SBQ - BIÊNIO (2002/2004) BOLETIM ELETRÔNICO No. 338




Assine e divulgue Química Nova na Escola e o Journal of the Brazilian Chemical Society (www.sbq.org.br/publicacoes/indexpub.htm) a revista de Química mais importante e com o maior índice de impacto da América Latina. Visite a nova página eletrônica do Journal na home-page da SBQ (www.sbq.org.br/jbcs/index.html).


Veja nesta edição:
  1. Mensagem do Presidente da SBQ sobre o Dia Nacional do Químico
  2. Solicitação de sugestões dos sócios para a 26a RASBQ
  3. Aniversário de 25 Anos da SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, Dia 08 de Julho
  4. Cursos internacionais de mestrado e de doutorado em universidade alemãs
  5. XI Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry (XI BMIC) and Joint Brazilian-Italian Inorganic Chemistry Meeting
  6. Bola de futebol gigante usada para ensinar química
  7. Abertas inscrições para curso 'Introdução à Propriedade Intelectual' na UFSCar
  8. Responsabilidade social do cientista ou ciência para quem?, artigo de Geraldo Mendes dos Santos
  9. Carlos Vogt, novo presidente da Fapesp: 'Todo mundo sabe que não há desenvolvimento tecnológico sem a formação de competência em ciências básicas.
  10. Colaboração entre Universidade e setor privado ainda precisa de incentivo no Brasil


1. Mensagem do Presidente da SBQ sobre o Dia Nacional do Químico

"São incontáveis as contribuições da química para o conforto, higiene e saúde, na vida moderna, ainda assim ela é freqüentemente associada a acidentes ambientais, contaminações, riscos para a saúde e outros aspectos negativos.

Em pesquisa recente, encomendada pela ABIQUIM, cuja pergunta era: Quais os produtos que você usa no dia a dia e sobre os quais você diria "sem isso eu não viveria"? Para um universo de mais de 500 respostas espontâneas, entre as treze com maior percentual, oito, estão diretamente relacionadas à química e as outras cinco também dependem de produtos químicos como matéria prima, para seus componentes, partes ou peças. Isto revela, sem dúvidas, a relação da importância da química com o cotidiano.

Como químicos nosso trabalho contribui para uma melhor qualidade de vida, resolvemos inúmeros problemas e ajudamos o povo a ter vida mais longa e saudável.

No dia nacional do químico façamos uma comemoração, celebrando os incontáveis benefícios que a química propicia a toda a sociedade e, divulguemos também a SBQ, a representante de grande parte dos químicos brasileiros.

Feliz dia nacional do químico!!!

Nota do Editor: Esta mensagem deveria ter sido enviada no Boletim No. 337, mas por um problema de recebimento de e-mails, nao chegou a tempo.




2. Solicitação de sugestões dos sócios para a 26a RASBQ

Prezados colegas,

Ja estamos iniciando a organização da próxima reunião anual, que será realizada novamente em Poços de Caldas e o objetivo desta mensagem é solicitar sugestões de todos para a organização da 26a Reunião Anual.

Todas as sugestões podem ser enviadas diretamente para Secretário Geral no e-mail (Luizsbq@iqm.unicamp.br).

A principio o formato da reunião será o mesmo da anterior, mantendo inclusive as sessões coordenadas combinadas e uma tarde com dois simpósios.

Solicitamos sugestões para:

  1. Tema para a reunião
  2. Nomes de conferencistas para abertura
  3. Temas para simpósios (total de 3)
  4. Prováveis cursos (total de no maximo 9)
  5. Workshops (no maximo 4)
  6. Conferências plenárias (no maximo 9, sendo que daremos prioridade para conferencistas nacionais, embora ainda não tenhamos discutido a respeito a nivel de diretoria, poderemos trazer 3 ou 4 pessoas do exterior, mas desde que sejam realmente de primeira linha e que sejam de interesse de toda a comunidade e não apenas para uma divisão específica. Com relação aos conferencistas nacionais também vale a mesma idéia, devem pensar em alguém que desperte o interesse de membros de mais de uma divisão.
  7. Também solicitamos sugestões para melhorar a organização da reunião e garanto que todas as sugestões, críticas, enfim, tudo que possa nos ajudar a organizar ainda melhor a RA serão bem-vindas (podem enviar direto para este e-mail).
  8. Sugestões de uma atividade cultural como a que tivemos nesta reunião, com a peça de teatro do Prof. De Meis, que foi um sucesso.

