SBQ - BIÊNIO (2002/2004) BOLETIM ELETRÔNICO No. 461


Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


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Veja nesta edição:

  1. I Encontro Regional de Química do Espírito Santo
  2. Processo Seletivo para contratação de Docentes na USP de Ribeirão Preto
  3. Lançamento do livro: Ciências Farmacêuticas: Contribuição ao Desenvolvimento de Novos Fármacos e Medicamentos
  4. IX Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química - Rio 30/Outubro a 01/Novembro de 2003
  5. Programa Piloto de Bolsas para Instrutores Graduados, no IQ-UNICAMP
  6. Navalha na carne: É recorde o corte nos fundos setoriais para pesquisa de C&T
  7. Protesto com relação ao formato de concurso público para admissão de docentes adotado pela Universidade Federal de São João Del-Rei
  8. CNPq lança editais para Museus e Centros de Ciências e para intercâmbio entre grupos de pesquisa
  9. Os cientistas e os transgênicos, artigo de Hernan Chaimovich
  10. Finito ou infinito, artigo de Marcelo Gleiser
  11. Linhas tortas e erradas, artigo de Marcelo Leite

1. I Encontro Regional de Química do Espírito Santo


Será realizado nos dias 25, 26 e 27 de novembro o I Encontro Regional de Química do Espírito Santo, tendo como tema "Química, Ambiente e Indústria".

O evento terá lugar na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória.

Maiores informações poderão ser obtidas na página do evento: http://tau.cce.ufes.br/heli/IEQES/principal.html

Atenciosamente,

Prof. Roberto Pereira Santos
CEFET/ES - Coord. Química de Alimentos


2. Processo Seletivo para contratação de Docentes na USP de Ribeirão Preto


Estão abertas até o dia 14 de novembro de 2003, as inscrições para a contratação de 3 (três) docentes na categoria Professor Doutor, em regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa, junto ao Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Será contratado um docente para cada uma das seguintes áreas:

Físico-Química, Química Inorgânica e Química Orgânica.

Os editais poderão ser consultados em:
http://www.ffclrp.usp.br/comunicados/index-processosseletivos.html

Maiores informações, bem como as normas pertinentes ao processo seletivo, encontram-se à disposição dos interessados na Seção de Pessoal da Faculdade, à Avenida Bandeirantes, 3900, "Campus" da USP, Ribeirão Preto, SP, CEP 14040-901, fone (0xx16) 602-3635 ou (0xx16) 602-3690, E-mail: adm-pessoal@ffclrp.usp.br, ou no Departamento de Química pelo FAX (0xx16) 633-8151, fone (0xx16) 602-3764, E-mail: dq-secretaria@ffclrp.usp.br.

Fonte: Prof. Dr. Gil V. J. da Silva


3. Lançamento do livro: Ciências Farmacêuticas: Contribuição ao Desenvolvimento de Novos Fármacos e Medicamentos


O Livro, lançado pela Editora da UNIVALI, tem como título: Ciências Farmacêuticas: Contribuição ao Desenvolvimento de Novos Fármacos e Medicamentos.

Organizadores: Tania Mari Bellé Bresolin e Valdir Cechinel Filho.

Mais informações: Livraria da UNIVALI/Itajaí, fone 47-341 7513 ou livraria@univali.br


4. IX Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química - Rio 30/Outubro a 01/Novembro de 2003


IX ENCONTRO REGIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA - RIO

30/OUTUBRO a 01/NOVEMBRO de 2003

Instituto Militar de Engenharia - IME

Programa do Evento
30/10/2003
Sessão de Abertura

14:00 Abertura do Evento
Comandante do IME General Rubens Silveira Brochado
Presidente da SBQ Paulo Cesar Vieira
Secretário da SBQ-Rio Eliezer Jesus Barreiro
Chairman da IX SBQ-Rio José Daniel Figueroa Villar Secretário da IX SBQ-Rio Alcino Palermo de Aguiar

15:00 Palestra de Abertura: Primeira Edição da Palestra José Bonifácio, Química e Sociedade - Contribuição da Química de Produtos Naturais
Prof. Raimundo Braz Filho, Reitor da UENF.

