Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian
Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista
de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América
Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da
SBQ (http://jbcs.sbq.org.br).
Veja nesta edição:
Memória
Em 24 de julho de 2003, foi realizada uma reunião no Auditório
Cinza do Instituto de Química da USP, SP, envolvendo Diretores,
Conselheiros, Editores e Diretores de Divisão da Sociedade Brasileira
de Química e o Dr. Luiz Curi, representante do Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos, CGEE, cujo objetivo principal foi dar
continuidade à discussão, iniciada em Brasília em 24 de junho de 2003,
do documento Eixos Mobilizadores em Química elaborado pela SBQ e de
verificar a possibilidade do estabelecimento de uma agenda comum
visando o desenvolvimento integrado da Química no país.
O Presidente da SBQ, Professor Paulo Cezar Vieira, abriu a reunião
apresentando as principais linhas de atuação da SBQ, com ênfase nas
perspectivas delineadas nos seis eixos apontados no documento da SBQ.
O Dr. Curi fez uma breve apresentação sobre os objetivos e
atuação do
CGEE, destacando a importância da interação do Centro com
órgãos de
governo e não governamentais, bem como da possibilidade de interação
com Sociedades Científicas.
Vários membros da SBQ manifestaram-se sobre as ações da SBQ e sobre a
expectativa de desenvolvimento futuro da química brasileira, com
ênfase especial na Formação de Recursos Humanos e
Aproximação
Pró-Ativa da Academia com a Atividade Econômica, dois dos Eixos
identificados no documento da SBQ.
A discussão foi ampla e rica em sugestões. Se por um lado, foi
destacada a capacidade de prospecção e articulação do CGEE,
pelo
outro lado, foi destacada experiência da Comunidade representada pela
SBQ, na produção de ciência, educação,
organização do conhecimento, e
na editoria de periódicos, boletins e livros. Avaliou-se que uma
aproximação pró-ativa, através do estabelecimento de uma
agenda
comum, poderia ter repercussões altamente positivas para
desenvolvimento do país, sobretudo no que diz respeito à química, uma
vez que esta, permeia atividades de vários setores industriais.
Ao final, todos os presentes consideraram a reunião bastante
proveitosa tendo sido acordada a realização, no CGEE, de outra, no
prazo máximo de dois meses, com a participação da SBQ, de
vários
órgãos de Governo (e.g. FINEP, CNPq, CAPES, SESu e MIDIC) e de
representantes do setor empresarial quando seriam focados a Formação
do Químico (tema em discussão na Sociedade) e a interação da
Química
com o Setor Industrial/Empresarial.
O 10º Encontro Brasileiro de Síntese Orgânica (BMOS-10) acontece entre os dias 24 e 28 de agosto em São Pedro, interior de São Paulo.
A programação prevê sessões de pôsteres, oito
plenárias e 13
palestras.
Serão discutidos temas como a produção de novos medicamentos com
atividade anti-AIDS, novas metodologias na síntese de moléculas
complexas, aplicações de química combinatória e o
desenvolvimento de
novos catalisadores. Estudos sobra a aplicação de ultra-som em
reações
químicas na indústria farmacêutica também serão
apresentados.
O evento conta com o apoio do Instituto de Química da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), do Fundo de Apoio a Pesquisas (FAEP)
da Unicamp e da Sociedade Brasileira de Química. As agências
governamentais como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de
Nível Superior (CAPES) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de
São Paulo (FAPESP) também colaboraram para que o evento fosse
organizado.
Maiores informações no site www.bmos.iqm.unicamp.br.
Fonte: Agência FAPESP - 08/08/2003 19:03
Tecnologia e Inovação
Moção de REPÙDIO - CONSUNI-UFAL
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
CONSELHO UNIVERSITÁRIO - CONSUNI/UFAL
MOÇÃO
O Conselho Universitário da Universidade Federal de Alagoas
CONSUNI/UFAL, instância máxima de deliberação superior desta
Instituição Federal de Ensino Superior, reunido em sessão
ordinária
no dia 07 de julho de 2003.