Contamos com o apoio de todos os colegas sócios da SBQ para a organização desta reunião, que queremos, seja um sucesso como a anterior e se possível, sempre melhor.

Um abraço e tudo de bom a todos,
Luiz Carlos




3. Aniversário de 25 Anos da SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, Dia 08 de Julho

No próximo dia 08 de julho a SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA (SBQ) estará completando 25 anos de fundação.

A SBQ foi fundada em 1977, durante uma Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Desde a sua criação, a SBQ vem atuando de forma expressiva no desenvolvimento e consolidação da comunidade química brasileira, e na divulgação da Química e de suas importantes relações, aplicações e conseqüências para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Contando com 23 secretarias regionais e com 12 divisões científicas concernentes às principais áreas da Química, a SBQ constitui-se em uma das maiores sociedades científicas brasileiras.

Neste sentido, ao lado da promoção de reuniões anuais que atualmente congregam, a cada evento, a presença de aproximadamente 2000 participantes com uma produção média de 1500 comunicações de pesquisa, a SBQ tem promovido, outros eventos anuais sobre áreas da Química, para os quais converge um expressivo número de participantes e de trabalhos apresentados.

Tal fomento ao desenvolvimento e amadurecimento da comunidade química brasileira pode ser ainda evidenciado pela publicação de três revistas pela SBQ - Química Nova, que é enviada a todos os sócios, Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS) - que divulgam parte substancial da produção da pesquisa brasileira em Química nos contextos nacional e internacional. Além dessas duas revistas a SBQ edita ainda a Química Nova na Escola - especificamente dirigida a professores de que ensinam Química nas escolas brasileiras.

A SBQ está em permanente contato com seus associados através da edição do Boletim Eletrônico SBQ, uma lista eletrônica aberta a toda a comunidade interessada em Química.

É realmente um momento de muita alegria para todos os membros de nossa comunidade.

Os membros de Diretoria e Conselho da SBQ congratulam-se com todos aqueles que ajudaram e ajudam a construir e a fazer a história da SBQ.

Parabéns SBQ!!!

Nota do Editor: Abaixo está transcrita a Ata de Fundação da SBQ. Conheça um pouco mais sobre a história da SBQ em nossa homepage (www.sbq.org.br).

ATA DE FUNDACÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA

Após uma Assembléia que durou duas horas, foi fundada a Sociedade Brasileira de Química - SBQ, na sala 056 da Pontifícia Universidade Católica, na rua Monte Alegre, na cidade de São Paulo, às 19:30hs (dezenove e trinta); para a Diretoria foram eleitos: pres. Simão Mathias, Secret. Geral: Eduardo Motta Alves Peixoto, Tes. Etelvino J. H. Bechara; para o Conselho Consultivo foram eleitos: Jacques Danon, Ricardo C. Ferreira, Antonio C. Pavão, Archimedes P. Guimarães, Ernesto Giesbrecht e David Tabak.

São Paulo, oito de julho de 1977.

Assinaram esta Ata, os membros fundadores da SBQ

Affonso Alles
Albertino F. Nascimento Jr.
Ana Maria Pereira Santos
Ana Maria Pinto dos Santos
Antonio Carlos Pavão
Alcídio Abrão
Archimedes P. Guimarães
Armi Wanderley da Nóbrega
Catharina M. W.Brandi
Claudio Airoldi
David Tabak
Dawson Buim Arena
Diana J. Rosa Guenzburger
Eduardo M. Alves Peixoto
Etelvino J. Henriques Bechara
Fernando Galembeck
Geraldo José da Silva
Guilherme Luiz Indig
Helena M. C. Ferraz
Helena Maria S. Bittencourt
Henrique Manoel Q. Magarão
Hernan C. Guralnik
Hiroshi Aoyama
Iolanda Midea Cuccovia
Ivano Rolf Gutz
Jacques Danon
José Atílio Vanin
José Roberto Ernandes
Keiko Takashima
Letícia Tarquino de S. Parente
Lúcia P. S. Airoldi
Marco Aurélio De Paoli
Maria do Carmo de A.Santos
Maria E. V. Suarez
Maria Lucia Mendes de Carvalho
Maria Olimpia de O. Rezende
Marian Rosaly Davolos
Mariana S. Araújo Viel
Marilda Meirelles Oliveira
Marilene Marcuzzo do Canto
Mário Giambiagi
Mário José Politi
Marisa Helena G. Medeiros
Massami Yonashiro
Marta M. Tanizaki
Maurício G. Constantino
Nídia F. Roque
Osvaldo Antonio Serra
Paulo Tiglea
Pedro Maia de Campos
Regina Lucia de Souza Moura
Regina Maria Valle Aleixo
Renato Vergnhanini Filho
Ricardo Baumhardt Neto
Ricardo Cesar P. Chaim
Ricardo C. Ferreira
Roberto Tokoro
Rosa Maria Scavariello
Sérgio de Souza Funari
Sérgio Emanuel Galembeck
Simão Mathias
Sonia M. H. Salcedo
Victor A. Nehmi
Yoshiyuki Hase




