SBQ - BIÊNIO (2002/2004) BOLETIM ELETRÔNICO No. 434


Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


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Veja nesta edição:

  1. Memória da reunião entre membros da SBQ e o Dr. Luiz Curi, representante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, CGEE
  2. Relatório da Reunião do Comitê Assessor Especial de Química 11 e 15 de agosto de 2003 - Julgamento dos projetos apresentados ao Edital CNPq-Universal/2002
  3. Entrega do Título de Doutor Honoris Causa ao Prof. Otto Richard Gottlieb, pelo Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
  4. Visita do Prof. John R. Lindsay Smith, da Universidade de York, York, UK, ao Departamento de Quimica da FFCLRP/USP
  5. Ciência e tecnologia - retórica ou fatos?, artigo de Roberto Amaral

1. Memória da reunião entre membros da SBQ e o Dr. Luiz Curi, representante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, CGEE


Memória


Em 24 de julho de 2003, foi realizada uma reunião no Auditório Cinza do Instituto de Química da USP, SP, envolvendo Diretores, Conselheiros, Editores e Diretores de Divisão da Sociedade Brasileira de Química e o Dr. Luiz Curi, representante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, CGEE, cujo objetivo principal foi dar continuidade à discussão, iniciada em Brasília em 24 de junho de 2003, do documento Eixos Mobilizadores em Química elaborado pela SBQ e de verificar a possibilidade do estabelecimento de uma agenda comum visando o desenvolvimento integrado da Química no país.


O Presidente da SBQ, Professor Paulo Cezar Vieira, abriu a reunião apresentando as principais linhas de atuação da SBQ, com ênfase nas perspectivas delineadas nos seis eixos apontados no documento da SBQ. O Dr. Curi fez uma breve apresentação sobre os objetivos e atuação do CGEE, destacando a importância da interação do Centro com órgãos de governo e não governamentais, bem como da possibilidade de interação com Sociedades Científicas.


Vários membros da SBQ manifestaram-se sobre as ações da SBQ e sobre a expectativa de desenvolvimento futuro da química brasileira, com ênfase especial na Formação de Recursos Humanos e Aproximação Pró-Ativa da Academia com a Atividade Econômica, dois dos Eixos identificados no documento da SBQ.


A discussão foi ampla e rica em sugestões. Se por um lado, foi destacada a capacidade de prospecção e articulação do CGEE, pelo outro lado, foi destacada experiência da Comunidade representada pela SBQ, na produção de ciência, educação, organização do conhecimento, e na editoria de periódicos, boletins e livros. Avaliou-se que uma aproximação pró-ativa, através do estabelecimento de uma agenda comum, poderia ter repercussões altamente positivas para desenvolvimento do país, sobretudo no que diz respeito à química, uma vez que esta, permeia atividades de vários setores industriais.


Ao final, todos os presentes consideraram a reunião bastante proveitosa tendo sido acordada a realização, no CGEE, de outra, no prazo máximo de dois meses, com a participação da SBQ, de vários órgãos de Governo (e.g. FINEP, CNPq, CAPES, SESu e MIDIC) e de representantes do setor empresarial quando seriam focados a Formação do Químico (tema em discussão na Sociedade) e a interação da Química com o Setor Industrial/Empresarial.



2. Relatório da Reunião do Comitê Assessor Especial de Química


11 e 15 de agosto de 2003
Julgamento dos projetos apresentados ao Edital CNPq-Universal/2002


Relatório da Reunião do Comitê Assessor Especial de Química 11 e 15 de agosto de 2003
Julgamento dos projetos apresentados ao Edital CNPq-Universal/2002


O Comitê Assessor Especial de Química do CNPq, constituído pelos professores Faruk Nome Aguilera (Coordenador, UFSC), José Maria Barbosa Filho (UFPB), Vitor Francisco Ferreira (UFF), Oscar Loureiro Malta (UFPe), Celio Pasquini (UNICAMP), Osvaldo A. Serra (USP-RP), Antonio S. Mangrich (UFPR), Wilson F. Jardim (UNICAMP), Roberto M. Torresi (USP-SP), José Caetano Machado (UFMG) reuniu-se no período de 11 a 15 de agosto de 2003, no prédio do CNPq da Q 509 Norte, em Brasília, para avaliar os processos referentes aos projetos submetidos ao Edital Universal-2002.