CONSIDERANDO a corrida às aposentadorias de servidores técnicos e
docentes, motivadas pela proposta de mudanças, com prejuízos, no
regime previdenciário e a impossibilidade de reposição integral
pronunciada pela imposição do MEC, destes quadros na Universidade
Federal de Alagoas;
CONSIDERANDO o efetivo contingenciamento de recursos orçamentários,
estabelecidos pelo Decreto 4.691, de 08.05.2003, que a cada ano
diminuem, em contraposição às necessidades de recursos de custeio
para manutenção das atividades da Universidade Federal de Alagoas;
CONSIDERANDO a desvinculação da aplicação de 50% dos recursos
dos
royalties de petróleo prevista, como o projeto de Lei 7.188 e o
contingenciamento do repasse dos recursos dos fundos setoriais pelo
Ministério de Ciência e Tecnologia, em contraposição à
necessidade de
investimentos em recursos capitais e obras nas Universidades Federais;
CONSIDERANDO a tentativa do Ministério de Ciência e Tecnologia de
desmantelar o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, que representa
os interesses da comunidade científica brasileira no sentido de
prover estudos, informações e análises necessárias para que o
Estado
brasileiro possa criar políticas públicas planejadas ou baseadas em
uma gestão estratégica do conhecimento;
CONSIDERANDO a falta de recursos do Ministério da Educação para apoio
na implantação e alavancagem dos cursos emergentes de
Pós-Graduação
stricto sensu, cujo mérito já foi aprovado pela CAPES;
CONSIDERANDO no plano das políticas salariais, o reajuste (1%) dado
pelo Governo dando continuidade ao maior arrocho salarial que se tem
conhecimento até hoje;
CONSIDERANDO a indignação dos servidores públicos que por longos anos
vem sendo foco de ataques de forma injusta, como principal fonte dos
débitos para a União;
CONSIDERANDO a sonegação fiscal que afeta os cofres da União e para
cuja permanência tem contribuído o próprio governo não exerce a
fiscalização devida e ainda aplica o REFIS para estes sonegadores;
CONSIDERANDO a ameaça aos direitos adquiridos pelos servidores
públicos, conquistados ao longo de anos de luta, e apresentados como
"privilégios" à opinião pública;
RESOLVE:
Expressar a INDIGNAÇÃO com a política de desmonte do sistema de
Educação, Ciência e Tecnologia implementada pelos sucessivos governos
e expressar o REPÚDIO aos impactos negativos sobre as atividades fins
das Universidades Públicas Brasileiras, trazendo riscos à qualidade e
gratuidade do trinômio Ensino, Pesquisa e Extensão.
(Sala dos Conselhos Superiores da UFAL, em 07 de julho de 2003)
Conselho Universitário da Universidade Federal de Alagoas
Coordenadoria dos Órgãos Colegiados Superiores - COC/UFAL
Campus AC. Simões, Av. Lourival de Mello Motta - Tabuleiro do Martins
Os candidatos devem ter comprovado desempenho acadêmico e dirigirem-se a instituições de excelência e prestígio internacional.
As inscrições são recebidas exclusivamente no site da Capes, onde
também podem ser obtidas orientações para candidaturas -
<http://www.capes.gov.br>http://www.capes.gov.br
Até o final de agosto, a Capes divulga os ganhadores das bolsas com
início previsto para este semestre, que foram selecionados em
processo iniciado ainda em 2002.
Yone deseja 'propiciar à comunidade de C&T o pleno acesso a informações sobre o desmonte do Prossiga'
Eis a íntegra de sua carta:
'Prezados(as) senhores(as),
Solicito sua atenção para algumas informações sobre o desmonte
do
Prossiga que ora divulgo por considerá-las de interesse público para a
área de C&T:
Em 3 de julho passado, 'por determinação do Ministro da C&T', o
diretor do IBICT, sr. Nilson Lage, anunciou em nota oficial
amplamente divulgada as medidas sobre o início do desmonte da
equipe do Prossiga.
Na mesma nota, o diretor informa ter constituído uma comissão para,
no prazo de 30 dias, apresentar sugestões e orientação para o
redimensionamento e integração do programa (...).
No entanto, em 2 de agosto, sem que o diretor do IBICT houvesse
aprovado o resultado da avaliação da comissão, o novo coordenador
do Prossiga comunica a profissionais da comunidade de informação
que 'o Prossiga acabou'. Diz o sr. Aldo Barreto:
'Ontem, as 15 horas, foram dispensados os funcionarios restantes do
Prossiga, embalados seus documentos, desligados ou removidos seus
computadores e servidores, lacradas suas portas.
O programa prossiga acabou.