16:15 Palestra Plenária "Especiação" Prof. Reinaldo Calixto (PUC-RJ)

16:45 Palestra Plenária "Isatina: o Renascimento de uma Molécula Antiga"
Prof. Ângelo da Cunha Pinto (IQ-UFRJ)

17:30 Sessão de Comunicações Orais I

17:30 Polibutadieno Alto-Cis por Meio de Catalisadores à Base de Neodímio: Efeito das Variáveis de Síntese do Catalisador e do Processo de Polimerização Fernanda M. B. Coutinho, Ivana L. Mello, Denise S.S. Nunes, Tereza C.J. Rocha, Antônio A. Ferreira, Marcos A.S. Costa, Luiz Claudio de Santa Maria, Bluma G. Soares.

17:50 Modelos De Liv-Qsar-3d Para Inibidores De Tripanotiona Redutase: Estudo de Uma Série se Fenotiazinas N-Alquilamônio Quaternárias, Raquel Paula De Souza Conde (Ic)*, Rita Cristina Azevedo Martins (Pg), Magaly Girão Albuquerque (Pq) & Ricardo Bicca De Alencastro (Pq.

18:10 Preparação de 2-Pirrolidonas Quirais Substituídas a Partir de Enoatos Derivados do D-(+)-Manitol Jorge Luiz De Oliveira Domingos, Evanoel Crizanto Lima, Ayres Guimarães Dias, Paulo Roberto Ribeiro Costa.

18:30 Estudo da Atividade Catalítica do Complexo [Feiii(Tpp)Cl] Imobilizado em Zeólita Y Mara H.N. Olsen, Gisele C. Salomão, Adolfo Horn Jr., Christiane Fernandes, L. Cardozo-Filho, O.A.C. Antunes.

18:50 Modelagem Estrutural do Complexo da Carbazol 1,9a-Dioxigenase (Pseudomonas Sp.) da Rota de Desnitrogenação de Petróleo Ariane Leites Larentis, Shaila Cíntia Rössle, Rodrigo Volcan Almeida, Alexander Machado Cardoso, Welington Inácio De Almeida, Paulo Mascarello Bisch, Orlando Bonifácio Martins, Tito Lívio Moitinho Alves.

19:00 Fim das atividades do dia

31/10/2003

10:00-12:30 Minicursos (Parte I)

"Tratamento de Resíduos de Laboratório". Profa Maria Cristina Canela (UENF) (sala 3027)

"Planejamento de Agroquímicos: Um Campo de Aplicação para a Modelagem Molecular" Prof. Carlos Maurício Sant Anna (UFRRJ) (sala 3030)

"Química Forense" Prof. Carlos Alberto da Silva Riehl (UFRJ) (sala 1024)

"Química Bio-inorgânica: O Papel dos Metais em Sistemas Biológicos". Profa. Joana Mara Santos (UERJ)
(sala 3001)

13:30 Sessão de Painéis I (Posters Impares)

15:00 Palestra Plenária "Os Conceitos de Estrutura Molecular, Estrutura Química e de Ligação Química na Mecânica Quântica" Prof. Marco Antonio Chaer Nascimento (IQ-UFRJ)

15:30 Palestra Plenária "Pescando moléculas no litoral brasileiro: estratégias, resultados e perspectivas" Profa. Rosângela Epifânio (UFF)

16:15 Palestra Plenária "Ochnaceae: Química e Atividade Biológica" Prof. Mario Geraldo de Carvalho (UFRRJ)

16:45 Palestra Plenária "Obtenção em uma etapa do éter metílico (DME),

17:30 Sessão de Comunicações Orais II

17:30 Estudo Dos Complexos De 1-Propanotiol Com Os Metais, Vanádio (Iv), Níquel (Ii), Ferro (Ii), Chumbo (Ii) E Cádmio (Ii). Cristiane Maria De M. A. Portella, Judith Felcman E Maria Luiza B. Tristão.

