SBQ - BIÊNIO (2002/2004) BOLETIM ELETRÔNICO No. 337




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Veja nesta edição:
  1. Dia Nacional do Químico, 18 de Junho
  2. Aos Químicos no seu Dia. Algumas Reflexões
  3. Comunicado do CNPq
  4. PhD or Postdoctoral positions
  5. Avaliação da 25a Reunião Anual da SBQ
  6. As Universidades e o desenvolvimento, artigo de Isaias Raw


1. Dia Nacional do Químico, 18 de Junho

"DIA NACIONAL DO QUIMICO, 18 DE JUNHO"

OS MEMBROS DA DIRETORIA E DO CONSELHO CONSULTIVO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA - SBQ, CUMPRIMENTAM TODOS OS QUÍMICOS DO BRASIL PELO PASSAGEM DO DIA NACIONAL DO QUIMICO, HOJE, DIA 18 DE JUNHO, TERÇA-FEIRA.

Apesar dos dias sombrios que temos vivido, sobretudo em relação à dificuldade de emprego e de recursos para os colegas mais jovens, devemos ter confiança de que esta será uma fase passageira e que a SBQ está confiante e trabalhando dentro e até além de suas possibilidades para ajudar a tornar este momento difícil o mais breve possível.

PARABÉNS A TODOS OS COLEGAS QUIMICOS!!!




2. Aos Químicos no seu Dia. Algumas Reflexões

Sete mil anos de convivência do Homem com a Química - 7000 anos de convivência do Homem com os artesãos e artífices que moldaram a argila, coloriram-na e tornaram-na eterna nas chamas; com os artesãos que extraíam da Mãe-Terra os metais e deram-lhes forma no sopro quente de outros materiais oferecidos pela Natureza. Arrebatando aos deuses o fogo deitou-o Prometeu aos pés do Homem : o Fogo, primeira descoberta e depois invento da Humanidade, permitiu aos ancestrais de nossos antepassados trabalhar os metais, dar rigidez ao barro, criar o vidro, cozer os alimentos. Já se chamou a Prometeu de "primeiro químico"; o fogo é o nascedouro da Química, e os ceramistas e fundidores os primeiros "químicos práticos".

También ya llega Heráclito,....
Alma ígnea que luces desprende de la mente inquisitiva,.......
El mundo es fuego vivo, y el fuego llena el mundo visible o invisible

Escultor de la vida, promotor de los cambios.
Outros tantos milhares de anos convive o Homem com as inquisições de sua mente inquieta : de que são feitas as coisas todas do Universo ? de onde vieram essas coisas todas e as coisas de que foram feitas ?
Há quanto tempo estão aqui, por quanto tempo permanecerão, até que ponto seremos capazes de decifrar o mistério que trazem ?

E na mente inquisidora e inquieta dos primeiros "químicos teóricos" da antiga Hélade, o fogo associa-se à água primordial, pois também

Ya llega el viejo Tales que discurre Sobre el água primordial, de la que procede todo, Pues, en tanto que lo úmedo vida y verdor genera, La torva sequedad agosta y calcina.

Mas quem sabe cabe a primazia ao ar, O acaso fuera el aire como intuye Anaximenes, Esa fuerza invisible que los bosques abate......

Acaso fuera el aire la materia primordial.

Ou acaso é a terra começo e fim, a Terra em que o Fogo converte o salgueiro de Nicolau de Cusa e de Helmont e de Boyle, resíduo seco e cinéreo ao lado do ar que escapa em nuvens até as nuvens e ao lado da água que condensa nas curvaturas engendradas pelo engenho humano ?

Assim surge, na voz de filósofos e de poetas, a primeira "teoria" Química "teórica" . Por que água, ar, terra e fogo ? Porque aos homens tudo desde sempre se apresentou ou líquido ou gasoso ou sólido, e tudo transformando-se sob a ação do fogo. E neles podemos ver poetica e profeticamente os quatro estados da matéria, no ar o gás, na água o líquido, na terra o sólido, no fogo o plasma. E desta forma e desde sempre

La llama que se apaga hace vivir el aire Y el aire muerto nutre la llama que se enciende. Las almas que son igneas, al morir se tornan águas, El água nace de la tierra muerta Y la tierra del água que se muere.