Pelo menos como existia; os salvados estão sendo enviados a
Brasilia, onde ressurgira' um IBICT/prossiga ou um outro serviço.
Penso que lhes devia esta informação.'
Desfaz-se desta maneira uma equipe altamente especializada,
competente e motivada, responsável pela maioria dos serviços
produzidos pelo Prossiga.
Ainda na nota do dia 3 de julho, o diretor, antes mesmo de qualquer
avaliação, procura comprometer a imagem da coordenadora do
Prossiga, utilizando-se da palavra 'opaca' para caracterizar a gestão
do programa.
Instado judicialmente a explicar essa afirmação, o sr. Nilson Lage
assim se pronunciou:
(...) 'As palavras 'transparente' e 'opaco', cujo uso foi introduzido,
nesse contexto, a partir de termos correspondentes em inglês, não
tem , em absoluto, o significado que a Requerente lhes empresta; ao
contrário, são empregadas no jargão administrativo para caracterizar
diferentes procedimentos, com sentido referencial que não envolve
juízo de valor, de natureza ética. Não há portanto, como se
considerar ofensiva à honra de alguém a utilização de termos
técnicos em atos administrativos, cuja única finalidade é identificar
com clareza e objetividade a realidade dos fatos e não produzir juízo
de valor ou avaliação ética negativa da atuação de
determinado
Administrador Público.' (...)
Cabe ainda informar que, a despeito de notificação que foi por mim
enviada ao diretor do Ibict, colocando-me à disposição para prestar
esclarecimentos antes da divulgação de qualquer documento, este
envia para os coordenadores do Prossiga nos estados o relatório da
comissão, informando que 'o texto, naturalmente, é da
responsabilidade dos signatários'.
Ou seja, o relatório é divulgado mesmo sem ter sido aprovado pelo
diretor do Ibict.
O relatório é um documento frágil, contraditório, que tenta
justificar
Questões sobre a gestão do programa, citadas no relatório, foram encaminhadas aos advogados que acompanham o caso. Cabe lembrar que as contas do Prossiga já foram aprovadas duas vezes pela mais alta instância de controle do governo federal.
De minha parte, fico com a avaliação da comunidade de C&T quando,
por meio de cerca de 4 mil mensagens espontâneas, dirige-se ao
Prossiga parabenizando sua equipe e agradecendo pelos serviços de
informação prestados.
Todas essas mensagens estão (ou estavam?) disponíveis nos Livros
de Visita dos serviços do Prossiga, em seu site. Isto vale a pena ver!
Encerrando esta mensagem, dirijo-me a todos que, de alguma forma,
contribuíram para o êxito do Prossiga e, em especial, à remanescente
equipe do Prossiga em todo o país e também àqueles que dela foram
tão violentamente desligados, para dizer-lhes:
Encamparam idéias inovadoras e todo um valioso trabalho, sem
dirigir-nos uma única palavra.
Em nosso país parece não haver nada que impeça atitudes dessa
natureza, mas por outro lado, não há força, por mais truculenta que
seja, que iniba a produção de outras novas idéias e sua
implementação em ambientes mais sadios.
Apropriaram-se das idéias e tentam destruir o trabalho: não
passarão. O Prossiga não acabou, a despeito da comunicação de
seu
novo coordenador.
Metade de seus serviços, tal como os concebemos e criamos, já
voltou ao ar. E a outra metade voltará pouco a pouco,
discretamente, quem sabe com outros nomes e, esperamos, com a
mesma qualidade.
Voltarão por exigência dos parceiros, por pressão da comunidade
usuária e, principalmente, por estarem entre os melhores oferecidos
no Brasil.
Às altas autoridades do Ministério da C&T dirijo a pergunta
impossível
de calar que ecoa no país e já começa a ressoar também no
exterior:
Por que?'
A Royal Society, a academia britânica de ciências, deu início na segunda-feira (11/7) a uma investigação de grande porte que tem como objetivo avaliar a forma como os resultados das pesquisas científicas são divulgadas.
O grupo de trabalho, chefiado por Patrick Bateson, vice-presidente da
Royal Society, inclui representantes de áreas como jornalismo,
relações públicas, publicações científicas,
indústria e a academia.
Os integrantes estão pedindo contribuições da comunidade e do
público
em geral para exemplos positivos e negativos da divulgação
científica.
