Menu principal

Pantanal, cerrado e eventos científicos são os 'reagentes' para o crescimento da SBQ-MS

Em 2019 o Mato Grosso do Sul (com sua biodiversidade única) receberá a reunião da SBPC e o III Encontro Regional da SBQ Centro-Oeste

Uma regional da SBQ ainda pequena, mas com tremendo potencial é a do Mato Grosso do Sul. Lá a comunidade química é formada por seis instituições de ensino, sendo duas particulares, todas com algum tipo de pós-graduação em química ou área correlata. Na última Reunião Anual da SBQ, estiveram presentes 19 químicos do estado. Na oportunidade, o professor Dênis Pires de Lima foi empossado diretor da secretaria regional da SBQ-MS para os próximos dois anos.

"O Mato Grosso do Sul é um polo nacional importante, com um aparato de biodiversidade bastante interessante, que pode ser explorado pela Química e a SBQ tem um papel importante nesse processo de fortalecimento da ciência", afirma Lima. Ele explicou ao Boletim SBQ que pretende utilizar a Reunião Anual da SBPC, que será realizada em julho de 2019, na UFMS, para atrair estudantes e pesquisadores para a SBQ. Antes, em março de 2019, participará da organização do III Encontro Regional da SBQ Centro-Oeste da Universidade de Grande Dourados. "Esses eventos serão muito importantes para mostrarmos aos estudantes do ensino médio, graduandos e pós-graduandos, o que podemos modificar através do conhecimento de química." 

Lima conta que a pesquisa científica local vive uma situação de escassez de recursos (como todas as universidades públicas do país), mas que é minorada pelas colaborações de grupos de pesquisa em todo o país e no exterior. "Estamos perto de um ciclo vicioso em que não conseguimos aprovar projetos, portanto perdemos recursos, não conseguimos manter a estrutura, e diminuímos a produção científica. A alternativa regional, muitas vezes, tem sido a parceria com instituições privadas – eles têm outras formas de arrecadação, laboratórios modernos e permitem o uso da estrutura por pesquisadores das instituições públicas." 

Com universidades espalhadas nos biomas cerrado e pantanal, a região tem uma vocação natural para a química verde e a química de produtos naturais, acredita Lima. "Temos que mostrar aos jovens esse potencial que é tanto acadêmico quanto industrial", observa. "O Mato Grosso do Sul já desenvolve pesquisa para as indústrias sucro-alcooleira e veterinária, e na área de saúde humana." 

Lima é professor na UFMS desde 1995, quando veio de Ouro Preto, onde lecionou por quase um ano. Hoje, coordena o Laboratório de Síntese e Transformações de Moléculas Orgânicas (SINTMOL), juntamente com o professor Adilson Beatriz. "Na graduação a gente vê de um lado jovens desanimados, de outro, vários que logo entram na iniciação científica", descreve. "O que nós procuramos fazer é criar no aluno o interesse em resolver um problema, e assim fazermos uma ligação entre a pesquisa básica e a ciência aplicada, por exemplo com doenças transmissíveis por mosquito ou a mosca do chifre no gado. Isso, além de despertar a ambição científica de transformar para o bem, também cria a perspectiva de uma futura remuneração no jovem." 

Seu próprio trabalho é um exemplo do que afirma. O projeto "Biossurfactantes para Combater Doenças Transmitidas por Mosquitos" foi o vencedor do Desafio em Química Verde e Sustentável da Fundação Elsevier (Elsevier Foundation Green and Sustainable Chemistry Challenge), em maio do ano passado, na Alemanha. 

Ao receber o prêmio, Lima disse que "o problema das doenças transmitidas pelos mosquitos é resultado de um desequilíbrio ecológico no Brasil e, muitas vezes, a melhor solução vem da própria natureza. O prêmio irá oferecer visibilidade a um projeto simples e escalonável que irá ajudar a melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas no Brasil que lutam contra a doenças como a Dengue, Zika e Chikungunya." 

Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)