4. Cursos internacionais de mestrado e de doutorado em universidade alemãs

Estão abertas as inscrições para 34 cursos em várias áreas.

Os cursos são direcionados para bacharéis e, em alguns casos, para mestres. O prazo de inscrição para o próximo ano se encerra em 30 de agosto de 2002.

Solicitamos sua ajuda no intuito de divulgar essa informação junto aos possíveis interessados. Maiores informações os senhores encontrarão no anexo ou entrando em contato com o nosso escritório através do endereço: glauce@daad.org.br

Além disso, o DAAD poderá forncecer informações sobre outros cursos internacionais, para os interessados que tenham financiamento próprio.
Veja o arquivo em anexo.

Atenciosamente,

Glauce Maia / DAAD AS Rio
glauce@daad.org.br
Rua Presidente Carlos de Campos, 417
22231-080 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Fone: 21 2553 3296 Fax: 21 2553 9261
http://rio.daad.de




5. XI Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry (XI BMIC) and Joint Brazilian-Italian Inorganic Chemistry Meeting

A Comissão Organizadora do XI Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry (XI BMIC) and Joint Brazilian-Italian Inorganic Chemistry Meeting comunica que o prazo para submissão de resumos foi adiado para o dia 30/06/2002 (improrrogável).

A Comissão comunica ainda que a lista de hotéis está disponível na homepage do evento (www.bmic.sbq.org.br).

Fonte : Profa. Heloisa Beraldo




6. Bola de futebol gigante usada para ensinar química

O que tem futebol a ver com química? Tudo, se o assunto for a bola. Com doze pentágonos e 20 hexágonos, ela tem a mesma estrutura de uma forma elementar do carbono, chamada de fulereno, cuja descoberta valeu o Nobel de Química 96.

Um modelo um bilhão de vezes maior que a molécula está montado desde ontem no Espaço Ciência, em Olinda. A peça, com 2,5 metros de diâmetro, ficará em exposição até o fim do mês e, na próxima sexta-feira, às 14h, haverá uma oficina para ensinar como fazer um modelo de fulereno com canudinhos de plástico.

O químico Antônio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência, explica que o fulereno é extremamente pequeno, medindo 30 Angstrom (um Angstrom equivale a 100 milionésimos de centímetro). Os outros carbonos elementares, lembra Pavão, são o grafite e o diamante.

Na natureza, a molécula é encontrada no espaço interestelar e, em pequenas concentrações, na fumaça do cigarro. Em laboratório, pode ser obtida pela irradiação de uma superfície de grafite com laser. Entre as aplicações do fulereno estão supercondutores, catalizadores e sensores.

Um fulereno, representado quimicamente com C60, tem 60 átomos de carbono, assim como a bola tem 60 polígonos. Segundo Pavão, são os pentágonos que dão a forma arredondada às duas estruturas.

'Eles estão no casco de tartarugas, em fragmentos arqueológicos de carapaça de tatus gigantes, nas formações rochosas de Sete Cidades no Piauí', conta o químico. 'Ligando apenas hexágonos forma-se uma superfície plana, parecida com as redes do gol.'

Um dos cientistas que descobriram o fulereno - o britânico Harold Kroto - revelou que a inspiração foi mesmo a bola de futebol. Ele teria visto, em 67, na Exposição Mundial de Montreal, no Canadá, uma escultura representando parcialmente a bola que associou com o fulereno. Mais tarde, a molécula também passou a ser chamada de fulereno de Buckminster.