17:50 Análise Do Impacto Dos Fatores Físicos E Químicos Na Qualidade Do Ar No Centro Do Rio De Janeiro, Rodrigo Caciano De Sena, Sergio Machado Corrêa, Graciela Arbilla.

18:10 Planejamento, Síntese E Avaliação Farmacológica De Novos Candidatos A Agentes Antinociceptivos Simbióticos Com Propriedades Antioxidante, Carolina M. Duarte, Cínthia L. D. Torreão, Daniel I. Lacerda, Jorge L. M. Tributino, Fernando Dutra, Etelvino J. H. Bechara, Ana Luisa P. De Miranda, Lídia Moreira Lima, Carlos A. M. Fraga E Eliezer J. Barreiro.

18:30 Estudo Comparativo Entre As Técnicas Voltamétricas De Pulso Diferencial E De Onda Quadrada Para Determinação De Talidomida Em Fármacos, Carlos E. Cardoso (Pg)*, Renata O. R. Martins, Pércio A. M. Farias E Ricardo Q. Aucélio.

18:50 Avaliação Do Ensino De Química Nas Instituições de Nível Superior Do Estado Do Rio De Janeiro, Edson De Almeida Ferreira Oliveira, Renata Mayer Barbosa, Pedro Ivo Canesso Guimarães, Luiz Cláudio De Santa Maria E Fábio Merçon.

19:00 Fim das atividades do dia

01/11/2003

10:00 Minicursos (Parte II)

13:30 Sessão de Painéis II (Posters Pares)

15:00 Palestra Plenária "A FAPERJ e a Ciência no Rio de Janeiro" Prof. Jerson Lima (FAPERJ)

15:30 Palestra Plenária "Ressonância Magnética Nuclear no Estado Sólido e suas Aplicações a Catalisadores Industriais" Dra. Sônia Cabral (CENPES-Petrobras)

16:15 Mesa Redonda "A pesquisa e a pós-graduação em Química no Estado do Rio de Janeiro"
Coordenador: Vitor Francisco Ferreira (UFF e CAPES)
Jerson Lima da Silva (FAPERJ e UFRJ)
Claudia Rezende (UFRJ)
Isabel Moreira (PUC-Rio)
Wilma de Araúlo Gonzalez (IME)

17:30 Assembléia Geral da SBQ-Rio

18:00 Encerramento do Evento.


5. Programa Piloto de Bolsas para Instrutores Graduados, no IQ-UNICAMP


Instituto de Química da UNICAMP
Bolsas de Doutoramento

A UNICAMP instituiu o Programa Piloto de Bolsas para Instrutores Graduados, com o objetivo de expandir os programas de Pós -Graduação da UNICAMP e dar oportunidade para que Pós- Graduandos participem de atividades didáticas nos Cursos de Graduação da Universidade, através do pagamento de bolsas de Doutorado.


6. Navalha na carne: É recorde o corte nos fundos setoriais para pesquisa de C&T


Contingenciamento de recursos para programas de pesquisa deve superar o valor a ser liberado em 2004

Deve ser recorde o tamanho da garfada a ser dada pelo governo em 2004 nos fundos destinados ao desenvolvimento da ciência e tecnologia no país.

Para o próximo ano, R$ 835,77 milhões devem ficar congelados como 'reserva de contingência' no caixa da União. O corte será superior ao valor restante para o programa no próximo ano (R$ 619,9 milhões).

Deve ainda superar o montante retido em 2003, assim como os cortes realizados desde 1999, quando os fundos foram criados.

No ano passado, a reserva de contingência chegou a R$ 546,56 milhões. Equivalia a 44,4% do orçamento que o MCT (Ministério da C&T) destinava para esses fundos de incentivo à tecnologia. Em 2004, o corte deve atingir 57% do valor destinado.