Essa idéia de um elemento como unidade última, originando os vivos e os mortos e permitindo uma explicação para as transformações que ocorrem nas coisas naturais, nos objetos animados e inanimados, parece ser um conceito intuitivo necessário para o ser humano, para a satisfação de sua alma e de seu intelecto, de suas buscas transcendentais, como o deixou acima explícito Natalicio Gonzalez, poeta paraguaio.

Tanto é verdadeira nossa suposição que semelhantes mitos de criação possuem-nos todos os povos. Os sistemas filosóficos hindus, por exemplo, concebem nove elementos, entre eles os quatro elementos gregos, aos quais associam o "éter" (os aristotélicos também consideram esta "quinta essência"), ao lado do tempo e do espaço, e duas outras entidades que pertencem ao mundo místico dessas filosofias. Os antigos chineses consideravam os cinco elementos água - ar - terra - metal - madeira.

Uma das questões mais difíceis da história cultural da Humanidade é saber justamente se tais mitos da criação são independentes em todos os povos, ou se houve influências mútuas definindo uma linha de pensamento mais ou menos homogênea. Se foram independentes, fica demonstrada a necessidade que o Homem tem de "elementos últimos" com os quais poderá construir seus mundos, exterior e interior. E aqui me vem à mente o mito da criação dos Fulani, um povo de pastores do coração da África, que seguramente não foi influenciado pelos gregos, hindus ou chineses :

"No início havia uma enorme gota de leite. Então veio Doondari e criou a pedra. E então a pedra criou o ferro. E o ferro criou o fogo; E o fogo criou a água; E a água criou o ar. Então Doondari desceu pela segunda vez. E ele tomou os cinco elementos E com eles moldou o homem".

E o que tem tudo isso a ver com a Química ? Com o dia do Químico ? A Química é a ciência que estuda a matéria, que se debruça sobre a constituição da matéria, sobre sua origem, sobre as maneiras de converter matéria abundante e "inútil" em outra mais apropriada para as necessidades que temos nós Homens para nossa sobrevivência, ou saúde, ou bem-estar. Essa matéria, sobre cujas propriedades, estruturas e transformações hoje tanto sabemos, começou a ser interpretada como sendo constituída por "elementos" há milênios, em quase todos os recantos do planeta. A essas especulações da "Química Teórica" somam-se, nascidas alguns milênios antes, as artes práticas hoje abrangidas pela Química.

Sete mil anos de convivência, de explicações, de interpretações, de entendimento e compreensão; e no entanto, quanta incerteza, quanta vacilação e quanta incompreensão ainda restam! O "primeiro químico" Prometeu foi castigado pelos deuses por ter trazido o Fogo à Humanidade. E os químicos de hoje, que sorte lhes cabe ? Quanto deram eles à Humanidade para espantar o flagelo da fome ou o castigo da doença ? Para perpetuar a vida e torná-la mais agradável ? Os modernos "prometeus" são punidos porque se lhes imputam males que não cometeram, porque na visão estereotipada e simplista de uma análise superficial atribuem-se à Ciência (e à Química portanto) males causados não pela Ciência mas por aqueles que abusam da Ciência, que dela se valem apenas para chegar ao lucro fácil, para abrigar-se no comodismo, para justificar o desperdício. E Prometeu permanece acorrentado e atribulado.

Mas, esperançosos, congratulamo-nos neste Dia Nacional do Químico, com todos aqueles que estudam e transformam a matéria para podermos usufruir do alimento, da água, do remédio, do vestuário, do transporte, da moradia segura e confortável. Sabemos que todos os profissionais da Química, de todas as modalidades, fazem de sua Ciência, no exercício de sua profissão, o melhor uso possível, e por isso convidamos aos não Químicos a se congratularem conosco, para que vejam na Química (e na Ciência) uma amiga e aliada que decifra os mistérios da Natureza há milênios e com isso se alegra e se realiza.

Juergen Heinrich Maar

Nota do Editor: Juergen Heinrich Maar é Professor do Curso de Química da UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão/SC. Professor aposentado do Departamento de Química da UFSC.
e-mail : maar@unetsul.com.br

Este texto foi escrito em 1999, alusivo ao Dia do Químico e publicado na época no jornal "Solução", distribuído pelo CRQ-XIII aos profissionais e empresas registradas pelo Conselho Regional de Química da 13a Região.