O nome vem de R. Buckminster Fuller, o arquiteto norte-americano que exibiu sua versão da bola em Montreal. Além de Kroto, receberam o Nobel pela descoberta do fulereno os norte-americanos Robert Curl Jr. e Richard Smalley.

Até a Copa anterior, a bola oficial tinha os pentágonos (polígonos com cinco lados) pretos e os hexágonos (polígonos de seis lados) brancos. 'Agora é branca e dourada, mas as divisões continuam as mesmas', diz o químico, professor da UFPE.

Fonte: Jornal do Commercio, Recife, 19/6




7. Abertas inscrições para curso 'Introdução à Propriedade Intelectual' na UFSCar

Sérgio Barcelos Theotonio, assessor da Presidência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) profere palestra sobre o tema.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 25 pelo e-mail faiimp@power.ufscar.br ou no fone (16) 260-8288.

Trata-se de uma realização da Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da UFSCar (FAI-UFSCar) e do Núcleo de Extensão UFSCar-Empresa (Nuemp), com promoção do Inpi e apoio da Procuradoria Jurídica da UFSCar.

Objetivo do curso: proporcionar conhecimentos básicos sobre o uso do Sistema de Patentes como meio de proteção à Propriedade Intelectual e capacitar pesquisadores sobre partes do processo.

Entre os assuntos abordados estão o histórico e tendências do Sistema de Propriedade Intelectual, o pedido de patente e o Tratado de Cooperação em Matérias de Patentes (PCT).

O curso, voltado a professores, pesquisadores, pós-graduandos e interessados no assunto, faz parte das comemorações de 10 anos de atividade da FAI-UFSCar.

Mais informações pelo fone (16) 260-8288, com Paula ou Rodrigo




8. Responsabilidade social do cientista ou ciência para quem?, artigo de Geraldo Mendes dos Santos

Frente ao desbaratamento dos recursos naturais, aos constantes desafios científicos e tecnológicos e à onda avassaladora da globalização, onde crises e oportunidades se revezam continuamente, observa-se que a sociedade em geral e os cidadãos empreendedores, em particular, estão ávidos por conhecimentos.

E onde encontrá-los? Normalmente nos setores de P&D das empresas inovadoras e sobretudo nas Academias, representadas por Universidades e Institutos de Pesquisa.

A idéia de Academia originou-se na Grécia. Inicialmente esse nome foi dado a um jardim de oliveiras, em homenagem a um herói chamado Akademo e onde o filósofo Platão ministrava suas aulas.

Mais tarde, nesse local foi erigido um centro de estudos formais e que serviu de modelo para as Universidades conhecidas na atualidade.

Portanto, a maneira de gerar, processar e transmitir o conhecimento vem sendo mantida no mundo há mais de 2390 anos, com pouca variação.

É verdade que nas últimas décadas, a denominação Academia vinha sendo relegada ou aplicada unicamente às congregações de 'imortais', onde normalmente se refugiavam os vetustos senhores (agora também, felizmente, senhoras!), mas recentemente, o termo voltou à tona e agora vem sendo usado com muita freqüência.

Pela definição dada acima, conclui-se que pesquisadores e professores são acadêmicos e por causa disso, é indispensável que eles próprios questionem sobre o papel da Academia na sociedade de hoje.

A questão pode ser desmembrada em pergunta mais simples e direta, do tipo: O que a academia tem feito para ajudar os cidadãos, sobretudo os empreendedores?

Gerar conhecimento!, dirão os mais afoitos ou mais afeitos à tarefa de investigar, estudar e pesquisar fenômenos, bichos e coisas.

Nada! Sexo dos anjos!, dirão alguns, de si para si, ou mesmo vociferando na mídia, de modo deselegante, grosseiro.

Saibamos perdoar a ignorância ou impertinência daqueles que pouco sabem ou se interessam de fato pela postura acadêmica e concordemos com a idéia de que a Academia está realmente promovendo a geração do conhecimento.

Pois bem, daí nasce uma questão complementar, que é: para quem se destina o conhecimento? Outras perguntas que vêm no rastro dessa é o 'que' e 'como' o conhecimento é gerado.

Por ora, deixemos essas de lado, confiando nos postulados e métodos científicos, sem sombra de dúvida apropriados para estudar o mundo material e também na responsabilidade ética e profissional daqueles que os executam.

