SBQ - BIÊNIO (2002/2004) BOLETIM ELETRÔNICO No. 448


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Veja nesta edição:

  1. CAPES institui Comissão Consultiva para negociação do Portal de Periódicos
  2. MCT garante que orçamento de 2004 será maior do que os de 2003 e 2002
  3. Ministro convida Fórum de Secretários para coordenar Conferência Nacional de C&T
  4. Programa de Apoio a Instalação de Doutores na Bahia
  5. Sérgio Ferreira: 'Os economistas brasileiros são contra aciência, acham que ela não vai servir para nada'
  6. Transgênicos: Para ministra do Meio Ambiente, batalha ainda não terminou
  7. Para Monsanto, decisão representa avanço

1.CAPES institui Comissão Consultiva para negociação do Portal de Periódicos


Informe Capes nº 13/2003

INFORMATIVO 1

O Portal de Periódicos da Capes é uma conquista da comunidade acadêmica e científica. A importância de assegurar sua continuidade é reconhecida por esta agência. Neste sentido, algumas ações estão sendo implantadas para seu aprimoramento e ampliação:

  1. Como já foi afirmado em reiteradas ocasiões, o Portal de Periódicos da Capes é um instrumento valioso para a excelência acadêmica das instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Sua contribuição efetiva para a democratização do acesso aos saberes científicos e tecnológicos nas variadas áreas do conhecimento, e a equalização de oportunidades nas diferentes realidades regionais, exige que seu aprimoramento e ampliação sejam continuamente perseguidos. A Diretoria da Capes explicita seu compromisso público perante a sociedade brasileira de ser uma defensora intransigente dos inegáveis benefícios do Portal para a inserção soberana do povo brasileiro na modernidade globalizada contemporânea.

  2. A partir dessa premissa e posicionamento fundamental, a Presidência da Capes instituiu uma Comissão Consultiva para formulação de um modelo desejado de contratação dos serviços disponibilizados pelo Portal de Periódicos, uma vez que estamos presentemente em processo de renegociação dos contratos junto aos fornecedores e editores. Essa Comissão mista, integrada por pessoas representativas tanto de órgãos de governo como da comunidade científica, está composta pelos seguintes nomes:

  3. Como um primeiro posicionamento, a Comissão Consultiva considera que as negociações para renovação dos contratos junto aos fornecedores e editores do Portal devem observar algumas linhas diretrizes fundamentais:
    1. deve haver ampla e irrestrita publicidade dos valores contratados junto a cada um dos fornecedores e editores, de modo que a sociedade brasileira esteja ciente dos custos envolvidos na aplicação de recursos públicos nessa atividade de tão inegável fecundidade para seu futuro.

    2. deve haver adequação das formas de pagamento dos custos contratados às especificidades orçamentário-financeiras do governo (o que implica mudança nos termos do contrato anterior que previa pagamento integral num único desembolso).

    3. deve ser incluída como cláusula condicionante da efetivação dos desembolsos previstos em contrato que os contratados comprometam-se a prestar o serviço de fornecer estatísticas periódicas detalhadas segundo especificação contratual, com auditoria independente, de monitoramento do uso dos diversos produtos contratados. Com isso a Capes poderá dispor de um valioso instrumento de controle da efetividade do Portal, possibilitando futuras adequações e melhoramentos.

    4. deve ser estabelecido nos termos da negociação junto a cada fornecedor e editor a previsão contratual de uma faixa de uso dos produtos disponibilizados pelo Portal. Isso implicaria prever um patamar contratual mínimo de acessos bem como a possibilidade de sua expansão no período de vigência do contrato até um teto máximo, estabelecido em consonância com as disponibilidades orçamentário-financeiras do governo brasileiro.

    5. deve ser estabelecido contratualmente que a expansão do universo de usuários durante o prazo de vigência do contrato ocorra com custos decrescentes, uma vez que, para o fornecedor e editor, o custo marginal envolvido na operação praticamente se resume a habilitação de um grupo de IP`s (Internet Protocol).

    6. deve ser considerada na negociação dos contratos junto aos atuais fornecedores e editores a efetiva utilização dos produtos disponibilizados no último contrato, priorizando aqueles mais freqüentemente objeto de acesso e download, bem como reconhecidos como de alta relevância científica no âmbito dos comitês assessores da Capes nas diversas áreas do conhecimento. Esse monitoramento deve ser um processo contínuo a serviço do aprimoramento do portal, permitindo alterações na composição de títulos nele incluídos.