Foram submetidos ao Edital Universal 548 projetos distribuídos entre as seguintes faixa: Faixa A-292 , Faixa B- 171 e Faixa C- 85 projetos. A maioria dos projetos tinham pareceres ad hoc.


A distribuição de projetos apresentados por área está na Tabela I.


Tabela I. Projetos apresentados nas diferentes faixas do Edital

Faixa A Faixa B Faixa C
Orgânica 109 62 32
Físico Química 73 43 22
Analítica 67 42 20
Inorgânica 43 24 11


O procedimento de trabalho adotado, comum a todas as avaliações realizadas pelo CA em suas últimas reuniões, envolveu a análise individual de cada solicitação pelos grupos das sub-áreas, que relataram as principais observações aos demais membros, manifestando seu parecer, sempre baseado nas observações dos assessores ad hoc.


Após discussões e conclusões colegiadas entre todas as sub-áreas, o parecer final do Comitê foi elaborado. Quando algum pleito envolvia um membro do CA ou de sua instituição de origem e/ou algum interesse seu, ou quando se caracterizava o conflito de interesses, este ausentava-se do recinto durante o julgamento. É importante salientar que foi respeitada a indicação da sub-área indicada pelo pesquisador coordenador de cada projeto. Da mesma forma foi respeitada a indicação do Comitê Assessor para julgamento indicado pelo Coordenador do projeto. Por esta razão, não foi julgado pelo CA-Química nenhum projeto encaminhado de outros CAs do CNPq.


Foram disponibilizados pelo CNPq R$ 1 890.000,00, distribuídos nas seguintes proporções: Faixa A- 472.500,00, Faixa B- 661.500,00 e Faixa C- 756.000,00. A distribuição dos projetos aprovados entre as diferentes áreas seguiu o critério de proporcionalidade relativa a demanda (Tabela II). Estes projetos constituíram o grupo denominado como G-0.


Tabela II. Distribuição dos projetos aprovados no Edital (Grupo G-0)

Faixa A Faixa B Faixa C
Orgânica 9 5 3
Físico Química 8 3 2
Analítica 6 4 2
Inorgânica 4 2 1
Total 27 14 8


Por solicitação do CNPq, de acordo com carta enviada à comunidade pelo Presidente do CNPq, a área técnica solicitou que fossem classificados projetos com qualidade científica em dois outros grupos G I (num montante de R$ 1.890.000,00) e G II (sem limite estabelecido) para atender todos os projetos qualificados apresentados neste Edital. Os projetos nos quais foi detectada ausência de mérito científico foram classificados num grupo G III, os quais não devem ser atendidos. Destacamos que para o CA-Química os projetos classificados no grupo denominado G-I podem ser considerados de qualidade essencialmente equivalente daqueles do G-O. Por decisão do CA-Química, os recursos e projetos do grupo G I foram distribuídos de forma de atender um maior número de projetos na faixa, segundo Tabela III.


Tabela III. Distribuição dos projetos aprovados no Grupo G-I


Faixa A Faixa B Faixa C
Orgânica 16 5 2
Físico Química 7 3 2
Analítica 9 3 1
Inorgânica 5 2 1
Total 37 13 6


Os projetos considerados com mérito pelo comitê e pelos assessores ad hoc, que não foram incluídos nos grupos G-0 e G-I, foram classificados num grupo denominado G-II, para ser atendido com recursos extras a serem adicionados.


O Comitê sugere que este grupo seja atendido seguindo a ordem de prioridade Faixa A>Faixa B>Faixa C. Por exemplo, caso haja R$300.000,00 sugere-se que sejam atendidos um número de 5 projetos na faixa A, 2 projetos na faixa B e um projeto na faixa C. Esta distribuição corresponde a, idealmente R$ 100.000,00 para cada faixa.


Durante os trabalhos de julgamento do CA-05/2003, observou-se alguns pontos que devem merecer atenção para futuros Editais Universais:


  1. O CA continua recebendo pareceres de assessores ad hoc (beneficiários de Bolsas de Produtividade), que em nada contribuem à análise dos processos;



  2. é necessário que o Currículo Lattes esteja atualizado nos períodos de julgamento dos processos. A pesar de recomendações anteriores, o problema ainda persiste;



  3. Vários projetos apresentados pelos proponentes para CAs diferentes da área de Química foram remanejados para o CA da Química. Como a decisão de selecionar o Comitê no qual pretende ser julgado é do pesquisador, o CA não julgou nenhum destes processos, exceto quando havia uma manifestação explícita do pesquisador proponente.