Os fundos se dividem em 14 e foram criados no governo passado para estimular investimentos na área. Os recursos podem ser aplicados para desenvolver um novo produto ou projeto acadêmico. Universidades e empresas podem obter recursos nesse programa. Não se trata de financiamento (valor não reembolsável).

São os royalties pagos pelas empresas no país, assim como uma parcela da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), entre outras fontes, que alimentam os fundos.

Quem define o tamanho da reserva de contingência dos ministérios é a SOF (Secretaria de Orçamento Federal), órgão do Ministério do Planejamento. Após o corte, os ministérios só decidem as áreas que serão atingidas.

Destino da verba

As reservas de contingência não existem à toa. Garantem um caixa da União mais recheado, diz Geraldo Biasoto Júnior, ex-coordenador de política fiscal do Ministério da Fazenda.

Como os recursos ficam reservados, na prática, não podem ser usados e, logo, entram como receita e contribuem para elevar o superávit -a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida.

'Essas reservas de contingência foram um grande choque quando definidas. Parecia que a área de ciência seria poupada, mas não foi', afirma Biasoto.

Na avaliação de Valéria Bastos, economista que acompanhou de perto a criação dos fundos, todos erraram. 'O MCT erra ao distribuir os cortes pelos fundos, que têm receitas vinculadas e, pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, não poderiam ser cortados. Mas a SOF erra também, já que ela define o valor da reserva', diz.

Procurada pela 'Folha de SP', a SPF informou que há apenas uma proposta orçamentária para 2004, a ser aprovada pelo Congresso Nacional. Diz que as reservas de contingência são alocadas para uso em 'gastos emergenciais', e não para garantir superávit.

'Nós estamos tentando negociar um contingenciamento menor, mas está muito difícil', diz Wanderley de Souza, secretário-executivo do MCT. Ele admite que há metas de equilíbrio fiscal que precisam ser atingidas.

Fonte: Folha de SP, 26/10


7. Protesto com relação ao formato de concurso público para admissão de docentes adotado pela Universidade Federal de São João Del-Rei


Venho por meio desta, utilizar o espaço da SBQ para registrar o meu protesto com relação ao formato de concurso público para admissão de docentes adotado pela Universidade Federal de São João Del-Rei.

A comunidade científica vem, nos últimos anos, manifestando seu descontentamento com o tratamento dispensado pelo governo federal com relação a abertura de novas vagas nas universidades públicas do país. O número de recém-doutores com reconhecida qualificação e sem uma posição de trabalho só aumenta enquanto que o número de vagas abertas nas universidades é risível.

Posto isso, me chamou muito a atenção o concurso para docentes da Universidade Federal de São João Del-Rei, veiculado no BE-459. O prazo de inscrições no referido concurso é de apenas 05 dias. Conforme o edital da UFSJ, de 24 a 28 de Novembro de 2003, sem a possibilidade de inscrições pelo correio. Ora, em um pais de dimensões continentais como o nosso e, sabendo que muitos interessados podem mesmo ainda estar no exterior, limitar o período desta maneira é quase uma "reserva de mercado" para quem mora nas proximidades e elimina sumariamente as possibilidades de candidatos de outras regiões do país. Restam algumas perguntas: A quem interessa realmente este tipo de concurso ? Ou será que os autores de tal edital imaginam que este sem número de recém-doutores no país tem condiçoes financeiras de lotar aviões e sair Brasil afora fazendo concursos?

Atenciosamente.