    7. deve ser contemplado no atual processo de negociação a inclusão de novos fornecedores e editores e produtos reconhecidos como de alta relevância científica no âmbito dos comitês assessores da Capes, respeitadas as diretrizes anteriormente expostas.


  4. A Presidência da Capes e a Comissão Consultiva consideram que é do mais alto interesse nacional conduzir as presentes negociações em estreita interação, parceria e sincronia com a comunidade científica e tecnológica brasileira. O presente documento é o primeiro de uma série que visa informar, esclarecer e estreitar esses vínculos. Comunicamos também que as presentes negociações estão sendo conduzidas com o apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Marcel Bursztyn

Presidente da Capes


2. MCT garante que orçamento de 2004 será maior do que os de 2003 e 2002


Wanderley de Souza
'Em 2003 estamos prevendo uma execução de cerca de R$ 620 milhões, sendo que R$ 456 milhões estão sendo empregados para pagar as dívidas que encontramos da gestão anterior (dívida esta que é quase o dobro do que foi efetivamente pago no mesmo ano)'

Leia a íntegra da mensagem de Wanderley de Souza, secretário executivo do MCT:

O número 513 do Jornal da Ciência, publicado em 12 de setembro último, traz como matéria principal o tema 'MCT: Orçamento de 2004, na prática, repete 2002'. A seguir apresento dados e argumentos que mostram o significativo equívoco da matéria.

Inicialmente, cabe ressaltar que do ponto de vista prático não se pode fazer análises com base em orçamentos encontrados em diferentes sítios de informação.

É fundamental consultar a fonte, no caso específico o setor de orçamentos do MCT. Só a título de exemplo, o sistema oficial não considera as descentralizações como desembolso;

Cabe ressaltar ainda que o orçamento do MCT em 2002 foi um dos mais terríveis para a ciência brasileira. Foi em 2002 que o CNPq passou pelo constrangimento de retirar de sua página o edital universal e diminuir o número de bolsas concedidas;

Vamos aos números oficiais: Em 2002 o CNPq executou um orçamento global em outros custeios e capital de cerca de R$ 545 milhões e não de cerca de R$ 607 milhões, como consta da matéria do JC.

A diferença, de cerca de R$ 62 milhões para menos, é significativa. Daria, por exemplo, para lançar dois editais universais. O valor executado foi muito próximo daqueles verificados nos anos de 2000 e 2001.

Para 2003, priorizamos as ações do CNPq e o autorizamos a executar um orçamento de cerca de R$ 627 milhões, logo cerca de R$ 82 milhões acima do executado em 2002.

O Projeto de Lei enviado para o congresso, e que como sempre sofre acréscimos por emendas, prevê cerca de R$ 630 milhões. No que se refere à fonte tesouro do FNDCT, encontramos uma triste herança. Em 2000 e 2001 a execução financeira foi de cerca de R$ 41 e R$ 69 milhões, respectivamente.

Já em 2002 a execução caiu para R$ 18 milhões, sendo este o número previsto para 2003 e 2004. É fundamental que estes recursos sejam ampliados significativamente.

Cabe ao MCT e aos vários setores da comunidade científica lutarem pela ampliação destes recursos durante a discussão do orçamento no congresso nacional. Quanto ao FNDCT- fundos setoriais, a Lei Orçamentária previa para 2002 cerca de R$ 849 milhões, sendo que apenas R$ 315 milhões foram empenhados e R$ 273 milhões pagos.

Em 2003 estamos prevendo uma execução de cerca de R$ 620 milhões, sendo que R$ 456 milhões estão sendo empregados para pagar as dívidas que encontramos da gestão anterior (dívida esta que é quase o dobro do que foi efetivamente pago no mesmo ano).

Com isto, ficamos com apenas cerca de R$ 177 milhões para novas ações. Até o momento a Finep já empenhou recursos da ordem de R$ 334 milhões e lançou, isoladamente ou via CNPq, vários editais prevendo liberação de recursos ainda no corrente ano de cerca de R$ 190 milhões.

