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Pós-Graduação do IQ-USP: alto impacto e vagas não-preenchidas

Nota máxima na Capes, o curso busca alunos (também) no exterior, ministra disciplinas em inglês, conquista prêmios regularmente e mantém diversos acordos de cooperação

1970 é o ano que consolidou o futebol brasileiro no cenário mundial, com a terceira Copa do Mundo, conquistada por Pelé, Tostão, Rivelino e tantos outros craques. É também o ano em que começou a funcionar um celeiro de craques em outra área, não tão conhecida pelos brasileiros, mas talvez mais importante para a Nação que o tão querido futebol. 

Naquele ano surgia a Pós-Graduação do Instituto de Química da USP, que ao longo de quatro décadas alcançou a nota máxima da Capes e formou aproximadamente 1,9 mil químicos. "A Pós-Graduação em Química tem bastante impacto", afirma o coordenador do curso, Thiago Paixão. "Ao longo dos anos geramos muitos produtos (e patentes) como sensores, fármacos e nanomateriais, e temos conquistado prêmios da Capes, da SBQ e de outras entidades."

Em 2015 alunos e pesquisadores da pós-graduação em Química do IQ-USP publicaram por volta de 220 artigos, sendo 45% em periódicos de alto impacto (Qualis A1 e A2 da CAPES). Nos anos anteriores a média dessas publicações ficou entre 30-35 %. Mas a tendência de alta está ameaçada. "Nos últimos anos, além de uma reformulação do corpo docente, houve uma grande injeção de recursos na pesquisa brasileira, que se refletiu em uma melhoria da qualidade da pesquisa. Contudo os recursos diminuíram substancialmente desde 2015, e já sentimos reflexos", lamenta Paixão, que se formou na USP, onde fez mestrado, doutorado e pós-doutorado. 

Tradicionalmente a pós-graduação do IQ-USP forma pesquisadores que seguem em trabalho acadêmico. "Apenas 8% dos nossos alunos vão para a iniciativa privada. Ficam na universidade pública 27%, nas universidades privadas 7%, e 30% prosseguem seus estudos fora do País", observa o coordenador do curso. Segundo ele, em 2014 estavam ativos 236 alunos, sendo 55 de mestrado e 181 de doutorado. 

Em 2016 o Curso recebeu 140 inscrições para o exame de seleção, mas concedeu apenas 50 vagas, segundo Paixão "porque nem todos que tentam o exame de ingresso preencheram os requisitos mínimos que o Programa de Pós-Graduação acha necessário para os estudantes conduzirem bem os seus estudos de mestrado e doutorado". O IQ-USP busca alunos não só no País, mas fora. Atualmente são 16 estrangeiros matriculados, sendo cinco cubanos, quatro colombianos, três paquistaneses, dois chilenos, um italiano e um norte-americano. "Estamos aumentando as disciplinas que damos em inglês. Hoje já representam 8% da grade e vamos aumentar este índice", conta Paixão. 

Pedro Camargo orienta atualmente seis alunos de doutorado e um de mestrado, na área de nanociências – coordena o Grupo para o Avanço no Design de Nanomateriais. Ele foi agraciado em 2014 com o Prêmio Hans Viertler da SBQ, concedido a jovens promissores na ciência, e acredita que o bom aluno de pós-graduação é aquele que quer sempre mais. "Eles devem pensar fora da curva sempre que possível, devem querer mais respostas, pois é assim que contribuímos para o desenvolvimento do País. Tenho alguns alunos assim e isso é excelente para o nosso programa", admite o professor. Com seu grupo, Camargo publicou, nos últimos 13 meses, três artigos sobre catálise plasmônica, na prestigiada Angewandte Chemie International Edition. 

Artigos em publicações de alto impacto são uma busca do pesquisador, mas não devem nortear a pesquisa em si, na opinião do professor Etelvino Bechara, que trabalhou por quatro décadas (com alguns intervalos) na pós-graduação do IQ-USP. "Concluí meu doutorado em 1972. Naquele tempo havia uma preocupação mundial com a síntese de ATP, queríamos saber qual o mecanismo bioquímico pelo qual as células estocam a energia que abstraem dos alimentos", lembra Etelvino. "Era uma época em que predominava a pesquisa desinteressada, baseada em perguntas associadas a questões fundamentais. As perguntas eram comprovadas e publicadas ou não. Hoje o sistema de pós-graduação no Brasil está engessado pelos prazos de bolsas, a pressão para patentes e a exigência de resultados publicados em revistas de alto impacto. Penso que a preocupação central deveria ser fazermos ciência de alta qualidade", avalia o professor. 

Etelvino destaca a interação da SBQ com o ambiente acadêmico. "A Química no Brasil mudou radical e positivamente com a criação da SBQ (em 1977). O envolvimento dos alunos nos eventos da Sociedade amplia a formação do aluno. É um ambiente favorável à cooperação científica", observa. 

Ao longo da vida acadêmica no IQ-USP, Etelvino se dedicou ao estudo de três áreas que, por sua importância, acabaram proporcionando prêmios Nobel: a bioenergética (Síntese de ATP, Mitchell; 1978), os radicais livres (óxido nítrico; Louis Ignarro, 1998) e a bioluminescência ("green fluorescent protein" de medusas; Osamu Shimomura, 2008). Seu primeiro orientando de doutorado no IQ-USP foi o professor Luiz Henrique Catalani, hoje diretor do IQ. No total, Atualmente, o Prof. Bechara tem uma descendência acadêmica de 616 mestres, doutores ou pós-doutores, distribuídos em quatro gerações: 34 filhos, 256 netos, 283 bisnetos e 43 trinetos. 