Dr. Jairo Bordinhão
Depto. Química-UFSM-RS

Nota do Editor
Para eventuais comentários obre esta nota, por favor, entrem em contato diretamente com o Dr. Jairo, no e-mail: jairobo@quimica.ufsm.br

8. CNPq lança editais para Museus e Centros de Ciências e para intercâmbio entre grupos de pesquisa

Dando continuidade à Ação Programática de Popularização da Ciência, o CNPq e a Secretaria de C&T para Inclusão Social (Secis/MCT) lançaram, em 24/10, um edital para projetos que trabalhem com Museus e Centros de Ciências. As inscrições vão até 24/11

A idéia principal vinculada ao edital é a popularização da ciência e a difusão de uma cultura científico-tecnológica junto à sociedade brasileira.

A melhoria da qualidade destes museus e centros tem sido vista como uma das ações fundamentais para despertar o interesse pelo exercício das carreiras científicas.

Além de agregar valor ao ensino de Ciências, estes museus difundem idéias como o desenvolvimento de inovações e as aplicações da Ciência e da Tecnologia no dia a dia, aproximando o público dos temas científicos.

Serão R$ 4 milhões, provenientes de orçamento do MCT, para apoiar atividades que propiciem a instalação e o fortalecimento destas instituições, com projetos que serão desenvolvidos em 18 meses.

Poderão apresentar propostas, especialistas com atuação em instituições públicas ou privadas, configuradas como Museus ou Centros de Ciências, ou pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior ou pesquisa, que atuem em museus ou centros.

Foi lançado no mesmo dia edital para apoio a grupos de pesquisa vinculados a programas de pós-graduação não consolidados, localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de parcerias com grupos de pesquisa de qualquer região do país, associados a programas de pós-graduação consolidados.

São R$ 30 milhões provenientes do CT-Infra e do PADCT e as propostas poderão ser encaminhadas até o dia 15 de janeiro de 2004.

Veja os Editais nos sites:
http://www.cnpq.br/servicos/editais/ct/edital_072003_secis.htm http://www.cnpq.br/servicos/editais/ct/edital_mct_cnpq_padct.htm


9. Os cientistas e os transgênicos, artigo de Hernan Chaimovich


Esforços conjuntos devem ser promovidos para investigar os efeitos potenciais das tecnologias OGM em suas aplicações específicas sobre

As informações mais difundidas sobre plantas transgênicas provêm de dois campos opostos. Um é constituído pelas empresas que desenvolvem e vendem sementes e que apregoam que estas devem ser amplamente utilizadas, por possuírem o potencial de ampliar a produtividade agrícola e a oferta de alimentos no mundo.

Para um outro conjunto de agentes interessados, com motivações técnicas, doutrinárias ou emocionais, essas plantas constituem um perigo real ou potencial para a humanidade e para o equilíbrio dos ecossistemas. Se para o cidadão informado essa contradição é perturbadora, o que dizer da grande maioria da população?

A posição dos cientistas requer análise prévia do conceito de representação. Na sociedade, respeitada a liberdade de expressão individual, a representatividade é identificável.

Diante da polêmica em torno dos organismos geneticamente modificados, OGM, em especial das plantas transgênicas, parcelas mais bem informadas da sociedade brasileira estão perplexas quanto à diversidade de opiniões individuais de cientistas sobre o assunto.

Assim, parece não existir nenhum consenso, dentro da comunidade científica, sobre segurança alimentar ou riscos ecológicos do uso de plantas transgênicas.

Contudo, nas instituições representativas das comunidades nacional e internacional dos cientistas, os consensos são evidentes e, em geral, pouco divulgados na mídia.

Poucos duvidam que as Academias Nacionais de Ciências são entidades representativas da comunidade dos cientistas.

Em geral, elas são independentes de interesses e governos e têm se demonstrado essenciais para o desenvolvimento da capacidade nacional em C&T.

Em 2000, a Royal Society, de Londres, e as Academias de Ciência do Brasil, China, EUA, Índia, México e a Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS) prepararam um Relatório sobre Plantas Transgênicas na Agricultura.

Nesse documento, pondera-se que muitas decisões na área da biotecnologia afetarão o futuro da humanidade e os recursos naturais do planeta. Logo elas devem ser baseadas na melhor informação científica, para permitirem escolhas apropriadas de alternativas políticas.