Antes do lançamento, o estudo foi objeto de controvérsias, quando se
discutiu se os cientistas devem ou não consultar os trabalhos de
outros pesquisadores antes de publicar seus resultados.
"Os resultados da pesquisa científica podem ter profundos efeitos nas
opiniões e nas políticas públicas. Portanto, é fundamental que
os
cientistas pratiquem os mais altos padrões de profissionalismo e
integridade ao comunicar os resultados de seus trabalhos", disse
Bateson em comunicado da Royal Society.
O grupo pretende também avaliar a eficiência do mais utilizado sistema
de análise científica. "Atualmente, os cientistas baseiam-se quase que
exclusivamente na análise por pares, na qual outros especialistas
verificam a qualidade dos resultados, análises ou interpretações
antes
de torná-las públicas. Isso funciona como garantia contra a
divulgação
de pesquisas conduzidas de maneira deficiente, Mas, é evidente que
tal tipo de análise não é perfeita. Diversos trabalhos foram
aprovados
por análise e publicados em importantes títulos científicos para,
depois, ter sido observado que foram baseados em resultados falsos ou
erroneamente interpretados", disse Bateson. "Ao mesmo tempo,
pesquisadores continuam a atrair a atenção para resultados
questionáveis, mesmo que eles não ofereçam evidência de que as
pesquisas em que se basearam foram checadas, como vimos no começo do
ano com as notícias sobre o nascimento de clones humanos."
O grupo de trabalho da Royal Society pretende considerar críticas ao
processo de análise por pares e examinar formas que possam vir a
melhorá-la. Os pesquisadores querem ainda investigar se existem
alternativas viáveis e eficientes ao método.
Contribuições para a investigação da Royal Society e maiores
informações:
Departamento de Políticas de Comunicação: (44) 20 7451 2516
<http://www.sbq.org.br/mailman/listinfo/boletim-sbq>comm royalsoc.ac.uk
Fonte: Agência FAPESP - 11/08/2003 20:15
José Melfi, Carlos Henrique de Brito Cruz e José Carlos de Souza Trindade
A Universidade pública e a reforma da Previdência, artigo de Adolpho
José Melfi, Carlos Henrique de Brito Cruz e José Carlos de Souza
Trindade
A emenda aprovada no primeiro turno das votações na Câmara dos
Deputados erode as condições materiais e morais para a existência de
uma Universidade de alto padrão de qualidade e de um Estado
verdadeiramente republicano e eficiente
Adolpho José Melfi, reitor da USP, é presidente do Conselho de
Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), Carlos
Henrique de Brito Cruz é reitor da Unicamp e José Carlos de Souza
Trindade é reitor da Unesp. Artigo publicado em 'O Estado de SP':
A reforma da Previdência Social, como aprovada em primeiro turno,
trará graves prejuízos para o ensino superior público, setor
fundamental para o desenvolvimento do Brasil.
A Universidade brasileira é um fenômeno do século 20. Embora o
país
tenha contado com umas poucas escolas superiores isoladas desde 1808,
foi somente com a criação da USP, em 1934, que os brasileiros passaram
a ter instituições universitárias efetivamente integradoras das
diferentes áreas do conhecimento.
O surgimento tardio da Universidade brasileira - por volta de 1920 já
havia 78 Universidades espalhadas pelos EUA e 20 por toda a América
Latina - não impediu que, em menos de 70 anos, o país constituísse um
sistema de ensino superior público que se tornaria um dos principais
vetores, se não o principal, do desenvolvimento nacional a partir da
década de 1940.
Graças a esse mesmo sistema universitário público, o país
também se
tornou produtor de ciência na fronteira do conhecimento. E, graças à
pós-graduação, a partir da década de 1970, o Brasil
está entre os
raros países que formam 6 mil doutores por ano.
São exemplos de sua contribuição ao PIB brasileiro a tecnologia
gerada
pela Embrapa, que faz o sucesso comercial do agronegócio, a
competitividade dos jatos da Embraer, a quase auto-suficiência em
petróleo devida ao desenvolvimento tecnológico liderado pela
Petrobrás.
Isso só foi possível porque o país decidiu investir no projeto
universitário, tratando-o como assunto de interesse nacional e
inserindo-o numa concepção de Estado e de máquina pública
profissional
e coesa, em que as diferentes categorias de servidores, todas
importantes, têm um papel fundamental a cumprir.