Para o ano de 2004 a previsão inicial é de um orçamento para os fundos setoriais semelhante ao de 2003, mas com uma dívida bem menor, fazendo com que possamos dispor de cerca de R$ 483 milhões livres para novas ações, valor este que é de cerca de 2,7 vezes superior ao do corrente ano.

É errôneo afirmar que a pesquisa básica contará com apenas R$ 30 milhões. Este é o número para o edital universal do CNPq. Cabe acrescentar neste item os recursos para o Pronex, os Institutos do Millenium, as ações para pesquisa básica nos fundos setoriais e as redes temáticas, que elevam estes recursos para cerca de R$ 180 milhões.

Com base nestes fatos, considero um grande equívoco o título da matéria acima mencionada. Posso assegurar que o orçamento efetivo para 2004, isto é aquele com que o MCT conta para apoio aos grupos de pesquisa, será superior ao de 2003, como este está sendo em relação ao de 2002.

Esta afirmativa está baseada nos dados disponíveis hoje. Cabe ressaltar que o setor econômico é dinâmico, podendo nos surpreender positiva ou negativamente.

É claro que a área de C&T requer mais recursos para que possa criar condições de atender melhor a demanda qualificada apresentada pelos grupos de pesquisa existentes, ampliar o número destes grupos e dinamizar as ações em várias áreas estratégicas.

Cabe ao Congresso Nacional, sensível às demandas apresentadas pela sociedade, aperfeiçoar o orçamento proposto.

Fonte: JC e-mail 2374, de 29 de Setembro de 2003


3. Ministro convida Fórum de Secretários para coordenar Conferência Nacional de C&T


O ministro da C&T, Roberto Amaral, convidou o Fórum de Secretários Estaduais de C&T para coordenar a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia que será realizada no ano que vem

O convite foi feito durante a cerimônia de assinatura de convênios com o governo do Amazonas, na sexta-feira em Manaus.

'Nós vemos esse convite como uma conquista. Com essa atitude o ministro reconhece o importante papel que o Fórum exerce junto ao Estados, sendo um catalisador e harmonizador entre a política nacional e as estaduais de C&T', avaliou Fernando Peregrino, presidente do Fórum e secretário de C&T do RJ.

A coordenação do Fórum aceitou o convite. A partir de agora serão feitas reuniões para a definição do local onde será realizada a Conferência.

'Agora nós temos o desafio de organizar uma belíssima Conferência Nacional, mais participativa e democrática', conclui Peregrino.

Fórum de Secretários de C&T entrega documento de apoio ao ministro Amaral

O presidente do Fórum de Secretários Estaduais de C&T, Fernando Peregrino, entregou na mesma ocasião, ao ministro da C&T, Roberto Amaral, um documento de apoio à atual política de desconcentração de recursos de ciência e tecnologia adotada pelo MCT.

O ministro participou do Fórum, que reuniu 25 secretários de C&T de diversos Estados. O encontro foi realizado em paralelo à Amazontech 2003, maior evento de discussão sobre o desenvolvimento sustentável da região amazônica.

O documento será entregue também ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Fernando Peregrino, nele será destacado outras ações importantes da atual política federal de C&T como, a reinstalação do Conselho de Ciência e Tecnologia (CCT), com a participação do Fórum e a forma correta de interlocução que tem sido praticada pelo MCT com os secretários estaduais.

No encontro foram aprovadas ainda moções: pela operacionalização do Fundo de Universalização do Serviço de Telecomunicações, manutenção do programa de Monitoramento de Mudanças do Clima e Recursos Hídricos, do programa de Popularização da Ciência e dos arranjos produtivos locais para que eles tenham mais apoio.

(Com informações de Adriane Cunha, da Assessoria de Comunicação do MCT)

Fonte: JC e-mail 2374, de 29 de Setembro de 2003


4. Programa de Apoio a Instalação de Doutores na Bahia


Fruto de parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e o CNPq, o programa recebe inscrições até 31/9

Com este programa, já foram fixados 27 doutores de diversas áreas. Os recursos envolvidos para ação neste ano são da ordem de R$ 5,5 milhões.

Até 2002, o investimento da Fapesb no programa foi de R$ 4,6 milhões. De acordo com o diretor-geral, Alexandre Pauperio, o programa visa fortalecer os grupos de pesquisa já existentes e incentivar a criação de novos núcleos de interesse regional através da atração de profissionais qualificados.