Para saber mais: 

Site da pós-graduação do IQ-USP 
Página no Facebook

Algumas matérias recentes publicadas sobre pesquisas realizadas na pós-graduação do IQ-USP: 

Cientistas descobrem que fungo que brilha no escuro tem relógio biológico

Pesquisa sobre raios UV pode mudar forma de prevenir o câncer de pele

Analytical tools made from ordinary office paper

Nobreza no nanomundo

Prêmios recentes

Prof. Henrique E. Toma, Prêmio Jabuti, Câmara Brasileira do Livro (2014); 

Prof. Luiz Henrique Catalani, Fellow of The Royal Society of Chemistry - FRSC, Royal Society of Chemistry (2014); 

Prof. Pedro H.C. Camargo, Prêmio Hans Viertler , SBQ (2014); 

Ex-Aluno e atualmente Prof. Thiago C. Correra, Prêmio CAPES de Tese Edição 2013;

Prof. Mauro Bertotti, Prêmio Anual de Excelência em Docência de Graduação, Pró-Reitoria de Graduação da USP (2013); 

Profa. Susana I.C. de Torresi, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (2013). 

Programas oficiais de cooperação nacional e internacional

Acordo de Cooperação Acadêmica, França, ÉCOLE NORMALE SUPÉRIEURE DE LYON, 17/09/2013 - 16/09/2018

Convênio Tese Co-orientação, Cooperação Acadêmica – Individual, França, UNIVERSITÉ PAUL SABATIER - TOULOUSE III, 15/07/2013 - 14/07/2016

Convênio Acadêmico, Cooperação Acadêmica, Canadá, UNIVERSITY OF SASKATCHEWAN, 15/08/2013 - 14/08/2018

Cooperação Acadêmica, China, SCHOOL OF PHARMACEUTICAL SCIENCE AND TECHNOLOGY, TIANJIN UNIVERSITY, 11/12/2013 - 10/12/2014

Cooperação Acadêmica, Letônia, RIGA TECHNICAL UNIVERSITY, 10/01/2013 - 09/01/2018

Cooperação Acadêmica, Japão, TOHOKU JAPÃO, 18/08/2014 – 15/08/2015

CAPES-NSF entre Massuo Jorge Kato e Angela Smilanich, University of Nevada Reno. Vigência: 2012-2014. 

FAPESP-NCState entre Thiago R.L.C. Paixão e Roger Narayan, North Caroline State University. Vigência: 2013-2015. 

FAPESP-Manchester entre Pedro H. C. Camargo e Sarah Haigh, University of Manchester. Vigência 2014-2016

FAPESP-Sprint entre Pedro H. C. Camargo e Paul Sebastian, École Centrale de Lille (França). Vigência 2016-2018. 

IQ-USP/USP- Universidade de Tsukuba. Vigência (2014 – 2018) 

McGill, Toronto, Ohio State e Rutgers (início 2014) 

Atividades de ensino, apoio à educação básica e divulgação da ciência 

Portal e plataforma Laboratório Integrado de Química e Bioquímica (LABIQ –http://labiq.iq.usp.br). Período: 2012-presente. Coordenador: Guilherme Andrade Marson. 

Portal Química Nova Interativa (QNINT – http://qnint.sbq.org.br), portal de divulgação científica da Sociedade Brasileira de Química. Coordenador: Guilherme Andrade Marson. 2,5 milhões de acessos/ano. 

Portal Memória USP (http://mc.prceu.usp.br/memoria/), iniciativa do Museu de Ciências USP dedicada a reunir dados sobre a memória institucional da USP, organizando eventos, locais e atores numa interface interativa única de tempo e espaço. Coordenador: Guilherme Andrade Marson. 

Guilherme Andrade Marson: Organização do Workshop da Associação Brasileira da Indústria Química para jornalistas - edição 2013 no Instituto de Química – USP. 

Assessoria no Programa Reação: em parceria com a BASF, atua na capacitação de professores de ciências do ensino médio e fundamental. Guilherme A. Marson Cassius V. Stevani

Cursos de Extensão Universitária, de 40 horas cada, em janeiro e julho de 2013 para Professores de Química do Ensino Médio. Apoio: Pro-Reitoria de Cultura e Extensão da USP- IFUSP - IQUSP - CAPES. Docente: Silvia Maria Leite Agostinho

"IQ Solidário": - Apoio e parceria com o Projeto Alavanca Brasil, promovendo oportunidades educacionais e inclusão social, especialmente junto à comunidade São Remo. 

Mauro Bertotti (junto ao INCLUSP) tem contribuído para a divulgação das atividades do IQ-USP junto à comunidade do Ensino Fundamental e Médio, bem como todos os interessados em química. 

Olimpíada de química, Ivano Gutz. Tem continuamente sido fonte de grande orgulho para a química brasileira. Selecionando jovens interessados pela disciplina e reconhecendo seus méritos. 

Texto: Mario Henrique Viana, assessor de imprensa da SBQ