Fixemos apenas em 'para quem?' A pergunta nos remete diretamente para a real finalidade do conhecimento gerado ou da pesquisa que o gerou, seu objetivo, o fim a que se destina. Ela implica na identificação de um interlocutor, usuário, destinatário, público-alvo.

A situação atual do mundo se prima pela competitividade e por isso o conhecimento passou a ser um recurso precioso, principal fator de barganha, elemento básico da capacidade de produção e consumo, diferencial importante entre cidadãos capazes e incapazes, entre nações desenvolvidas e sub-desenvolvidas.

Essa é a razão básica do compromisso social que o intelectual, sobretudo o pesquisador e docente, tem para com a comunidade em que vive.

Nesse sentido, o conhecimento gerado ou aprendido não pode ficar estanque, guardado a sete chaves na Academia ou destinado unicamente a especialistas de determinados ramos de atividade.

Conhecimento bom é aquele disseminado e que pode ser aproveitado, retrabalhado e transformado pela sociedade. Um dado conhecimento pode gerar vários outros, pois tem poder de potencialização.

É imperativo, portanto, que todo conhecimento deve ser disponibilizado, democratizado, sociabilizado, compartilhado.

Não existe conhecimento socialmente valioso quando esse repousa em gavetas fechadas, circula de modo restrito apenas entre especialistas e menos quando circunscreve-se à mente de alguns privilegiados.

O produtor de conhecimento deve saber cuidar e ter garantias sobre seu direito autoral. Também, deve buscar os meios mais apropriados para divulgar suas idéias ou resultados de suas pesquisas, mas é importante ter sempre em mente o interesse coletivo e o alcance social do conhecimento gerado.

Desvincular a importância de determinado conhecimento das necessidades, demandas ou anseios sociais não passa de niilismo, egocentrismo injustificável, egoísmo sem igual.

Há cientistas e intelectuais de toda ordem e com as mais diversas tendências (é ótimo que seja assim, pois firma e confirma a maravilhosa diversidade da vida), mas um gerador de conhecimento socialmente responsável e competente nunca deve ser:

A - Elitista, isto é, buscar unicamente meios de divulgação sofisticados, apenas como forma de promoção pessoal/profissional.

A escolha de meios de divulgação baseada apenas nos títulos dos periódicos, pode-se constituir num modismo científico, tão condenável como os valores da moda de sapatos e vestidos e que normalmente funciona à base de etiquetas e marcas.

B - Narcisista, isto é, dirigir o conhecimento unicamente para si mesmo ou seu grupo de trabalho, num círculo fechado e vicioso, como se isso fosse um troféu, espelho ou reflexo de sua própria vaidade.

Todo conhecimento, por mais complexo que seja, pode ser levado à sociedade, em linguagem acessível e apropriada. Além disso, demanda por conhecimento nunca acaba e quanto mais se tem, mas há falta.

C - Iconoclasta, isto é, achar que o conhecimento tem um fim em si mesmo, que o método científico é o único válido para busca da verdade ou que a ciência é o único caminho para se descobrir o real valor do homem ou a salvação da humanidade.

A ciência é uma das grandes maravilhas criadas pelo homem para compreensão do mundo á sua volta, mas o ser humano, sobretudo o protagonista da ciência, não pode ter uma atitude idólatra frente a ela.

O cientista é membro nato e tem compromissos sérios com a academia, mas também é parte integrante da sociedade com a qual interage a todo tempo e lugar.

Assim sendo, ele precisa honrar seus compromissos profissionais e dar satisfação a seus pares, mas não pode jamais abrir mão de seu dever de cidadão e de sua enorme responsabilidade social.

Nesse sentido, cada acadêmico deve ter uma preocupação constante em gerar novos conhecimentos, fazendo da academia uma instância social sempre mais rica e respeitada, mas sem descuidar um instante da necessidade básica do ser humano em ter direito ao saber.

Fonte: Geraldo Mendes dos Santos é professor e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Artigo publicado no 'Jornal do Comercio' de Manaus.




9. Carlos Vogt, novo presidente da Fapesp: 'Todo mundo sabe que não há desenvolvimento tecnológico sem a formação de competência em ciências básicas.'