As pesquisas demonstram que alimentos produzidos por meio de tecnologia OGM podem ser mais nutritivos, estáveis quando armazenados e, em princípio, capazes de promover a saúde.

Por isso, novos esforços do setor público são necessários para introduzir cultivo de transgênicos que beneficiem lavradores pobres em nações em desenvolvimento e que assegurem o seu acesso aos alimentos através da produção intensiva de produtos.

Além disso, esforços de cooperação entre os setores público e privado são necessários para desenvolver sementes transgênicas que beneficiem os consumidores, especialmente nos países em desenvolvimento.

Esforços conjuntos devem ser promovidos, também, para investigar os efeitos potenciais das tecnologias OGM em suas aplicações específicas sobre o meio ambiente, sejam estes positivos ou negativos.

Essas pesquisas devem ser determinadas tomando por parâmetro os efeitos das tecnologias convencionais na agricultura. Além disso, os sistemas de saúde pública de todos os países devem estar qualificados para identificar e monitorar quaisquer efeitos potencialmente adversos que possam surgir de plantas transgênicas na saúde humana.

Empresas e institutos de pesquisa devem tomar medidas para compartilhar a tecnologia OGM com cientistas responsáveis por sua utilização, para aliviar a fome e melhorar a segurança dos alimentos em países em desenvolvimento.

Além do mais, exceções deverão ser feitas aos pequenos produtores familiares, para protegê-los de restrições indevidas em suas plantações.

O Conselho Internacional pela Ciência (ICSU) congrega, desde 1931, as mais importantes entidades da ciência internacional, envolvendo mais de cem países, 30 uniões internacionais de ciência e 20 associações científicas.

Recentemente, o ICSU fez um estudo baseado em toda a literatura científica produzida entre 2000 e 2003 sobre plantas OGM, segurança alimentar e efeitos ecológicos. (disponível em http://www.icsu.org).

Em relação aos alimentos com produtos OGM, as perguntas fundamentais que esse estudo apresenta são: quem necessita deles; se podem ser consumidos com segurança; se haverá impactos ambientais; se as medidas regulatórias são adequadas; como afetam

Cada tema é analisado mostrando os limites do consenso científico, as divergências científicas (quando as há) e os pontos que requerem mais pesquisa. Nesse estudo, chegam-se a conclusões similares ao publicado em 2000 pelas Academias.

É imprescindível que o debate sobre essa questão no Brasil também seja conduzido a partir desses princípios, sempre tendo como base os conhecimentos obtidos pela ciência.

É por isso que a USP, detentora de inegável credibilidade nacional e internacional, tomou a iniciativa de promover o Seminário Internacional sobre Transgênicos no Brasil, em parceria com a Academia de Ciências e a International Union of Food Science and Technology, que começou ontem e se encerrará amanhã.

Nota do Editor
Hernan Chaimovich, diretor do Instituto de Química da USP, é membro das diretorias da Academia Brasileira de Ciência e do ICSU. Artigo publicado na "Folha de SP": Folha de SP, 28/10)

10. Finito ou infinito, artigo de Marcelo Gleiser


'E então, Marcelo, o Universo é finito ou infinito?'

No último dia 9, a prestigiosa revista científica britânica 'Nature' (http://www.nature.com) publicou artigo de um grupo de cosmólogos liderados pelo francês Jean-Pierre Luminet que vem causando grande estardalhaço.

Segundo Luminet e colaboradores, dados astronômicos recentes sugerem que o Universo não só é finito, mas com uma forma global - uma topologia - bem definida, dodecaédrica feito uma bola de futebol. Parece que até a forma do Universo nos lembra do que é realmente importante na vida, uma boa pelada.

Justamente na semana da publicação do artigo estava de passagem pelo Brasil e, no dia 9 mesmo, fui participar de um colóquio no Depto. de Física da USP. Claro, a pergunta foi feita. 'E então, Marcelo, é finito ou infinito?'