'Buscamos recursos junto ao CNPq para lançar um segundo edital do Prodoc e conseguimos. A Bahia é o primeiro estado com essa iniciativa', diz.

O diretor ressalta a dificuldade do Estado de absorver em definitivo os doutores nas instituições depois do término da bolsa. A Fapesb vem promovendo reuniões junto a comunidade acadêmica e científica e espera colher sugestões para solucionar o êxodo desses profissionais.

O edital passado contemplou 27 doutores, oriundos de países como a França, Espanha, Chile e Argentina e de outros estados como SP, RJ, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco.

O Prodoc prevê a concessão de 30 bolsas no valor de R$ 3,5 mil a recém-doutores, sem vínculo empregatício de qualquer natureza, como incentivo à sua integração em Grupos de Pesquisa do Estado.

Cada bolsista poderá fazer jus a um apoio inicial de até R$ 50 mil destinados ao fortalecimento de sua infra-estrutura de pesquisa, aquisição de equipamentos, bancadas, material de consumo e similares de acordo com as necessidades dos projetos apresentados.

Além disso, os oriundos de outros estados ou países recebe um auxílio instalação de R$ 7 mil e passagens áreas.

Projeto

O candidato deverá submeter um projeto, em qualquer área de conhecimento, para um período de até três anos, a ser desenvolvido junto a um grupo de pesquisa pertencente a instituições de conhecimento ou de pesquisa pública ou privada da Bahia.

A proposta deve conter descrição do projeto, com objetivos, justificativa e relevância, bem como detalhamento da infra-estrutura disponível na instituição, onde o mesmo será desenvolvido e informações sobre o grupo de pesquisa.

Os profissionais com doutorado há menos de cinco anos terão prioridades.

Assim como as áreas de petróleo, gás natural e petroquímica, agronegócios, metal-mecânica e eletro-eletrônica, mineração e metalurgia, saúde, cultura e turismo, tecnologia da informação, biotecnologia e meio ambiente.

Para inscrição no Prodoc, basta apresentar os documentos pedidos pela Fapesb, que funciona em Colina de São Lázaro, 203 - Federação.

Informações quanto aos documentos necessários e os formulários para preenchimento podem ser obtidos no site:
http://www.fapesb.ba.gov.br

O resultado estará disponível no site a partir do dia 15 de dezembro.

(Com informações da Assessoria de Comunicação da Fapesb) Fonte: JC e-mail 2374, de 29 de Setembro de 2003


5. Sérgio Ferreira: 'Os economistas brasileiros são contra a ciência, acham que ela não vai servir para nada'


Ex-presidente da SBPC, que apoiou a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o médico e farmacólogo Sérgio Ferreira diz que falta 'transparência' ao MCT, critica a atual política econômica e chama o plano de alfabetização do governo federal de 'marketing vagabundo'

Ferreira defende a substituição do ministro da Educação, Cristovam Buarque, e diz que, caso o ministro da C&T, Roberto Amaral, não 'aceite a responsabilidade da transparência', também deve ser trocado.

Em 1965, o cientista descobriu no veneno de uma cobra jararaca substâncias que permitiram grandes avanços no combate à hipertensão. Os resultados da pesquisa deram a ele notoriedade no Brasil e no exterior e o transformaram em uma das maiores autoridades da farmacologia mundial.

Ferreira, em sua gestão na SBPC (1995-1999), enfatizou a divulgação científica, especialmente entre as crianças, contra o que chama de 'analfabetismo científico'. Para ele, o programa Brasil Alfabetizado, lançado pelo governo federal neste mês, não estimula a curiosidade e é um retrocesso. 'Esse projeto ensina a ler e pronto. Saber ler é saber interpretar.'

Em Ribeirão Preto, onde leciona na USP, o cientista criou, com um grupo de intelectuais e personalidades de diferentes áreas, o Templo da Cidadania, espaço voltado para a divulgação e discussões de questões sociais que tem entre seus 'sócios' o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ex-prefeito da cidade paulista.

Apesar da proximidade com o ministro, Ferreira afirma que o modelo econômico atual tem aumentado as desigualdades sociais. 'A gente está pagando, está economizando, e a pobreza está aumentando. A resolução do FMI não serve para nós. A gente tem que sair desse esquema que parece inexorável.'

Leia a seguir a entrevista, concedida à 'Folha de SP', durante um encontro nacional de farmacologia em Águas de Lindóia, SP:

Folha
A ciência e a pesquisa no Brasil passam por um momento de grave crise?