Finalmente, queremos manifestar à Presidência do CNPq, da forma mais veemente, que os recursos alocados para o grupo G-O, ou seja aqueles atendidos pelo Edital são absolutamente insuficientes para atender a demanda qualificada existente. O número de projetos atendidos no grupo G-0 (49) representa apenas 9 % do total de projetos apresentados (vide supra). Assim, é de fundamental importância que sejam atendidos 100% dos projetos do grupo G I e o máximo possível dos projetos do grupo G-II. Sem este esforço, por parte do CNPq e do MCT, corremos o risco de criarmos uma nova frustração para a Comunidade Científica do Brasil. Esta opinião representa a unanimidade do Comitê Assessor Especial do CNPq, convocado para julgamento deste Edital.


Brasília, 15 de agosto de 2003.



3. Entrega do Título de Doutor Honoris Causa ao Prof. Otto Richard


Gottlieb, pelo Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro


A Direção do Instituto de Química comunica aos sócios da Sociedade Brasileira de Química que no dia 22 de agosto, sexta-feira, às 17 horas, no Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha, o Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro entregará o Título de Doutor Honoris Causa ao Prof. Otto Richard Gottlieb.


O discurso de homenagem será proferido pelo Prof. Carlos Alberto Filgueiras.


A direção do IQ tem o prazer de convidar todos os sócios da SBQ para a solenidade.


Fonte: Prof. Angelo da Cunha Pinto



4. Visita do Prof. John R. Lindsay Smith, da Universidade de York, York, UK, ao Departamento de Quimica da FFCLRP/USP



O Prof. John R. Lindsay Smith, da Universidade de York, York, UK, estará visitando o Departamento de Química da FFCLRP/USP, Ribeirão Preto, no período de 01 a 12 de setembro próximo.


O Prof. Lindsay e especialista em Química de Porfirinas e Metaloporfirinas e estará ministrando algumas aulas na disciplina de "Bioinorgânica", oferecida aos alunos de pós-graduação deste Departamento.


Estas aulas serão abertas a todos os interessados. Maiores detalhes poderão ser obtidos com Profa. Marilda, no telefone (16) 6023799.



5. Ciência e tecnologia - retórica ou fatos?, artigo de Roberto Amaral




Estamos prontos para separar, sempre, as mudanças que geram inclusão das retóricas que pretendem preservar a exclusão


A espinha dorsal do governo de mudanças do presidente Lula é o combate à brutal exclusão que caracteriza nossa sociedade e nosso Estado, minando o pacto federativo com os inaceitáveis desníveis regionais.


Mas a inclusão só será alcançada com projetos que assegurem o crescimento do país, a geração de riqueza, a produção e distribuição de renda. Não se conhece um só exemplo de desenvolvimento sustentável sem investimentos maciços e sistemáticos em educação, ciência e tecnologia, como atestam as experiências da Coréia do Sul, da Irlanda e da Finlândia.


Ciência e tecnologia constituem a base do crescimento com inclusão. Para reconstruir o desenvolvimento no presente, pensando no futuro, é insubstituível a parceria entre o poder público, as Universidades e o empresariado.


Temos, portanto, de investir na pesquisa científica e apressar a absorção das inovações para agregar valor às nossas exportações e reduzir a dependência de importação de produtos de base tecnológica. Não podemos aceitar o destino de eternos exportadores de commodities.


Essa é a diretriz fundamental da nova política de C&T. Por isso ampliamos o número de bolsas do CNPq e vamos rever todo o sistema, juntamente com a Capes.


Não se trata, só, de aumentar mais de 14 mil bolsas (eram 50 mil em 1995, reduzidas para 47 mil em 2002). Criamos novas modalidades, como a de iniciação científica para estudantes de nível médio, e restabelecemos a bolsa de 'bancada', que estava suspensa.


Destinamos R$ 20 milhões dos fundos setoriais ao programa Primeiros Projetos, para ajudar jovens doutores a montarem suas infra-estruturas de pesquisas.


Até o final do mandato do presidente Lula formaremos 10 mil doutores por ano - atualmente, formam-se 6.300. Ciência se faz, principalmente, com recursos humanos; não há crescimento sem estimular novas idéias.


Recebemos a Finep com uma inadimplência em torno de 50%, um déficit operacional de quase R$ 10 milhões, passivo trabalhista da ordem de R$ 200 milhões e dívida de R$ 434 milhões em programas do governo anterior.


