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Na Unicamp, PG em Química trabalha nas fronteiras da ciência com grande produtividade

Com uma média de 300 a 350 artigos publicados por ano e 80 laboratórios, Programa é conceito CAPES 7

Quando o químico Oswaldo Luiz Alves começou a estudar nanomateriais, essa nomenclatura ainda não era usada. Foi no início dos anos 80, e a terminologia tratava de sistemas mesoscópicos. Desde então, seu Laboratório de Química do Estado Sólido, na Unicamp, obteve 35 patentes, sendo seis internacionais. "Começamos fazendo ciência básica, passamos a registrar patentes, nos aproximamos da indústria e mais recentemente contribuímos para o desenvolvimento de metodologias junto a órgãos envolvidos com a regulação da nanotecnologia", conta o professor. Atualmente o LQES desenvolve estratégias de síntese de nanomateriais e estuda suas interações com biossistemas.

O LQES é um entre 80 laboratórios ativos no Programa de Pós-Graduação em Química da Unicamp, conceito 7 da CAPES. O Programa tem atualmente 447 alunos inscritos e 98 docentes credenciados. Desde sua criação em 1972 produziu mais de 6 mil artigos em publicações indexadas, obteve 105 patentes (até 2015) e titulou 2426 mestres e doutores. 

O Instituto de Química-UNICAMP é composto por quatro departamentos: Departamento de Físico-Química, Departamento de Química Analítica, Departamento de Química Inorgânica e Departamento de Química Orgânica, responsáveis pelo ensino e pesquisas. 

O programa de Pós-Graduação do Instituto de Química oferece cursos de alto nível, comparáveis aos das melhores Instituições, que estão abertos a estudantes brasileiros que desejam completar seus estudos sem a necessidade de deixar o País para obtenção dos títulos de Mestre e Doutor, bem como para estudantes estrangeiros. 

Visando maior integração com a comunidade, o Instituto de Química presta serviços a instituições públicas e privadas, no que concerne ao treinamento de pessoal, assessoria e consultoria técnico-científica e desenvolvimento de projetos de pesquisa para as indústrias." 

O Professor Oswaldo Luiz Alves titulou 54 mestres e doutores em sua trajetória no Programa, onde chegou em 1981. Hoje orienta dois doutorandos e dois estudantes de Pós-Doutorado. "No início dos anos 2000 diante da preocupação com riscos e benefícios da nanotecnologia, começamos a estudar a interação de nanopartículas de prata obtidas por via biológica com células, bactérias e organismos aquáticos", descreve. "E essas nanopartículas se mostraram interessantes porque ainda poderiam ser associadas a produtos têxteis." 

Essa linha de pesquisa possibilitou a produção de nanopartículas super-adsorventes para remediação ambiental de efluentes das indústrias têxteis e papeleiras, que já chegaram ao mercado. Possibilitou também a produção de tecidos antibacterianos, com aplicações em lençóis e roupas hospitalares, como meias, e forros de colchão, que podem chegar ao mercado em breve. Outro produto que caminha para se tornar comercializável é uma tinta antibacteriana que leva em sua formulação vanadato de prata decorado com nanopartículas, que poderá ser usada na pintura de paredes, por exemplo, com o objetivo de contribuir para a diminuição de infecções hospitalares. 

A Professora Anita Jocelyne Marsaioli é outra pesquisadora cuja trajetória se confunde à história do PPGQ Unicamp. No Programa desde 1988, ela titulou 75 alunos em linhas de pesquisa de química dos produtos naturais, biocatálise e ressonância magnética nuclear. "Tenho quatro patentes, mas posso dizer que minha maior conquista são os alunos titulados. Gosto muito do que faço e meu grande prazer é a alegria do dia-a-dia", declara a Professora. 

Ela tem trabalhos em cooperação com empresas entre as quais a Petrobras e uma indústria alemã na área de perfumaria e cosméticos. "A iniciativa privada ajuda, sobretudo em tempos de arrocho orçamentário, mas as empresas não soltam muito dinheiro. Acredito que nos próximos quatro a cinco anos os pesquisadores no Brasil terão de apertar o cinto, o que terá um lado positivo, que é o aumento da criatividade", avalia. 

Leia íntegra da entrevista concedida pelo coordenador do PPGQ Unicamp, Cláudio Tormena: 

Quando foi criada PG em química da Unicamp? 
Em 1972 com mestrado e doutorado. 

Quais os cursos disponíveis? Como é o processo de seleção? 
Temos mestrado e doutorado em química. O processo de seleção é exclusivamente por prova, a qual aborda conceitos de química geral. 

Quantas vagas são abertas anualmente? 
São 120 vagas no mestrado e 120 no doutorado anuais, sendo divididas em duas entradas, uma no primeiro semestre e outro no segundo. 

Quantas são preenchidas? Quantos alunos existem hoje? 
Em média são preenchidas em torno de 70 no mestrado e de 60 no doutorado por ano. Hoje o PPG em química do IQ-UNICAMP possui 447 alunos matriculados sendo 166 no mestrado e 281 no doutorado. 

Quantos foram formados até hoje? 
2426 entre mestrado e doutorado. 

Qual o destino dos egressos? 
A maior parte dos nossos egressos está em universidades públicas e privadas. Acreditamos que em quase todos os departamentos de química nas universidades brasileiras tem um egresso do IQ-UNICAMP. Porém, temos uma parcela considerável de ex-alunos na iniciativa privada tanto no Brasil como no exterior. 