3. Comunicado do CNPq

A Diretoria Executiva do CNPq comunica que, tendo em vista a implementação de mais uma etapa do processo de informatização de seus métodos e processos visando alcançar melhores níveis de eficiência e eficácia no atendimento à comunidade científica e tecnológica brasileira, deliberou que a partir do dia 10 de junho de 2002 o CNPq somente receberá e processará solicitações para a Demanda/Calendário CA-10/2002 (Bolsas de Produtividade em Pesquisa -PQ e Projeto Integrado de Pesquisa - AI) por meio do "Formulário Eletrônico de Propostas" cujo módulo CA-10/2002 estará disponível no site do CNPq a partir daquela data.

Conseqüentemente, somente serão processadas solicitações enviadas em papel com data de postagem anterior ao dia 10 de junho. Portanto, a partir dessa data as solicitações em papel serão desconsideradas.

Lembramos que os bolsistas de produtividade em pesquisa nível 1, cujas bolsas tiveram seu prazo de vigência ampliado para 3 (três) anos e em consequência a data de término prorrogada até 28/2/2004, deverão observar que a nova solicitação poderá ser submetida até julho de 2003. Para as bolsas em que a vigência encerrará em 28/2/2003, a submissão da nova solicitação poderá ocorrer até 28 de julho de 2002, sempre por meio do "Formulário Eletrônico de Propostas".

ERNESTO COSTA DE PAULA

Coordenador-Geral de Execução do Fomento
Diretoria de Programas Temáticos e Setoriais - DPT
E-mail: ecpaula@cnpq.br

Observação:
Este comunicado foi transmitido através de um processo automatizado.




4. PhD or Postdoctoral positions

PhD or Postdoctoral positions are available in a project of "Theoretical study of molecular interactions based on the electronic density analysis".

The candidates should have a degree, master or PhD in chemistry, physics, computer sciences, biochemistry, pharmacy or chemistry engineering.

Further particulars, including details of the application procedure, should be obtained from,

Andre Melo/Maria Joao Ramos
CEQUP/Dpt. de Quimica da Faculdade de Ciencias do Porto
Rua do Campo Alegre, 687
4169-007 Porto - Portugal
e-mail: asmelo@fc.up.pt; mjramos@fc.up.pt
Tef. 351-226082803;351-226082806
Fax 351-226082959,

until June 25th., 2002 .




5. Avaliação da 25a Reunião Anual da SBQ

Durante a 25ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química iniciamos a comemoração dos 25 anos da SBQ. Nas conversas com os sócios e na assembléia geral ordinária, foi possível perceber que a reunião foi considerada um sucesso em todos os sentidos, pela imensa maioria dos participantes.

Também temos recebido dezenas de mensagens via e-mail congratulando a comissão organizadora pela organização desta reunião e gostaria de agradecer o apoio e carinho de todos que estão escrevendo.

A 25ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química teve como tema "25 anos da Sociedade Brasileira de Química - Reflexão Crítica e Perspectivas".

Contemplando o tema central da Reunião, a conferência de abertura "SBQ 25 Anos: Passado, Presente e Futuro", foi proferida pelos Profs. Angelo da Cunha Pinto (IQ-UFRJ) e Oswaldo Luiz Alves (IQ-UNICAMP), ambos ex-Presidentes da SBQ. Foi realmente considerada pela platéia, creio que quase uma unanimidade, uma excelente conferência, diretamente relacionada ao tema central da reunião, com um público simplesmente excepcional. Tínhamos 1300 cadeiras na sala, que estava completamente lotada, com muita gente assistindo de pé, mostrando a felicidade da comissão organizadora na escolha dos conferencistas. Esta conferência foi e continua sendo muito elogiada pelos sócios da SBQ e certamente foi a conferência de abertura com o maior público registrado até hoje em reuniões da SBQ. Parabéns aos Professores Angelo e Oswaldo pela magnífica apresentação.