Nós estamos fazendo de 6.000 a 10 mil doutores por ano. A grande pergunta é: onde é que eles vão parar? Por que nós estamos fazendo ciência no Brasil?

Uma primeira parte é para educar a pensar cientificamente, educar a universidade a pensar. Essa primeira etapa começou realmente após a Segunda Guerra Mundial. Não foi a universidade que começou a fazer ciência no Brasil, inclusive ela sempre foi meio contra a ciência no país.

Um exemplo típico foi no golpe de 1964, em que aproveitaram para mandar para o inferno quem estava fazendo boa ciência no Brasil. Ocorre, porém, que a visão do desenvolvimento tecnológico no país nunca avançou, e a culpada não é a universidade, são as indústrias, que nunca tiveram a característica de produzir seu próprio desenvolvimento.

Folha
Até que ponto o contingenciamento de verbas é prejudicial aos cientistas e ao país?

Folha - O sr. esperava mais do atual governo?

Se a gente esperava uma mudança rápida, isso não pôde ocorrer pela própria dinâmica da democracia corporativa. Essa mudança vai ocorrer no futuro? É a grande questão. Qual era o compromisso social do PT? No fundo, é quase um retorno ao nacionalismo, que há dois anos era um palavra feia. Mas sou corintiano, aprendo com as derrotas e acredito até o fim.

Folha - Que nacionalismo é esse?

Alguém está fazendo algum motor novo? O que é que os cientistas estão pedindo? Primeiro, um traçado de uma política econômica que incorpore a produção da inovação. Para isso, serão necessárias medidas que vão afetar o comércio internacional. Para isso, é preciso fazer coisas para o próprio país.

Folha - O sr. acha que o governo está seguindo esse caminho?

Folha - O que querem os cientistas?

Por exemplo, você pega o Pronex, que era um plano no qual você tinha alguns laboratórios associados e um investimento na associação de centros de grande atividade com centros emergentes. Ao passar o Pronex para as FAPs, imediatamente não é mais Pronex.

Nós, em SP, não podemos mais comprar materiais para enviar para outros Estados. Na verdade, a Fapesp, por exemplo, deu um passa-moloque. Pegou o dinheiro do governo, mas vai colocar um dinheiro que não será um Pronex verdadeiro.

Folha
O sr. é um dos mais duros críticos do projeto Genoma, da Fapesp...

O projeto do Genoma é um projeto de desenvolvimento tecnológico que poder ser feito de várias maneiras. Até que tecnicamente deu certo. Mas eu pergunto: US$ 5 milhões para publicar um 'paper' na 'Nature' sobre o amarelinho? O que é isso?

Agora vai existir o projeto do proteoma. Vão comprar um monte de máquinas que vão ter que ser mantidas com projetos que não têm significado nenhum. Se nós queremos fazer desenvolvimento de medicamentos, implicaria primeiro em encontrar um alvo, o que queremos resolver. É isso que nós estamos desaprendendo.

Folha
O sr. acha que o CNPq e o governo estão corretos em estimular a participação das FAPs?

Agora, se não forem, e se esse dinheiro for para o governo ou para qualquer instituição que não tenha um feedback da comunidade científica, ele vai desaparecer e não servir para nada.

Além disso, pura e simplesmente mandar o dinheiro para regiões em que não há pesquisas achando que ele por si só fará pesquisa é besteira. Pesquisa se faz com dinheiro e com gente que tem cultura. É preciso um ambiente para isso. Os reitores querem o dinheiro, mas duvido que em muitas universidades do Brasil exista ambiente para fazer cultura. O CNPq tem consciência disso.

Folha
O que seria necessário, em termos de modelo educacional, para criar esse ambiente?

O problema para reeducar cientificamente um país é não permitir que a curiosidade de suas crianças e de seus jovens seja destruída. As coisas que temos hoje de educação dão quantidade e acabam com a curiosidade.

Nós pegamos os indivíduos nas universidades e os transformamos em autônomos, vendedores de medicamentos e utilizadores de aparelhos que usam sem ter nem a curiosidade de como foram feitos, simplesmente querem ganhar seu dinheirinho.

Folha
O sr. trabalha em Ribeirão Preto, cidade do ministro da Fazenda...