Para liquidar essa dívida, até julho empenhamos R$ 234 milhões (mais do que dois terços dos investimentos de 2002). Mesmo prevendo aumento para seu funcionalismo, a Finep fechará o ano com superávit em torno de R$ 3 milhões.


Ao mesmo tempo, a nova Secretaria de C&T para Inclusão Social desenvolve ações de campo, como a dos arranjos produtivos locais e a criação do Instituto de Segurança Alimentar.


Estimulamos a Rede Nacional de Nanotecnologia e Nanociência e, com os EUA, firmamos convênio para cooperação em pesquisa avançada na geração de energia nuclear.


Logo que o Senado Federal aprovar o Acordo de Salvaguardas com a Ucrânia, começaremos a executar um inédito programa de transferência de tecnologia, consolidando tanto a Base de Alcântara quanto a indústria aeroespacial brasileira. Outros entendimentos abertos, com Israel, África do Sul e Rússia, visam a diversificar a utilização de Alcântara.


Avança também a instalação, em Natal, do Instituto Nacional de Neurociência e, em Fortaleza, com apoio do governo do Estado, da Universidade Federal e do empresariado, a instalação do Incor-Nordeste, além de um centro de excelência em farmacologia aplicada.


Queremos criar condições para o surgimento de pólos locais de indústria farmacêutica. O Centro Regional de Energia Nuclear, do Recife, ampliará sua atuação para todo o Nordeste.


No Rio, criamos o Instituto Nacional de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica, juntamente com a Comunidade Européia, o governo da Itália e a Unesco.


Esse instituto usará a rede Incranet, criando o acesso direto de pesquisadores brasileiros e latino-americanos aos centros de pesquisa da Itália, da Austrália, da Rússia, dos EUA, da França, da China e do Vaticano.


No Rio Grande do Sul, iniciamos a instalação do Ceitec, cujo papel será decisivo para a indústria brasileira de microeletrônica.


Estamos impulsionando o desenvolvimento científico e tecnológico na Amazônia. O projeto faz parte do fortalecimento dos centros de excelência.


Assim, a USP contribuirá para um audacioso programa, levando a excelência de sua pós-graduação às Universidades do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima.


Somando as Universidades do Amazonas e do Pará, montaremos uma rede de pesquisa e informação científica, que se interligará com o Inpa, o Instituto Emílio Goeldi e o futuro Centro de Biotecnologia da Amazônia - hoje apenas um imenso prédio vazio -, que entrará em funcionamento com a cooperação dos Ministérios do Meio Ambiente e da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Externo.


A Rede Brasil de Tecnologia já articula a cooperação de Universidades e centros de tecnologia com a indústria, para realizar a substituição seletiva de importações.


Logo lançaremos, com o BNDES, o Criatec, programa que levará para a linha de produção os projetos e inventos que estão nas prateleiras dos cientistas e inventores.


Com isso a expectativa é criarmos pelo menos mil pequenas e médias empresas de base tecnológica. Ainda este mês, o presidente da República anunciará também a criação do Instituto Nacional do Semi-Árido, inaugurando uma nova era no enfrentamento dos problemas da região.


Da mesma forma, com o MEC realizamos estudos visando a prever, com pelo menos 20 anos de antecedência, o provável desenvolvimento da ciência e da tecnologia, para nortear modificações no ensino universitário e na pós-graduação.


Já firmamos convênios com os governos e as Secretarias de Ciência e Tecnologia e Fundações de Amparo à Pesquisa de SP, RJ, MG e Bahia.


Vamos continuar para que cada Estado participe desse esforço de promoção de ciência e tecnologia, de acordo com suas potencialidades.


Além disso, implementamos um ambicioso programa de cooperação internacional, principalmente dirigido à África e à América do Sul.


São esses alguns fatos, dentre muitos, do que estamos realizando. Todos estão comprometidos com a promoção de mudanças profundas.


Não se trata de mudar por mudar. É princípio da boa administração dar continuidade ao que está funcionando bem.


Infelizmente, mudar incomoda, assusta, gera reações, às vezes inesperadas. Por isso, estamos preparados para separar, sempre, as mudanças que geram inclusão das retóricas que pretendem preservar a exclusão.


Fonte
Roberto Amaral é ministro de C&T. Artigo publicado em O Estado de SP, 18/8



Secretaria Geral SBQ



Contribuições devem ser enviadas para: Luizsbq@iqm.unicamp.br http://www.sbq.org.br


Até nossa próxima edição!!!