Também inovamos ao mudar o local da abertura para o Vilage CENACON. Esta reunião, como foi visível, ultrapassou todos os recordes em termos de participantes, trabalhos apresentados, etc. Em virtude disto mudamos o local de abertura para este hotel e colocamos 7 ônibus e 2 Vans para o transporte de todos (ida e volta) saindo do Hotel Palace. Este esquema funcionou muito bem e levamos e trouxemos cerca de 2000 pessoas, um recorde extraordinario em reuniões da SBQ. Após a conferência de abertura realizamos o coquetel, já tradicional.

Implementamos nesta reunião anual, pela primeira vez, o uso de projetores multimidia (data-show) em todas as conferências plenárias, workshops, simpósios, cursos e sessões coordenadas. Foi uma bela iniciativa, que deu muita qualidade e agilidade as apresentações e será mantida nas próximas reuniões.

Oferecemos dois brindes alusivos aos 25 anos da SBQ aos inscritos na reunião anual (uma caneca e um marcador de livro).

Foram realizados durante o primeiro dia de reunião, antes da abertura, 4 workshops sobre: "Química de Materiais"; "Catálise"; "Produtos Naturais" e "Pós-Graduação". Todos foram considerados excelentes pelos respectivos coordenadores, com ótima média de participantes. Uma avaliação sobre o workshop de Pós-Graduação segue na mensagem seguinte.

Tivemos também nesta Reunião 9 conferências plenárias. Novamente, fomos muito felizes na escolha dos conferencistas, pois o que todos observamos foi que todas as salas estavam COMPLETAMENTE lotadas, algo realmente impressionante. Por ocasião da assembléia geral, este fato foi levantado e altamente elogiado por vários sócios presentes, deixando claro o contentamento de todos com a escolha dos conferencistas, todos em atuação no Brasil. Os comentários foram unânimes no sentido de que as conferências foram sensacionais. Este foi, sem dúvida, um dos tantos fatos marcantes da 25aRASBQ.

Tivemos ainda a realização de 3 simpósios: 1-Indústria Química Brasileira: Competitividade e Inovação, coordenado pelo Prof. Fernando Galembeck; 2- Estado da arte da Química, coordenado pelo Prof. Paulo Cezar Vieira; 3- Eixos Mobilizadores em Química, coordenado pelo Prof. Eliezer Barreiro. Quem participou pode atestar que estes simpósios foram um sucesso, com excelente presença de público, todos eles.

Foram oferecidos 9 cursos no total, todos com as salas cheias. Tivemos uma exposição de fotos relacionada ao tema central do evento, com fotos desde as primeiras reuniões da SBQ e momentos históricos. Quem conferiu, gostou.

Tivemos o lançamentos de 5 livros, livros estes (entre outros), que serão enviados aos 25 autores que tiveram seus painéis premiados (1 livro para cada trabalho).

Como parte das festividades, a Diretoria da SBQ homenageou os ex-Presidentes da SBQ, representando todas as diretorias. Foi uma bela homenagem que foi concluída com a apresentação da versão para o teatro do livro "O Método Científico", de Leopoldo De Meis e Dilcenio Rangel. O público presente, que lotou completamente a URCA, com gente sentada nos corredores e em pé, aplaudiu com muito entusiasmo a peça, que foi outra inovaçao em reuniões da SBQ. Foi uma belo momento da reunião, sem dúvida alguma.

Foram apresentados cerca de 1850 trabalhos na forma de painéis e, alguns também discutidos em sessões coordenadas específicas. Em virtude do elevado número de trabalhos um novo espaço para painéis foi utilizado próximo a nossa secretaria. Lá foi possível colocar cerca de 125 trabalhos a mais por dia.

Outra novidade para esta reunião foi a implementação de um sistema de referagem online, para análise dos trabalhos submetidos. Criamos um módulo de supervisor, controlado pelos diretores de divisão e um módulo de analisador, utilizado pelos colegas que emitiram os pareceres. Através do módulo supervisor, o diretor de cada divisão cadastrava os analisadores e distribuía os trabalhos aos mesmos de acordo com a especialidade de cada um. A medida que os trabalhos iam sendo distribuídos, os analisadores, através de um link com sua senha e login, tinham acesso aos resumos cadastrados para ele. Os resumos poderiam ser impressos ou lidos na tela e após análise do trabalho, o analisador elaborava o parecer do mesmo e enviava através do sistema online. Cadastramos pouco mais de 200 analisadores, de norte a sul do Brasil, de todas as regiões, analisamos cerca de 1920 trabalhos e recebemos quase 4000 pareceres, O QUE TORNA A LEGITIMIDADE DO PROCESSO SIMPLESMENTE INQUESTIONÁVEL.