Pensei no que sabemos a respeito. O grupo de Luminet baseou suas conclusões em dados obtidos principalmente pelo satélite WMAP, da Nasa, cuja missão foi mapear em detalhe as flutuações na temperatura do banho de radiação que permeia o Universo.

Flutuação aqui significa que o satélite mediu a temperatura em direções diferentes do céu e comparou os seus valores.

Essa radiação cósmica de fundo, como é chamada, é um fóssil de uma era importante na infância do Universo, quando foram formados os átomos de hidrogênio, em torno de 380 mil anos após o Big Bang.

Sua existência havia sido proposta por George Gamow e colaboradores no final da década de 1940, como consequência de um Universo primordial muito quente e denso.

Tão quente que, durante seus primeiros milhares de anos, elétrons e prótons, apesar de atraídos entre si eletricamente, não conseguiam formar átomos de hidrogênio. Feito um triângulo amoroso, onde a radiação, muito energética (os fótons), impedia a ligação entre elétrons e prótons.

Gamow mostrou que um Universo em expansão se resfriava. Depois, a radiação deixou os elétrons e prótons em paz, passando a viajar livremente pelo Universo. O satélite WMAP mediu as variações na sua temperatura, com precisão de um centésimo de milésimo de grau.

E o que isso tem a ver com a geometria cósmica? No Universo, a gravitação reina como a força suprema. Segundo a teoria da relatividade geral de Einstein, a geometria do espaço pode ser deformada pela presença de matéria.

Com isso em mente, voltemos ao Universo primordial, quando a radiação cósmica começou a se propagar pelo cosmo. Nele, haviam grandes concentrações de massa, as sementes do que mais tarde viriam a ser as primeiras estrelas e galáxias.

Imagine que você seja um fóton dessa radiação. O Universo fica parecendo uma corrida de obstáculos, com poços mais ou menos profundos, dependendo da concentração local de massa.

Se você cai em um poço, terá de gastar energia para sair dele. Quanto mais fundo, mais energia será gasta. Esses fótons cansados são mais frios do que os outros. Essa é a origem principal das flutuações de temperatura na radiação cósmica.

Antes dos dados do WMAP, tudo indicava que as flutuações de temperatura eram compatíveis com um Universo plano, onde flutuações em todas as direções eram possíveis.

Isso mostrava que o Universo era 'crítico', com a atração de sua matéria contrabalançando exatamente a taxa de expansão, em um cabo-de-guerra cósmico.

Mas os dados do WMAP sugerem que o Universo seja 'supercrítico', com um pequeno excesso de matéria. Esse excesso faz com que o Universo tenha uma geometria fechada.

Isso foi visto nos dados do WMAP como uma supressão nas flutuações em ângulos mais abertos: quando a antena aponta em direções do céu separadas por ângulos de mais de 90, as flutuações de temperatura praticamente desaparecem, como se elas não coubessem dentro.

Pense em uma banheira cheia d'água. Qual a maior onda que cabe nela? A com o tamanho da banheira, certo? Pois bem, o mesmo com

A forma dodecaédrica é a que explica melhor a supressão das flutuações a ângulos grandes. Se isso está certo ou não, ainda não podemos afirmar. Em 2007, outro satélite, mais bem equipado, será capaz de resolver a questão por definitivo.

Nesse caso, a ciência terá respondido a uma pergunta que é tão antiga quanto a história do conhecimento, o tamanho e forma do cosmo em que vivemos.

Nota do Editor
Marcelo Gleiser, professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover, EUA, e autor do livro 'O Fim da Terra e do Céu', mantém a coluna 'Micro/Macro' no caderno 'Mais!' da 'Folha de SP', onde publicou este texto: Folha de SP, Mais!, 26/10

11. Linhas tortas e erradas, artigo de Marcelo Leite


Mais um exemplo do longo caminho das retratações nos erros científicos

Duas semanas atrás, foi comentada aqui a retratação de um artigo científico na revista 'Science' que criara alarmismo um ano antes quanto à possibilidade de que a droga recreacional ecstasy causasse mal de Parkinson.