A economia é a única ciência cujos fatos não têm importância nenhuma. Portanto, eu posso ter a minha opinião: acredito que se pudesse haver outro modelo em que pudéssemos diminuir o volume de recursos destinado ao pagamento das dívidas, seria interessante.

Os EUA pagaram dívidas com o Brasil, no pós-guerra, em espécie. Eu penso que, se devemos e já pagamos nossas dívidas várias vezes, deveríamos criar um empório dos nossos artigos e quem quisesse receber viesse aqui buscar. Assim poderíamos vender o nosso aço para os EUA e eles não poderiam reclamar.

Folha - O sr. acha que na reforma ministerial que deverá ocorrer até

Essa idéia de que é só ensinar a ler não passa de um marketing vagabundo de um ministério. Quanto ao MCT, estou pagando para ver. O grupo de pesquisadores que está lá é muito bom, herdaram muitas dificuldades do ponto de vista econômico. A administração dos fundos oriundos da privatização poderá ser o grande motor do desenvolvimento científico e tecnológico.

O mais importante é que o ministro aceite a responsabilidade da transparência e de fazer previsões. A equipe dele pertence à Academia Brasileira de Ciências.

Eu não sei quanto uma eventual mudança poderia alterar. Mas acho que a visão pode ser alterada. A sociedade quer participar e ver o que está acontecendo. Isso vale também para as FAPs e para o ministério.

Agora, no caso do ministério, é necessário que eles digam qual é a política de desenvolvimento tecnológico do país. Sem isso, mudem o ministro.

Fonte: Folha de SP, 28/9


6. Transgênicos: Para ministra do Meio Ambiente, batalha ainda não terminou


Marina Silva diz em entrevista à 'Folha de SP' que continuará defendendo a instituição do licenciamento ambiental para a liberação de transgênicos

Um detalhe no 'Diário Oficial' da União deixou clara a contrariedade da ministra Marina Silva com a medida provisória que liberou o plantio de soja transgênica no país: ela não assinou o texto.

Mas a ministra não dá por encerrada a batalha para impor controle à plantação de organismos geneticamente modificados. Um novo round ocorrerá no debate do projeto de lei com regras mais duradouras sobre o assunto.

Eis a entrevista concedia por Marina Silva à 'Folha de SP':

A sra. ainda acha possível barrar o cultivo de sementes geneticamente modificadas no país?

Mas não há sinal de que a disputa entre grupos no governo terá uma trégua na discussão desse projeto de lei, há?

A posição do ministério é proibir os transgênicos?

O Ministério da Agricultura só tem 2.700 fiscais e só no Rio Grande do Sul são cerca de 150 mil propriedades a serem fiscalizadas. Essas restrições não correm o risco de ficar no papel?

Em abril, o governo só havia liberado a comercialização da safra já colhida e um novo plantio chegou a ser proibido. A história não pode se repetir?

Um dos argumentos para liberar o plantio foi que faltavam sementes convencionais.

alguns pensavam: libera e ponto. Isso não aconteceu.

Por que a medida provisória não teve a sua assinatura?

A sra. consumiria alimentos que contenham transgênicos?

Fonte: Folha de SP, 27/9


7. Para Monsanto, decisão representa avanço



Diretor de comunicação da empresa informa que o pagamento de direitos de propriedade intelectual pelo uso da semente modificada geneticamente que desenvolvida pela Monsanto continua em negociação

A Monsanto, produtora de sementes modificadas geneticamente, distribuiu na sexta-feira um comunicado oficial em que afirma ser a medida provisória nº 131, que legaliza o plantio e comercialização da soja transgênica na safra 2003/2004, 'mais um passo para a adoção da biotecnologia'.

'A Monsanto espera que o governo implemente em breve uma solução definitiva, aplicável e baseada em ciência, para a pesquisa e comercialização das diversas possibilidades que a biotecnologia pode oferecer hoje e no futuro, como menos agrotóxicos e plantas com maior valor nutricional', disse Lúcio Mocsányi, diretor de comunicação da empresa.

Com relação ao pagamento de direitos de propriedade intelectual pelo uso da semente modificada geneticamente desenvolvida pela empresa, a Monsanto informa que continua em conversações com a indústria na busca de uma solução.

'A Monsanto ainda não tem definições de preços, porém pretende que

Fonte: Folha de SP, 27/9


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