mas fornecer subsídios científicos claros e
confiáveis para que a sociedade possa avaliar a questão', diz Krieger.

Hildebrando advoga posição mais ativa contra o que considera uma
tendência 'obscurantista' e perigosa na sociedade. 

'Um exemplo nítido é a atitude em relação aos transgênicos, que se
tornou quase um temor místico contra supostos elementos de ordem
não-natural. Outro é a interferência de correntes religiosas nas
decisões do Congresso sobre pesquisas de clonagem terapêutica.'

O parasitologista foi cassado pelo governo militar nos anos 60, por
ser do Partido Comunista Brasileiro, e demitido da USP. Foi pesquisar
no Instituto Pasteur (França), onde permaneceu por três décadas. 

Ele defende a ampliação do papel da Academia na divulgação do
conhecimento científico como forma de contrariar essa tendência
anticientífica - outro ponto de contato entre ele e a candidatura de
Krieger.

A ABC, fundada em 1916, tem sede no Rio e cerca de 400 membros.
O resultado das eleições será conhecido no final do mês.

Fonte: Folha de SP, 22/3

**********************************************************************
8. Vagas estatizadas, editorial da 'Folha de SP' 
**********************************************************************

Muitas das Universidades federais estão literalmente caindo aos
pedaços. Será correto aplicar preciosos recursos destinados à
educação superior para outras finalidades que não a recuperação do
patrimônio público?

Eis o texto do editorial:

Merece ser examinada com atenção a proposta do ministro da
Educação, Tarso Genro, de criar vagas públicas em instituições de
ensino superior privadas. 

Em linhas gerais, a idéia é estender a todos os estabelecimentos
particulares os incentivos fiscais e previdenciários hoje concedidos às
instituições filantrópicas. Em troca, as faculdades destinariam pelo
menos 25% de suas vagas ao poder público.

A definição de quais alunos seriam contemplados ficaria a cargo da
Universidade federal da região, que deverá aplicar o sistema de
cotas. Genro pretende criar 100 mil novos lugares já neste ano, a um
custo estimado em R$ 350 milhões. A meta para cinco anos é gerar
400 mil vagas.

A idéia é engenhosa e parece filosoficamente correta, mas não pode
passar sem algum questionamento. A criação de uma vaga
universitária na rede privada se dá a um custo bem menor do que no
sistema público. 

Mas é preciso ter claro que não se trata exatamente do mesmo
'produto'. Faculdades privadas em geral se limitam a ensinar o aluno.
Uma Universidade pública faz bem mais do que isso. Além do ensino,
ela desenvolve atividades de pesquisa e extensão. Freqüentemente,
conta com um hospital universitário.

Nem os custos nem a formação oferecida pela Universidade pública
podem ser comparados aos de suas congêneres particulares. A
pesquisa é atividade cara. 

Não é casual que as escolas privadas praticamente a ignorem. Cerca
de 90% da ciência brasileira é obra de instituições ligadas ao Estado.
O desempenho das faculdades públicas nas avaliações do Provão é
nitidamente superior ao da média das particulares.

O Brasil, porém, é um país com grande carência de pessoas com
formação de terceiro grau. Infelizmente, não é possível estender a
todos os que desejem o acesso gratuito a cursos com o padrão de
excelência das Universidades públicas. Faz sentido, portanto, que o
Estado fomente a criação de mais vagas, ainda que recorrendo à
renúncia fiscal.

O problema é que muitas das Universidades federais estão
literalmente caindo aos pedaços. Diante disso, seria correto aplicar
preciosos recursos destinados à educação superior para outras
finalidades que não a recuperação do patrimônio público?

Outra questão complexa é a que diz respeito às escolas com fraco
desempenho acadêmico. O correto seria fechá-las, para que não
enganem o consumidor e para que não ameacem a população. A
proposta de Genro, se não forem estabelecidas certas cautelas, traz
o risco de o Estado aplicar dinheiro público em instituições que
deveria lacrar. 

No mais, restam dúvidas sobre as garantias de que os desvios hoje
comuns no reino das filantrópicas não se repetiriam no novo sistema.

Fonte: Folha de SP, 20/3

**********************************************************************
9. Limite das cotas, editorial da 'Folha de SP' 
**********************************************************************

Ainda que fosse possível estabelecer objetivamente o que é ser
negro, quanto sangue negro alguém precisaria ter em suas veias para
fazer jus à cota?

Eis o texto do editorial:

As regras anunciadas pela Universidade de Brasília (UnB) para seu
programa de cotas raciais para negros e pardos dão bem a medida da
inconsistência desse sistema. 

Os candidatos que pretendam beneficiar-se das cotas serão
fotografados 'para evitar fraudes'.

Uma comissão formada por membros de movimentos ligados à
questão da igualdade racial e por 'especialistas no tema' decidirá se o
candidato possui a cor adequada para usufruir da prerrogativa.

Para além do fato de que soa algo sinistra a criação de comissões
encarregadas de avaliar a 'pureza racial' de alguém, faz-se oportuno
lembrar que, pelo menos para a ciência, o conceito de raça não é
aplicável a seres humanos. 

Os recentes avanços no campo da genômica, por exemplo, já
bastaram para mostrar que pode haver mais diferenças genéticas
entre dois indivíduos brancos do que entre um branco e um negro.

Se é impossível estabelecer de forma objetiva uma definição para
negro, torna-se forçoso reconhecer que o único critério democrático
é aquele empregado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) em seus questionários demográficos, que é o da
autodeclaração. 

Isto é, será negro ou pardo quem assim se classificar. Aqui, como é
evidente, a fotografia se torna ociosa.

Esta Folha se opõe à política de cotas por entender que nenhuma
forma de discriminação, nem mesmo a chamada discriminação
positiva, pode ser a melhor resposta para o grave problema do
racismo. 

A filosofia por trás das cotas é a de que se pode reparar uma
injustiça através de outra, manobra que raramente dá certo.

Para além dessa objeção teórica, o dilema da UnB mostra que existem
dificuldades práticas. 

Ainda que fosse possível estabelecer objetivamente o que é ser
negro, quanto sangue negro alguém precisaria ter em suas veias para
fazer jus à cota? Num país miscigenado como o Brasil, quase todos
encontrarão um ancestral de origem africana em sua ascendência.

Fonte: Folha de SP, 22/3

**********************************************************************
Secretaria Geral SBQ

======================================================================
Contribuições devem ser enviadas para:  Luizsbq em iqm.unicamp.br
http://www.sbq.org.br

Até nossa próxima edição!!!
======================================================================

_________________________________________________________

Prof. Luiz Carlos Dias
Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Química - SBQ
e-mail: luizsbq em iqm.unicamp.br




Mais detalhes sobre a lista de discussão Boletim-sbq
s