Até hoje, o Estado vinha cuidando de fixar seus quadros nas
instituições de ensino superior, oferecendo-lhes condições
especiais
de permanência, capazes de compensar os salários relativamente
modestos.
Nas Universidades públicas paulistas o quadro docente é formado
majoritária e preferencialmente por professores em Regime de
Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP), que
impede ao
docente desenvolver outra atividade profissional.
Este regime especial de trabalho é um dos principais fatores que
levaram as três Universidades estaduais a alcançar e a aumentar
continuadamente o extraordinário nível de desempenho de suas
atividades de ensino, pesquisa e extensão, do qual se beneficia todo o
país, e não só SP: 25% dos seus alunos de
pós-graduação vêm de fora
do Estado.
Ao retornarem a seus Estados de origem, estes profissionais se
convertem em lideranças no desenvolvimento do ensino e da pesquisa,
reduzindo diferenças regionais no país.
A reforma da Previdência é importante para que o sistema possa ser
socialmente mais justo e equilibrado.
A reforma preocupa o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais
Paulistas (Cruesp), que reúne três das principais Universidades de
pesquisa do Brasil - USP, Unesp e Unicamp.
Mas o Executivo federal não levou em consideração as peculiaridades
do ensino superior público. A justa inquietação da comunidade
acadêmica já traz prejuízos irreversíveis ao bom ensino
superior
público.
Observamos uma intensificação dos pedidos de aposentadoria motivados
pelo atropelo no andamento da discussão sobre a reforma e pela
amargura causada pelas agressões morais com que se tenta demonizar
bons e dedicados servidores públicos.
A emenda aprovada no primeiro turno das votações na Câmara dos
Deputados erode as condições materiais e morais para a existência de
uma Universidade de alto padrão de qualidade e de um Estado
verdadeiramente republicano e eficiente.
Ao eliminar a aposentadoria integral, estabelecer um teto de
R$ 2.400 para os proventos de aposentadoria e eliminar a paridade de
reajustes entre os docentes aposentados e não aposentados, o projeto
desestimula os jovens mais qualificados de seguirem uma vocação
acadêmica.
Tenderão, assim, a preferir outros regimes de trabalho, com menor
dedicação à instituição, mas que facultem a busca por
complementação
de renda e a garantia de uma velhice mais digna.
A profissão de professor universitário voltará a ser um 'bico', que
não mereça maior preocupação ou dedicação.
Há anos, temos convivido
com as terríveis conseqüências da desvalorização do
professor de
ensino fundamental e médio.
Com a reforma proposta podemos antever a reprodução deste quadro,
agora atingindo também os profissionais de ensino superior.
Ao proibir o estabelecimento de regimes próprios e fundos
complementares com unidades gestoras autônomas, a emenda aprovada
solapa a autonomia universitária, garantida pelo artigo 207 da
Constituição federal, e joga todo o serviço público numa mesma
vala
burocrática, desconhecendo as diferenças reais entre as carreiras e
suas características peculiares.
O atropelo para a votação neste primeiro turno impediu que se
considerassem emendas e proposições que poderiam minorar os efeitos
negativos da reforma sobre a Universidade pública.
Pelo menos uma emenda aceita pelo relator, dep. José Pimentel, na
emenda aglutinativa, e confirmada por ele da tribuna, conforme vimos
todos durante a transmissão ao vivo pela TV Câmara na noite de 5 de
agosto, não constou do texto final divulgado no dia seguinte pelo
Portal da Câmara, de tal modo que até agora não se sabe o que foi
efetivamente aprovado.
Com um pouco mais de discussão teria sido possível criar regras de
transição muito mais justas do que as aprovadas às pressas na noite
do dia 6 de agosto, e que cometem injustiça flagrante com professores
e funcionários dedicados que estavam à beira de completar os
requisitos para obter aposentadoria.
O Cruesp trabalhou e continua trabalhando para mostrar ao Congresso
Nacional alternativas que poderiam construir uma solução justa que
reforme a Previdência sem inviabilizar o Estado republicano e o
sistema nacional de Universidades públicas de qualidade de que o
Brasil tanto necessita e que, até hoje, vinha construindo tão
arduamente e com bons resultados.
E o Cruesp ainda tem a esperança de que esse trabalho não seja em
vão.
Fonte: O Estado de SP, 9/8
Secretaria Geral SBQ
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