Uma de suas prioridades será manter o equilíbrio dos investimentos em pesquisa básica, bolsas e pesquisa aplicada

Se a Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp) perdeu seu presidente para a reitoria da Unicamp, ganhou em retorno um ex-reitor da mesma academia.

O lingüista e poeta Carlos Vogt, reitor da Unicamp entre 90 e 94, foi o escolhido para substituir Carlos Henrique de Brito Cruz na cadeira de presidente da Fapesp. Seu nome foi selecionado com unanimidade pelo Conselho Superior da fundação, do qual fazia parte, e aprovado pelo governador Geraldo Alckmin.

'Quando entrei para o conselho, em setembro de 2001, e a oportunidade de assumir a presidência da instituição surgiu, eu a considerei fortemente', contou Vogt, de 59 anos. Brito Cruz, que dirigiu a Fapesp pelos últimos seis anos, foi eleito reitor da Unicamp em março e deixou a fundação no início do mês.

Vogt foi escolhido a partir de uma lista tríplice, formada com o historiador José Jobson de Andrade Arruda e pelo físico Nilson Dias Vieira. A nomeação foi publicada quinta-feira no 'Diário Oficial do Estado de SP'.

Ao contrário de situações que já enfrentou em outras instituições, Vogt assume a presidência da Fapesp em condição privilegiada. A fundação acaba de completar 40 anos e passa por uma fase de crescente prestígio nacional e internacional, no comando de alguns dos maiores projetos de pesquisa do país.

'Meu maior desafio será manter o padrão elevado de qualidade e excelência das diretorias passadas', disse Vogt. 'A Fapesp tem problemas como qualquer instituição, mas são problemas de nível muito sofisticado, que exigem uma atuação refinada.'

Uma das prioridades, acrescentou, será manter o equilíbrio dos investimentos em pesquisa básica, bolsas e pesquisa aplicada. 'Todo mundo sabe que não há desenvolvimento tecnológico sem a formação de competência em ciências básicas.'

Nota do Editor: Além de professor titular da Unicamp, Vogt é coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e vice-presidente da SBPC. Também é editor-chefe da revista 'Ciência e Cultura', da SBPC, e diretor de redação da 'ComCiência', revista eletrônica de jornalismo científico.
Fonte: O Estado de SP, 19/6




10. Colaboração entre Universidade e setor privado ainda precisa de incentivo no Brasil

Apesar de boas experiências, como o desenvolvimento da fibra ótica e exploração de águas profundas, a integração entre Universidade e setor privado ainda precisa de incentivo no Brasil. Essa foi uma das conclusões do 'Campinas Inova', seminário sobre inovações tecnológicas, promovido nesta terça-feira na Unicamp.

Participaram do evento representantes de Universidades, institutos de pesquisas e de empresas privadas, como Embraer, Petrobrás e Votorantim. As discussões foram mediadas pelo secretário-executivo do Ministério da C&T, Carlos Américo Pacheco, professor de Economia da Unicamp.

Os debates giraram em torno das competências de Universidades, empresas e governo para estimular o desenvolvimento de inovações tecnológicas. Pacheco defendeu que essa não é função das Universidades e lembrou que o principal financiador de pesquisas nos EUA é o setor privado, responsável por 70% delas.

O secretário defendeu a criação de redes, por meio de parcerias de empresas e institutos interessados no mesmo produto. Para ele, o governo atua como agente de fomento. 'Mas é preciso escolher lideranças para levar adiante os projetos de redes', alegou.

Para o diretor do Depto. de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias de SP (Fiesp), Flávio Grynzpan, quem fomenta a inovação é o mercado: 'Novos produtos nascem a partir da demanda e não da oferta. O conhecimento entra para resolver o problema. Inovação é coisa de empresa.'

Pacheco comentou, no entanto, que o governo ainda é o principal financiador de desenvolvimento de projetos tecnológicos no Brasil. O superintendente do Centro de Tecnologia da Unicamp, Douglas Zampieri, defendeu que o governo deve definir políticas industriais e de incentivos aos projetos.

Zampieri apontou que a Universidade forma recursos humanos e não bens tangíveis. 'A inovação deve estar dentro das empresa e não das Universidades. Mas é preciso uma política de subsídios bem desenvolvida', alertou. Na Europa, conforme o superintendente, os subsídios permitem que as empresas desenvolvam produtos a custo zero.

Fonte: O Estado de SP, 19/6



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