Para esta reunião, recebemos cerca de 1950 trabalhos, um número realmente extraordinário, e fizemos a referagem de modo que cada trabalho foi lido por pelo menos dois analisadores. Cada trabalho era enviado a um terceiro analisador em caso deste trabalho ter recebido um parecer recusando o mesmo. A referagem final para discussão dos trabalhos recusados na referagem online, montagem das sessões coordenadas, distribuição dos auxílios a 100 trabalhos de IC e montagem das sessões de painéis foi realizada no IQ-UNICAMP. Como medida de economia e em função da referagem online, este ano fizemos os trabalhos finais de referagem em Campinas com um número bem menor de pessoas, contando com os membros de Diretoria e Conselho, Diretores (apenas) das divisões e membros do JBCS. Sem dúvida representou também uma grande economia para a SBQ em termos de passagens. Isto sem dúvida nenhuma representa um grande avanço para a SBQ, não só para nossas reuniões anuais mas porque no futuro próximo vamos estender às nossas publicações, mostrando que a SBQ está trilhando novos caminhos, e caminhos em busca de uma excelência cada vez maior.

Trata-se de mais uma iniciativa totalmente inédita no Brasil e ficamos felizes da SBQ estar a frente deste processo. Certamente algumas pequenas mudanças, melhorias, acertos serão feitos para o próximo ano, mas estamos muito contentes e super satisfeitos com o funcionamento do sistema. Mais uma vez, não tivemos fases de testes e nosso teste foi a própria referagem.

Ainda este ano, decidiu-se manter a concessão de 100 auxílios-participação para estudantes de graduação de todo o país, distribuídos de acordo com o mérito, julgado pela Comissão Científica, por ocasião da avaliação dos trabalhos submetidos à 25a RASBQ.

O Livro de Resumos foi publicado em apenas um volume, no mesmo formato da reunião anterior.

Ficamos todos muito felizes ao ouvir os elogios a esta reunião durante a assembléia geral ordinária da SBQ e durante toda a reunião, nos intervalos, corredores, coquetel de encerramento, etc. Para nós da comissão organizadora, foi realmente muito gratificante perceber o retorno dos sócios neste sentido.

Ao finalizar, gostaria de fazer um agradecimento especial aos membros de Diretoria e Conselho (gestão 2000-2002) por acreditarem em nossas idéias e pelo apoio dado desde o início da gestão.

Também quero agradecer aos colegas da Comissão Organizadora, aos Diretores de Divisão, ao Beto, da Adaltech Informática, ao Valdir Bertolino, do IQ-UNICAMP, nosso webmaster, a todos os colegas da Secretaria da SBQ (Cleuza, Arlan, Patrícia, Benedito, Alexandre, Pricila) e a nossa super competente Diretora Executiva, Dirce Campos. Todos foram fundamentais para o sucesso desta reunião.

Muito obrigado a todos os colegas da SBQ, sócios ou não, pelo apoio na organização desta belíssima reunião anual!!!

Converse com seus colegas, amigos, alunos, professores e traga mais gente para a SBQ. Se você ainda não é sócio, aproveite e associe-se. Assine o JBCS e a QNEsc.
Vamos juntos construir uma SBQ cada vez mais forte!!!

Esperamos contar com o apoio dos sócios para que a 26aRASBQ também seja um sucesso e desde já fica o convite para que todos enviem suas sugestões, enfim, tudo que puder nos ajudar a organizar as reuniões anuais da melhor maneira possível, com o máximo proveito para todos!

Luiz Carlos Dias
Coordenador da Comissão Organizadora da 25aRASBQ




6. As Universidades e o desenvolvimento, artigo de Isaias Raw

Já pelo título, o artigo de Gilberto Dimenstein 'O mito da USP está chegando ao fim?' (26/5) é uma provocação.