Quantas publicações foram geradas até hoje? E patentes? 
Foram mais de 6000 artigos científicos em revistas indexadas, bem como 105 patentes até o ano de 2015. 

Quantas publicações nos últimos 12 meses? E patentes? 
Para considerar um ano fechado vamos utilizar os números de 2015, quando foram publicados 340 artigos sendo 55 % com a participação de discentes do programa. A média de publicação do programa gira em torno de 300 a 350 artigos por ano. Em 2015 foram depositadas 12 patentes. 

Quantos e quais laboratórios? 
O IQ possui mais de 80 laboratórios de pesquisa em todas as áreas da química. Nosso programa possui 98 docentes credenciados. O PPG em química do IQ tem como regra credenciar todo docente contratado, e não possuímos nenhuma regra de descredenciamento. Para um docente ser descredenciado, a iniciativa tem que partir do próprio docente. 

Quais as principais linhas de pesquisa em andamento? 
O IQ possui mais de 40 linhas de pesquisa o que abrange quase que todas as áreas da química. 

Quais os principais desafios enfrentados atualmente?
O principal desafio é aumentar o número de bolsas, pois temos uma grande demanda de alunos, mas infelizmente não temos bolsas suficientes para todos. Hoje o IQ possui entre 20 a 30% dos alunos matriculados no programa não possuem bolsas. 

Qual a vocação da química na região? 
A região de Campinas é altamente industrializada, com grandes empresas nacionais e multinacionais na área química, petroquímica, farmacêutica e de cosméticos. 

Qual o perfil dos alunos? 
Os alunos ingressantes em nosso PPG são oriundos das cinco regiões do País, bem como de outros países da América latina, dentre eles destacamos, Colômbia, Peru, Venezuela, Argentina e Chile. Entre 50 a 60% dos nossos alunos são do estado de São Paulo. Os alunos buscam nosso programa para trabalhar em temáticas na fronteira da ciência, em virtude das linhas de pesquisas nas quais os orientadores do IQ atuam, bem como buscar acesso ao parque instrumental disponível aos nossos alunos. A grande maioria dos alunos tende a realizar estágios de curta duração no exterior, seja via PDSE, PVE ou por financiamentos do exterior, uma vez que muitos projetos desenvolvidos no IQ, são em parceria com pesquisadores do exterior. 

Os alunos e orientadores costumam participar de eventos regionais ou nacionais científicos, da SBQ por exemplo? 
Vários dos nossos alunos e na grande maioria dos nossos orientadores participam de eventos no Brasil e no exterior. Principalmente em eventos específicos da área de atuação de cada grupo. Como incentivo para a participação dos nossos alunos o PPG em química do IQ, tem com política financiar a participação dos alunos bolsistas CAPES mestrado e doutorado, e bolsistas CNPq mestrado em congressos no Brasil e no exterior. Para congressos no Brasil o PPG custeia as diárias e os alunos através de seus orientadores podem solicitar recursos na fundação da UNICAMP (via FAEPEX), para custear a inscrição e transporte. Em relação a congressos no exterior o PPG custeia as passagens áreas e algumas diárias, sendo que a inscrição pode ser solicitada pelos orientadores também via FAEPEX. 

Quais os prêmios conquistados recentemente? 
No último quadriênio duas teses defendidas no IQ foram agraciadas com o Prêmio CAPES de tese, sendo uma em 2013 e outra em 2016. Em 2013 o Dr. Marco Antonio Barbosa Ferreira orientado pelo Prof. Luiz Carlos Dias e em 2016 a tese do Dr. Caio Costa Oliveira, orientado pelo Prof. Carlos Roque Duarte Correia foi premiada, sendo que a tese do Dr. Caio também foi agraciada com o grande prêmio CAPES de tese. Isso deixa claro que a ciência e a formação de recursos humanos do IQ é de altíssima qualidade. 

Quais os pontos fortes do Programa? 
O ponto forte do programa é atuar em todas as grandes áreas da química, bem como em áreas correlatas com projetos multidisciplinares. Outro ponto importante é o alto grau de internacionalização do nosso programa. Vários de nossos alunos estão desenvolvendo teses tendo um coorientador do exterior, bem como algumas teses foram desenvolvidas em cotutela com instituições da França e da Bélgica, por exemplo. 

Cinco artigos relevantes

“Efficient Biexciton Interaction in Perovskite Quantum Dots Under Weak and Strong Confinement”, ACS Nano 201610, 8603-8609.

“Noncovalent Substrate-Directed Enantioselective Heck Reactions: Synthesis of S- and P-Stereogenic Heterocycles”, Chemistry-a European Journal 201622, 11205-11209.

“Directed Discovery of Greener Cosolvents: New Cosolvents for Use in Ionic Liquid Based Organic Electrolyte Solutions for Cellulose Dissolution”, ACS Sustainable Chemistry & Engineering 20164, 6200-6207.

“Janus gold nanoparticles obtained via spontaneous binary polymer shell segregation”, Chemical Communications 201652, 4278-4281.

“iHEART: a miniaturized near-infrared in-line gas sensor using heart-shaped substrate-integrated hollow waveguides”, Analyst 2016141, 5298-5303.

Site do PPGQ Unicamp: http://www.iqm.unicamp.br/posgraduacao

Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)