Parece que a moda está pegando: agora é a não menos prestigiada 'Nature Medicine' (http://www.nature.com/naturemedicine) que vem publicar uma dessas humilhantes admissões de erro e culpa. O detalhe é que, entre uma coisa e outra, transcorreram 42 meses, e não 12, como na 'Science'.

Em ambos os casos, é tempo demais. Quem ainda vai se lembrar da notícia auspiciosa sobre o câncer renal, entre as centenas que foram publicadas desde então na imprensa especializada como na leiga, para então apagá-la dos registros e da memória?

O mais provável, alertam os próprios editores da 'Nature Medicine', é que o artigo continue a ser citado como pesquisa válida e apoio firme à idéia de que se possa curar câncer com a vacinação por híbridos de células tumorais e dendríticas.

A retratação não invalida para sempre essa linha de pesquisa, decerto, mas quem se decidir a prosseguir com ela em seu laboratório não pode mais escorar-se na autoridade do grupo da Universidade de Göttingen (Alemanha) liderado por Alexander Kluger.

Vale a pena ler a retratação, que tem pouco mais de uma linha na edição de setembro da revista: 'Os autores desejam unanimemente suspender ['retract'] esse trabalho [citado no título] em razão de várias afirmações incorretas e da apresentação errônea de dados primários, resultados e conclusões'.

Apesar de inequívoca, de algum modo essa retratação lacônica parece insuficiente diante da repercussão que a notícia obtivera em março de 2000, no mundo todo.

Chegou a ser registrada na 'Folha de SP', ainda que discretamente, em seção de notas à pág. 32 deste caderno, no dia 12 daquele mês, sob o título 'Oncologia':

'Pesquisadores da Universidade de Göttingen, em estudo publicado na 'Nature Medicine', desenvolveram vacina que combate o câncer renal, na fase em que a doença começa a se espalhar pelo corpo, a partir de substâncias produzidas pelas próprias células cancerígenas.'

É quase certo que a notícia deva ter animado milhares de portadores de tumores renais no Brasil - infundadamente, agora se vê. Trata-se do pior tipo de desserviço que o jornalismo científico pode prestar, ainda que de modo involuntário.

Serve, ao menos, para vacinar seus militantes contra o excesso de confiança depositado no mecanismo de 'peer-review' (revisão por pares) dessas publicações especializadas. Pelo que fica demonstrado no exemplo, esse filtro de qualidade não é infalível.

Mais falíveis ainda, como o longo intervalo de três anos e meio sugere, parecem ser os procedimentos editoriais para a publicação dessas retratações.

Os editores se justificam dizendo, em editorial na pág. 1.093 da edição de setembro da 'Nature Medicine', que vários meses foram necessários, primeiro, para convencer todos os autores da necessidade da retratação, e, depois, outro tanto para que chegassem a um acordo sobre sua redação.

Pelo menos ajudaram a chamar a atenção, com o editorial, para a senda tortuosa que trilharam na companhia dos autores flagrados, intitulando-o, constrangida e apropriadamente, 'O Longo Caminho da Retratação'.

Nota do Editor
Marcelo Leite, editor de Ciência de Ciência da 'Folha de SP', mantém no caderno 'Mais!' a seção 'Ciência em Dia' (cienciaemdia@uol.com.br), onde publicou este texto: Folha de SP, Mais!, 26/10)

Secretaria Geral SBQ


Contribuições devem ser enviadas para: Luizsbq@iqm.unicamp.br http://www.sbq.org.br

Até nossa próxima edição!!!



Prof. Luiz Carlos Dias
Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Química - SBQ e-mail: luizsbq@iqm.unicamp.br