Qual é o papel de dezenas de escolas privadas disfarçadas em faculdades e Universidades para o desenvolvimento nacional? Argumentariam alguns que as melhores Universidades norte-americanas são privadas.

O erro começa pela classificação dessas Universidades, que têm estrutura jurídica privada, mas não são uma máquina de lucro, e que mantém o altíssimo padrão do binômio desenvolvimento científico/pós-graduação com enormes recursos públicos - por exemplo, da National Science Foundation, do National Institute of Health e até das Forças Armadas.

O desenvolvimento nacional decorre da pesquisa básica, transformada pelos próprios pesquisadores e, mais frequentemente, por membros da empresa privada em tecnologia.

Medir a contribuição para o desenvolvimento pelo número de patentes é somar um processo burocrático que registra numerosos avanços que jamais levarão a produto, empregos e recursos.

As patentes que mais se aproximam de produto, emprego e retorno financeiro são as das empresas privadas, baseadas nas pesquisas de Universidades como a USP e financiadas com recursos que, em parte, vêm do poder público (como é o caso das indústrias farmacêuticas internacionais).

A maioria dos conhecimentos de alto valor é simplesmente mantido em segredo. A Universidade pública é um modelo que vem evoluindo e tem papel fundamental no desenvolvimento nacional.

É a Universidade que, associando pesquisa com pós-graduação, produz a elite técnico-científica do país. Dissociados, os dois morrem. É essa minha observação, após quase duas décadas, depois de ter migrado da USP, via Universidades do Ivy Leage, para o Butantan.

O conceito de Institutos de pesquisa dissociados da pós-graduação e com um quadro estável promovido basicamente por antiguidade não levou todos esses Institutos reunidos a alcançarem a contribuição científica da USP, ainda que com importante contribuição para o país.

A interação USP-Butantan permitiu o aproveitamento de mais de uma dezena de professores aposentados, que fertilizou o Instituto, abrindo suas portas, por meio da USP, para a pós-graduação.

A participação de pesquisadores básicos no Butantan e na Fiocruz, ainda que geralmente alheios às prioridades do sistema nacional de saúde, permitiu que estas duas instituições produzissem 75% de todas as vacinas de que o Brasil necessita.

Mais de uma dezena de Institutos que produziam soros e vacinas, sem pesquisa básica, já morreram ou estão moribundos. O mesmo ocorre no resto do mundo.

O Brasil, para controlar más escolas privadas que diplomam quase ignorantes, retroagiu á época da ditadura de Vargas, numa combinação de regulamentos, leis, currículos e exames uniformes.

Está impedindo a USP e outras Universidades de alto nível de reinventarem as estrutura dos seus cursos, inovando particularmente a formação em áreas técnico-científicas.

Uma sociedade não oferece apenas empregos nas áreas tecnológicas. Precisa de professores de escolas primárias, caixas de banco, burocratas que não pensam e, certamente, de jornalistas, artistas e escritores.

Para estes últimos, a formação deve permitir a maior liberdade e mesmo ser informal. Para os demais, basta um curso adequado, que as escolas privadas podem oferecer a um custo mais baixo do que as Universidades de terceiro nível e até, em parte, pelo ensino a distância inteligente, criado pela Open University (pública) inglesa.

Um grande número de pessoas terá que possuir uma formação básica para a vida moderna (não mais precisam saber tabuada, mas devem saber quando multiplicam ou dividem; não precisam saber se uma palavra é com dois 's' ou 'ç', mas devem saber usar o computador que autocorrige) e muitos outros, para profissões como construção e outras que eram desempenhadas pelas escolas técnicas e liceus de artes e ofícios.

Transformar estes cursos em cursos superiores, exigindo o formalismo de créditos, é prolongar os cursos (eliminando os que não podem pagar ou ficar sem ganhar) e sugar os magros recursos que a sociedade tem para investir nas profissões mais complexas.

Nota do Editor: Isaias Raw é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Fundação Butantan. Foi diretor do Instituto Butantan (91-97) e professor visitante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (71-73) e da Universidade Harvard (73-74).
Artigo publicado na Folha de SP, 16/6.



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